A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 12
Romance




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Leão

Gabe e Aioria jogaram Need for Speed, Gran Turismo, Tony Hawk's Pro Skater e vários outros. Pararam para lanchar, voltando a jogar.

– Meus dedos estão doendo. - disse a brasileira.

– Só mais um partida. Por favor... eu não tenho com quem jogar.

– E o Miro?

– Ele não liga mais para isso... e a Marin detesta.

Disse para calar-se.

– Você e a Marin tem alguma coisa? - indagou seriamente.

Ele ficou calado. Não sabia se dizia ou não. Por um lado queria contar, afinal de contas gostava de Marin e sempre que possível queria tornar publico por outro...

– Estamos juntos. - disse.

– Há quanto tempo?

– Desde que fomos trazidos de Hades. - a fitou. - vamos jogar de novo? - quis mudar de assunto.

– Só mais uma. - preferiu ignorar. Só o fato de está perto dele já significava muito.

Logo que começaram uma nova partida, o pequeno desconforto sumiu. Desta vez escolheram um jogo em que os dois tinham que jogar juntos contra o vídeo game. Era inevitável perceber que eles se davam bem juntos e que por causa dessa afinidade formavam uma boa dupla.

Era isso que gostava em Gabrielle. Ela pensava como ele, tinha os mesmos gostos e podiam ficar horas e horas conversando ou jogando que não se cansava da companhia dela. A partida terminou com a vitória dos dois.

– Ganhamos! - gritou a brasileira.

– Nós dois somos demais. - disse. - pode vir qualquer dupla, nunca vai nos superar.

– Formamos uma bela dupla.

– Tem razão.

Os dois se fitaram, Gabe sentiu o rosto arder com o olhar dele, desviando. Aioria por sua vez continuava a olha-la.

– Gabrielle. - disse com a voz grave.

– Sim? - o fitou.

– Obrigado pela tarde, fazia tempo que não me divertia tanto assim.

– De nada, enquanto eu estiver aqui, podemos jogar mais vezes. - sorriu.

O cavaleiro desviou o olhar para os lábios dela e Gabe percebeu ficando tensa.

– Pode desligar? - indagou voltando a atenção para o aparelho. - já está tarde.

Ela foi para levantar, mas teve seu braço segurado pelo grego.

– Aioria...?

Ele apenas a fitava, parte dele dizia para beija-la, a outra dizia que era muito errado. Ele tinha um relacionamento com Marin e era com ela que queria ficar, mas então porque queria beijar Gabrielle? Durante todo esse tempo com a amazona, jamais a traiu, sequer em pensamento, por que isso agora? Ainda mais com alguém que iria embora a qualquer momento? Alguém que apenas o via como seu "herói de infância."

– Aioria.

Gabe o chamou novamente, fazendo-o acordar. Ele a puxou fazendo-a sentar novamente e então tudo foi muito rápido. Quando percebeu, tinha os lábios do leonino junto aos seus. Gabe sentiu o corpo ficar quente e as bochechas ficaram vermelhas. Aioria intensificou o contato e ela deixou-se levar por ele, contudo a imagem de Marin veio-lhe na mente e ele parou.

– Me desculpe. - disse recuando. - isso nunca deveria ter acontecido.

– Eu sei... - murmurou.

– Vou guardar o Play.

De forma silenciosa Aioria guardava o console e os fios, Gabe acompanhava a cena. Escutaram batidas a porta.

– Entre! - gritou o dono da casa.

A porta abriu e quando os dois viram de quem se tratava ficaram paralisados.

– Oi Aioria, oi Gabe. - disse Marin.

A brasileira ficou pálida na hora. Se ela tivesse chegado minutos antes...

– Oi Marin. - disse o leonino tentando passar serenidade.

– O que estavam fazendo? - notou a tensão entre eles.

– Jogando. - Aioria mostrou a caixeta. - sei que não gosta muito então convidei a Gabrielle.

– Hum... - pensou que a tensão toda era porque Aioria estava sem graça pelo fato dos dois jogarem. - vim ver o desenho. - caminhou, sentando no sofá.

– Vou pegar.

Ele foi até o quarto para pegar. Enquanto isso...

– Nossa já está tarde. - disse Gabe levantando. - preciso ir.

– Já?

– Combinei com as meninas de irmos até a fonte. Até mais Marin.

– Mas...

A brasileira saiu sem responder.

– "Será que ela ficou sentida? Não importei por ele está jogando com ela."

– Aqui está e... - procurou pela brasileira. - cadê ela?

– Disse que tinha que ir embora. Também não entendi.

Ficou em silêncio, era claro que Gabe ficou constrangida com a chegada de Marin.

– E o desenho?

– É este. - a entregou, deixando o olhar pousar na porta.

– Nossa, ela desenha muito bem!

– Ficou bom mesmo. - sentou do lado dela e a abraçou. - ficou sumida o dia inteiro.

– Shion e os preparativos da comemoração. - apreciou o contato. - sentiu minha falta?

– Sim. Muita. - a abraçou mais forte. - quando vamos oficializar nossa união?

– Já conversamos sobre isso Aioria. Logo após a comemoração.

– Mal posso esperar para tornar publico que estamos juntos.

– Eu também. - sorriu.

Aioria a beijou, contudo foi diferente. Primeiro pela traição. Foi apenas um beijo, mas Aioria se sentia mal por ter feito o ato. Segundo pelo fato de ter gostado do beijo, há muito tempo não sentia uma emoção tão forte por está perto de alguém.

– "É a Marin que eu amo e é com ela que quero ficar." - pensou.

Gabrielle subiu o mais rápido que pode, pois não queria que ninguém a visse chorar.

Aquário

Kamus mostrou todas as inscrições que havia no altar, Isa escutava atentamente.

– Pena que não posso tirar foto.

– Infelizmente é regra de segurança.

– Posso fazer uma pergunta nada haver? Se bem que não é bem uma pergunta e sim um pedido.

– Diga.

– Pode fazer algo em gelo?

– Faça comigo.

O cavaleiro aproximou parando atrás de Isa.

– Estique o anti-braço e abra a mão. – posicionou-se pouco atrás dela.

Ela obedeceu. Kamus posicionou seu braço abaixo do dela e colocou a mão dele em paralelo ao dela. Isa estava surpresa, pois sentia o calor do corpo de Kamus, mas ao mesmo tempo um vento frio os envolvia.

– Se doer me avisa.

Isa não viu, mas Kamus começou a liberar seu cosmo, aos poucos sentiu seu braço esfriar, a sensação era estranha. Ela fitou sua mão e nela começou a surgir uma espiral feita de cristais de gelo. A brasileira arregalou os olhos surpresa.

– Que legal.. - começou a sentir o braço doer, mas aquela dor não se comparava a nada do que estava vendo. O espiral subiu mais um pouco para depois juntar-se numa bola do tamanho de uma bola de golfe e como num passe de mágica ela explodiu espirrando cristais de gelo, semelhante como fogos de artifícios estourando.

– Isso foi muito legal.

Kamus notou o braço dela começar a ficar roxo, elevando seu cosmo. A sensação que Isa sentia agora era oposta, uma onda de calor envolvia seu braço e mão.

– Pronto. - ele abaixou o braço dele, dando um passo para trás.

– Isso foi demais Kamus. - o fitou. - obrigada.

Ele não disse nada, apenas analisava o rosto da garota, Isa sustentou o olhar. Kamus aproximou-se dela, ela continuou imóvel. Sem que esperasse o cavaleiro tocou lhe no rosto. Kamus era feito de contrastes, a mão dele estava fria, mas sentia a respiração quente dele. Ela sentiu os braços dele envolvendo-a pela cintura.

Aos poucos foi aproximando tomando os lábios dela. O beijo iniciou de forma terna, quase casta. A fez aproximar mais, sua mente dizia que aquilo era errado, mas algo dentro dizia que era para continuar, pois queria aquilo há muito tempo. Já beijou outras garotas, mas com ela era diferente. Isa estava nas nuvens, nem em seus mais utópicos sonhos, o beijo de Kamus seria como aquilo. Aprofundaram o contato, mas a falta de ar fez com que se soltassem.

O cavaleiro afastou-se ainda um pouco aturdido. Ajeitou os óculos.

– Me desculpe não foi minha intenção.

– Eu que me precipitei.

– Acho melhor voltarmos.

– Também acho...

Olharam-se, para depois desviarem.

– Vamos.

Áries

Ester ensinou vários sinais para o ariano que prestava bastante atenção. Logo após fizeram um lanche e sentaram na sala.

– Quero que me ensine todos os dias. - disse. - sei que leva tempo, mas quero absorver o máximo que eu puder.

– Você é um bom aluno Mu.

– Obrigado.

– O que vai fazer depois que passar a armadura para o Kiki?

– Provavelmente ficarei aqui no santuário, consertando armaduras. Com a chegada de novos cavaleiros o serviço será intenso.

– Acho seu trabalho tão importante!

– Que isso... - sorriu timidamente. - sou um simples ferreiro.

– Simples? A vida de todos dependem do seu empenho e você o faz de forma brilhante.

– Desse jeito vou ficar convencido.

– Pode ficar, você tem mérito para isso.

Os dois se olharam. Ester fitou as pintinhas na testa, elas eram uma graça e deixava o rosto dele ainda mais belo. Pensar que um homem bonito como ele se interessava pelas coisas dela a deixava nas nuvens. Mu também reparava na expressão da carioca. Os traços eram perfeitos e sua inteligência instigante. Gostava da sua companhia e queria que o vértice demorasse a abrir. Por mais que Shura dissesse que elas os viam como mero personagens, Mu acreditava que Ester era diferente.

– Posso te fazer uma pergunta? – indagou o ariano.

– Sim.

– Se eu fosse um homem comum seria minha amiga?

– Comum como?

– Se eu fosse um estudante da sua universidade. Ficaria minha amiga?

– Claro que sim. Você é tão gentil, inteligente, não tem como não se tornar amigo.

– Não sabe como é bom ouvir isso. - desviou o olhar. - alguém que goste de mim pelo que sou e não pelo titulo.

– Poderia ser o que for, que continuaria gostando de você. Ainda mais que me deu o maior dos presentes.

– Presente? - indagou curioso.

– Escutar uma voz. Não tem ideia da emoção que senti ao ouvir uma voz... ainda mais a sua voz... e você fez isso porque queria me ajudar... serei eternamente grata por isso Mu.

Os dois sorriram.

– Quer ir a varanda?

– Claro.

Levantaram, contudo a telecinese do ariano resolveu aparecer, fazendo tudo flutuar. Rapidamente o ariano segurou Ester pelo braço.

– Ela não me dá sossego... - murmurou.

– Eu acho tão legal!

– Mas pode ser perigosa quando está fora de controle.

– Por que ela é assim? - sabia o porque mas queria que ele a contasse.

– Consequências da minha alma ter sido selada no Tártaro. Todos nós temos alguma sequela.

– Entendi.

Os dois se olharam, deveria ser a primeira vez em que estavam tão próximos. O ariano queria muito beija-la, mas não achava que seria prudente. Talvez o que Ester sentia por ele seria simplesmente amizade, mas queria que fosse diferente. Já teve um relacionamento com uma serva, mas não durou muito. Desde então contentou-se em permanecer sozinho, deixando todas as sua atenções para sua missão. Ester notou que ele hesitava e que deveria está pensando nos prós e contras. Ela não ligava para isso.

Aproximou dos lábios do ariano e o beijou. Mu ficou surpreso, mas correspondeu passando o braço pela cintura dela intensificando o contato. E como era bom! Os lábios dela eram macios e convidativos e devido a essa sensação sua telecinese aumentou, fazendo não só os objetos flutuarem como eles também. O ariano percebeu, mas não parou o contato. Logo após ele a soltou completamente, segurando-a apenas pelas mãos. Ela virou o corpo ficando de pé, alguns centímetros acima dele. Mu levou a mão ao rosto dela acariciando, Ester também fez o mesmo e por segundos o cavaleiro fechou os olhos apreciando a caricia. No instante seguinte ela passou os braços pelo pescoço dele e ele a abraçou beijando-a novamente. Os dois giravam em câmera lenta e o ato só acabou porque ele sentiu uma leve oscilação da telecinese. Dito e feito os dois caíram no sofá, começando a rir.

Escorpião

– O que disse? - Marcela não entendeu a colocação.

– Disse que para você o que importa não é a pessoa e sim a armadura de ouro.

– Sem drama Miro. Só fiquei com o Kanon, um beijo e nada mais.

– Foi só um beijo mesmo? - indagou irônico.

– Eu não estou te entendendo! Você ficou com a Heluane e não falei nada.

– Claro que não vai falar nada. Pouco se importa. O importante é voltar para o Brasil para contar que beijou todos os cavaleiros de ouro.

– Como é que é?

– Isso que ouviu. - disse frio. - a verdade é que está aproveitando que os cavaleiros de ouro existem.

Marcela o fitava incrédula.

– Está me dizendo isso tudo por que está com ciúmes?

– Ciúmes? - deu um sorriso irônico. - Se enxerga garota! As servas que trabalham no templo são muito mais que você. Só por que é bonitinha fica se achando.

– Eu não fico me achando eu sou mais que elas! - aumentou o tom de voz. - e fique sabendo que o Kanon é melhor que você! Ele não deixa as pessoas e vai dormir! - gritou.

Miro recuou ao ouvir aquilo, ele dormiu não foi porque quis e sim por conta do remédio.

– Ótimo! Fique com ele!

– Mas é o que vou fazer mesmo! Com ele e com os outros!

– Então aproveite enquanto tem tempo, a barreira pode abrir a qualquer momento.

– Não tenha dúvidas disso. - disse convicta.

Ele recuou, pois sabia que ela faria isso mesmo. Ela não se importava com a opinião dele, para ela, ele era apenas o cavaleiro de Escorpião.

– Isso prova que não sabe nada sobre mim.

– A recíproca é verdadeira. Além do mais não somos nada um do outro, então não venha com ceninhas.

– Faça como quiser...- disse frio. - só me faça um favor.

– Até dois se eu não tiver que olhar para você.

– Quando passar pela barreira comece a "admirar" outro cavaleiro.

– Não será difícil já que tem outros. Aproveite e apague a minha lembrança do seu pensamento, pois farei o mesmo. Voltará a ser apenas o cavaleiro da oitava casa. Infantil e galinha.

– Vou contar os minutos para o vértice abrir.

Deu as costas saindo.

– Digo o mesmo! - gritou.

Miro sumiu nos degraus.

– Que idiota. Querendo me cobrar alguma coisa. Ele não ficou com a Helu? Não tem que falar nada. "Como você me vê?" - pensou na pergunta dele. - vejo como um idiota!

Pisando duro a garota tomou rumo do templo, Miro conseguiu acabar com a tarde dela.

O escorpião foi para o quarto se trancando.

Gêmeos

Saga foi direto para o escritório da deusa, encontrando-a junto de Rodrigo. O brasileiro estava no computador.

– Desculpe incomoda-la Atena é que...

– Eu sei Saga. - olhou para o baiano. - não demoro.

Os dois saíram indo para a biblioteca. Como todo semana, Saga recebe as energias do cosmo de Atena e isso tem trazido certo conforto ao cosmo conturbado dele, fazendo parte do tratamento. O cavaleiro deitou no sofá e a deusa ajoelhou ao lado dele. Para Atena, saber que poderia aliviar um pouco o sofrimento de Saga acalmava seu coração, para ele aquele tratamento era injusto depois de tudo que tinha feito a ela.

Saori pousou a mão direita sobre a testa dele começando a liberar seu cosmo. Na hora Saga sentiu-se reconfortado.

Cristiane quase colocou o coração para fora. Aquela subida matava qualquer um. Antes de ir atrás do geminiano foi até o seu quarto pegar o livro que Saga lhe dera ontem. Não leu uma página sequer, afinal estando no santuário tinha coisas mais interessantes para se ver e fazer, mas o livro agora servia de boa desculpa. Ela estava prestes a entrar na biblioteca quando sentiu uma pequena brisa vindo da porta. Estranhou, pois não estava ventando e tendo todo cuidado colocou a cabeça para dentro ficando surpresa. Atena ajoelhada ao lado do geminiano e o cabelo dela tremulando.

– "O tratamento." - pensou.

Ficou espiando o tempo todo e quando Atena se levantou ela tratou-se de se esconder. Viu a deusa passar por ela e esperou alguns minutos para entrar. Entrou, não vendo mais o cavaleiro.

– "Será que ele saiu?" - pensou.

Cris viu a escada perto da parede. A pegou, colocando-a rente a estante a qual o livro pertencia.

– Pronto. - depositou no lugar. - agora...

Acabou desequilibrando e iria ao chão se não fosse...

– Uma hora você vai se machucar. - ele a segurava.

– Sa-ga??

– Não estava na minha casa ainda agora?

– Vim trazer isso. - mostrou um livro. - Kanon que pediu.

O geminiano balançou a cabeça negativamente, Kanon as vezes parecia uma criança.

– Entendi... - murmurou.

Ela ficou calada, olhando-o. Como ele poderia ser tão bonito?

– Vou guarda-lo depois.

– Está certo...

Então Saga se deu conta que ainda a segurava e como ela era leve.

– Desculpe. - disse colocando-a no chão.

– Tudo bem... - não queria que ele a soltasse.

O geminiano voltou o olhar para o céu. Estava bem azul e pela claridade o dia parecia bonito.

– Quer andar por aí? - indagou.

– Cla-ro.

Cristiane o seguiu. Passaram pelos fundos do templo, ganhando o bosque onde ficava a fonte de Atena. Aquele lugar parecia mágico, pois o vento soprava calmamente aliviando o calor. Em silêncio os dois subiram as escadas.

– Essa estátua é muito bonita. - disse a mineira.

– É... - Saga não fitava a estátua diretamente, parecia evitar o contato visual.

Ela deu a volta, encostando o corpo numa pilastra, vendo a cidade de Athenas ao fundo.

– E pensar que as pessoas da cidade não enxergam esse bosque e sim os restos do Pathernon...

– A barreira é poderosa. - caminhou até ela, parando ao lado. - vamos sentar?

Deram a volta, sentando numas pedras. Pouco a frente, o platô onde o templo e as demais construções estavam dispostos, acabava revelando um despenhadeiro.

– Como se lê as estrelas?

– É uma técnica muito antiga que consiste... - o cavaleiro começou a explicar passo a passo, com o tempo o rumo da conversa foi mudando... - não acredito. - a fitava surpreso.

– Acredite. - sorriu. - desde então Libra ganhou essa fama.

– Quando Dohko souber ele vai querer matar o Shun e o Hyoga.

– Mas a culpa não é deles. Se foi como você falou, eles são inocentes.

– Mas foi. O próprio Hyoga contou a história para o Kamus. Shun apenas impôs as mãos sobre a testa do Cisne, não teve nada, de abraçados deitados no chão.

– Para você ver a dimensão que a coisa tomou.

Os dois riram, para depois ficarem em silêncio.

– Por que estava chorando ontem? - indagou continuando a fitar a cidade.

– Por nada... - murmurou abaixando o rosto.

– Se quiser conversar. - segurou no braço dele.

– Realmente não é nada... não precisa desperdiçar sua preocupação comigo, não sou digno da preocupação de ninguém.

– Ninguém merece sofrer para sempre Saga, ainda mais alguém que se arrependeu.

– Me desculpe por ontem... - disse constrangido.

– Não se preocupe. Esqueça.

– É que eu...

– Não tem importância.

– Deve me achar um doido... sinto muito por não ser quem esperava que eu fosse.

– Você é exatamente como eu imaginava.

– Não sou... como... - há muito queria perguntar algo. - como sabe diferenciar eu do meu irmão?

– Seu olhar. Kanon sempre tem um olhar direto e seguro de si. Você as vezes não olha nos olhos, achando não merecedor de encarar as pessoas.

– Isso mesmo...

– Não se esqueceu de Star Hill, não é? Prometeu-me. - não queria que ele lembrasse dos crimes, por isso mudou de assunto.

Saga a fitou surpreso. Por que ela tornava as coisas tão fáceis, sendo que não eram?

– Acho que você não tem noção de como eu sou...

– Tenho sim. Um cavaleiro que colocou o dever acima do próprio sofrimento. Em Hades você provou o seu valor.

Ele deu um sorriso tímido, voltando a atenção para a cidade. Cris o olhava. Os olhos eram ainda mais verdes, pequenas linhas do tempo surgiam ao redor deles, alguns fios brancos misturavam aos azuis. Ela desviou a atenção para as mãos dele, notando algumas marcas de cortes profundos nos pulsos, pelo jeito delas parecia de poucos dias. Sentiu um aperto no peito.

– Saga...

– Sim? - a fitou.

– O que é isso no seu pulso? - sabia o que era, mas não queria acreditava.

O cavaleiro escondeu-os.

– Machuquei no treino. Nada grave. - desviou o olhar.

– Saga.

Ele a fitou e ficou surpreso quando ela segurou o rosto dele entre as mãos.

– Me promete uma coisa?

– O que...?

– Promete.

– Diga...

– Não vá fazer nada que possa fazer os outros sofrerem.

– Não estou entendendo... - deu um sorriso nervoso.

– Você pode achar que não, mas tem pessoas que sofreriam se você fizesse alguma besteira. Promete que não vai fazer nada?

– Cris...

– Eu vou está sempre ao seu lado, em todos os momentos, então promete que não vai fazer besteira. Promete Saga. Por favor...

– Por que se preocupa comigo? Não passo apenas de um personagem...

– Você ainda não me prometeu... quando se sentir mal, vai me chamar. Promete Saga.

– Eu não posso prometer isso... - desviou o olhar, queria prometer, queria muito, mas sabia que não conseguiria, que não teria forças. Já estava cansado de lutar contra sua outra personalidade.

– Saga...

Voltou a fita-la, aproximando do rosto dela. Saga passou a mão pelo rosto e no momento seguinte a beijou. O geminiano aprofundou o contato, trazendo-a mais para perto de si. A garota passou as mãos pelo pescoço dele, retribuindo o contato. Ele por sua vez intensificou. Seu corpo ansiava por isso, todos esses anos lutando contra seu outro lado, o fez esquecer o quanto sentia falta de um contato mais intimo. No seu mais utópico sonho, queria senti-la mais profundamente, nessas horas ate gostaria que “Ares” manifestasse. Ele não teria receio, ou pudor, mas ele tinha... não queria se envolver e depois perder. Seria muito difícil recuperar-se depois que ela fosse embora... a soltou.

– Agradeço de coração sua atenção por mim. - beijou-lhe as mãos. - preciso ir.

Ele levantou e saiu, deixando-a...

– Saga....

Em Gêmeos, Kanon deu livre acesso para Suellen mexer na cozinha toda e ela parecia ser a dona da casa. Na bancada de mármore, ela misturava os ingredientes para fazer um bolo de chocolate. Ela sabia muitas iguarias da sua região, contudo o geminiano não tinha os ingredientes. Kanon sentado a mesa a observava.

– Capricha hein?

– Isso é exploração. – o fitou sorrindo para em seguida colocar o tabuleiro no forno.

– Eu sei. – sorriu de volta. – será que a Cris o alcançou? Ou melhor será que Saga fez alguma coisa?

– Você acha que ele sente alguma coisa por ela? – ela puxou uma cadeira.

– O Saga é uma incógnita, as vezes. Ele se mostrou interessado, mas aí fazer alguma coisa... ele muito difícil.

– Deve ser barra.

– Muito. Tem dia que ele acorda super bem, outros muito mal e tem que ter um jogo de cintura muito grande com ele. Muita paciência.

– Imagino.

– As vezes dá vontade de largar tudo e voltar para o templo submarino. Me isolar, sabe? É muito difícil e por mais que eu tenha ajuda dos outros, é meu irmão e a responsabilidade recai sobre mim.

– Entendo.

– Dá vontade de chutar o balde... mas aí... – a fitou. – lembro-me da promessa que fiz para minha mãe. Ela ficou muito doente, muito mesmo e horas antes dela morrer, ela me chamou e me pediu para que eu cuidasse sempre do Saga. Eu prometi que sempre cuidaria dele. E também quando o vejo tendo uma crise e me chamando, esqueço de todo trabalho que dá. É meu irmão. Até temos uma comunicação particular, tenho um alarme que dispara quando ele não está bem.

– Você gosta muito dele.

– Sim. Já tivéssemos nossas diferenças, mas...

– Sei como se sente.

– Por conta da nossa estadia no Tártaro, o problema dele foi agravado. Saga já tentou inúmeras vezes se matar.

– Sério?

– Sim. Primeiro ele usava o cosmo, mas como percebíamos, passou a usar métodos tradicionais. Depois repara nos pulsos dele.

– Não imaginava que fosse tão sério.

– É...pelo menos agora, com a Cris, talvez ela consiga desviar um pouco a atenção dele. Meu maior sonho é vê-lo sair do mundo que ele criou para si e se isolou. Pode até parecer egoísmo meu, ou interesse, mas queria muito que eles se acertassem... teria alguém para dividir o fardo.

– Não é egoísmo Kanon, tendo alguém para ajudar a carregar, torna as coisas mais fácies.

O forno apitou. Suellen levantou e colocando a proteção nas mãos tirou o bolo.

– O cheiro está ótimo! – disse Kanon.

– Espero que o gosto também.

Depositou sobre a mesa para esfriar, contudo Kanon já foi com faca e tudo para corta-lo.

– Ei. – a brasileira deu um tapinha na mão dele. – tem que esperar esfriar.

– Mas eu quero comer... – fez bico.

– Só depois de esfriar.

– Injusto. – bufou. - devo ser um chato não é? Falando só do Saga...

– Não tem importância Kanon. As vezes precisamos de alguém que apenas nos escute. - sorriu.

– Tem razão. Me fale de você. - apoiou o rosto com a mão, olhando a fixamente.

Suellen reparou no rosto dele, a única coisa fisicamente diferente de Saga era a coloração mais esverdeada do cabelo, do resto... notou algumas linhas de expressão que formavam no canto do olho, o cabelo estava na cor original, mas Dohko a contara que Kanon tingia os fios brancos.

– Bom... moro com meus pais e minha irmã mais nova.

– Imagino o quanto ela deve ter sofrido nas suas mãos. - riu.

– É os mais velhos que sofrem! Eu sempre levava a culpa.

– Sei...

– Sou formada em turismo, mas agora estou fazendo pedagogia.

– E pretende seguir a profissão?

– Espero que sim. - sorriu.

– E onde entra Saint Seiya?

– Comecei a assistir meio por acaso, acompanhei algumas partes, mas acabei perdendo o contato, aí um amigo meu, me reapresentou a série. Éramos muito fãs.

– Amigo... sei...

– Era só meu amigo mesmo.

– É o que todas dizem.

– Kanon!

– Brincadeira.

– A partir daí não parei mais.

– E qual sua opinião sobre mim? - indagou querendo saber o nível de tietagem e lembrando das palavras de Shura.

– Primeiro te achava um idiota. Na saga de Poseidon te odiei.

– Por que?? - arregalou os olhos.

– Eu pensava que você era o culpado pelo o que o Saga fez.

– Todas morrem de peninha dele... - revirou os olhos. - tinha que ter pena é de mim! Eu que convivo com o Saga.

– Posso terminar?

– Pode.

– Além disso, sempre achei que você queria sobressair a ele. Sabe aquele complexo de sombra?

– Como sei...

– Mas depois, em Hades minha opinião mudou da água para vinho. Vi que era uma pessoa boa.

– Sério mesmo?

– Sim. - Suellen começou a desenformar o bolo. - ganhou pontos comigo, principalmente quando devolveu a armadura para o Saga no muro.

– Era o mínimo a se fazer. E depois de me conhecer sua opinião continuou a mesma?

– Convencido e metido foram acrescentados. - o fitou entregando um pedaço de bolo. - mas vou relevar. Prova.

Kanon pegou um garfo, levando um pedaço a boca.

– Que delicia! Acho que não vou deixar você ir embora. - sorriu.

Templo

Rodrigo no escritório de Atena, terminava algumas coisas que Atena tinha lhe pedido. Já tinha algum tempo que a deusa saíra na companhia de Saga e por mais que estivesse curioso não queria atrapalhar. Entretanto a deusa estava demorando.

– "Só uma espiadinha..." - pensou.

Sabia que ela estava na biblioteca, mas entrou no recinto, não vendo ela, nem Saga.

Procurou por todo templo, deixando por isso a sala de descanso. Lentamente abriu a porta a vendo deitada no sofá. Aproximou de forma calma, pois parecia que ela estava dormindo. O brasileiro parou ao lado dela constatando que ela dormia.

– "O tratamento com o Saga deve ser bem desgastante."

Ele não resistiu diante do rosto sereno dela, indo para toca-la, quando os dedos estavam próximos, sentiu uma mão segurando a sua. Foi tudo tão rápido que Rodrigo paralisou e ficou ainda mais quando notou o olhar sério de Atena. Ela que segurava a sua mão.

– Desculpe.... - disse ele.

– Tome cuidado com suas atitudes. - sua voz saiu bem séria.

Ele estranhou o tom de voz e o olhar sério que ela lhe lançava era bem diferente do olhar terno de mais cedo.

– Poderia ter lhe acontecido alguma coisa.

Atena soltou a mão dele, sentando.

– Desculpe Saori, eu não tive...

– Atena. - o cortou.

Rodrigo assustou pelo jeito dela falar. Ela sempre lhe permitiu chama-la de Saori, até preferia.

– Desculpe Atena... não tive intenção de acorda-la.

– Tudo bem. Só estava me recuperando do desgaste. Demanda muito cosmo, manter a mente de Gêmeos sobre controle. A sua face má é poderosa.

– Posso imaginar. Não sente dores? - indagou lembrando-se que durante o dia todo ela não estava se sentindo bem.

– Sinto. Foi um preço muito alto trazer meus cavaleiros de volta, mas um preço justo. O ponto ruim é que esse corpo é fraco para suportar os ferimentos de Hades. Só me resta aceita-los.

O baiano estava achando muito estranho a forma como Atena estava conversando. As palavras estavam bem dosadas e o timbre de voz dela, bem mais sério. De uma pessoa mais velha.

– Atena você está bem?

– Por que pergunta? - estranhou.

– Está diferente.

– Diferente? Sempre fui assim.

– " Só falta ela ter duas personalidades, já basta o Saga... "- teve um estralo, não era questão de dupla personalidade, mas apenas... - deusa Atena?

Atena o fitou sem entender.

– Sim... sou eu.

Ele arregalou os olhos. Saori era a reencarnação de Atena, nada mais lógico que a consciência da deusa da guerra esteja aflorada.

– "Se eles são como na mitologia..." - ele ajoelhou. - me desculpe Atena, pensei que estava diante da Saori.

– É desnecessário Rodrigo. Não estou mais no posto de adoração como nos tempos mitológicos. Levante-se.

– Esse tipo de formalidade só quando for necessário.

– Posso fazer uma pergunta?

– Sim.

– Perdoe-me se for ofende-la.

– Diga.

– Verdade que quando os deuses eram desafiados lançavam maldiçoes?

– Sim, já fiz muito isso. - disse simplesmente. - mas depois que passei a conviver com os humanos, percebi que as vezes agia de forma errada.

– Então os mitos são verdadeiros?

– Alguns.

Atena começou a contar sobre o surgimento de alguns mitos, Rodrigo ouvia atentamente.

Virgem

Shaka a levou para a cozinha de Virgem. Devido ao susto a brasileira nem reparou na sala e sala de jantar do indiano.

Ele a colocou numa cadeira e foi para o fogão. Juliana continuou em silêncio, tentando respirar devagar. Para afastar os pensamentos anteriores começou a reparar na cozinha do indiano. Ela era bem simples se comparada com as outras que já vira. Os armários eram beges, um fogão, geladeira e micro-ondas. As paredes eram claras e o chão nude. A mesinha onde estava, era antiga e estava num canto tendo quatro cadeiras. Minutos depois o cavaleiro levou para ela uma xícara de chá.

– Não precisa... - murmurou.

– Vai te acalmar.

– Eu já...

– Beba. - disse imperativo.

Juliana não quis contraria-lo pegando a xícara fumegante. Levou a boca sentindo o gosto ruim da bebida.

– É ruim, mas vai te acalmar. - disse diante da careta que ela fez.

A contragosto bebeu todo o líquido e por incrível que pareça sentiu o corpo relaxar. Shaka puxou uma cadeira sentando de frente para ela.

– Você pode ver espíritos? - perguntou.

– Sim.... desde pequena...

– Pensei que eles tinham abandonado a casa de Câncer, vejo que não.

– Ainda tem cabeças no subsolo.

– Quem te disse?

– Giovanni contou para a Heluane.

– Enquanto o Mask não desfazer daquelas cabeças os espíritos vão continuar lá. Provavelmente o local que estava é onde fica o subsolo.

– Sim...

– Está mais calma?

– Estou. - colocou a xícara sobre a mesa. - obrigada.

– Não me agradeça, eu te assustei.

– Mesmo assim, se você não tivesse aparecido, nem sei o que seria de mim.

– A casa de Câncer não é um lugar muito aprazível, ainda mais para uma pessoa sensível como você. Te ajudei pois tem modos, ao contrário daquela sua amiga.

– Que amiga?

– A sem educação, Heluane.

Ju franziu o cenho, se Helu ouvisse Shaka falar dela...

– Não é atoa que ela e o Mask vivem as turras, dois sem educação. Aquela menina tem uma boca muito suja.

A brasileira não disse nada.

– Professa qual religião?

– Zen budista.

– Entendi.

– Você é Buda mesmo? - indagou, aproveitando que estava estabelecendo um dialogo com ele.

– Sim. Sou a reencarnação dele.

– Ah...

– Mas não vim com o intuito de acrescentar algo ou mudar o que já foi escrito. Minha missão agora é outra.

– Como sua família encara isso? Eles sabem que é Buda e cavaleiro de Atena?

– Eu não tenho família. - disse frio. - cresci num monastério.

– Desculpe. - notou o tom de voz dele.

– Dos três meses até três anos, fui criado por uma mulher que prestava serviços para o templo. Quando cheguei a essa idade fui separado dela. Seu nome era Kajra.

– Ela era como sua mãe?

Shaka a fitou. Não tinha ideia se Kajra seria uma espécie de mãe.

– Não sei te dizer. - falou com sinceridade. - não sei como é o cuidado de uma mãe.

– Ela cuidava de você por obrigação ou por que gostava?

Foi pego de surpresa com a pergunta.

– Que tipo de parâmetros uso para fazer essa comparação? - indagou.

Juliana franziu o cenho, não era possível que o indiano não sabia diferenciar carinho de obrigação.

– Toda mãe abraça seu filho, cuida quando está doente, protege, embala o sono quando se é bebê.

– Como se fosse amor de irmão?

– Muito mais do que isso.

Ele pensou por alguns instantes, lembrando-se do tempo que passou ao lado de Kajra. A descrição feita pela brasileira batia com as coisas que ela fazia.

– Quando me levaram, ela chorou muito. - esse dia estava muito vivo em sua mente.

– Isso prova que ela gostava de você.

– Pode ser.

– E você? Gostava dela?

Por que ela fazia perguntas tão difíceis de responder? Respostas que não sabia.

– Não sei. Alias também tem muito tempo... não sei precisar.

– Desculpe por perguntar.

– Não tem importância. Como também já esqueci o incidente "empregado". Passou.

– Eu posso te pedir uma coisa?

– Se tiver ao meu alcance.

– Posso ver o jardim das árvores gêmeas? - indagou, se ele concordasse seria ótimo, se não também não se importaria.

– Venha comigo.

Levantou deixando-a surpresa. Shaka atendeu seu pedido? Caminharam em silêncio, até um corredor que deu num salão de tamanho mediano, ao fundo ela viu um estatua de Buda deitada. O cavaleiro apenas tocou a testa e a estátua começou a mexer.

– Venha.

Juliana ficou deslumbrada. O jardim parecia não ter fim, o chão era coberto por uma relva bem verdinha, pétalas de cerejeiras eram levadas graciosamente pela brisa. No meio do jardim, duas arvores iguais que atingiam uma altura considerável.

– Posso ir até lá? - apontou para as árvores.

– Sim.

A passos lento Juliana caminhava em direção as árvores, sentindo o vento roçar seu rosto. Aquele lugar era simplesmente fantástico. Quando parou perto das árvores não resistiu sentando na grama, na sombra. Shaka que estava logo atrás repetiu o gesto.

– Esse lugar é lindo. É exatamente como Kurumada descreveu.

– Por que se interessou por nossa história?

– Eu achei interessante. - disse vendo milhares de pétalas voando. - esse lugar é mágico.

– É tranquilo, gosto de meditar aqui.

Ju olhou para cima, sabia que o sol brilhava forte, mas aquele lugar parecia protegido dos raios solares, mas o céu estava num profundo azul.

– Nenhum cavaleiro pode vir aqui?

– É um solo sagrado.

– Poderia me contar mais coisas sobre aqui?

O virginiano franziu o cenho.

– Ele fica oculto e...

Começou a contar sobre o lugar e daí outros assuntos surgiram. Shaka respondia e fazia perguntas, chegando a conclusão que Dohko tinha um pouco de razão em dizer que deveria conhece-la melhor, mas ao se lembrar do libriano a dúvida veio lhe na mente. Será que eles...

– Você e Dohko se deram muito bem.

– Ele é muito gentil e tem senso de humor.

– Dohko faz amizade com grande facilidade. - disse, ficando um pouco incomodado, as vezes queria ter um pouco da extroversão do libriano.

– Ele é uma pessoa legal, não tem como não gostar dele.

– Entendo...

Ficaram em silêncio. Juliana o fitava discretamente. Shaka não tinha tantos músculos como os outros golds, seu corpo era esguio, mas na medida certa. Ele usava um sari branco, com o ombro direito desnudo. Os cabelos estavam presos num coque e os olhos fechados. Desde que ele a encontrou em Câncer os olhos permaneciam fechados e ela queria muito vê-los abertos.

– Foi difícil aprender a se locomover com os olhos fechados?

– A principio sim, mas depois tornou-se tão insignificante que tanto faz permanecer com os olhos abertos ou fechados.

– Pode abri-los?

O virginiano os abriu, mostrando o tom azul claro.

– Eles são lindos, deveria andar sempre assim.

Juliana calou-se. O susto na casa de Câncer foi tão grande a ponto de fazer esse tanto de perguntas e ainda pedir para que ele abrisse os olhos? Certamente Shaka deveria está pensando que ela era inoportuna.

O cavaleiro continuou a fita-la de olhos abertos. Juliana tinha uma conversa agradável e não ficava secando-o como as outras meninas. Falava baixo e era educada, qualidades imprescindíveis para ele.

– Deve está com fome. - levantou. - vou preparar um chá e biscoitos para nós.

Ela fez careta ao se lembrar do chá.

– Não se preocupe. - disse. - não é do mesmo. Aquele só é usado em momentos de tensão.

– Tudo bem.

Câncer

Helu caminhou até o sofá.

– Se tem um cavaleiro que eu odeio é você.

– Quem falou que eu preciso dos seus sentimentos? Ainda mais de você, se enxerga Eliane. - disse de propósito.

A garota fechou o punho e só não o socou porque ele foi mais rápido.

– Não adianta querer me bater, nunca vai conseguir.

– Você é um grande idiota!

– Acho que está querendo fazer uma visitinha ao subsolo ou...

Foi tudo rápido, quando a brasileira percebeu estava deitada no sofá tendo o canceriano por cima.

– Esse seu mau humor é falta de homem. Vou fazer tão gostoso que vai pedir mais. - sorriu sarcasticamente.

– Nem que fosse o último homem da terra!

Mask gargalhou.

– Quer experimentar?

Aproximou do rosto dela, quase colocando seus lábios. Helu ficou tensa, ele naquela distancia era um perigo, tanto para beija-la ou machuca-la.

– Sai de cima de mim seu fil$%&!

– Olha o palavriado...

– Tom@#$*!

– Sua mãe não te deu educação?

– Não para um ser com você! - berrou. - me solta se não eu grito!

– Até parece que alguém vai escutar.

– A Juliana.

Giovanni riu.

– Ela se mandou com Shaka há muito tempo. Ninguém virá te "salvar".

Helu despejou toda raiva, na mão dando um belo tapa na face no canceriano que levantou na hora, xingando-a de todos os palavrações que conhecia na sua língua materna.

– Sua idiota... - a face ardia, assim como a raiva. - vou te deixar presa naquele subsolo para sempre.

– Atreva-se. - levantou do sofá. - isso foi só o começo, se chegar perto de mim vai levar outros!

A garota caminhou até a porta saindo.

Touro

Ficaram por um bom tempo na sorveteria, depois seguiram pelo caminho que levava Rodorio a Áries, contudo os dois pararam no lago.

– Que lugar lindo!!! Preciso aproveitar essa água.

Mabel sentou na beirada, colocando os pés dentro da água.

– Que delicia...

– É bem refrescante. - Deba fez a mesma coisa. - costumamos as vezes nos banhar aqui.

– Que paz...

Ela fechou os olhos sentindo o vento bater na face. Ricardo a fitava, pensando nos dizeres do espanhol. Será que ela pensava aquilo dele? Um simples personagem?

– Bel...

– Sim? - o fitou.

– O que acha de mim?

– Te acho forte, simpático e de um excelente caráter. Você sempre ajudou o Mu e os Bronze, admiro muito a sua bondade. - não podia falar que ele era muito mais do que isso.

Ele deu um meio sorriso.

– Essa é sua opinião como cavaleiro ou como pessoa?

– Das duas coisas.

– Logo após a batalha contra Hades, ficamos com sequelas por causa do aprisionamento das nossas almas. A minha foi a perda total do cosmo... - dirigiu o olhar para o lago. - não passo de um homem comum.

– Por que está me dizendo isso?

– Pois não posso corresponder as suas expectativas. Eu não sou mais o grande touro dourado.

– Com cosmo ou sem cosmo, continuo gostando de você.

Os dois fitaram-se.

– Então não me vê apenas como uma fã?

– Também. Não vou negar que te acho um máximo com a armadura, mas sem ela, continua o mesmo simpático Aldebaran.

Ele sorriu. Não era exatamente aquilo que queria ouvir, mas se dava por satisfeito. Além do mais não poderia pedir muito mais do que aquilo, pois nem ele sabia explicar o que realmente sentia pela brasileira. Talvez pelo fato dela lhe tratar tão bem fosse apenas por simpatia e amizade e aquilo já era o suficiente para ele.

– Sabe nadar? - indagou.

– Como?

Ela nem ouviu resposta, quando percebeu já estava dentro d'agua.

– Deba!

– Só para refrescar. - ele riu.

– Ah é? - Mabel jogou água nele.

– Isso não vale!

Entrou, passando a jogar água na brasileira.

– Para Deba! - Mabel tentava se proteger.

– Está bem.

– Como vou chegar ao templo assim?

– Dou um jeito depois. Vem, vamos para o fundo.

– De jeito nenhum. Só tenho 1,60 de altura.

– Eu te seguro. Não confia em mim? - sorriu.

Mabel derreteu por aquele sorriso.

– Confio...

O cavaleiro segurou as mãos dela e pouco a pouco foram para o fundo do lago.

– Deba já está bom.

– Só mais um pouco.

Eles iam cada vez mais para o fundo, Bel já não sentia o chão há muito tempo.

– Deba....

– Ok. - parou.

Ela olhou para trás vendo que estavam a uma considerável distancia.

– Ai meu Deus... estamos muito longe... se me soltar eu morro afogada.

– Soltar assim. - ele a soltou.

– Deba!!!

O cavaleiro a segurou pela cintura.

– Quer me matar de susto...

Mabel o fitou, ele trazia um fino sorriso nos lábios, fora que estava muito perto, pertíssimo dele. Ela sentia os braços dele a envolverem por completo. Seus olhos azuis a fitavam de maneira diferente.

– Ricardo...

Tudo que ela sentiu foi os lábios dele encostarem aos seus, iniciando um beijo. Mabel arregalou os olhos para depois deixar-se levar por aqueles lábios quentes. Ela passou os braços pelo pescoço dele intensificando o gesto. O cavaleiro a trouxe para mais próximo de si.... A falta de ar os separou...

– Se pudesse você ficaria comigo? Mesmo não sendo forte como eu era?

Mabel sorriu.

– Eu gosto de você de qualquer jeito.

O cavaleiro sorriu, acariciando o rosto dela.

Sagitário

A cozinha estava em ordem, diferentemente de seus pensamentos. Culpava-se por ter sido tão seco com Sheila. Soltou um longo suspiro, pediria alguns conselhos para Dohko a fim de se desculpar com a paulista antes que ela fosse embora. Por mais que ela não fosse se lembrar dele, não queria que ela partisse magoada. Foi com grande surpresa que abriu a porta da sala, vendo-a sentada no chão.

– Sheila??

–Oi... - disse sem graça.

– Estava aqui esse tempo todo? - indagou surpreso.

– Sim... - abaixou o rosto. - é que... me desculpe... eu já vou indo...

– Espere. - a segurou pelo braço. - me desculpe por ter sido rude com você.

– De maneira alguma Aiolos. Não precisa se desculpar... eu preciso ir.

– Sheila espere. - não a soltou. - me perdoe.

– Está tudo bem Aiolos. Sério mesmo. - sorriu.

Os dois fitaram-se por alguns segundos. Aiolos pensava nas palavras de Giovanni, mas seria correto realiza-las? Só porque ela gostava dele, não era motivo de aproveitar da situação. Adotava o estilo Miro em sua vida, mas não queria adotar com Sheila. Ela era diferente. Mas iria embora no dia seguinte e nem se lembraria dele, por que não?

A brasileira o fitava percebendo que ele estava pensando em alguma coisa, talvez na atitude dela.

– Aiolos... - tentou puxar o braço, mas ele a segurava de forma firme. - Aiolos...

Acordando a soltou.

– Desculpe.

– Algum problema? - notou o olhar confuso dele.

A resposta dele foi puxa-la e prensa-la entre ele e a parede.

– Aio-los? - gaguejou assustada.

O cavaleiro gentilmente tocou no rosto dela, deixando-a vermelha. No segundo seguinte a beijou. Sheila demorou alguns segundos para corresponder ao gesto. O sagitariano aprofundou o beijo, diminuindo ainda mais a distancia entre os dois. A garota sentia-se nas nuvens, pois o beijo dele era mágico, então sentiu um volume na região de sua virilha, mas não foi apenas isso que a deixou surpresa, uma mão descia lentamente por suas costas, passando pela cintura, bunda atingindo as coxas, apertando-as. Ficou assustada, pois jamais imaginou que Aiolos fosse assim. O cavaleiro abandonou os lábios passando a beijar o pescoço dela.

– Aiolos... - murmurou.

Ele voltou a beija-la na boca, ainda mais ardente. Aiolos mandou racionalidade para longe, deixando a impulsividade agir. Pegou Sheila no colo e a levou para dentro, mais precisamente para seu quarto. A brasileira sentiu a maciez do colchão. Olhando-a fixamente o cavaleiro desabotoou os dois primeiros botões da blusa dela. Sheila gelou. Sempre desejou aquilo, mas agora diante da situação estava preocupada. A mente estava a mil. Seguiria em frente ou pediria para ele parar?

O cavaleiro tirou os óculos dela, tendo o cuidado de coloca-lo do lado, depois voltou a beija-la e aos poucos levantava os braços dela, segurando-os no alto da cabeça dela. Ela não sabia como, mas estava completamente imobilizada por ele. Começou a beija-la no pescoço e desceu até o colo, a brasileira sentia arrepios. Com uma das mãos, Aiolos tocou o seio esquerdo dela, ainda tampado pela blusa.

Ao escutar seu nome, ele voltou a atenção para o rosto dela, dando lhe um beijo intenso. Sheila sentia seu corpo em chamas, assim como Aiolos que tirou a camisa. A brasileira contemplou aquele peito todo trabalhado. O grego voltou novamente a beijar o colo de Sheila, arrancando arrepios nela.

– Aio-los. - soltou um gemido rouco.

O cavaleiro recuou na hora, assustado. O que ele estava fazendo afinal? Estava prestes a transar com ela?

– Sheila me desculpe. - murmurou. - eu não queria...

A brasileira permaneceu em silêncio ainda sentido os efeitos do toque dele.

– Me desculpe por ter agido assim. - levantou da cama. - me desculpe.

– Tudo bem... - disse quando se recompôs. Sheila sentou na cama, ajeitando os cabelos e colocando os óculos, só então viu a expressão de dúvida no rosto dele. - acho melhor eu ir embora.

– Também acho... - ou não se responsabilizava. - me desculpe, não foi uma postura digna.

– Tudo bem. - levantou. - tchau.

Disse sem saber como conseguia andar de forma tranquila. Passou pela sala, pelo salão principal até atingir as escadarias.

No quarto, Aiolos andava de um lado para o outro de forma nervosa. Não teria problema algum se transasse como uma das servas, afinal já fizera isso inúmeras vezes, mas com a brasileira era diferente. Não sabia explicar, mas era diferente.


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