Doce Inimiga escrita por Angel Black


Capítulo 6
Doce Trapaça




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Hermione acordou cedo no dia seguinte, parecia outra pessoa. Havia tirado um peso de suas costas, e por isso estava muito feliz. Desceu para ver se encontrava Harry, mas só encontrou Gina Weasley tomando o café da manhã.

– Bom dia, Gina! – disse Hermione, tentando ser simpática. Achou que o melhor a fazer era tentar reatar as velhas amizades, tentar compreendê-la. Se deixasse suas resistências de lado, talvez pudesse vê-los como os via há dez anos atrás.

– Não há nada de bom, nem hoje, nem nunca mais! – disse Gina, sem nem mesmo olhar para ela.

– O que aconteceu? – perguntou Hermione preocupada.

– Como se não soubesse! – disse a ruiva, indignada, enxugando as lágrimas que já escorriam de seus olhos.

– Não sei mesmo, o que está acontecendo? – respondeu ela, inocentemente. Realmente, nada sabia do que estava acontecendo no mundo bruxo naquelas duas semanas que passou na igrejinha.

– Harry rompeu o noivado comigo semana passada!

Hermione ficou estática. Serviu-se de café e torradas e pôs-se a comer em silêncio enquanto Gina chorava baixinho ao seu lado.

Hermione ainda não sabia direito o que pensar daquilo tudo. Achou que talvez fosse uma coisa boa. Não por Gina, claro, que parecia sofrer. Mas não era certo se casar apenas por interesse e era isso o que Harry faria se casasse com ela. No fim, pensou, talvez Harry estivesse voltando a ser o que era.

Mesmo triste por Gina, ainda havia uma outra voz no seu interior que parecia sorrir com a novidade. Meu Deus, o que estou pensando?

– Você vai encontrar alguém que te ame de verdade, Gina. – disse Hermione, tentando consolar a garota, que foi sua amiga muitos anos atrás.

– É fácil para você dizer isso. Todo mundo sabe que ele só tem olhos para você agora. Ele vai acabar perdendo a eleição por SUA CAUSA! – disse Gina, levantando-se da mesa, sobressaltada.

Hermione ficou ainda mais pensativa. Será que realmente estaria prejudicando Harry na eleição? Será que ela fora injusta para com ele, julgando-o como uma pessoa ruim, que só pensava em seus próprios interesses para ganhar a eleição a qualquer custo, quando na verdade, Harry tinha boas intenções com aquilo?

Apesar de ter ficado muito triste por Gina, uma felicidade indescritível parecia estar crescendo dentro dela. Afinal de contas, Harry desistiu do apoio de Arthur Weasley para fazer aquilo que é certo: poupar Gina de um casamento de interesses fadado ao insucesso.

– Hermione! – disse uma voz alegre, perto dela. – Já tomou café?
Harry Potter parecia ser outro homem naquela manhã, também. Pela primeira vez, via um sorriso sincero e autêntico no rosto dele e lembrou-se com nostalgia de seu tempo em Hogwarts.

– Já sim, você não? – respondeu.

– Eu tomei café há séculos. Estava só esperando você se levantar, tenho uma coisa para lhe mostrar.

– O que é? - perguntou ela, curiosa.

– Você tem que ver! – disse Harry e pegando a mão de Hermione, guiou-a para o quintal dos fundos da mansão. Lá, havia um enorme cavalo todo negro, devidamente encilhado. – Você já andou de cavalo?

– Não, nunca, eu tenho medo de cair, não gosto de nada que me levante a mais de um metro do chão.

– Você não sabe o que está perdendo! – disse Harry, e antes que Hermione pudesse protestar, agarrou sua cintura e a colocou em cima do cavalo como se ela fosse apenas uma bonequinha.

– Ai, Harry... eu morro de medo... – disse ela, quando o cavalo fez um movimento.

– Não precisa... – disse ele, e com agilidade, subiu no cavalo atrás dela, colocando uma das mãos na cintura de Hermione e a outra no cabresto, guiando o cavalo com destreza. Ela ficou um pouco insegura, no início, mas quando o cavalo começou a trotar, percebeu que Harry jamais a deixaria cair e, encostando-se nele, passou a desfrutar do passeio.

Harry tomou uma trilha e começou a subir uma montanha.

– Tudo aqui é muito lindo! – exclamou Hermione.

– Vou manter esse campo, o que quero lhe mostrar é isto!

De cima da montanha, Harry apontou para um vale, que se perdia de vista em extensão. Não era tão belo quanto o campo pelo qual passaram, mas era monstruoso de tão amplo.

– Vou transformar toda essa área num grande centro de apoio. Todas as raças, todas mesmo: bruxos, trouxas, duendes, elfos e sabe-se lá o que mais vão ter um lugar para se abrigar. Quero construir vários departamentos: hospital abrigo, centro de estudos. É a primeira coisa que quero fazer quando for eleito, acabar com as diferenças entre as raças. Ninguém mais sofrerá preconceito de raça, sangue ou dinheiro, nem será excluído da sociedade por ser diferente. Isso vai acabar, Hermione, lutei todos esses anos por isso, agora... quero fazer a diferença.

Hermione se virou para Harry, que olhava sonhador para o vale. Seus olhos tinham um brilho diferente, e ela acreditou na sua sinceridade. Não entendeu porque ele não lhe disse isso desde o início. Ela o apoiaria cegamente se soubesse de suas intenções. Havia coisas em Harry que precisariam mudar. Usar a violência para conseguir o que quer não era uma boa coisa, mas acreditou quando ele disse que já havia se manchado pelo poder. Se ela ficasse ao seu lado o ajudasse, talvez Harry se transformasse mesmo no melhor líder político que o mundo já vira e que desesperadamente precisava.

Tomada novamente por aquela alegria indescritível, escalou os ombros de Harry para lhe dar um beijo no rosto.

Harry se virou instantaneamente para Hermione, enquanto ela ainda sorria para ele. Os olhos dele haviam mudado, possuíam agora um brilho diferente. Levemente, ela sentiu a pressão da mão dele em sua cintura se acentuar. As mãos deslizaram para as costas e, abraçando-a com a outra mão, Harry cobriu seus lábios. Não vorazmente como da outra vez, mas suavemente, docemente, como se lhe fizesse uma carícia. Hermione se deixou envolver, caindo em seus braços naquele beijo demorado e delicioso.

– Hermione... há uma coisa que eu preciso lhe falar há muito tempo... – disse ele quando terminou o beijo. – Eu amo você... Eu a amo já há muito tempo. Mesmo a distancia, acompanho você, sua vida, seus feitos. Tenho tentado te proteger durante todo esse tempo. Eu não a trouxe aqui só porque você pode me trazer alguns votos, eu te trouxe aqui Hermione... porque amo você e porque não poderia mais aguentar a nossa distância e usei a eleição como pretexto. 10 anos é muito tempo, Hermione... quero você comigo... que você comigo pra sempre. E agora que você está aqui... meu noivado com Gina simplesmente... eu não poderia me casar com ela, Hermione. É você que eu amo... eu a amo como nunca amei ninguém em toda a minha vida.

– Harry... – Hermione ficou emocionada com a revelação e não soube o que responder. Será que ela poderia abrir o coração e lhe dizer a verdade, que o amava desde que estudavam juntos em Hogwarts? Uma parte lhe dizia que não, mas havia uma outra parte que precisava libertar o que havia em seu peito. – Eu também amo você...

E Harry a beijou novamente, tomando-lhe os lábios como se eles só pertencessem a ele. E o vento que lhes cobria levemente parecia empurrar Hermione cada vez mais para ele.

– Case-se comigo, Hermione! – sussurrou ele em seus ouvidos, com paixão. – Case-se comigo... eu preciso de você...

– Harry... ! – Hermione não conseguia resistir às suas carícias,. parecia que o velho Harry Potter, dos tempos de Hogwarts, havia voltado a habitar o corpo daquele homem tão poderoso. Hermione tinha tantas dúvidas... dúvidas que consumiam seu ser. E se fosse apenas um plano de Harry? Ele mesmo já havia lhe dito que ela era importante em sua campanha. Seria Harry tão frio a ponto de usá-la para ganhar votos?

Mas, como saberia se não lhe desse o benefício da dúvida? Ela o amava, isso era uma verdade que já não podia negar. E talvez Harry estivesse sendo sincero.

“Ah, meu Deus”. Era a sua chance de ser feliz. Ser feliz do lado do homem que amava. Não lhe importava que Harry fosse o rei do mundo, pelo menos poderiam fazer a diferença. Ambos lutariam juntos pelo bem e pela verdade, como sempre fizeram nos sete anos em que passaram por Hogwarts.

Sete anos também era muito tempo. Nos sete anos em que viveu com Harry, ele não havia demonstrado que era bom e corajoso? Que defendia o bem? Que lutava contra o mal? Esse era o Harry que conhecia e amava. Era esse Harry que estava ali agora a lhe propor casamento. E isso a fez dizer em alto e bom tom:

– Sim, Harry... eu me caso com você.

Harry abraçou-a e, juntinhos, voltaram pelo mesmo caminho pelo qual vieram. Quando ele finalmente a tirou do cavalo, os dois se abraçaram uma vez mais.

– Precisa ser rápido! – disse Harry, enquanto acariciava seus cabelos – Eu preciso ter você o mais rápido possível, quero que seja minha!

– Eu posso ser sua agora, Harry,! não vou mais esconder que amo você! Não vou mais esconder que não te desejo... !

– Não, meu amor... – disse Harry, sussurrando em seu ouvido. – Eu quero que seja a minha esposa... quero que seja minha na noite de núpcias, quando poderei te chamar de Sra. Potter...

Hermione sorriu. Em seus pensamentos feministas, sempre afirmou que não usaria o nome do seu marido e continuaria a se chamar Hermione Jane Granger, mas agora, parecia que esses pensamentos já não faziam tanto sentido. Não podia se enganar: estava desesperada para se chamar Hermione Jane Granger Potter...


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