Last Day escrita por lizzie


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic é totalmente dedicada a gata da Esther, que ficou "VOCÊ DEVERIA ADICIONAR ALGO MAIS DRAMÁTICO" ou "VOCÊ ESCREVEU AQUILO ERRADO". Brigada, gata.



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Eu realmente não entendia como nossa relação funcionava.

Existia amor. Sobre isso não existia nenhuma dúvida. Alec me amava e eu o amava. Ainda amo. Mas era engraçado sobre como sermos raças, digamos assim, inimigas, não era o menor problema. Não. Mas isso não significa que não brigávamos. Os ciúmes de Alec e o meu ceticismo as vezes quase colocavam fogo no meu apartamento.

Eu não entendia como nossa relação funcionava, e nunca mais saberia.

Juro que não sei o porquê dele ter feito aquilo. Se aliado com Camille. Eu não sei se era porque eu não mostrava tanto meus sentimentos ou por qualquer outro motivo, mas aquilo me quebrou. Foi como uma punhalada na minha alma. Eu tinha vivido por centenas e centenas de anos e talvez tivesse presenciado alguma traição pior, mas nenhuma me doeu tanto quanto a de Alec, tomando decisões sobre minha vida sem sequer meu conhecimento.

Tenho consciência de que ele não nunca quis me ver ferido, assim como eu nunca quis vê-lo. Mas essas são as consequências do jogo. O jogo da vida, que venho jogando por tanto tempo, e ainda assim nunca me tornei mestre nesse jogo, ou sequer experiente, o que é o mínimo (julgando pela minha idade) que eu deveria ser. Não sei o que ele esperava que eu fizesse, mesmo que não achasse que ele ainda tivesse a ilusão que eu iria querer conversar ou discutir relação como eu fiz tantas vezes depois das merdas que ele fez, mas eu terminei com ele. Eu ainda o amava, mas ainda assim, era demais pra mim. Era demais pra ele. Eu estava fazendo o garoto se aliar a vampiros por mim, e minha maior preocupação sempre foi essa. Eu poderia ganhar de Camille em um segundo, mas e Alec? O que Camille poderia fazer com ele pra chegar até mim?

Ele é um shadowhunter. Desde pequeno foi treinado para lutar contra criaturas do submundo e demônios. Mas por sua raça, não por mim. Eu não permitiria isso, mesmo que significasse que fosse perde-lo.

Eu não sabia como seria perde-lo. Pelo menos não até a Grande Guerra Shadowhunter. O submundo a chamava de Guerra do Fogo Celestial, pois eram muitos os downworlders que participaram. Amigos dos nephilim. Contando eu.

Em batalha foi tudo um borrão. Me lembro de acertar inimigos e de feitiços e veneno passando de raspão em mim. Eu quase agia no piloto automático pensando em minutos atrás. Uma hora ou outra alguém acertava as minhas costas e eu tinha que ficar mais atento com relação ao inimigo, mas estava tudo fácil demais. Como se algo mais difícil estivesse esperando por mim.

De alguma forma, Alec e eu tínhamos nos beijado. Eu juro que não me lembrava como. Uma hora eu estava olhando o horizonte, apoiado em um muro de uma casa mundana e ele chegou. Na outra ele estava espremido na parede enquanto eu segurava na sua cintura e beijava o seu pescoço. Não preciso nem dizer que também não sei como começamos a discutir. Só me lembro de que, quando pensei em levantar a voz, ouvi um grito inumano. Eu e Alec nos calamos e ambos olhamos para a frente. Um exército infernal se aproximava e, o liderando, vinha o próprio demônio. Não Lúcifer, que eu acharia até fácil de lidar, mas sim Sebastian, vestido para batalha e encarando o exército inimigo com prazer. Era doentio.

Sebastian tinha aliados de todas as formas. As fadas e os demônios eram aos montes, mas o exército também dispunha de vampiros, lobisomens e até feiticeiros. Alguns nephilim lutavam no exército inimigo também, mas eles pareciam vazios. Ocos. Possuídos.

A luta não estava justa, mas estávamos indo bem. Sebastian não estava em batalha, assim como Clary; eu não poderia imaginar o que estava acontecendo nos bastidores, e nem sei se queria. Eu sei que não deveria me preocupar, mas vez ou outra eu passava os olhos pela multidão, procurando por Alec e assegurando que não estava em desvantagem. Alguns outros shadowhunters familiares passavam por mim, lutando com 3 ou 4 demônios de uma vez. Jocelyn. Aline. Isabelle. Alguns deles encharcados de suor e sangue, mas bem.

Tinha perdido Alec de vista faz alguns minutos, e ficava dizendo para mim mesmo que não era absolutamente nada. Ele provavelmente tinha se afastado ou estava preparando uma armadilha maior. Ele estava seguro.

Pelo menos achava eu, até ouvir o grito de Jace. Metade da batalha simplesmente parou para olha-lo, ver pra onde sua atenção se dirigia. Eu estava mais perto do que os outros, mas isso só foi pior. Eu conseguia ouvir os soluços de Isabelle. A risada de Sebastian. Eu conseguia sentir a ira de Clary, que já tinha perdido seu melhor amigo em batalha, e eu tinha certeza de que ela poderia destruir todo o inimigo só com ela. Mas a realidade veio como um soco. Acabei cambaleando pra trás com a ideia, mas não podia ser verdade.

Não não não não não não não.

Fui dando cotoveladas e passando apressado até eles, não muito certo de que gostaria do que encontrasse. Pude ver, com o canto do olho, Jace matando Sebastian sem nenhum remorso e Clary lutando com pelo menos 10 demônios de uma vez, mal parecendo notar que estava encharcada de sangue. Eu mal captava isso, porque só uma coisa ecoava na minha cabeça. "Por favor, ele não, ele não."

Eu não tinha percebido como eles estavam afastados até eu mesmo chegar lá. A batalha acontecia a, pelo menos, 100 metros dali. Isabelle chorava em cima do corpo de seu irmão, mal conseguindo pronunciar uma palavra direito, e Maryse não estava muito melhor.

Não poderia dizer qual era a dor delas. Eu nunca poderia descrever a dor de uma mãe perdendo seu filho ou de uma irmã perdendo seu irmão como eu poderia? Sequer sei descrever minha própria dor. Quando eu vi Alec no chão, coberto de poeira e sangue, eu morri e, de alguma forma cruel e maldita, continuei respirando. Eu não faço a menor ideia de como não cai no chão, gritei ou chorei. Fiquei estático, olhando pro corpo, sem nenhuma reação a mais. Ainda estava vivo? Eu poderia salva-lo? Eu não conseguia pensar.

Maryse olhou para cima e me viu. Dava pra se pensar que ainda havia esperança em seus olhos quando ela me chamou. Eu não conseguia ouvi-la, apenas ler seus lábios. Ela queria ver se eu podia ajudar seu filho. "Você sabe que eu faria de tudo pro ele" tive vontade de responder, mas não tive força o bastante. Cambaleei até onde ele estava e me ajoelhei ao seu lado, junto com Isabelle. Ela olhou pra mim, a maquiagem borrada e as lágrimas intermináveis descendo pela bochecha mas, naquele momento, eu sabia exatamente o que ela sentia, mesmo que meu rosto estivesse seco.

Peguei suas mãos e as coloquei em cima de seu peito. Estavam geladas. Usei tudo que podia do meu poder, toda a energia vital do meu corpo, e senti suas mãos ficando mais quentes. Não o bastante, mas um fio de esperança. Me esforcei mais e me sentia cada vez mais cansado, mas não poderia parar. Senti uma mão no meu ombro e alguém me dizia algo com alarme, mas mal conseguia ouvi-lo. E, quando senti que não poderia fazer mais nada, eu senti Alec apertar as minhas mãos de volta, mesmo que muito fraco. Eu já sabia o que viria depois e, provavelmente, ele também.

Ele inclinou a cabeça, quase imperceptivelmente e abriu um pouco os olhos. Aqueles olhos azuis que eu tanto amava. E eu os estava vendo pela última vez. Neles eu podia ver todo o arrependimento que ele tinha com relação a Camille ou todas as nossas brigas, e eu não conseguia imaginar o que o meu estava passando pra ele. Ambos sabíamos que era impossível, mas me aproximei de seu ouvido e sussurrei "Alec, você consegue sobreviver a isso. Você é forte e talvez eu consiga te fazer ficar bem de novo. Por favor. Por mim, Alexander. Por mim", e eu podia ouvir a dor na minha voz. Eu não sabia se ele tinha conseguido ouvir, mas Alec movimentou os lábios e disse "me desculpe", e depois seu rosto caiu de volta na terra. Morto.

Eu me lembro de ter levantado. Olhei em volta, mas o exército inimigo tinha sido destroçado. Isabelle estava inconsolável, assim como Jace. Não me lembro do que fiz depois além de ter ficado olhando do nada por horas, sem pensar em absolutamente em nada, mal me movendo. Eu sabia que algumas pessoas passavam por mim e falavam alguma coisa, mas eu não as entendia. Elas não me entendiam. Como eu poderia continuar? Como eu poderia entrar no meu apartamento e pensar que Alec tinha tocado em cada um daqueles móveis? Como eu poderia deitar na minha cama e me lembrar que semanas atrás Alec se deitava ali comigo? Como eu poderia? Como as pessoas faziam isso?

Tempos atrás, eu tinha encontrado Tessa. Eu a tinha contado sobre Alec, sobre como ele tinha os olhos de Will. Ela comentou que adoraria conhece-lo, e naquele momento eu senti a sua perda. Ou pelo menos eu achava que a entendia. Mas eu não a tinha entendido até agora. E eu entendia, assim como ela, que éramos imortais. Viveríamos com aquilo pra sempre. Conheceríamos novas pessoas. A dor iria diminuir com o tempo. Mas nunca iria embora.

Por mais um menos um dia eu entrei em estado de negação. Até Presidente Miau parecia sentir o meu humor, enquanto ficava estranhamente quieto num canto, mal se movendo. Eu me permitia pensar em qualquer tipo de sonho ou teoria mirabolante, qualquer uma que Alec estivesse vivo e bem, menos a verdade. A dura, fria e inevitável verdade. Eu não conseguia imaginar um mundo onde o Alec não existisse. Eu me recusava a viver nesse mundo. Eu não conseguia acreditar. Pelo menos não até uma Isabelle inconsolável me convidar para seu enterro.

Não sei o que esperava, mas apareci. Fui chamado para a cerimônia formal, mas preferi ver de longe. Não sei se aguentaria. Todos aqueles shadowhunters, roupas brancas e runas vermelhas em sua homenagem. Alec teria rido disso, se soubesse. Sei que comecei a chorar em uma hora, finalmente tendo toda a consciência de sua perda, e que nunca encontraria ninguém como ele. Eu nunca mais teria a chance de beijar seus lábios, ou ouvir sua risada, ou mesmo ve-lo. Nunca pensei que poderia sentir saudades de nossas brigas, mas voltaria a cada uma delas, se isso significasse que o teria perto de mim de novo.

Vivi mais alguns séculos. Amei e fui amado. Rodei o mundo algumas vezes. Fui amaldiçoado algumas vezes. Ri. Chorei. Aproveitei esse último tempo como se fosse um humano. Como se tivesse tempo a cumprir. Porque, na verdade, eu tinha. Realizei meus últimos desejos. Porque o último deles, e o mais importante, eu não tinha certeza se poderia ser realizado. Eu gostaria de ver o Alec de novo, seja eu vivo ou morto. Eu realmente não sabia se poderia ser realizado, mas sabia que poderia tentar.

E, ilusão ou não, eu sei que no final da minha vida eu vi aquele par de olhos azuis me olhando com expectativa. Como se tivesse esperando por mim.


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Notas finais do capítulo

Como mencionei antes, essa é a minha primeira fanfic, ou seja, não sou muito experiente ODPJSA~PDOJSAP~DOJASP~DAS. Elogios e críticas construtivas são sempre bem vindas.



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