Amor Real - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Desculpem-me pela demora para postar. Tive alguns problemas (de saúde, inclusive) e não tive muita cabeça para escrever, e eu não queria escrever qualquer coisa. Este é o último capítulo da fanfic, então eu quis fazer algo bem especial. Escrevi com muito carinho, e realmente espero que vocês gostem do desfecho que escolhi. :D

Agradeço a todos que comentaram do último capítulo para cá (Foram muuuitos reviews! Nossa!) e aos leitores 3 fears e Hazel Amaral, que recomendaram a história. Obrigada, pessoal! :D

Boa leitura!



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Eu pego a bandeja com os salgadinhos e me encaminho para sala, juntamente com Peeta. Assim que coloco a bandeja em cima da mesa de centro, ouço a campainha tocar.

– Ué, tem alguém tentando penetrar a festa? – diz Haymitch, fazendo todos rirem.

Eu me encaminho para a porta e a abro. Sinto meu coração acelerar e minhas pernas bambearem ao ver quem é.

– Mãe?! – exclamo, sem acreditar no que estou vendo.

– Filha... – ela dá um sorriso sem graça, parecendo desapontada pela minha recepção tão pouco calorosa.

– Venha, entre – digo, puxando-a para dentro.

Assim que ela entra e Peeta e os convidados a veem, um clima desagradável se instala. Todos sabem que ela me deixou sozinha quando eu mais precisei dela. Todos sabem que, se não fosse pelos cuidados de Peeta e Greasy Sae, eu provavelmente nem teria sobrevivido.

– Bem, pessoal – começa Haymitch, levantando-se do sofá –, acho melhor a gente ir nessa...

– Não! – protesto. – Vocês ficam. Eu vou lá em cima com a minha mãe e já volto.

Haymitch se senta novamente e todos retomam a conversa de antes. Pego a mão da minha mãe para guiá-la escada acima e ela não faz nenhuma objeção. Ela sabe que nós precisamos conversar.

Assim que chegamos ao meu quarto, eu fecho a porta e olho para ela, que está visivelmente constrangida. Olhando-a com calma, percebo que ela está mais magra e mais abatida que da última vez em que a vi. Isso me dá uma sensação desagradável de culpa na boca do estômago. Talvez eu tenha sido dura demais com ela, cobrando dela algo que ela não tinha forças para dar.

– E então, você vai ficar hospedada aqui, na minha casa? – pergunto, para começar a conversa por algo simples.

– Não há necessidade – diz ela. – Eu estou hospedada numa pousada lá na cidade.

– Não quero que você fique lá. Aqui é muito mais confortável.

– Não quero incomodar – diz ela, constrangida.

– Não é incômodo – digo com sinceridade. – Aqui tem muitos quartos.

– Tudo bem, então. Depois eu pego minha bagagem e venho.

Um silêncio constrangedor se instala entre nós. É ela quem quebra.

– Filha – começa ela, aproximando-me de mim –, você deve estar se perguntando por que eu vim depois de todos esses meses. Eu não vim somente para te ver. Eu vim principalmente para te pedir perdão.

Isso me pega de surpresa. Devo estar olhando para ela com os olhos arregalados.

– Você sempre foi uma excelente filha. Assumiu a chefia da família com apenas 11 anos de idade, botou comida na mesa, cuidou da sua irmã como se fosse mãe dela... – ela dá um suspiro profundo, como se estivesse segurando as lágrimas. – Você não merecia uma mãe fraca como eu.

Agora ela não consegue segurar as lágrimas, que começam a escorrer pelo seu rosto abatido ao mesmo tempo em que soluços escapam de sua garganta. Ela coloca a mão no rosto, tentando conter seu choro. Eu então faço a única coisa que acredito ser capaz de dar a ela algum conforto: Abraço-a.

Ela corresponde ao meu abraço, passando os braços pelas minhas costas e enterrando a cabeça no meu ombro, molhando-o com suas lágrimas enquanto soluça.

– Me perdoe, minha filha – pede ela, soluçando.

– Está tudo bem – tranquilizo-a, passando a mão delicadamente em sua cabeça. Quando dou por mim, percebo que também há lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Ela rompe nosso abraço e diz:

– Eu prometo que vou ser uma mãe melhor – ela enxuga as próprias lágrimas com as costas de sua mão – Eu ainda não vou conseguir vir morar aqui, pois esse lugar me traz lembranças muito dolorosas, mas eu prometo que virei te visitar sempre, e que estarei à sua disposição para o que você precisar.

Ela coloca a mão no meu rosto e enxuga delicadamente as minhas lágrimas.

– Eu sei que você – continua ela, tirando a mão do meu rosto – sofreu por não ter tido cuidados maternos num momento em que tanto precisou, mas eu também sofri por não ter sido capaz de te dar isso, acredite. Eu ainda estou sofrendo muito por isso. Eu preciso do seu perdão – ela pega minha mão direita e coloca entre as dela – para poder seguir em frente.

Eu me afasto do contato dela e digo, olhando eu seus olhos:

– Eu estaria mentindo para você se dissesse que não estou magoada – digo, e logo estou emitindo aqueles soluços horríveis de quem está engasgando.

Coloco a mão no rosto, tentando me acalmar. Assim que consigo, continuo:

– Por mais que eu entenda que essa é uma limitação sua, eu não consigo não ficar magoada.

– Eu entendo – diz ela, compreensiva.

– Mas eu acho que o tempo pode curar isso, essa mágoa. Se você está disposta a ser uma mãe mais presente, eu aceito isso. Eu deixo você entrar na minha vida novamente.

– Oh, minha filha! – ela então se atira nos meus braços, me abraçando forte. Logo, estamos chorando mais forte, acometidas por um sentimento de renascimento e reconciliação.

Quando conseguimos nos recompor, eu rompo nosso abraço e lhe digo, enquanto enxugo meus olhos:

– Que tal você começar esse processo descendo pra sala pra aproveitar a festa de aniversário do seu genro?

– Meu genro... – diz ela, sorrindo. – Você não faz ideia do quanto eu fico feliz por você estar com Peeta. Ninguém no mundo te faria mais feliz que ele.

– Por que você não diz isso a ele lá embaixo? – sugiro, sorrindo.

– Eu quero fazer isso.

– Então vamos.

Nós passamos no meu banheiro para lavar o rosto e depois descemos para a sala.

Assim que chegamos à sala, eu vejo Delly conversando animadamente com Peeta.

– Delly, você veio?! – exclamo, feliz com a presença dela. – Henry me disse que você não ia poder vir!

– Oi, Katniss! – diz ela, simpática como sempre, e em seguida me dá um rápido abraço. – E eu não ia, realmente, por causa da sapataria. Eu ia receber um representante de novos modelos que vinha da Capital, mas ele teve um problema e avisou de última hora que não vinha. Pelo menos deu para eu vir ver Peeta.

– Fico feliz que tenha vindo – digo com sinceridade.

– E eu fico imensamente feliz por ver você e Peeta juntos – diz ela, sorrindo para nós dois. – Eu pensei que esse cabeça-dura nunca fosse entender que você o ama.

Peeta dá um risinho sem graça.

– Eu não o culpo – digo. – Eu não fazia lá muitos esforços para demonstrar isso a ele.

– Todo mundo percebeu o que ela sentia por ele antes dela – diz minha mãe, fazendo Delly e Peeta rirem e me deixando constrangida.

A festa vai passando de forma muito agradável. Eu ajudo minha mãe a se enturmar com todos, e logo ela está conversando animadamente com Annie, segurando Finn nos braços e cobrindo-o de mimos. Em um determinado momento, eu vejo ela e Peeta conversando a sós num canto da sala. Sei que ela deve estar dizendo a ele o que me disse lá em cima, e dou um sorriso.

Antes das 8 horas da noite, todos já foram embora, com exceção, é claro, da minha mãe, que aceitou o meu convite para ficar em minha casa. Sua estadia em minha casa é bastante agradável. Ela me ajuda a cozinhar e a arrumar a casa, assiste ao programa de calouros comigo e ri comigo dos candidatos que cantam mal, chora comigo por Prim, engata animadas conversas comigo e com Peeta... Mas ela fica apenas dois dias, pois tem que voltar ao seu trabalho no hospital do Distrito 4. Sei que vou sentir sua falta, mas ela promete que logo mais virá de novo.

O tempo vai passando rapidamente. Eu caço, cozinho e cuido da casa, o que mantém minha mente ocupada, ajudando-a a manter-se sã. Eu e Peeta contratamos uma moça para ser a babá de Finn, já que a da Capital não quis vir morar aqui. A padaria de Peeta fica com tantos clientes que ele contrata mais funcionários. Em seu tempo livre, ele se dedica à pintura, sua antiga paixão. Ele faz várias pinturas minhas, dizendo que eu me tornei sua mais nova “musa inspiradora”. Isso me faz rir, mas não posso negar que sinto algo se derreter no meu peito ao ouvi-lo falar de mim de uma forma tão apaixonada.

Greasy Sae abre uma casa de sopa na antiga Costura (hoje aquele lugar faz parte da cidade), dessa vez bem mais organizada que a anterior. A sapataria de Delly começa a vender modelos vindos diretamente da Capital, o que lhe rende um bom lucro. A construção da escola é concluída e crianças e adolescentes podem enfim voltar a estudar. A construção da fábrica de medicamentos é concluída e logo uma farmácia é aberta. O edifício da justiça é reerguido novamente e logo escolhemos nosso prefeito através de eleição direta. Um posto de saúde é construído e médicos da Capital vêm para atender a população do Distrito 12, dessa vez, a serviço do governo, e não em caro atendimento particular. A presidente Paylor promete a construção de um hospital geral aqui, e logo as obras começam. O Distrito 12, enfim, torna-se um lugar digno de se viver. Tento me lembrar disso sempre que sinto a dor das perdas.

O outono vai embora, deixando em seu lugar um árduo inverno. Há tanta neve lá fora que chega um momento em que Peeta fecha a padaria e fica comigo em casa. Passamos o nosso tempo assistindo TV, jogando xadrez, nos empanturrando de pãezinhos de queijo e chocolate quente e fazendo amor.

Com o decorrer do tempo, nossos momentos de intimidade vão ficando cada vez melhores, pois vamos conhecendo melhor o corpo um do outro, superando vergonhas e estreitando os nossos laços de afeto. Nunca fez parte dos meus planos viver dessa forma com alguém, mas hoje eu sei o quanto é bom dividir esses momentos com a pessoa que você ama. Isso faz com que eu me sinta bem e amada, e sei que Peeta também se sente assim.

Tenho sentido uma felicidade que não sentia desde que me voluntariei como tributo na 74ª edição dos Jogos Vorazes. Sinto-me tão bem que às vezes sinto medo de que a qualquer momento tudo isso seja tirado de mim e eu volte a sofrer, como antes. Mas Peeta está aqui para me consolar, para dizer que está tudo bem, que as coisas mudaram, que ele ficará comigo sempre.

Hoje é um dos dias em que esse tipo de insegurança bate mais uma vez à minha porta, mas de forma muito mais forte e sofrida. Hoje se completa um ano do dia em que os rebeldes invadiram a mansão presidencial, o que significa um ano da morte de Prim, minha irmãzinha amada que partiu tão cedo e de forma tão trágica. Logo cedo, falei com a minha mãe pelo telefone, e nós choramos juntas. Senti certo alívio, mas só quem conseguiu realmente me aliviar foi Peeta, me abraçando e dizendo que vai ficar tudo bem, que Prim está num lugar lindo lá no céu.

Já é noite e eu estou sentada em frente à lareira da cozinha, após o jantar, assistindo ao crepitar das chamas enquanto repasso mentalmente tudo o que Peeta me disse mais cedo. Não posso me deixar vencer pela tristeza. Vai ficar tudo bem.

Peeta subiu dizendo que ia pegar uma coisa para me mostrar, uma surpresa. Ele logo aparece na cozinha novamente, segurando uma tela de pintura.

– Olha aqui o que eu fiz pra ela – diz ele, mostrando-me a tela. Eu a seguro nas mãos para observar melhor.

É uma pintura de Prim, sorrindo e segurando uma prímula noturna, flor que inspirou seu nome. É uma pintura tão perfeita que mais parece uma fotografia. Não posso impedir que lágrimas escorram pelo meu rosto.

– É lindo, Peeta! – digo, emocionada.

– Eu vou mandar emoldurar e vou colocar na parede do quarto que ela usava. Sempre que você estiver triste e com saudade dela, você vai olhar para essa tela, ver o sorriso dela e então se lembrar de que é assim que ela quer que você fique. Sorrindo.

Eu coloco a tela no chão e em seguida me levanto da cadeira, me jogando nos braços de Peeta. Ele retribui meu abraço com a mesma intensidade, espalmando as mãos nas minhas costas.

– Obrigada por isso. Eu te amo.

– Eu também te amo, meu amor. Mais do que tudo nesse mundo – diz ele, enterrando a cabeça nos meus cabelos.

Passamos algum tempo assim, apenas aproveitando o conforto que esse contato nos proporciona. Quando rompemos o abraço, Peeta olha para mim e me diz, acariciando o meu rosto:

– Os Jogos e a rebelião nos fizeram perder muitas pessoas que amávamos, mas fez com que ganhássemos um ao outro. Eu te agradeço muito por não ter desistido de mim, por ter acreditado que eu voltaria para você.

– Você não tem por que me agradecer – digo. – Eu não fiz isso só por você. Eu também fiz isso por mim. Eu não conseguiria viver sem você ao meu lado.

Peeta nada diz. Simplesmente se aproxima de mim e me beija da forma mais apaixonada que consegue.

Não demora muito para estarmos em nossa cama, nus, consumando mais uma vez o amor que sentimos um pelo outro. Tudo parece mais fácil e mais simples quando tenho o corpo de Peeta próximo ao meu dessa forma, como se fôssemos um só.

Apesar do frio, estamos completamente suados. Durante nosso ato de amor, Peeta diz rente ao meu ouvido o quanto me ama, o quanto me deseja, e nada nesse mundo faz com que eu me sinta tão bem, tão viva e tão esperançosa em dias melhores. Hoje eu sei que é aqui, nos braços de Peeta, onde eu sempre quis estar, mesmo que inconscientemente.

Após alcançarmos nosso máximo, eu deito com a cabeça no peito dele, ouvindo a batida forte e constante de seu coração. Ele puxa o grosso edredom para nos cobrir e em seguida começa a acariciar meus cabelos. Já estou quase cochilando com seu carinho quando o ouço dizer:

– Estar com você é tão maravilhoso que às vezes eu acho que estou sonhando.

Eu levanto um pouco a cabeça para poder lhe olhar nos olhos.

– Não é sonho. Eu disse “real” para você, lembra? – dou um sorriso, e ele me imita.

– Eu jamais poderia me esquecer. Eu te amo.

– Eu também te amo.

Ele me dá um beijinho nos lábios e em seguida me aconchega mais forte em seus braços. Envolvida em seu calor, eu me entrego a um sono tranquilo, tendo a certeza do quão real é o amor que sinto por ele.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso, gente. Só tenho a agradecer a vocês, que estiveram comigo ao longo desses 5 meses de fanfic. Muito obrigada pelos comentários carinhosos, pelas recomendações e, acima de tudo, pelo incentivo. Nada disso aqui teria sido possível sem vocês.

Eu estou um pouco triste, confesso, pois sempre é triste se despedir de algo que trouxe felicidade. Porém, vem aí algo que trará felicidade tanto para mim quanto para vocês. A FANFIC TERÁ CONTINUAÇÃO! o/

Na verdade, eu tinha isso em mente desde que comecei a escrever "Amor Real". Porém, quis ver como seria o rumo das coisas. Como esta fanfic teve uma repercussão muito boa e como muitos leitores imploraram por uma continuação, eu decidi levar meu plano inicial adiante. Eu ainda não sei quando irei postar a próxima fanfic. Na verdade, ainda nem tenho nada escrito. Tudo ainda está no campo das ideias. Porém, quando eu postar, vou colocar o link na descrição de "Amor Real". Fiquem de olho. ;)

Agora esqueçam um pouco a euforia da notícia da continuação e comentem o que acharam do desfecho de "Amor Real", certo? Haha.

Beijos e até a próxima.

Ps: A fanfic está concluída, mas isso não impede um leitor que chegou depois comentar, ok? Comentem! Façam a autora aqui feliz. Haha.