A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 25
Amor e desentendimento




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Julia andava com cautela pelo corredor. Tentava desviar das goteiras, mas sem sucesso. Aquele lugar estava úmido e frio, não sendo atoa uma prisão.

Ela parou em frente a sexta cela, pois Miro dissera que Mask estava lá. O viu encolhido num canto, não sabia se estava dormindo pois a fraca luz que vinha de uma lamparina não ajudava.

– Gio...

O canceriano realmente estava dormindo, acordando quando ouviu a voz.

– Julia..?

Ele levantou indo até a grade.

– O que está fazendo aqui? Alias como veio parar aqui?

– Tenho meus métodos. - sorriu. - Como está?

– Já estive melhor. - sorriu. - o que faz aqui?

– Queria te ver.

– Sério? - ficou surpreso.

– Ainda estou chateada pelo que fez, mas eu me preocupo com você.

O cavaleiro franziu o cenho.

– Estou bem baixinha. - brincou com os cabelos avermelhados. - como está o povo?

– Numa comemoração. Aioria pediu a Marin em casamento.

– Já não era sem tempo... - coçou o queixo.

– Eu não sabia que era parecida com sua mãe.

A expressão dele ficou séria.

– Aposto que o linguarudo do Afrodite...

– Ele não me contou nada. - Julia colocou a tocha numa suporte, sentando no chão. - não quer me contar?

– O que quer saber? - Mask sentou no chão.

– Como um garoto de coral de igreja transformou-se em Máscara da Morte.

Mask ficou em silêncio, não gostava de lembrar-se da história de sua vida.

– Eu gostaria muito de saber. - insistiu a brasileira.

– Por quê?

– Você sabe que eu gosto de você.

– Mais que o Shura? - sorriu.

– É diferente e não quero falar sobre ele.

– Minha mãe era filha única de uma tradicional família de Siracusa. Família de mafiosos. Assim como meu pai. Se as duas famílias se unissem controlariam toda a Sicilia. Minha mãe casou por amor, meu pai por interesse. Casaram e no ano seguinte eu nasci. Vivíamos relativamente felizes, exceto quando meu pai bebia.

Julia ouvia com atenção.

– Minha mãe era católica e eu cresci nesse meio. Nas terras dos meus avós maternos tinha até uma igreja. A senhora Julieta tocava muito bem piano e as vezes auxiliava o coral, - sorriu. - minha mãe tocava bem demais. Ela tinha o dom. Sempre as tardes ela tocava e eu ficava do lado escutando, até que ela começou a executar músicas tradicionais italianas e eu cantava. - fitou Julia. - eu adorava quando fazíamos um dueto. Ela chamou um professor de música que disse que eu era um tenor.

– Quantos anos tinha?

– Cinco.

Julia ficou imaginando um pequeno Mask cantando.

– Imediatamente ela me levou para o coral da paróquia perto de casa.

– E seu pai?

– Ele não gostava, dizia que eu cresceria um frouxo. Meu pai era muito violento com todo mundo, comigo, minha mãe, os empregados, com os inimigos... Enquanto ela pode, me manteve afastado desse mundo. Não queria que eu me tornasse um assassino como meu pai. - Mask rabiscava o chão com o dedo. - eu não entendia muito bem... gostava muito do meu pai e não vivia muito próximo a ele...

– Ele gostava de você?

– Acho que não... pelo menos nunca demonstrou... quando eu fiz sete anos as coisas mudaram drasticamente em casa. Meu pai começou a chegar todo dia bêbado e insultava minha mãe, quando não batia nela. Por diversas vezes tentei separa-lo dela, mas acabava sobrando para mim... - ficou em silêncio com o olhar perdido. - ele começou a me levar, quando tinha que resolver determinados assuntos. Dizia que eu tinha que sair da igreja e aprender como o mundo era realmente. Eu vi tanta coisa... - balançou a cabeça querendo esquecer tais cenas. - minha mãe tentava impedi-lo, mas ele ameaçava bater nela e para não vê-la apanhar eu o seguia...

– Por que ela não separou dele?

– Família tradicional Julia, tem a ideia errada de que casamento é para sempre.

– E o que aconteceu depois?

– A cada dia o comportamento do meu pai piorava. Minha mãe que já tinha uma saúde frágil definhava, até que... - ele levantou, passando a andar de um lado para o outro. - fomos passar o final de semana na fazenda, que ficava perto de uma cidade chamada Buscemi. A noite minha mãe e eu o aguardávamos para o jantar, mas ele chegou tarde, eu já estava dormindo. Acordei com os gritos dos dois.

Mask parou de andar, voltando a sentar.

– Eu desci, meu pai espancava e espancava a minha mãe. Eu tentei impedir, mas acabei levando também. - ele aproximou da grade, abrindo os cabelos. - está vendo essa cicatriz?

– Sim.

– Foi da pancada que levei ao bater na quina da mesa. Só acordei dois dias depois na casa dos meus avós maternos.

– E sua mãe? - temeu perguntar, pois imaginava a resposta.

– Meu pai continuou a bater, a bater, a bater.. - a voz saia com ódio. - os empregados que impediram meu pai de mata-la. Ela foi levada para o hospital em coma, mas não resistiu. Morreu dois dias depois.

Julia ficou em silêncio, jamais imaginaria que ele passara por aquilo.

– Fiquei dois meses com eles, sendo que por um mês eu não falei. Disseram que era por conta da pancada, outros pelo choque de ter perdido minha mãe daquela forma. Eu não sei ao certo.

– E seu pai?

– Nos dois meses que fiquei com meus avós, fui me recuperando, brincava com outras crianças, comecei a frequentar o coral local, era um desejo da minha mãe e queria muito realiza-lo, até que meu pai apareceu e me levou de volta.

– E ele?

– Não se mostrou nem um pouco arrependido. Aquele crápula, filho de uma rameira! - levantou. - matou a minha mãe e não vi um pingo de arrependimento! Um ódio cresceu dentro de mim, o que entrava em conflito com o amor que eu tinha por ele. Era meu pai.

– E o que aconteceu?

– Ele me levava para as chacinas dele. Vi morrer velhos, crianças, mulheres, grávidas, ele não poupava nada. Meus avós entraram na justiça para pedir a minha guarda e eu ficava sendo jogado de um lado para o outro. Meus avós já eram idosos e depois da morte da minha mãe ficaram debilitados. Morreram uma semana antes de eu completar nove anos.

– E como veio parar no santuário?

– Meu avô tinha um sobrinho que morava muitos anos aqui na Grécia. Ele viu que se continuasse nas mãos do meu pai eu me tornaria pior do que ele. Se bem que acho que não me tornei melhor... esse sobrinho contou ao meu mestre a minha situação e Assad me admitiu como discípulo. E assim vim parar aqui. - voltou a sentar. - essa é a minha história... fico falando que Saga tem problema aqui. - apontou para a cabeça.- mas eu também tenho. Uma criança que viu o pai matar a mãe de tanto bater e testemunhar tantos assassinatos não cresceria um adulto normal. Matei minha primeira pessoa com oito anos, como eu seria normal?

– Com oito? - arregalou os olhos. - como? Você era uma criança!

Ele riu.

– Meu pai não via assim. Uns colonos deviam a ele. Moravam em uma das terras que ficava ao norte da Itália. Meu pai foi cobrar a divida, mas o colono não tinha como pagar.... Lembro direitinho. Era o pai, a mãe e um filho. Deveria ter a mesma idade que eu. Estava num canto só assistindo, então comecei a prestar a atenção no modo como eles se protegiam e fiquei com inveja. Por que meus pais não podiam ser assim? O que eles tinham que eu não tinha?

– Gio...

– Meu pai me deu uma arma e me mandou atirar. Atirei. Fiquei dois meses sem dormir, acordando no meio da noite aos gritos. Não tem como ser normal, não é? - deu um sorriso nervoso.

– Isso tudo já acabou Mask. Tem uma nova vida agora.

– Mas tem marcas que o tempo não apaga.... Pode sair correndo agora, pois está diante de um maníaco.

– Se eu pensasse assim nem tinha aproximado de você. Alguém que tem uma voz tão bonita não pode ser uma pessoa ruim.

– As aparências enganam Julia. - abaixou o rosto.

– Você ajudou Shaka várias vezes enquanto esteve no Tártaro.

– Não era justo ele ali. Shaka pode ser um porre, mas tem valor.

– Sempre achei que o seu lado 'dark' tinha uma explicação.

Mask riu.

– Agora entendo porque aprontou todas nas doze casas e regenerou em Hades. Você é uma pessoa boa. Erra, mas tem bom coração.

– Obrigado. - disse envergonhado. - e você qual sua história de vida?

Julia contou alguns fatos de sua vida.

– E seus pais?

– Perdi meu pai já algum tempo. - a voz saiu triste. - Por isso entendo o que passou quando sua mãe morreu. Foi difícil, mas estou superando...

– Acho que nunca consegui superar a da minha mãe.

– Quanto tempo vai ficar aqui? - indagou querendo mudar de assunto, era bem capaz de chorar ali.

– Atena disse que seria essa noite, mas sei não...

– Por que fez aquilo a Helu?

– Descontrole.... eu tento reprimir meu lado agressivo, mas as vezes não consigo. E a Helu me desafia... aí na aguento.

– Vai conversar com ela?

– Não. Prometi a mim mesmo que não chegaria perto dela, enquanto estiver aqui no santuário. Vou me manter bem afastado. Ela pode ficar sossegada que não chegarei perto dela. Tem a minha palavra quanto a isso. Estou gostando do nosso papo, mas você precisa ir. Se Shion te pega, aí que não saio daqui mesmo.

– Está bem. - levantou. - boa noite e até amanhã.

– Até. - sorriu.

O.o.O.o.O

Kamus arrastava Isa por entre as escadarias de Peixes a Aquário.

Apenas parou de puxa-la quando chegaram ao salão da décima primeira casa, de forma bruta a prensou entre uma pilastra e ele.

– Você pertence a mim Isabel! - a voz apesar de fria saiu passional. - só a mim!

Ela arregalou os olhos ao escutar.

– Qualquer outro cavaleiro que encostar em você, vai se ver comigo, entendeu? Você é minha!

Isa estava completamente sem reação. O que tinha dado em Kamus para falar daquele jeito?

"Não queira vê-lo ciumento"– lembrou-se das palavras de Miro. - " Kamus está com ciúmes de mim?" - pensou. - o que eu fiz...?

– Fica sorrindo para Aiolos. Seus sorrisos são meus! Só meus!

Definitivamente estava surpresa pela reação dele. Kamus sempre tão racional e ponderado, agora mostrava-se passional. Ele a segurava com força e seu olhar era capaz de fuzilar alguém.

– Você é minha Isabel... - a voz saiu mais calma. - só minha...

Ele a beijou de forma abrupta, o que a deixou surpresa, mas gostou, gostou muito. O aquariano não se contentou com apenas beijos, queria muito mais. Mandando o bom senso para escanteio, passou a dar pequenas mordidas, alternando com beijos, no pescoço, nuca e colo. O aquariano tirou a blusa da paulista passando a acariciar seus seios. Isa estava completamente pasma pela atitude de Kamus. O cavaleiro enquanto lascava um beijo nela, enfiou a mão por dentro da calça, alcançado sua parte intima.

– Ka-mus... - soltou num gemido.

– Je peux vous donner plus. (posso te dar muito mais)– disse em sua língua natal.

Escutar a voz dele em francês ao pé do ouvido produziu um grande efeito na brasileira.

– Je veux (eu quero).

O aquariano arrancou o soutian, passando a chupar os mamilos rosados, enquanto continuava a tocar a parte de baixo. Se continuasse daquele jeito, Isa iria a loucura ali mesmo. Kamus passou dos seios para a boca dela, beijando-a profundamente enquanto roçava seu membro na feminilidade dela. Isa tirou a camisa dele, passando a acariciar o torax definido do cavaleiro, Kamus poderia ser o cavaleiro do gelo, mas aquele corpo era quente, muito quente. O francês abriu o zíper da calça, abaixando-a, assim como a cueca. Ela fez o mesmo com suas roupas. Nem Kamus, nem Isa importavam-se alguém passasse por ali, ele prendeu uma das pernas dela a sua cintura e a penetrou de uma vez. Ela nem ligou com a pressa, Kamus de Aquário estava ali, nu, só para ela e perderia tempo com formalidades?

O cavaleiro a prensou ainda mais na parede, queria tê-la rápido. O ritmo foi aumentando até que os dois chegaram ao êxtase juntos, dizendo o nome um do outro. O francês depositou o rosto na curva do pescoço dela aspirando o perfume que provinha dali.

– Se passar alguém... - Isa acariciava os fios ruivos um pouco grudados pelo suor. Kamus não tinha nada de homem gelo, ele era quente, quase febril.

– Estaria ferrado. - sorriu. - eu nunca faria isso aqui, mas você me deixa doido...

– Deixo...? - sorriu de forma pervertida.

– Deixa... tenho cada desejo com você... naquele dia, no nosso jantar queria você ali, sobre a mesa.

– Não seja por isso... - o beijou profundamente. - podemos realizar a sua vontade.

Kamus sorriu. Pegaram as roupas, entrando na área interna da casa. O destino? A varanda de Aquário.

O.o.O.o.O

Já estavam na base do templo. Sheila era puxada por Aiolos a base de protestos, até que num dado momento ela deu um pisão no pé do grego.

– Ai lindinha.

– Para de me chamar desse apelido ridículo!

– Não gostou...? - ficou sentido.

– Nem um pouco. Odeio tudo que tem “inho” no final.

– Tudo bem então. - disse sério. - não te chamo mais assim. - foi para toca-la.

– Disse para não colocar a mão em mim! Seu moleque!

O grego a fitou ressabiado.

– É isso que pensa de mim?

– Penso. - tomou o ultimo gole de vinho. - não passa de um garoto inseguro. Que não confia no próprio taco. Se diz pegador, mas só ficou no papo. Quer saber? - jogou a garrafa longe. - cansei. Fique com suas menininhas que eu fico com os meus homens. Já passei o rodo em todos mesmos.

– Como? - indagou, pensando não ter ouvido direito.

– O que ouviu. Gosto de homem com pegada, com segurança e que não fica de mimimi. Você me decepcionou. Pensei que fosse mais decidido, no entanto....

Aiolos ouvia tudo calado.

– Já está me dando nos nervos! Nem quero mais essa faixa idiota!

O cavaleiro levou a mão ao objeto vermelho.

– Acha idiota?

– Ridícula... - claro que achava o contrário, mas o álcool e a raiva acumulada...

O grego levou as duas mãos atrás da nuca, desamarrando a bandana.

– Não seja por isso eu jogo fora. - ele a soltou.

Quando Sheila viu aquele pedaço de pano sair voando...

– Não!!! - correu atrás. - perdeu o juízo? - a pegou no chão, antes claro de tropeçar. - se jogar isso fora vou te odiar para sempre.

– Não disse que era ridículo?

– Mas me lembra o Rambo. - o fitou como se aquilo fosse obvio. - eu amo o Rambo.

– Gosta dessa faixa só por causa do Rambo?

– Claro! - deu um sorriso lavado. - ele tem pegada sabe. - deu uma piscadinha.

– Então me enxerga só como o cavaleiro de Sagitário?

– Antes não, agora sim. - aproximou trocando os pés. - pode me leva até o Dite? Quero provar aquela boca rosada. - o segurou nos ombros.

Já desconfiava que Sheila pensava aquilo dele, ela apenas o via como um garoto e ele perto de Afrodite não passava de uma pessoa inexperiente... Está certo que já ficou com muitas meninas, mas como colocado, eram meninas. Sheila não era menina e sim uma mulher, forte e decidida.

– Me leva para Peixes?

– Levo. - a pegou no colo. - em um minuto estará em Peixes.

– Assim que se fala. - deu um tapinha no peitoral dele. - uau... você é forte... - apalpava. - e...

Mal teve tempo de terminar a fala, quando percebeu estava dentro de uma sala.

– Foi rápido. - sorriu. - cadê o Dite?

– Não está em Peixes, - tomou o corredor. - está na minha casa. - Aiolos nem se preocupou se tinha alguém em sua casa, a sua sorte era que Aioria estava apagado no outro quarto.

Sheila arregalou os olhos, para depois dar um grande sorriso. Será que Aiolos tinha decidido pega-la de jeito?

– Na sua casa? - foi atrás.

– Sim. - acendeu a luz de seu quarto. Ele jamais a levaria para Peixes. Levar uma facada de graça? Fechou as cortinas.

– Aiolos!

O grego ficou assustado quando a paulista pulou no pescoço dele, derrubando-os na cama.

– Shei-la?!

– Até que em fim se decidiu!

A brasileira o beijou de forma possessiva. Nos primeiros segundos ele não esboçou reação alguma, pois estava surpreso, contudo foi correspondendo ao gesto. A falta de ar os separou.

– É isso que espero de você... - disse no ouvido dele, enquanto segurava as mãos dele sobre a cabeça. - atitude... pode me ter no momento que quiser.

Os olhos voltaram a arregalar. Definitivamente Sheila não estava no seu estado normal...

– Tem certeza?

– Absoluta. Ainda não sabe quem é meu cavaleiro favorito? - balançou a bandana.

– Está falando sério?

– Estou...

Ela voltou a beija-lo, mas desta vez, com as mãos livres, Aiolos pode aproveitar. Num movimento rápido girou, invertendo a posição.

– Então gosta da minha bandana...

– Não imagina o quanto.... - sorriu.

O cavaleiro pegou da mão dela o pano vermelho, amarrando-o, mas...

– Sheila?

O sono veio de uma vez, ainda mais naquela cama macia, Sheila apagou.

– Sheila? Sheila?

Completamente apagada.

O cavaleiro balançou a cabeça negativamente com um sorriso nos lábios. De forma cuidadosa, a posicionou melhor na cama, tirando as sandálias. Jogou um fino lençol por cima.

– Boa noite minha lindinha.

Passou a mão num travesseiro e num lençol indo dormir no chão.

O.o.O.o.O

A caminhada entre o Templo e Virgem foi bem lenta, ainda mais que Shaka parou duas vezes para vomitar. Quando chegou em casa queria deitar no sofá, mas Juliana o levou para o quarto.

– Tem remédios?

– Não... - sentou na cama, levando às mãos a cabeça. - tudo gira...

– Então... - olhou para a porta do banheiro. - um banho frio. Vem Shaka.

Ele deixou-se levar, pois não dava muita fé pelo que estava acontecendo. Respirando fundo, Ju tirou a camisa dele, empurrando-o para dentro do chuveiro. Colocou a chavinha no frio.

– Fria. - ralou ao sentir o jato de água.

– Mas vai te ajudar. - fitou o dorso nu. Shaka era na medida certa, nem muito musculoso, nem liso. Tinha tudo bem definido. - Vou procurar por algo que possa beber. - resolveu sair para não ficar pensando besteira.

Apesar da água fria, Shaka não saiu, pois sabia que aquela medida ajudaria a curar a ressaca. Nunca mais beberia, fez a promessa ali mesmo.

Cerca de cinco minutos depois Ju, voltou trazendo uma toalha.

– Abri seu guarda roupa.... - disse com jeito.

– Tudo bem...

Ela o ajudou a sair do banho, levando-o para cama.

– Peguei uma roupa para você.

– Obrigado... - a fitou. - por que tirou o kimono?

Ela franziu o cenho. Estava embriagado.

– Estava incomodando.

– Ah... você ficou linda nele.- jogou a toalha longe, levando as mãos aos botões da calça.

– Espera eu sair! - ficou vermelha.

– Nunca viu um pinto?

– Co-mo? - engasgou.

– Você não transou com o Dohko?

– Shaka!

– Pensei que tivesse.... então é virgem?

Corou ainda mais.

– Não é da sua conta.

– Você transou com outros homens? - o olhar ficou sério. - quem ousou tocar em você?

– Vá trocar de roupa!

Saiu as pressas do quarto. O nível de álcool do indiano deveria está altíssimo para ele fazer aquele tipo de perguntas. Bateu na porta cinco minutos depois.

– Shaka? - abriu, mas sem olhar. Não ouve resposta. - Shaka? - olhou.

O cavaleiro estava sentado, com as mãos no rosto, mas já trocado.

– Dormiu? - aproximou. - Shaka?

– Oi...

– Não quer deitar?

– Você é a primeira pessoa fora do santuário que me abraçou...

– O que? - do que ele estava falando.

– Eu não ganhei abraços quando pequeno... - a mão continuava apoiando a cabeça, mas os olhos fechados. - diziam que eu era o intocável...

– Nem de Kajra?

– Não... toda vez que ela ia me abraçar, o monge a xingava, dizendo que eu me tornaria impuro... ela só me abraçou quando me trouxeram do monastério para cá... ela chorou... - abriu os olhos, passando a fitar a oriental. - quase todos os outros cavaleiros tiveram mães, mas eu não... eu não sei o que é isso...

– Shaka... - ficou com dó.

– Eu não tive amigos também... os outros meninos não podiam brincar comigo. Por isso não entendo essas coisas... eu nem entendo o que eu sinto por você. - voltou a fechar os olhos.

Agora que Juliana franziu o cenho mesmo.

– Você sente algo por mim?

– Acho que sim... - a fitou. - quem tocou em você? - a voz ficou séria. - quem já transou com você?

O estado do indiano não era bom, ele não tinha noção do que falava.

– Não seja indiscreto.

– Eu sou virgem.... - bufou.

– Signo de Virgem...?

– Também. Eu nunca transei... disseram que eu tinha que ficar acima das coisas carnais. Nem beijar. Você foi a primeira a me beijar.

– Eu???

– Sim... eu nunca me interessei por essas coisas.... Afrodite diz que eu sou gay, mas o Mask diz que sou apenas um fingido. Ele acha que transo escondido. - apoiou os braços na cama. - mas eu não transo escondido. Nem sei como se faz isso...

– Está falando sério?

– Estou. - deitou na cama, a cabeleira loira se espalhou por ela. - eu vi um vídeo... e... - silenciou, fechando os olhos.

– E? - o momento de arrancar informações era agora.

– Era um casal... a moça parecia com você.

– Comigo??

– Oriental... eu não sei porque mas fiquei com vontade de fazer, senti meu corpo estranho...

Juliana estava pasma, Shaka parecia um adolescente descobrindo a sexualidade. Não poderia ser sério...

– Nunca fez nada mesmo?

– Não.. - abriu os olhos. - você foi a primeira que me beijou... - ficou em silêncio novamente, fechando os olhos.

– Shaka?

– Por que... por que a Kajra me deixou? Eu queria ficar com ela... Mas ela não me quis... mães não brigam por seus filhos?

Ju tentava acompanhar a mudança do indiano. Só que aquele assunto era delicado e triste. Shaka deveria ter tido uma infância triste.

– Brigam...

– Ela não brigou porque eu não era filho dela? - abriu os olhos, estavam um pouco marejados. - meus pais não brigaram por mim, ela não brigou por mim... ninguém me queria então? É por que sou diferente?

– Shaka... - sentou do lado dele. - tenho certeza que seus pais ficaram tristes quando te levaram.

– Acha...?

– Acho. Assim como a Kajra.

O que o virginiano fez, deixou -a perplexa. Ele a puxara, envolvendo-a num abraço.

– Sha-ka...?

– Pode ficar comigo? Só um pouco? Não quero ficar sozinho...

– Esta bem...

Ficaria só o tempo dele dormir.

– Obrigado...

Shaka soltou um longo suspiro e adormeceu. Ju ainda ficou um bom tempo nos braços dele. Não podia negar que estava adorando, mas aquela situação só era possível com um Shaka bêbado. Ele jamais faria aquilo sóbrio. E pensando nisso tentou se soltar, mas ele a segurava forte. Pensou em ficar mais alguns minutos, até ele adormecer completamente.

Ela depositou o rosto no dorso dele, escutando as batidas de seu coração, fechou os olhos para escutar melhor, mas acabou dormindo...

O.o.O.o.O

Ao chegar em Libra, Jules conduziu o cavaleiro para o quarto, estava preocupada, pois a dor poderia aumentar.

O cavaleiro deitou na cama, fechando os olhos.

– Quer colocar a cabeça no meu colo de novo?

– Quero... - sempre que fazia aquilo a dor diminuía.

A brasileira ajeitou-se na cama. Dohko colocou a cabeça no colo dela que passou a acariciar o rosto do chinês.

– Está bom assim?

– Está... obrigado.

Ela continuou por um bom tempo.

– Ainda dói?

– Não muito. - abriu os olhos. - está passando. Acho que essa noite não doerá muito.

– Quer que eu faça alguma coisa? Um chá? Comprimidos?

– Não precisa. - levantou sentando na cama.

– Certeza? - estava realmente preocupada.

– Sim. - pegou na mão dela. - felizmente não é uma crise aguda. Daqui a pouco passa. - pegou na mão dela, dando um beijo nas costas. - seu toque de anjo é capaz de curar tudo.

– Exagerado...

– Não estou exagerando... - Dohko começou a beijar não apenas a mão, como também o braço, chegando ao pescoço.

– A dor passou? - indagou contendo o riso.

– Não, mas está suportável.

O libriano a beijou nos lábios de forma bem sensual, Jules começava a ter pequenos arrepios.

– Está atiradinho hoje.

– Sempre fui. - sorriu. - só me continha. - voltou a beija-la ainda com mais volúpia.

– Acho que sua dor é um estimulante. - não separou os lábios dele.

– Se for, não me importo de ter todos os dias.

O chinês desviou da boca para o pescoço dela, mas a gola da camiseta atrapalhava. Rapidamente retirou-a, deixando-a apenas de soutian. Dohko lançou-lhe um olhar tão quente, que Jules sentiu-se queimando por dentro. O cavaleiro tirou sua camisa, revelando o peito musculoso, tirou a calça, ficando apenas de cueca. Jules deu um sorriso safado ao ver o volume e por saber que era tudo dela. Ele também sorriu, ao ver a expressão dela. Aproximou lentamente, como um tigre pronto a dar o bote. Primeiro foi aos lábios, depois o colo, em seguida os seios que a essa altura já estavam sem o acessório. A cada passar de língua do cavaleiro, Jules soltava pequenos gemidos. Enquanto os lábios dele brincavam com os seios, uma das mãos desceu pelo ventre tocando a cueca box que ela usava. Ele se afastou um pouco para ver, Jules tinha ficado incrivelmente sexy com a cueca.

– Não sabe como fiquei com tesão ao ouvi-la sobre a cueca.

– Ficou com tesão? - passou as mãos pelas madeixas negras, aproximando. - muito ou pouco? - dava pequenos selinhos.

– Muito.

– Quer tirar? - sorriu de forma provocante.

O libriano com um movimento a empurrou e segundos depois tirou a cueca dela.

A brasileira não conteve a voz quando sentiu-o ali. Dohko sem pensar enfiou a língua. Jules segurou com força os cabelos negros do cavaleiro. O libriano continuou com os movimentos de língua, aumentando ainda mais a excitação.

– Hi-an... - soltou em meio a um gemido, o cavaleiro deu um sorriso de satisfação.

– Você é só minha Jules.

Tomou-lhe os lábios, mostrando todo o desejo que sentia neles.

Ela aproveitou a deixa para explorar o corpo do jovem e que corpo! A mão desceu do tórax para a cueca. Quando ela colocou a mão no membro dele, que estava duro, Dohko soltou um gemido.

– Se eu sou sua... - ela deitava-o. - o contrário também é verdadeiro.

Jules foi direto ao ponto, enterrando a boca no membro dele.

– Ju-les... oh... oh... - ele fechou os olhos, jogando a cabeça para trás.

Antes de chegar ao ponto máximo, ela parou, olhando-o de forma atrevida.

– Quer mais?

A resposta dele foi joga-la na cama.

– Eu quero muito mais.

Ela sorriu e com isso Dohko teve a "permissão". Os movimentos começaram lentos, ganhando velocidade... o contato visual não cessou e no ápice os dois gozaram juntos.

Com os corpos trêmulos, o cavaleiro deitou ao lado de Jules enlaçando-a nos braços.

– Pode parecer muito cedo e até clichê, mas...

– Mas...

– Eu te amo. Não é só por hoje, é pelos últimos dias. Eu gosto muito de você. Muito.

– Eu também.

– Nós vamos ficar juntos, não vou deixa-la passar por aquele vértice.

O.o.O.o.O

Julia fechou o portão que dava acesso a área externa a prisão, ao voltar a atenção para o templo....

– Droga... – fitou o caminho que estava apenas iluminado pela luz do luar. – não deveria ter apagado a tocha ou pedido o Miro para me esperar. – soltou um suspiro, teria que subir aquilo tudo sozinha. – fazer o quê? - soltou os cabelos, que desceram em ondas.

A brasileira passou pela arena dourada, que naquele horário estavam com as luzes apagadas. Lembrava se do caminho, mas passar ali a noite, não era muito bom, mas só tinha aquele trajeto. Andava tranquilamente, contudo começou a sentir que estava sendo seguida. Nem ousou olhar para trás, apertando o passo. Quando sentiu algo segurando seu braço soltou um sonoro grito.

– AH!!!!!!!!!!!

– Sou eu Julia.

– Put $%&! – exclamou ao ver Shura. – ficou doido?? Quase me mata de susto!

– Desculpe...

– Vá para o inferno Shura. – o coração estava na boca, o rosto deveria está vermelho. – caralho...

– Desculpe, não quis assusta-la. – recuou um passo, diante do estado dela.

– O que está fazendo aqui? – indagou enfezada.

– Eu... – ficou sem palavras, como diria que estava seguindo-a? Dizendo, pensou. – eu vi você vindo junto com o Miro, pela direção imaginei que fosse vir atrás do Giovanni.

– Me seguiu? – a raiva do susto, passou a ser a raiva da situação.

– Sim segui.

– Com que direito?! Vá se ferrar Shura! Quem pensa que é?!

O cavaleiro ficou ressabiado com as palavras dela.

– Só achei que sua visita poderia acarretar problemas...

– E se desse? O que tem com isso? – faltou apontar o dedo.

– Só fiquei preocupado...

– Sabe o que você faz com a sua preocupação? – sentia muita raiva dele. – enfia você sabe onde.

O espanhol arregalou os olhos quando ela disse aquilo. Não imaginava que ela estivesse com tanta raiva dele.

– A vida é minha e vou onde eu quiser! E antes que pergunte, fui sim ver o Giovanni. Queria saber como ele está, pois me preocupo com ele!

– Então vocês dois... – ouvir aquilo o deixou perturbado.

– Se temos é problema nosso!

Aquela frase só confirmou o que desconfiava. Era claro que os dois tinham algo.

– Você gosta mesmo dele não é?

– Gosto! Ele me trata bem! Ao contrário de você que sempre foi frio comigo. – a raiva não passava e para não dizer mais coisas, preferiu ir embora. – não temos mais nada a falar.

Julia deu as costas, voltando a subir. Shura ficou parado sem ação por alguns minutos, até que correu atrás dela.

– Se pudesse ficar no santuário, ficaria com ele? – passou na frente dela.

A paulista estava prestes a manda-lo para aquele lugar, quando prestou atenção na pergunta.

– Eu não sei. – disse num rompante. Ficar no santuário era uma possibilidade remota, por conta da obstinação de Atena em manda-los de volta, ainda mais ficar com o canceriano, pois não era dele que gostava.

– Como não sabe? – até naquele momento, manteve uma postura defensiva, agora atacaria. - Acabou de dizer que gosta dele.

– Mas eu gosto.

– E então? Está apenas querendo se divertir? – a fitou com desdém, ela não poderia ser tão leviana. – pensei que fosse uma pessoa mais séria.

Julia escutava aquilo com o rosto baixo, tocando a testa com os dedos, numa postura clara de alguém sem paciência.

– Estou vendo que se merecem...

– Cala a boca Shura. – a voz saiu em tom baixo, mas perceptivelmente nervosa. – não fala nada do que não sabe.

– E o que eu não sei? Que só não foram para cama porque ele foi preso?

Tudo que o cavaleiro sentiu foi a face direita arder. Os olhos negros arregalaram, pois jamais esperava que ela fizesse isso. Julia segurava a mão do tapa, estava surpresa pelo ato, não imaginou que pudesse levantar a mão contra Shura.

– Será que não percebe? – os olhos da brasileira encheram de água, a que ponto tinha chegado a situação. – eu gosto é de você.

O cavaleiro recuou diante da confissão. Aquilo deveria ser mentira.

– De mim? – depois do susto, a face quase esboçou um sorriso.

– Sim. Você é meu cavaleiro favorito, ou melhor, dizendo era... já passei por muitas situações dolorosas e não quero passar de novo. Chega Shura.

– Julia... – foi para toca-la, mas ela recuou.

– Eu não sei quanto tempo ainda me resta aqui no santuário, mas quero passar ao lado de quem se preocupa comigo, que nesse caso é Mask.

– Julia, mas... – foi para toca-la novamente, ela recuou ainda mais.

– Não me toque, não chega perto de mim nunca mais. – disse firme. – adeus Shura.

Saiu correndo.

O cavaleiro ficou sem ação. A confissão da paulista passava e repassava várias vezes em sua mente. Ela gostava dele? Não era possível.

O.o.O.o.O

Depois de deixar Su no templo, Kanon foi direto para a terceira casa, Saga sozinho e de péssimo humor era sinal que teria problemas.

O geminiano mais velho, voltou para a casa contrariado. Chegando em casa, teve uma enorme vontade de quebra-la toda, mas se conteve. Foi para seu quarto, mas não ficou nem dois minutos. Foi para o quarto de Kanon, sabia que ele tinha alguns calmantes escondidos, justamente para que ele não pegasse. Abriu todas as gavetas e nada, abriu o guarda roupa e nada, mas algo chamou sua atenção.

– Ele guarda uísque? - fitou a garrafa ainda lacrada. - Kanon...

Foi para guarda-la, pois chamaria a atenção dele depois, mas ficou olhando o liquido amarelado.

– Foda-se. - foi para a cozinha.

Kanon chegou em casa, estranhando o silêncio, no mínimo esperava uma sessão de xingos.

– Saga...?

– Kanon! - o cavaleiro apareceu diante dele, com as bochechas vermelhas. - chegou em boa hora!

O marina arqueou a sobrancelha.

– Saga...

– Você sabe que eu te amo! Muito! - o abraçou. - muito mesmo!

– Você bebeu? - estranhou o excesso de carinho.

– Vem, vamos comemorar.

Pegou o irmão pela mão o levando ate a sala. Kanon não acreditou quando viu sua garrafa de uísque, ainda por cima na metade...

– Você ficou doido???!!!! Não pode beber!!!

– Só um pouco... - deu um grande sorriso. - quando foi a última vez que bebemos juntos? - coçou o queixo. - foi quando consegui a armadura. Deixa de ser chato Kanon, vamos beber! - a voz saia bem melosa, típica de bêbado.

– Você não pode beber. Vai cortar o efeito dos remédios. Onde achou a minha garrafa?

– Você é um chato. - fechou a cara. - senta logo e bebe um pouco. Ela estava guardada no seu guarda-roupa - ofereceu a garrafa. - vira.

– Saga...

– É muito fresco mesmo... se somos gêmeos, nossa saliva é igual. Bebe.

Kanon soltou um suspiro desanimado. Saga parecia ter cinco anos.

– Seu chato. - levantou cambaleante, pois Saga era fraco para bebidas e ficava tonto rápido. Caminhou até a sala de jantar pegando um copo. - agora bebe. - encheu até a metade. - toma.

– Saga...

– Como nos velhos tempos "Kanú".

Kanon balançou a cabeça negativamente, Saga estava muito tonto, pois o chamara desse antigo apelido.

– Quero brindar, pois você é meu irmão do coração. - bateu no peito. - mesmo com todos os meus problemas você ainda gosta de mim. Sabe que eu te amo? Você sabe não é? - passou o braço pelo pescoço dele.

– Sei Saga. - rolou os olhos.

– Vamos brindar! Bebe!

Kanon pegou o copo, virando de uma vez.

– Outra rodada.

– Vamos acordar amanha com ressaca.

– Foda-se! - encheu o copo do irmão. - já deixou a Suellen no quarto?

– Sim. - Kanon virou de uma vez.

– Deveria ficar mais tempo com ela. - Saga tomou uma golada e depois encheu o copo de Kanon. - você não está farreando mais. Só anda atrás de mim. Precisa curtir a vida. - disse filosoficamente. - como diz o Miro: "sair para azarar"

Kanon segurou para não rir. Saga tonto era uma piada.

– Sei que gosta dela.

– É só minha amiga Saga.

– Amiga? - o olhou maliciosamente. - já a levou para cama?

– Você já bebeu demais. - tentou tomar a garrafa. - me dá essa garrafa Saga.

– Ainda não transou com ela? - o olhou assustado. - não me diga que é gay! - arregalou os olhos.

– Saga me dê essa garrafa, agora! E não sou gay.

– Então gosta dela... - começou a rir. - esta apaixonado... o grande dragão marinho está apaixonado.

– Não é nada disso. Ela só é minha amiga.

– E vai transar com ela?

– Saga!

– Pode usar nossa casa, ou melhor, vai no quarto do grande mestre, na minha época a cama era enooorme.

– Deveria gravar todas as besteiras que está falando...

– Não é besteira... vamos numa zona? Tem uma perto daqui...

– Me dê essa garrafa Saga!. - tentou toma-la, mas Saga levantou.

– Um último brinde então.

– Último.

O cavaleiro de gêmeos voltou a sentar enchendo o copo de Kanon.

– Ainda acho que você tinha que dá uns pega na Suellen. Você gosta dela e ela de você. Aí todo mundo fica feliz. Vai aproveitar mais a sua vida e esqueça-se de mim. Eu tenho problema sabe? - apontou para a cabeça. - mas não é droga.... - dava pequenos cutucões nela. - problema de fabricação... não perca seu tempo comigo.

– Saga, para.

– Eu sou um estorvo para você. - a voz saiu bastante alterada devido ao efeito do álcool. - por isso digo, pega a Suellen de jeito e vai ser feliz.

– E se algum cavaleiro quiser a Cristiane? - indagou. O efeito do álcool fazia Saga ser mais sincero sobre seus sentimentos.

O rosto dele endureceu.

– Ela. É. Minha! Só. Minha. Minha. - apontou para o peito. - Mi-nha.

– Já entendi.

– Agora bebe. - o rosto descontraiu. - vamos brindar pelas meninas. A Su e a Cris.

– Está certo Saga.

Brindaram. Kanon deu um sorriso, não perderia a chance de zoar Saga por nada. Levantou, indo até o quarto para pegar sua digital.

– Para que a digital? - indagou Saga tomando mais um gole.

– Por nada, lembrei que o Aiolos me pediu. - ligou o modulo vídeo. - acha que devemos ir para a zona Saga? - fingia que mexia mas na verdade filmava.

– Acho. Acho mesmo. - os gestos era de alguém bastante bêbado. - ou um bacanal aqui em casa. Atena não vai ficar sabendo. Vamos chamar o Aiolos, Mask e o Miro. - Saga tomou mais alguns goles.

– Já chega de beber Saga.

– Sei que o Aiolos vai pegar umas três de uma vez. Aquilo finge de santo, mas é um safado! Sa-fa-do!Vamos fazer uma bacanal aqui em casa? Bebida e mulher a vontade. E toch, toch, toch. - imitava o som de música eletrônica.

Kanon segurava-se para não rir. Quando seu irmão visse o vídeo no dia seguinte iria mata-lo!

– Então quer ir para uma balada?

– Claro! Toch, toch! Podemos usar a pisciana do Shion!

– Agora diz que me ama.

– Eu te amo Kanon, do fundo meu coração, - apontou para o peito. - "tamo" junto.

O dragão marinho fazia um esforço sobre humano para não rir.

– Então vamos usar o quarto do Shion? - alfinetou.

– Vamos... tem espaço de sobra! Ele pode até participar. A gente chama aquelas amigas do Miro.

– Está certo Saga. - desligou a câmera. - agora me dá essa garrafa.

– Só mais um pouco, por favor...

– Está bem... - pegou o copo.

Os dois beberam mais um pouco. Kanon, que também não era lá muito resistente a bebida e já tinha tomado mais cedo no jardim, acabou pegando no sono, no sofá mesmo.

Saga virou a garrafa de uma vez.

– Já acabou? Kanon. - olhou para o irmão. - Kanú, Kanú acorda. - o sacudiu.

– Me deixe dormir Saga... - murmurou.

Saga bufou. Levantou, mas voltou a sentar ao sentir tudo rodar.

– Não quero dormir agora... onde eu vou...

Deu um grande sorriso. Cambaleando foi até uma parede, encostando o indicador nela.

– Outra... outra.... outra dimensão...

A parede deu lugar a um portal dimensional...

Estava muito escuro e por pouco não deixou um vaso cair. Saga caminhou até uma cama.

– "Minha cunhada..." - disse ao ver o rosto de Suellen.

Parou diante da próxima cama. Cristiane dormia profundamente.

– " Vem comigo."

Ao sentir um toque Cris acordou e só não gritou pois viu que era Saga. O geminiano fez sinal de silencio e pegando-a no colo, abriu uma passagem na parede.

Quando a brasileira se deu conta, estavam atrás da estátua. Saga a colocou no chão.

– Esse lugar é bonito não é?

– Você bebeu Saga? - notou pela voz e pelo cheiro de álcool. - pode beber?

– Posso não, mas bebi. - sorriu. - achei uma garrafa escondida no quarto do Kanon. - disse baixinho como se contasse um segredo. - não fale para o Shion.

– É melhor você ir para casa. Kanon pode ficar preocupado.

– Ele está dormindo. - riu. - provavelmente tendo sonhos pervertidos com a Su. Ele não admite, mas gosta dela.

Cris arqueou a sobrancelha ao ouvir.

– O que bebeu?

– Uísque! A melhor garrafa que já bebi.

– Bebeu tudo?

– Sim... tudinho...tudinho...era bom...

– Vou te levar para casa.

– Mas não quero ir. Quero ficar com você. Posso dormir na sua cama? - sorriu maliciosamente.

– Saga...

– Dormir bem juntinho...de conchinha....

– "Definitivamente está bêbado. Completamente fora de si." Vem Saga vou te levar de volta.

– Ah não... - tocou na cabeça dela bagunçando os cabelos. - como é bom fazer isso...

– Vem Saga. - pegou no braço dele. - antes que fique muito tarde.

– Posso tirar seu pijama?

Ela deu um sorriso desanimado. Sóbrio é um poço de respeito, tonto é pura perversão.

– Vem Saga.

– Mas quero dormir com você... - parou de andar, puxando-a. - você é minha Cristiane, só minha. - a fitou fixamente. - minha... - passou o braço pela cintura dela. - minha. - ele passou a mão pelo cabelo dela, puxando o rosto para trás e no instante seguinte a beijou de forma intensa, colando seu corpo ao dela. - Nenhum homem vai tocar em você...

Cris sentiu até um arrepio ao ouvir isso, mas tinha que se concentrar.

– Vou te levar para casa Saga.

– Mas eu não quero ir para casa. Quero ir para seu quarto, na sua cama. - deu um sorriso - eu quero comer você.

A mineira arregalou os olhos ao ouvir. Saga não estava bêbado, estava tribêbado!

– Vamos para sua casa. - o levaria para casa, depois voltaria. - vem. - pegou na mão dele.

– Não! Não vamos andar, vamos de outro modo.

– Como?

– Vem.

Saga andou cambaleando até a estátua.

– Vamos de um jeito mais rápido.

Cris fitava o cavaleiro segurando a vontade de rir. Saga tonto era uma piada.

– "Pena que não estou com o celular."

– Não posso usar muito o cosmo. Então... - tocou a estátua com o indicador. - é... é... como é o nome mesmo? Ah... Explosão....

O cosmo de Saga começou a elevar, Cris sentiu um vento forte.

– Ops... não é esse! Atena me mataria se mandasse a estátua dela pelos ares. - a fitou rindo para depois voltar o olhar para a estátua. - é... tesouro do céu...

Cris arqueou a sobrancelha.

– Não é esse também... - coçou a cabeça. - é do buda loiro... Ah já sei... Relâmpago de Plasma! - quando viu que nada aconteceu fechou a cara. - não é o meu... - virou-se para a brasileira. - sabia que o Aioria pintava o cabelo? Parecia o pica pau. - começou a rir.

– " Preciso do meu celular, urgente!."

– Extinção... não é isso... cacete! Piranhas rosas! não é... Lembrei! - exclamou, achando-se o maior esperto. - Triangulo dourado!

Nada aconteceu.

– O que está tentando fazer?

– Nada... - a fitou. - apenas observe. - voltou o olhar... como é nome da droga do golpe?! Cacete! - começava a ficar irritado. - você que é fã de SS quais são os meus ataques?

Cris arqueou a sobrancelha.

– Explosão Galáctica, Satã Imperial...

– Ah.. eu poderia usar isso em você. - a interrompeu. - se bem que vai ficar com os olhos vermelhos... não vai combinar. Vai ficar feia.... lembrei! Outra dimensão!

Foi tudo muito rápido e quando Cris percebeu estava na sala de Gêmeos.

– Como...? - estava assustada com a experiência, mas reparou em Kanon deitado no sofá. - Kanon?

– Só amanha. - disse Saga com pose séria. - só amanha... agora vem.

Ele a arrastou para o quarto dele. Quando Cris viu soltou um "uau." Era muito sofisticado com moveis modernos e em cores sóbrias.

– Podemos transar. - disse.

Cris ficou sem fala e agora?

– Mas agora...? - não que não quisesse, mas naquele momento não seria o ideal. - dorme de pijama? - falou a primeira coisa que veio lhe na mente.

– Nãooo... só de short. Essa blusa está me incomodando.

Saga tirou a camisa, Cris engoliu seco. Apesar da idade a forma física do geminiano era impecável, mesmo com as várias cicatrizes no peito.

– O que são essas cicatrizes? - aproveitou o estado dele, já que sóbrio ele nunca falaria.

– É das armaduras de Hades. Toda vez... que pensávamos na Atena ou algo relacionado éramos castigados pelas Suplices. Eu, Gio, Dite, Kamus, Shura e Shion temos isso. Essas maiores, - apontou. - são das torturas. Feias...

– Você fica bonito de qualquer jeito...

Ele a fitou arqueando as sobrancelhas. Antes que ele dissesse algo, Cris...

– É melhor você deitar.

– Ah... - deu um sorrisinho malicioso. - você gosta de comandar. Pode abusar de mim.

– Não é nada disso...

– Então... - começou a desabotoar a calça.

– Não!!! - se ele abrisse a calça. - deita assim mesmo. Eu apago a luz. - deu um sorriso sem graça.

A passos cambaleantes Saga deitou.

– Não vai vir?

– Vou... - Cris foi até a janela puxando um pouco a cortina, enquanto fazia isso pensava em como iria embora.

Saga fechou os olhos, sentia as pálpebras pesadas.

– Vem Cris... - a voz saia sonolenta. - dorme aqui...

A brasileira aproximou da cama e tomando cuidado deitou ao lado de Saga. O geminiano trazia os olhos fechados.

– Saga...

– Hum...?

– Nada... - acariciou o rosto. - dorme.

– Tá... - o geminiano passou o braço pelo corpo da brasileira e apagou.

O.o.O.o.O

Afrodite descia as escadarias do templo principal com um sorriso nos lábios. Saberia esperar o momento certo, para conquistar o coração de Mabel. Mesmo com poucas chances, não desistiria. O sorriso aos poucos foi morrendo ao ver Gabrielle correr apressadamente em direção ao templo.

A brasileira estava tão transtornada que não viu o pisciano. Por pouco não trombou nele.

– Dite?? - limpou o rosto.

– O que aconteceu Gabrielle? - a voz saiu firme e seca, já prevendo que ela estava com Aioria.

– Nada. - sorriu. - nada demais. É sono.

– Eu já sei de tudo. - o tom de voz não mudou.

– Tudo o que? - recuou.

– Que gosta do Aioria e que ele gosta de você.

– A primeira parte é verdadeira, já a segunda.... ele ama a Marin.

– Não ama. - disse enfático. - pode ter um carinho por ela, mas não amor. E não discuta isso comigo, sou Afrodite.

Gabe bem que tentou conter as lágrimas, mas elas vieram com força.

– Dite....

– Ô minha pequena... - a abraçou. - o que vamos fazer? - acariciava os cabelos.

Ela não respondeu devido aos soluços.

– Vem.

O pisciano a conduziu para o templo adjacente, já que sua casa ainda deveria está "ocupada". Fez com que Gabe sentasse e ofereceu-lhe um dos seus lenços.

– O que aconteceu?

Em meio a soluços Gabe contou o ocorrido em Sagitário.

– Aioria só está confuso quanto a mim...

– Concordo que esteja confuso como deve proceder, mas ele não está confuso quanto aos sentimentos dele. Conheço o Aioria. Se ele amasse realmente a Marin, não teria te beijado hora alguma. Ele gosta de você Gabe. E é por isso que te acusou de ter destruído o mundo perfeito dele. Se você tivesse um relacionamento de tantos anos e chegasse outro homem como se sentiria?

– Eu não sei... talvez dividida...

– Como disse, a confusão dele não é de sentimentos e sim de situação. Ele não sabe se troca uma coisa o qual está acostumado por outra que não sabe como vai terminar.

– Está certo disso? - o fitou ressabiada.

– Estou. Gabe, isso serve para você como para as outras meninas. Cavaleiros foram treinados para lutar e não para ter relacionamentos amorosos. A chegada de vocês deu uma sacudida no “mundinho” deles e estão inseguros como devem proceder. Mesmo Mu e Dohko que já deram um passo a diante, tem seus receios.

– Mas no meu caso... não posso fazer nada, alias tem a barreira... não será eu que irei ficar...

– Tem esse problema, mas... - levantou. - aguarde até amanha. -a fitou. - creio que as coisas vão se ajeitar.

– Por que diz isso?

– Apenas confie em mim. - tocou nos ombros dela. - confia? - sorriu.

– Confio. - deu um tímido sorriso.

– Então vá deitar, senão vai amanhecer com a cara toda inchada e não queremos isso, não é? - deu uma piscadinha.

– Tem razão. - sentiu-se mais confortada. - obrigada Dite.

– De nada lindinha. Agora vá.

Dite a acompanhou até a entrada dos fundos do templo. Amanhã teria que encostar um certo leão na parede.


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Notas finais do capítulo

Frases em francês retirada do google tradutor



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