A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 55
Chance de reviravolta


Notas iniciais do capítulo

Pessoas perdoem a demora em postar. Como nos últimos dias estou me adaptando ao novo país, principalmente ao frio rsrs, levei mais tempo para escrever. Eu espero voltar a postar regularmente, ainda mais que a batalha final se aproxima. Pra quem estava achando que Atena só estava perdendo, agora ela tem uma chance. Confiram!



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Era a segunda vez naquela noite que sentia a cabeça zonza. Abriu lentamente os olhos notando que estava a meia luz. Não ouvia som algum.

– Acordou?

Olhou na direção da voz, era Ares sentado pouco a frente dele. Os olhos percorreram ao redor, estavam numa cela.

– Que lugar é esse? – a voz saiu um pouco mole.

– Subsolo do castelo da Hell.

– O que ela quer de mim? - levou a mão a cabeça, por causa da dor.

– Não faço ideia. - deu nos ombros.

– Como pôde nos trair? - indagou. Tentou levantar, mas ainda se sentia zonzo.

– A pancada que te dei foi forte, espere um pouco para levantar.

Mu voltou a sentar.

– Não me respondeu. – a voz saiu seca. - Vai deixar Kanon morrer? Seu irmão?

– Pouco me importo. – disse firme. - Sempre deixei claro os meus objetivos e o que faço para consegui-los.

– Atena, os demais...

– Se não me importo nem com o meu “irmão” vou me importar com eles? - riu.

– Vai deixar a Cristiane morrer também?

Ares que sorria parou, ficando por segundos em silencio.

– Vou... - levantou, dando as costas para o ariano. - em breve ela não passará de uma lembrança para Saga. – a voz saiu fria, assim como a grade da cela quando colocou a mão.

– Não posso permitir isso. - levantou.

– Sossegue lemuriano. Não está em condições de lutar com ninguém.

– Você machucou a Ester??

– Não toquei na surdinha. - o fitou. - sua mulher está intacta. Pelo menos por enquanto. - gargalhou.

– Só se importa consigo mesmo... - disse com desprezo.

– Sentimentalismos são para os fracos Mu. E não venha com essa história que ficamos forte para proteger quem amamos, isso é fantasia.

– Não é. - disse firme. - você é a prova, alias o Saga. Assim que ele tiver uma oportunidade, vai assumir o controle, para proteger a Terra, Atena e a Cris.

– Saga não voltará mais Áries. As horas dele estão contadas.

Mu ia retrucar, mas Alfarr apareceu.

– Vamos. Hell os chama.

O.o.O.o.O

Os olhos da deusa fitavam a tudo maravilhada. Aquele local deixava o Olimpo para trás em beleza. As estrelas brilhavam intensamente no céu. A ponte que conduzia a ilha brilhava nas cores do arco-íris.

– Eu não posso abandonar meu posto senhorita Pallas. – a voz de Heimdall saiu forte. - Siga até o final da ponte, há alguém que lhe espera.

– Obrigada.

Atena andava pela ponte, encantada, aquilo era totalmente diferente do que já havia visto. Como a ponte era translucida pôde ver o mar que ficava logo abaixo que parecia ser abastecido por quatro cachoeiras que desciam pela ilha que era suspensa no ar. Notou que havia muitas construções, como se fosse uma cidade. Ao centro, no topo da ilha, erguia-se majestosamente o palácio de Odin. A ponte terminava num grande portão que abriu de forma instantânea.

– Seja bem vinda Atena. – disse uma senhora de pouco mais de cinquenta anos, alta, cabelos alaranjados presos por um meio coque. Seus olhos eram azuis claros e estava ricamente trajada com um vestido dourado. – eu sou Frigga, a esposa de Odin.

– É um prazer conhece-la. – Atena se sentiu uma anã perto dela.

– Meu marido a aguarda.

Enquanto passavam pelo caminho principal, Atena notou o mais diversos tipo de pessoas e o mais surpreende não eram deuses, pois não sentia cosmo vindo deles.

– Asgard é divida em três níveis. – disse Frigga percebendo a dúvida dela. – esse nível é para homens, mulheres, jovens, crianças e idosos que foram pessoas de bem e que portanto podem gozar o paraíso divino. O segundo nível é onde fica os heróis e as Valquírias. Homens e mulheres que serviram aos deuses e que foram agraciados. No último é a morada dos deuses, tendo Valhala como templo principal.

Frigga a conduziu por todos os níveis, chegando ao palácio de Odin.

Possuía três andares em formato retangular, lembrando um pouco as construções góticas. Em cada esquina do retângulo erguia-se uma torre. No portal principal estava esculpido uma imagem de Wotan. Passaram por longos corredores devidamente ornamentados com estatuas e afrescos em homenagem as batalhas de Odin. Frigga abriu uma grande porta dourada.

– Ele a aguarda.

Atena tomou a frente. O salão do trono de Odin era no mínimo três vezes maior que o dela. Era muito iluminado apesar de está a noite.

– Grande Odin. – fez uma reverencia, ao homem de meia idade, de cabelos brancos curtos e olhos azuis. A armadura que Odin usava era em tons azulados.

– Não precisa se curvar Pallas Atenea. – levantou. – afinal somos deuses. – sorriu.

– Agradeço por me receber. Sua representante, Hilda de Polares, abriu passagem para mim. – mostrou o colar que a norueguesa havia lhe dado.

– Sei que veio por motivo muito sério. – o rosto dele ficou circunspeto. – Hell.

O.o.O.o.O

No santuário o clima era tenso, o dia nasceria em poucas horas, indicando o décimo quarto dia em solo grego. Os dias da viagem estavam chegando ao fim e os brasileiros, nem os dourados, por conta dos últimos acontecimentos, se davam conta disso. Shion pediu licença a Aiolos, pois precisava tomar algo. Na cozinha preparou um copo com água e açúcar para acalmar os nervos, deixando corpo cair numa cadeira. Precisava pensar, pensar muito pois o destino de todos estava em suas mãos.

Sentiu alguém tocar em seus ombros massageando-os. A sensação era tão boa, que fechou os olhos para aproveitar o momento. Paula não se limitou apenas ao ombro, indo ao pescoço e as costas. Seu grande mestre estava muito tenso. Fez um coque com as madeixas verdes para melhor executar o trabalho.

– Sente-se melhor?

– Sim... minha vontade agora era receber essa massagem na nossa piscina.

Paula sorriu com o comentário, continuando os gestos.

– No inicio fui contra a presença de vocês, continuo sendo por causa dos perigos, mas agradeço por estar aqui comigo. – segurou a mão dela.

– A situação é grave não é? – terminou o serviço sentando ao lado dele.

– Sim... espero realmente que ela tenha apenas saído. Um sequestro agora... não podemos nem contar com a ajuda de Poseidon, ele ainda não se recuperou do ataque. – suspirou pesado.

– Vai dar tudo certo. – levantou para abraça-lo. – eu confio em você, sei que tomará as melhores decisões.

– Obrigado. – sorriu. – será que pode vir comigo? – levantou.

Paula o fitou. A expressão do rosto dele embora suave, via-se o cansaço, ainda mais que ele usava aquelas roupas pesadas de patriarca. Seu corpo biológico tinha apenas trinta anos, mas diante dela estava o homem de mais de duzentos e oitenta anos.

– Para onde você quiser.

Shion a conduziu para os andares superiores, sem antes diminuir seu cosmo. Não queria ser incomodado por ninguém. Aquele momento seria só dele com a brasileira. Paula segurou forte a mão do amado, queria demonstrar o quanto o amava e que estaria com ele em qualquer momento.

Subiram o ultimo jogo de escadas que conduzia ao aposento dele. O ariano a levou para o closet, tirando algumas roupas.

– Sabe aquela sua ideia de nos sustentar através da música e da sua dança? – tirou mais roupas.

– Sei.

– Já temos um meio de transporte. – sorriu travesso.

– Como assim?

– Todo mês recebemos de Atena uma quantia. – a fitou. – diz que é uma compensação por tudo que fizemos. Eu acho desnecessário, já que vivo aqui, mas ela insistiu. Então com uma parte do dinheiro fiz uma poupança para mim e a outra comprei algo. – abriu o cofre, havia vários papeis.

– Você guarda dinheiro?

– Sim, não tenho o que fazer com ele.

– Pois eu tenho. – riu, pensando nas varias destinações para ele. – o que comprou?

Shion pegou um envelope, entregando-a. Paula abriu, começando a ler. Arregalou os olhos a media que lia.

– Comprou mesmo? – o fitou surpresa.

– Sim. – ficou vermelho. – um ano atrás, nas raras saídas do santuário, estava na rua e vi um jovem como eu andando numa dessas. Fiquei com vontade. Eu tirei a carta, mas como estava juntando dinheiro para comprar...

– E quando vai buscar?

– Final desse mês. Viu a foto?

– Sim. É linda!! Tem que me levar para dar uma volta! Eu amo motos.

– Leia o papel amarelo.

Paula tirou do envelope o papel. Se com a moto arregalou os olhos, com esse papel ficou branca.

– Tem tudo isso na poupança???

– Eu não tenho com o que gastar...

– Cento e cinquenta mil euros?????? Parados??????

– Sim... juntei ao longo dos doze anos que voltei a vida. Foi bom ter juntado. – sorriu. – não precisamos fazer espetáculos na rua para conseguir dinheiro. Podemos começar uma vida juntos sem se preocupar.

– Está falando sério Shion?

– Estou. Se saímos bem disso tudo, vamos morar juntos no lugar que você quiser.

Paula abriu um grande sorriso.

– Guarde esses papeis com você. Estão ao portador. Se algo acontecer comigo, poderá resgatar o dinheiro e a moto.

– Por que fez isso?

– Sou um cavaleiro, minha vida é incerta.

– Não posso Shion. – entendeu o porque das palavras, ele temia que algo lhe acontecesse.

– Tudo pode acontecer Paula, - a abraçou. – se o pior acontecer, quero que fique com tudo. É o mínimo que poderia fazer por você. Por favor fique com os papeis.

– Está bem. – o fitou. – vou ficar só se eu puder escolher a casa que vamos morar. – sorriu.

– Aonde você quiser. – a beijou. – você manda.

xxxxxx

Aiolos olhava as estrelas no céu. Estava perto da janela, apoiando o corpo no vidro. Dias atrás tinha previsto o inicio dessa guerra e não fizera nada. Por mais que Atena e Shion dissessem que estava tudo bem, não estava. Poseidon sem cosmo, Atena desaparecida, Mu entregue ao inimigo, Ares ao lado de Hell. Nunca se sentiu tão inútil e despreparado em sua vida.

– Aiolos?

Escutou a voz de Sheila, mas não se virou.

– Acabou a reunião? – parou ao lado dele.

– Shion pediu um tempo. – respondeu sem se virar.

Sheila o fitou, a expressão do grego não era nada boa, nem parecia o cavaleiro dando ordens minutos mais cedo. Parecia mais um menino acuado.

– “Não é possível que numa hora dessa a insegurança voltou!” – pensou, já pronta para xingar. Ele seria o grande mestre!! – Aiolos, você...

A frase foi interrompida por um abraço. O grego a envolveu completamente, mas sem olha-la. Queria apenas sentir o calor de Sheila.

– Você está bem? – indagou num tom brando.

– Estou...

– Não está. – soltou-se dos braços dele. – quantas vezes tenho que dizer que você é um mito!!! Aiolos, - segurou os dois braços dele sacudindo-o. – você salvou Atena! Sozinho!!

O grego ficou surpreso com o gesto e não aguentou começando a rir.

– Qual a graça?

– Você.

– Tenho cara de palhaça? – indagou enfezada. – não estou achando graça. – num gesto rápido, apenas ouviram o som de algo espatifando no chão. Era um vaso que estava numa mesinha próxima.

Aiolos gargalhou.

– Qual a graça? – estava irritada pelo riso e pelo vaso quebrado. – agora Atena me mata! – agachou para apanhar os cacos. O sagitariano continuava a rir. – para de rir e me ajuda!

Ele agachou ajudando-a, mas sem parar de rir. A essas horas Sheila estava puta!

– Aiolos!

– Desculpa...- respirou fundo. – é que você é muito estabanada!

– Eu sei... – virou o rosto.

– E eu amo isso.

O fitou surpresa.

– Eu amo o seu jeito. Desde o dia que caiu na minha frente. Eu amo seu jeito. – repetiu fitando-a fixamente.

De nervosa, Sheila ficou sem graça.

– Não brinque... eu sempre provoco algum incidente.

– Não estou brincando, - pegou nas mãos dela. – vem cá. – a ajudou a levantar. – obrigado.

– Hein?

– Por me alegrar.

– Virei palhaça... – revirou os olhos.

– Não é isso. – segurou o rosto dela. – tudo que está acontecendo me deixa muito frustrado e por alguns minutos você me fez esquecer isso. Precisava de um pouco de animo.

– Não precisa se sentir assim. – foi a vez dela de segurar o rosto jovem. – apenas confie um pouco mais em você. Você consegue. Ou vou ter que confiscar essa faixa. Rambo não tem medo de nada.

Ele riu.

– Como quiser senhora Kratos.

– Senhora?

– Não abandonei a ideia de ir embora com você. Shion ter colocado Marin na jogada me deu esperanças. Eu não quero comandar o santuário, eu quero ganhar mais xingos seus.

– Ah... então gosta de receber sermões....

– Sim. – a puxou para mais perto de sim. – principalmente da minha lindinha.

Sheila o fitou ferina.

– Falei mesmo! Vai me xingar? – deu vários selinhos. – vai ficar brava com seu Rambo?

– Você não vale nada. – sorriu. – mas eu gosto de você.

xxxxxx

Rodrigo estava sentado onde antes Atena estava. Esfregava as mãos no rosto repetidas vezes tentando se acalmar. Queria acreditar que Saori dera apenas uma saidinha, mas com Hell a espreita tudo era possível. Ainda mais com a ajuda de Ares. Odiava-o.

Dohko abriu a porta do escritório ficando surpreso por ver o baiano.

– Está tudo bem Rodrigo?

– Se eu dizer que sim estarei mentindo... – suspirou. – a Saori não dá noticias...

O libriano fechou a porta, sentando ao lado dele.

– Está preocupado com a deusa desaparecida, ou com sua garota desaparecida? – indagou divertido.

– Com as duas situações. – sorriu. – Shion não mandará ninguém? Eu tenho certeza que Ares está metido nisso. Não acha?

– Não queria achar... – murmurou. – eu queria muito acreditar que Saga estava bem. Que tinha encontrado um sentido na vida, mas... eu temo pelo pior.

– Pior...?

– Se Ares realmente conseguir lacrar a personalidade de Saga, infelizmente não teremos escolha... ele deverá ser morto.

O baiano ficou em silencio, pensando em Cristiane.

– Vocês teriam coragem de mata-lo?

– Esse é o problema. Creio que nenhum de nós teria coragem. Pelo Kanon, pela Cris e pelo próprio Saga. Eu o conheço desde moleque, era uma criança adorável. Como se mata um amigo? – fitou o brasileiro. – Shura matou Aiolos e até hoje carrega esse fardo. No fundo ele nunca se perdoou, mesmo Aiolos dizendo que o perdoou. Por melhor que sejam as intenções e necessárias, alguém carregará o fardo de ter matado Saga.

– Acho que entendo... eu não acredito, mas será possível Ares voltar a ser Saga?

– Do jeito que as coisas estão terá que ser um milagre. – levantou. – não se preocupe com sua garota. – sorriu. – farei de tudo por ela.

– Agradeço.

– Você é digno dela.

– Muito obrigado. – sorriu satisfeito pelas palavras de Dohko. O admirava muito e ouvir aquilo o deixou mais animado.

O.o.O.o.O

Alfarr seguia na frente, com Ares atrás e Mu no meio deles. O silencio imperava entre eles. Subiram alguns níveis antes de pararem em frente a uma porta marrom.

– Hell o aguarda. – disse o guerreio.

Quando a porta se abriu o ariano arregalou os olhos. Diante dele estavam as cinco armas divinas emitindo um cosmo absurdo.

– Seja bem vindo lemuriano.

Ele voltou a atenção para voz.

– Fiz como me pediu. – disse Ares.

– Muito bem. – disse a deusa. – está mais perto de conseguir o que quer.

– O quer de mim? – Mu tomou a defensiva, estava diante da deusa e de seus sete guerreiros.

– Os dotes da sua raça. Quero que conserte meu tridente.

– Como?

– Sua raça desde os tempos mitológicos tem o poder de consertar armaduras. – disse Aryeh. – todos os panteões dos deuses sabem disso.

– Não tenho o poder de consertar armas divinas. – disse seco.

– Tem. – disse Hell. – e vai fazer isso para mim, por bem ou por mal.

Aryeh aproximou do ariano apontando o indicador direito.

– Eignar...

Mu sentiu algo atravessar seu cérebro, depois tudo ficou escuro...

O.o.O.o.O

Marin descia o caminho que levava o templo a Rodorio. Estava atordoada por conta dos pronunciamentos de Shion. Ela a nova grande mestre?

– Não precisa ficar assustada. – disse Fernando, atrás, por causa do caminho estreito. – Shion sabe o que disse.

– Tem ideia da gravidade? – voltou a atenção para o namorado. – eu assumir o controle do santuário?

– Você é capaz. E não dê uma de Aiolos. – sorriu. – tem total capacidade de assumir a responsabilidade. Você conhece todo o santuário. Nada mais justo.

– Não é só isso... Shion está contando com a ideia de que vai morrer nessa guerra. Que todos vão morrer...

– Também percebi isso...

Chegaram ao vilarejo. Tudo estava escuro e silencioso, parecendo um local abandonado.

– É tão triste ver esse local assim... – disse a amazona. – dias atrás estávamos em festa.

– Tudo vai voltar ao normal. – a abraçou. – tenho certeza que no final tudo dará certo. Esse “sumiço” de Atena não será em vão.

– Acredita nisso? – o abraçou mais forte.

– Sim. Atena vai reverter essa guerra.

– Assim espero.

– E se não for a primeira matriarca do santuário, será a amazona de Peixes. Em qualquer um dos casos é o reconhecimento pelo seu esforço.

– Obrigada Nando.

– Agora vem o problema... – coçou a cabeça. – se você for a primeira matriarca, eu serei o que? O primeiro damo?

Marin riu.

– Acho que seria primeiro cavalheiro...

– Estou até vendo... – suspirou o mineiro. – vou ser uma peça decorativa. Você sentará no trono de Atena e eu como uma estatua enfeitando...

Agora sim a japonesa gargalhou.

– Bobo, não vai ser assim.

– Claro que vai. Só serei um enfeite. Já viu primeira dama de algum presidente fazer alguma coisa a não ser decorar? Serei eu.

– Também não é assim. – pegou na mão dele. Estavam quase chegando ao abrigo. – você não ficará o tempo todo comigo.

– Não?

– Não é um escritor? Precisa de tempo para escrever. O santuário poderá te dar muitas inspirações.

– Tipo: como o menino tímido conquistou o coração da valente amazona?

– Vai dar uma boa história. E será um best-seller.

Chegaram ao abrigo. Marin tomou a frente, abrindo a porta. Alguns moradores acordaram assustados ao ouvirem o barulho.

– Senhorita Marin. Temi que fosse o inimigo. - disse um senhor.

– Shion me encarregou de ficar aqui, até que tudo se resolva. – disse. – sei que o horário não é propício, mas pode chamar cada chefe de família? Quero repassar a evacuação de emergência caso precise.

– Sim, vou reunir todos.

O homem saiu deixando-os a sós.

– Tem talento para comandar. – disse o mineiro sorrindo.

xxxxxxxx

Shura estava em uma das varandas do templo observando o céu. A noite estava tranquila, ao contrário do templo. Levou a mão ao ombro.

– Ainda dói?

– Não... – respondeu sem olhar Julia. – passou. Não quer descansar um pouco? Já está de madrugada.

– Eu não consigo dormir. – parou do lado dele, fitando o céu estrelado.

– Vem.

Pegou na mão dela, conduzindo-a até o segundo andar. Perguntou qual era o quarto dela, felizmente ele estava vazio. Shura sentou na cabeceira da cama, usando um travesseiro para apoiar as costas na parede.

– Deita.

A brasileira obedeceu, depositando a cabeça no colo dele. Shura começou a brincar com os cabelos ruivos.

– Minha mãe fazia isso até eu dormir. – puxou um lençol para cobri-la. – feche os olhos.

– Não quero dormir.

– Feche os olhos Julia. - disse firme.

– Está bem... - Shura as vezes era mandão.

A garota fechou, sentindo o toque do espanhol em seus cabelos.

– Você que deveria descansar. Lutou.

– Estou bem. – acariciava o rosto dela. – que tipo de emprego poderia arrumar no Brasil?

Julia abriu os olhos.

– Fecha os olhos Julia. – disse sério.

– Você me faz uma pergunta assim... – fechou os olhos. – eu não sei. Por quê?

– Eu não me esqueci da nossa família. Apesar da situação... – murmurou. – vai dormir. - não queria ficar alimentando esperanças.

– Mas...

Shura começou a liberar seu cosmo. Julia sentiu uma grande sensação de bem estar e em poucos segundos estava dormindo. O espanhol não parou de acaricia-la, mas fechou os olhos para relaxar. Devido ao cansaço acabou adormecendo.

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Kamus, depois de receber ordens que deveria esperar um pronunciamento de Shion, dirigiu-se para o jardim de rosas, ao lado do templo. Sentou-se em um dos bancos de mármore, deixando a brisa noturna entrar nos pulmões. Os olhos estavam fechados como se assim pudesse aproveitar melhor o ar fresco. Tirando-o da sua contemplação sentiu uma mão quente sobre os ombros. Conhecia muito bem aquele calor.

– Está tudo bem? – a voz de Isabel preencheu o ambiente.

– Sim... – não abriu os olhos, apenas queria sentir aquele toque reconfortante.

– Posso me sentar?

– Sim.

A garota não estranhou as respostas monossilábicas. Aquilo era bem típico do francês. Sentou ao lado dele, fitando-o discretamente. Era o único que ainda usava partes da armadura. Precavido como sempre.

– Você guardou o livro que te dei? – indagou.

– Está na mala. Por que?

– Só para saber.

Ela sorriu. Kamus e seu zelo pelos livros.

– Nem precisava pedir. Até parece que não me conhece.

– Brincadeira. – a fitou sorrindo. – sei que ele está em ótimas mãos. – pegou na mão dela. – a primeira coisa que chamou minha atenção em você foi o calor delas. Elas têm um calor especial.

– Especial?

– Sim. São cálidas. – acariciava-as gentilmente. – e o melhor são minhas. – deu um sorriso maldoso.

– Não sabia que era tão possessivo.

– Até parece que não me conhece. – devolveu a frase.

Isabel levantou, sentando-se no colo do aquariano, com as pernas transpassadas. Os dois fitaram-se fixamente.

– Você ter passado pela barreira foi a melhor coisa que me aconteceu. – disse acariciando seu rosto. – aconteça o que acontecer, lembre-se que... Je t'aime.

– Isso está soando como uma despedida.

– Estou apenas me expressando de como você é importante para mim.

– Eu sei... – pegou nos fios ruivos. – mas promete que vamos a Marselha juntos?

Kamus não respondeu de imediato. Aquele tipo de promessa era difícil de cumprir e não queria iludir Isa, apesar de ser um forte desejo de ir com ela a cidade.

– Eu farei o possível. Juro que farei o possível.

– Está bem. – deu um selinho nele. – vou esperar.

O.o.O.o.O

Ares observava com espanto o desmaio de Mu. O que o guerreiro tinha feito a ele? O matou?

– Ele está morto? – indagou ressabiado.

– Não. – Aryeh fitava o ariano no chão. – acorde Mu.

O ariano despertou, levantou, mas ajoelhou diante do guerreiro.

– Hell deseja que conserte o tridente dela, pode fazer isso?

– Sim. - a voz saiu mecânica.

– Venha comigo.

Quando Mu virou-se, Ares arregalou os olhos. As íris outrora verdes estavam vermelhas.

– Aryeh tem o poder de controlar a mente das pessoas. – disse Hell. – assim como você. Mu vai fazer tudo que ele quiser.

O guerreiro conduziu o ariano para outra sala. Lá continha instrumentos e uma grande mesa, onde o tridente estava repousado.

– Ele está todo trincado. – disse. – pode torna-lo novo novamente?

Mu pegou o objeto, observando-o.

– Falta um pedaço.

– Ela tem ciência disso. Aqui estão os instrumentos que a raça dos anões utilizava para fazer as armaduras e armas dos deuses. Sei que poderá maneja-los perfeitamente.

– Sim.

– Hell deseja isso o quanto antes.

– Está bem. - os olhos vermelhos de Mu, não demonstravam sentimento algum.

– Comece.

O ariano pegou um martelo dourado. Aryeh ficou surpreso. Realmente aquele cavalheiro descendia dos lemurianos. Aquele martelo, apenas conseguia ser empunhado por pessoas habilitadas.

O.o.O.o.O

Odin conduziu Atena até uma varanda. A deusa ficou maravilhada com a beleza do lugar.

– Foi muito difícil deixar as coisas como estão agora. – disse Odin, fitando a paisagem.

– Eu posso compreender. Me sinto assim em relação a Terra.

– Midgard é um local surpreendente. Aposto que outros deuses do seu panteão tentaram apossar dele.

– Sim. Enfrentei muitas batalhas.

– Como essa agora. – a fitou. – não pensei que Hell fosse alimentar essa ideia durante tanto tempo.

– Ela tem o poder de abrir o selo?

– Sim. E uma vez aberto, dificilmente seria fechado. Precisaria de um poder superior para fecha-lo. Eu deveria ter sido mais duro com ela.

– Odin, vim até aqui atrás de sua ajuda. Como posso para-la?

O deus ficou em silêncio por alguns segundos.

– Hell descende de uma raça poderosa. Ela poderia se igualar aos seus titãs. Quando lutei com ela, comandava alguns seres mitológicos e humanos contrários a mim. Sei que com ela restou sete humanos.

– Denominam-se guerreiros Ragnarok.

– Nome apropriado. – sorriu. – sei que esses sete que sobraram são os mais leais, então não espere que será fácil derrota-los. Não devem ser mais simples humanos.

– Semi deuses? – indagou apreensiva.

– Possivelmente. Hell tem um grande poder. Heimdall acompanhava os fatos de todos os reinos, mas Hell conseguiu erguer uma barreira nas ultimas horas. A ultima coisa que ele viu, foi a aproximação da liberação da energia do selo. Acredito que está próximo, ela conseguir abri-lo.

Atena pressionou a mureta, onde suas mãos estavam. A situação só piorava.

– Pode me ajudar?

– Infelizmente não. Eu não tenho mais livre acesso a Midgard. Com o engrossamento da Arris, muitas coisas mudaram.

– Mas Odin, - não se importou em ajoelhar diante dele. – você é a minha ultima alternativa. Eu não sei como parar a Hell. E se ela continuar tenho certeza que seu próximo alvo será aqui.

– Tenho ciência disso. Levante-se. – a ajudou. – é uma deusa, não tem porque rebaixar.

– Estou desesperada. E você não pode sair daqui...

– Eu não posso sair daqui, mas não quer dizer que não posso ajuda-la. Há um meio de parar Hell e o selo.

Os olhos de Atena iluminaram.

O.o.O.o.O

Aldebaran e Mabel estavam na sala do trono, contudo sentados um pouco afastados dos demais. O brasileiro trazia a garota no colo e os dois riam enquanto cochichavam. Afrodite estava do outro lado, mas acompanhava cada detalhe da cena romântica. Considerava o taurino sortudo, pois Bel realmente era uma garota especial. Só lhe restava imaginar como seria ele a receber a atenção dela. Com certeza lhe daria o mundo e Bel acordaria todos os dias com rosas ao seu redor.

– E essa cara de dor de cotovelo?

Gustavv ergueu o olhar deparando com a expressão divertida de Heluane. Como eram as coisas, depois de um começo perturbado se tornaram bons amigos.

– Está tão visível assim? – sorriu.

– Sim. – sentou ao lado dele. – você realmente se apaixonou por ela?

– Por que a pergunta? - Dite conteve o sorriso. - Eu sou bi.

– Posso ser sincera? Você não tem cara de gostar de mulheres e homens comuns.

Afrodite riu.

– Realmente meu passado me condena, mas... – voltou a atenção para Mabel. – ela é simplesmente fantástica.

A fluminense ergueu as sobrancelhas. Ele realmente gostava dela.

– Aldebaran é um excelente homem, Bel merece um cara como ele. – disse. – fico feliz que ela esteja em excelentes mãos.

– Afrodite de Peixes dizendo algo assim... estou passada. – fez cara de surpresa.

– Engraçadinha...

– Você merece um abraço. – Heluane o abraçou. – mesmo batalhando continua cheirando bem. - aspirou o perfume de rosas.

– Não quer lagar o Mask e ficar comigo? – a fitou com um sorriso safado.

– O que eu ganho?

– Uma casa melhor, coisas de marca, um homem bonito e cheiroso...

Helu riu.

– A proposta é boa, mas eu fico com a fera. – o soltou. – e por falar nela... - olhava ao redor.

– Ninguém me quer... - abaixou o rosto, fazendo cara de choro.

– Vai achar alguém Dite. – deu um beijo na testa. – homem ou mulher. – piscou.

– A deusa do amor sem amor... – murmurou.

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Giovanni estava trancado no banheiro. Lavou o rosto várias vezes, na tentativa de se sentir melhor, mas o peito estava pesado.

– Maldito cigarro... – murmurou.

Helu procurava pelo canceriano, recebendo a informação de Miro que ele estava no banheiro.

– Ta cagando? – indagou segurando o riso.

– Estou! - gritou nervoso.

Helu riu.

– Abre logo essa porta.

Levou alguns segundos antes do italiano abrir. Helu estranhou a expressão do rosto dele.

– O que foi? – indagou, fechando a porta.

– Nada.

– Como nada? Está com a cara esquisita.

– Minha cara sempre foi assim... – voltou o rosto para a pia.

– Fala logo! – perdeu a paciência.

– Uma dor no peito.

A brasileira tocou o peito dele, depois colocou seu ouvido. Aparentemente não tinha nada de errado.

– Está batendo normalmente.

– Eu te disse. – abaixou a tampa do vaso sentando. – não tenho nada. – passou a mão pelos fios platinados. – Shion voltou?

– Não.

– Caspita... – murmurou, voltando a atenção para Heluane. – o que ainda faz aqui?

– Esperando alguma reação sua.

– Não é isso. Não tinha que ir com a Marin para abrigo?

– Eu vou ficar aqui. – cruzou os braços.

– Você escolhe: o abrigo ou o subsolo de Câncer. Aqui é que você não vai ficar.

– Por quê?

– É perigoso. E não te quero aqui. – levantou. – mulher minha obedece. – disse grosso.

– Como é que é?

– O que ouviu. Vou te levar ao abrigo agora.

– Nem um passo Giovanni! – exclamou.

E ele realmente não deu, pois sentiu um aperto no peito, voltando a se sentar.

– Gio o que foi? O que está sentindo? – tocou no rosto dele.

– Nada. – respirou fundo. – isso é porque está sendo teimosa. Eu não te quero aqui.

– Eu sei que é perigoso, mas... e se acontecer alguma coisa? Quem vai cuidar de vocês?

– Será que não entende que a situação só vai piorar? – levantou.

– Mas quero ficar do seu lado.

– Mas eu não quero! – gritou.

Helu assustou-se com o grito.

– Eu não me perdoaria nunca se algo te acontecesse... – a voz saiu baixa. – eu não pude fazer nada para salvar minha mãe, não quero que o mesmo te aconteça. Eu me mataria se algo lhe acontecesse...

A brasileira aproximou-se dele e ficando nas pontas dos pés o beijou demoradamente.

– Mulher de cavaleiro não se esconde, ainda mais sendo do temível Mascara da Morte de Câncer. – fitaram-se. – tenho certeza que vai colecionar as cabeças dos guerreiros de Hell e eu nem vou me importar. – sorriu sapeca. – nós já passamos por tanta coisa juntos... então, vamos até o final.

– Você é louca. – a beijou. – mas eu adoro a sua loucura.

xxxxxxxxxx

Ester estava reclusa na biblioteca. A medida que o tempo avançava sua preocupação aumentava. Certamente Hell faria algo ruim com o ariano.

– Ester. – Juliana tocou de leve no ombro dela, para não assusta-la.

Oi.

– Você está bem? – indagou Shaka que acompanhava a oriental.

Estou preocupada com o Mu.

– Não vai acontecer nada a ele. – disse o indiano sentando ao lado dela. – Mu está bem.

Mas se ele tiver aquelas crises? – os olhos marejaram. – e se for forte?

– Confie no poder do Mu, Ester. Shion nos dirá o que fazer e quando o encontrarmos ele estará bem.

Espero que sim. – disse um pouco mais confortada.

Shaka franziu a testa ligeiramente. Novamente aquela dor no peito.

Algo dói? – indagou Ester, Juliana o fitou imediatamente.

– Eu vou chamar a Helu.

– Não é nada Ju. – segurou o braço dela. – só cansaço, mas logo passa, não se preocupem.

As duas trocaram olhares não muito convictas.

O.o.O.o.O

O som do metal sendo batido podia-se ser ouvido de longe. Ares caminhava ao lado de Alfarr. O grego queria ver como era feito aquele serviço e Hell permitiu. Mas claro que nenhum dos seus guerreiros concordou com Ares andando sozinho pelo palácio.

– É aqui. – Alfarr abriu a porta.

Aryeh os fitou, não achando bom a presença de Ares.

– Hell permitiu. – disse Alfarr notando a expressão do rosto dele.

– Que seja.

O geminiano aproximou-se da mesa que Mu trabalhava. Realmente o cavaleiro tinha um grande talento, o tridente estava ficando novo. Talvez fosse interessante manter Mu vivo, pois percebeu que ele poderia consertar qualquer armadura usando aqueles instrumentos.

– De quem são esses instrumentos?

– Dos anões. – disse Aryeh. – eles são os ferreiros dos deuses, assim como os lemurianos foram de Poseidon e Atena.

– E por que ele consegue manipula-los?

– Mu descende dos lemurianos. Eles e anões são uma raça especial.

O som das batidas silenciou-se.

– Está pronto. – disse Mu pegando o objeto e entregando a Aryeh.

– Excelente trabalho. – observava o tridente atenciosamente. – está como nos dias de glória.

Enquanto isso...

Hell olhava para o selo, o brilho tinha intensificado e aquilo mostrava que a liberação estava no fim.

– O momento chegou Hell? – indagou Kalisha que não tinha saído do lado da deusa.

– Sim. – sorriu. – chame os demais. Está na hora de levar o selo para Asgard.

Em segundos Einlin, Erda, Seren e Andrasta estavam no salão.

– Cadê Alfarr e Aryeh?

– Estamos aqui senhora. – disse o galês.

Os guerreiros estavam acompanhados pelos dois cavaleiros.

– O lemuriano consertou seu tridente, senhora. – Aryeh entregou.

– Ótimo... – ao tocar nele o tridente emitiu uma luz negra. – excelente trabalho Aries.

Mu não respondeu.

Chamando a atenção de todos a torre parou de liberar energia, assim como produzir o som. A luz desapareceu, assim como o cosmo que envolvia as armas.

– O que houve Hell? – indagou Erda, olhando assustada. – o selo...

Hell não respondeu, continuando com a atenção na torre, mas em seus lábios havia um grande sorriso. De repente, a torre brilhou intensamente e os cinco cosmos em conjunto liberaram de uma vez uma grande quantidade de energia. No céu da Noruega apareceram cinco diferentes desenhos: uma letra grega, um ideograma chinês, um hieróglifo, uma runa e uma letra em sânscrito.

Asgard...

Hilda aguardava ansiosamente a volta de Atena. Sua meditação foi interrompida por Freya.

– Hilda!!! – gritou abrindo a porta.

– O que foi?

– Venha ver.

A norueguesa acompanhou a irmã até a varanda do palácio. O rosto de Hilda perdeu a cor.

– Por Odin... a energia foi liberada...

– Hell conseguiu? – Freya a fitou assustada.

– Convoque todos os soldados e evacue o palácio e a vila. Hell virá para cá.

– Aqui?

– Rápido Freya!!!

A loira partiu imediatamente para cumprir as ordens. Hilda voltou para o portal. Ele ainda estava fechado.

– Rápido Atena.

Hellheim...

Os guerreiros mais Ares acompanhavam com espanto o aumento absurdo de energia.

– O exercito de Nordor já está pronto? – Hell olhou para Andrasta.

– Só aguardando sua ordem.

– Chegou a hora meus caros de termos o mundo aos nossos pés. Os deuses vão cair.

Hell bateu com seu tridente no chão. Primeiro, a torre de luz desapareceu, assim como as armas divinas. Ao bater novamente, ela e todos ali presentes sumiram.

Asgard...

As pessoas abandonavam as pressas suas casas, para piorar ainda mais a evacuação uma forte tempestade de neve começou a cair. Da sacada do palácio, Hilda acompanhava o brilho sobre o céu central do seu país. Seria questão de tempo elas ficarem sob o palácio.

– Hilda.

– O que ainda está fazendo aqui Freya? Siga com eles.

– Não posso deixa-la.

– Mas vai. Hell chegará a qualquer momento. Leve isso. – mostrou uma caixa de madeira. – contém símbolos de Odin. Leve para aquele templo que fica na encosta e aguarde Atena. O Grande Heimdall deve abrir uma passagem para ela.

– E você?

– Eu preciso garantir que Atena volte bem. Agora vá, depressa.

Freya ainda hesitou em deixar a irmã, mas tinha que obedece-la. Abrir um caminho para Atena talvez fosse a ultima saída.

– Tome cuidado Hilda. – a abraçou.

– Você também. Vá.

A loira saiu correndo não querendo olhar para trás. Hilda por sua vez olhou para o céu, já sentia a presença dela...

A forte nevasca que caia em Asgard, cessou de repente, Hilda sentiu poderosos cosmos surgirem no pátio da estátua de Odin.

Ares sentiu o vento congelante daquelas terras passar pela pelo rosto como uma navalha, mas pouco se importou. Estava chegando a hora de sua revanche contra Atena. Hell olhava fixamente para a estátua de Odin.

– Está vendo meu triunfo?

– Odin encontrará uma forma de para-la.

Todas as atenções voltaram para a voz feminina.

– Hilda de Polaris. – Hell deu um fino sorriso.

A norueguesa desviou o olhar fitando o geminiano e o ariano achando estranho os dois ao lado da deusa.

– Odin não poderá fazer nada contra mim. – disse.

Os desenhos pararam em cima do palácio. A figura se desfez dando lugar as cinco armas divinas.

– Chegou o momento. – a deusa olhou para cima. – oseann ium fain tii. – sussurrou.

As armas brilharam e diversas linhas de energia dourada saíram de cada uma delas ligando umas as outras. A cada encaixe de linha um som parecido com o de sino era ouvido. As linhas foram formando desenhos ao estilo tribal e por ultimo foram contornados por uma estrela de seis pontas. A terra tremeu e o céu avermelhou.

Hilda olhava para o selo ressabiada, se Atena não voltasse agora seria tarde demais.

Todos acompanhavam com a atenção os eventos, curiosos para saber como aconteceria, já que os únicos a testemunharem o evento foram os deuses primordiais das várias mitologias.

Uma torre de luz transpassou o selo ligando a terra ao céu. A estrela começou a girar em sentindo horário. De uma das pontas da estrela, partiu um raio de luz seguindo em linha reta e sumindo no horizonte.

– Começou... – murmurou a deusa.

– É assim que inicia-se? – indagou Andrasta.

– Sim. Daqui a quatro horas os outros raios terão saído de cada ponta e o selo será aberto. – olhou para Hilda. – verá de camarote. Kalisha leve-a para o palácio.

– Sim senhora.

Kalisha aproximou-se de Hilda tocando-a de forma cortes.

– Vou sozinha. – disse ríspida.

– Tudo bem. – deu nos ombros.

– Andrasta.

– Sim. – ajoelhou diante dela.

– Avise ao Nordor que ele entrará em ação daqui a quatro horas.

– Sim senhora.

Andrasta sumiu diante deles.

– Os demais aguardem.

– E quanto a ele? – Aryeh apontou para Mu.

– Ele ficará conosco por enquanto.

O.o.O.o.O

Miro trazia o olhar perdido na cidade de Athenas. Estava nos últimos degraus da escadaria que ligava a casa de Peixes ao templo. Preferiu ficar de guarda caso houvesse uma emergência. Marcela andava calmamente em direção a ele.

– Te procurei pelo templo todo. – parou ao lado.

– Estava de guarda. Alias estou. Shion nos chamou?

– Não. Ainda está com Aiolos.

– Sempre reclamava que o santuário andava sem ação, estou pagando língua e da pior forma possível. Ares, Mu e Atena.

– Atena vai voltar. – segurou o braço dele. – e vai mandar aquela louca pro inferno.

– Rezo que sim. É melhor você entrar. – a fitou. – é perigoso ficar aqui fora.

– Vai me agarrar?

– Não é algo propício para a situação. – sorriu.

– Estou brincando.

O grego tocou o rosto da brasileira. As íris azuis fixaram nas negras.

– Lembra do que eu te disse aquele dia na casa da Elsa?

– Me disse um monte de coisas. Alias um monte de bobagens!

– Pode ate ser bobagens, mas em meio a elas eu disse algo importante. Fiel te para sempre.

– Para de dizer isso. Até parece despedida.

– Não é despedida, só estou reafirmando meus votos. – a beijou. – agora vamos entrar, não estou com um bom pressentimento.

O.o.O.o.O

Os guerreiros de Hell dispersaram, mas a deusa continuou a base da estátua olhando o selo.

– Hell.

– O que deseja Ares?

– Disse que me daria o que eu pedi.

– E darei. – virou-se para ele. – quer selar para sempre sua outra consciência.

– Sim. Ele deixará de me atrapalhar.

– Diga me Ares, - a deusa começou a descer o pequeno jogo de escadas. – e seu ponto dourado?

– Ponto dourado? – estranhou. – a que se refere?

– Saga não é o seu único problema. Alias, não é o principal problema. Você conseguiu domina-lo de tal maneira que ele está sobre seu julgo.

– Então qual seria?

– O ponto em comum que existe entre você e ele.

– Sei que está com tempo Hell, mas não poderia ir direto ao ponto? Saga e eu não temos nada em comum.

– Tem sim... – sorriu de forma misteriosa. – claro que tem...

Usando seu poder Hell jogou na mente de Ares uma imagem. Ele arregalou os olhos.

– Está enganada! Ela não representa nada para mim.

– Humanos e deuses tem o seu ponto fraco e o seu é a humana. Eu vou lacrar a consciência de Saga de forma que ele não voltará mais, mas lembre-se desse ponto dourado. Ele pode se tornar a salvação de Saga e a sua perdição. – a voz ficou fria. – se me trair, tenha a certeza que a minha ira vai cair sobre ela.

Ares gargalhou.

– Está me subestimando Hell. Acha que perderei a chance de ter o mundo por causa de uma mulher? Eu pouco me importo com ela. Se tiver que mata-la para conseguir o que quero não tenha duvidas do que eu farei.

– Se diz... aproxime-se.

O geminiano parou a pouco dela. Hell tocou a fronte dele com o indicador. Sussurrou, algumas palavras quando uma luz negra adentrou a cabeça do cavaleiro. Ares sentiu uma forte queimação a ponto de perder os sentidos. Ia ao chão se Aryeh não tivesse surgido de repente.

– Dará certo?

– Se a ambição dele for suficientemente grande... Eu apenas lacrei a consciência, mas se Ares quiser ele tem o poder de libertar o seu outro eu.

... Ares não via nada, pois estava mergulhado numa escuridão. Começou a andar sem rumo, tentando ao menos sentir onde estava. De repente viu ao final, do que parecia um túnel, uma luz. Caminhou até lá transpassando a “porta.” O local iluminou-se, achando estranho esta num corredor. Bem a frente dele uma porta em madeira branca, com uma janelinha de vidro. Aproximou, tocando a maçaneta abrindo.

A sala era toda branca e acolchoada. Ares fitou o homem sentado na cama, preso na perna por uma corrente: era Saga.

– Belo lugar. – disse.

– Não pode me manter aqui. – Saga tentou aproximar, mas a corrente impediu.

– Não posso? – riu. – adeus Saga. Vai ter uma vista privilegiada do fim do santuário. – deu meia volta. – HIHIHIHEHEHEHAHAHAHHAHA!

– Ares!

A medida que Ares afastava a escuridão aumentava. Saga estava preso no fundo da mente...

Ares acordou sorrindo.

– Ele se foi.

– Ele não voltará mais. – disse Hell, voltando a atenção para o selo.

O.o.O.o.O

– Há uma maneira de para-la? – Atena indagou esperançosa.

– Sim. Mas devo dizer que é muito difícil. E pode levar a morte.

– Se for para salvar o mundo eu farei. – disse decidida.

– Eu sei que sim. – sorriu. – Venha comigo.

Odin levou a deusa para o interior do palácio. Andaram por alguns minutos até pararem diante de uma porta dourada. Com leve erguer de cosmo, o deus abriu dando passagem para Atena. A sala não era tão grande, mas havia um altar em tons dourados. Sob o altar, um pequeno objeto de prata e de trinta centímetros de comprimento. Odin subiu até o altar pegando o objeto.

– Minha espada fica com Hilda para garantir a proteção dela e daquelas terras, mas não é minha única arma. – desceu as escadas. – essa é minha arma principal.

Atena observava com atenção.

– Ela é capaz de matar Hell. Deveria ter usado no passado, mas em respeito há alguns Gigantes relevei a morte dela. – Odin apertou uma espécie de botão no objeto prateado. Uma luz prateada envolveu-o, enquanto ouvia-se o som de algo destravando. – esta é a lança Gungnir.

O pequeno objeto desdobrou em várias partes alcançando a altura de dois metros e trinta. Era prateada e tinha duas pequenas bifurcações quarenta centímetros para o termino dela, como num “T” invertido.

– Você deve ir até Hell e lançar a lança, mas lembre-se que tem apenas uma chance, pois uma vez lançada ela voltará para as minhas mãos.

– Entendi. E o selo?

– Hell não deixará que se aproxime dela facilmente e enquanto isso as horas vão avançar e o selo será aberto. O máximo que vai conseguir será retarda-lo, pois ele só será fechado com a morte de Hell. Meu pai me ensinou um feitiço que atrasa a abertura de portais, barreiras, etc. Também funcionará com a Kaya.

– Quanto tempo tenho até ele abrir completamente?

– Com a quantidade de energia que Hell conseguiu ele ira abrir em quatro horas. Usando esse feitiço creio que vai retarda-lo por oito a nove horas no máximo, mas para usa-lo demanda uma grande quantidade de energia. E pelo que posso sentir seu cosmo foi drenado.

– Sim...

– Idun.

De uma porta lateral surgiu uma garotinha loirinha de expressivos olhos azuis e bochechas rosadas. Tinha o ar sapeca, não contando mais do que oito anos. Atena achou-a uma graça.

– Oi Odin. – disse sorrindo.

– Poderia fornecer a Atena alguma das suas maças?

A menina olhou para deusa. No primeiro momento sua expressão ficou séria depois ela abriu um grande sorriso.

– Claro!

– Siga com ela Atena.

Idun segurou na mão de Atena conduzindo-a para outro recinto. A deusa percebeu que a menina tinha um grande cosmo, mas estranhou em ser uma criança. Passaram por um longo corredor, onde ao final a grega visualizou uma porta...

Era um enorme jardim bastante iluminado pela lua e estrelas. Repleto das mais variadas flores e com perfumes suaves.

– Meu jardim não é bonito? – indagou a voz infantil.

– Muito. Com a luz do sol deve ser ainda mais. Ele é seu?

– Sim. – ela parou de andar. – só um minuto.

Idun soltou-se da mão de Atena afastando dois passos. Ela elevou seu cosmo e a deusa ficou impressionada ao ver aquela menina se transformar numa bela mulher.

– Desculpe o susto. – sorriu.

– Eu só fiquei pensando como poderia existir uma deusa menina.

– Essa é minha forma original, mas gosto de adotar meu lado menina. É mais seguro, sou Idun, deusa da juventude eterna e da poesia. – a voz saiu forte. – me acompanhe.

Andaram por entre as flores, chegando a uma grande macieira com frutos dourados.

– Os deuses nórdicos mantem a sua imortalidade comendo uma maça por dia. É assim que se mantem jovens. No seu caso, que utiliza um corpo mortal, ao comer essa maça, seu cosmo será restabelecido por completo. A sequela que você carrega por sua batalha anterior será anulada.

– Verdade?

– Sim. Mas será preciso que coma devagar, para não ter efeitos contrários. – Idun foi até a arvore e colheu uma maça. – sente-se e aprecie.

– Obrigada Idun. Sinto-me fortalecida só de ouvir suas palavras.

– Hell merece ser punida. – deu um sorriso dúbio. – enquanto come conte-me sobre seu santuário.


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Notas finais do capítulo

• Frigga: Esposa de Odin , é a deusa da fertilidade, do amor e da união.
• Lança Gungnir: lança de Odin, quando lançada nunca erra o alvo, e sempre volta à mão do deus.
• Idun: Deusa da poesia. Guardiã do pomar sagrado cujas maçãs permitem ao deuses restaurarem a sua juventude pela eternidade. Ela é responsável pela imortalidade dos deuses. (somente para fic a representei também como uma criança)



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