Desconstruindo Mycroft escrita por Sparkles


Capítulo 6
Pão de Batata


Notas iniciais do capítulo

Não deu pra fugir desse título. Mais um capítulo! E boas vindas aos leitores novos!



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Terminei de comer meus dois pães de batata e fui comprar mais um, pra entregar pra avaliadora. Pois é, nenhum sinal de Greg. É por isso que eu devo ficar sozinho, eu sou uma pessoa horrível que afasta e magoa todo mundo. Eu nunca quis que isso acontecesse. Eu só queria ficar sozinho.

Quando voltava da fila da cantina, com o salgado na mão, Sherlock veio correndo até mim.

“Uma briga, Mycroft, uma briga!”

“Faça-me o favor, Sherlock, eu não sou o tipo de pessoa que é levado à euforia pelo simples fato de ver dois seres humanos se batendo por motivos fúteis” respondi “e nem você. Escola não é lugar disso.”

“Eu sei, mas não foi isso que eu quis dizer. É aquele seu amigo. A mesma menina que afrouxou os parafusos da bicicleta dele, agora acabou de socar ele no nariz.”

Ah, esses boçais! Coitado do Greg, ele deve ter puxado assunto com alguma pessoa mais esquentada.

“E o que você quer que eu faça?” perguntei, sem demonstrar que estava preocupado.

“Quero que você ajude ele” Sherlock disse, meio confuso “é isso que um amigo faria, não é?”

“Não sei, Sherlock, o que os seus amigos geralmente fazem por você?” falei para implicar.

“Jogam tinta no meu dever de casa, mas eles são bobocas, você não. Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço!”

Acho que ouvir um elogio depois que você insulta alguém é ainda pior do que receber um insulto por si só. Eu não sabia se deveria abraçar meu irmão ou falar alguma coisa. Sou o pior irmão do mundo. Baguncei um pouco os cachinhos do cabelo dele com a minha mão e disse “Eu sei”.

Fui procurar Greg, que estava encostado numa parede, segurando um guardanapo no nariz.

“O que você ainda tá fazendo aqui, seu idiota?” eu falei, o puxando pelo braço “Enfermaria, agora.”

“Ei, o cavalheiro pode me soltar, por favor? Eu não estou falando com você.” Greg disse tentando se soltar de mim, mas fui firme.

“É melhor você vir comigo e tratar de não inalar esse sangue escorrendo pelo seu nariz” falei, enquanto adentrávamos as portas da seção de saúde.

Ficamos lá por uns quarenta minutos. Greg ficou esse tempo todo com a cabeça levantada até o sangue secar e a enfermeira conseguir limpar tudo em volta. Ela disse que ele ficaria bem e não teria outros sangramentos desde que não batesse o nariz em nenhuma porta de novo. Ele não quis dizer a verdade, “por algum motivo besta de orgulho”, eu pensei, mas fingi que engoli a história da porta.

Como já tínhamos perdido o tempo de aula depois do recreio mesmo, ficamos sentados num banco fora da sala, esperando o tempo seguinte para poder entrar. Silêncios nunca foram incômodos para mim, mas aquele estava me matando. Eu já mencionei que sou uma desgraça pra iniciar conversas?

Graças aos Céus ele resolveu falar alguma coisa.

“Você não vai comer seu pão de batata?” ele apontou para o salgado, que já estava esfriando na minha mão.

“Ah, não é meu, ele é...” eu disse, meio confuso “para você”

“Obrigado, eu estava mesmo morrendo de fome” arrancou o pão de batata da minha mão e comeu metade em uma só mordida “não consegui lanchar hoje”

“A porta que te bateu levou seu lanche também?” eu ri.

“Cala a boca, Mycroft” ele me deu uma cotovelada e um sorriso lateral.

Entendi que aquilo foi uma trégua. Tenha paciência comigo, avaliadora, isso foi o mais próximo de pedir desculpas a alguém que eu já cheguei. Ah, e perdoe-me pelo seu pão de batata, tenho certeza que você deve ter lanchado alguma coisa bem melhor. Foi por uma boa causa.


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Notas finais do capítulo

O ministério da saúde adverte que reviews deixam a autora feliz e saltitante, então vá em frente. Beijos e até o próximo. :3