Desconstruindo Mycroft escrita por Sparkles


Capítulo 28
Jaqueta


Notas iniciais do capítulo

Hola, muchachos, mais um capítulo!



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Comecei a correr até a casa da Harriet.

“Espera, não precisa ir correndo. Aquela festa não vai acabar tão cedo.”

“Tem razão, vamos caminhando.”

Péssima ideia. Se tivéssemos ido rápido, não teríamos pegado a chuva que pegamos, quando faltava apenas um quarteirão para chegar lá. Usando a jaqueta de Greg como guarda-chuva, tocamos a campainha.

“Vocês vieram tarde. Os pais da Harry chegaram de viagem mais cedo e todo mundo teve que sair.” Megan abriu a porta.

“E o que você faz aqui? Não te vi na festa.” Greg perguntou.

“Ainda não voltou pra casa dos seus pais?” sugeri e Greg me olhou confuso.

“Muito engraçadinho.” Ela respondeu. “Eu estava na festa, Gregory. Passei o tempo todo com o Klaus.” Abriu mais a porta, dando ângulo para o sofá, onde o menino de cabelo bagunçado da minha aula de biologia estava sentado.

“Megan, você é tão rápida.” Greg falou.

“E você também.” Ela sorriu desdenhosamente. “Assisti seu número de dança.”

“Ah, que bom que você assistiu, porque...”

“Tanto faz!” Interrompi os dois. “A questão é que voltamos porque eu esqueci uma coisa.”

“Segunda a Harry entrega pra você na escola. No momento ela está meio acabada no quarto, mas me fala o que é.”

“Então, não é bem uma coisa, sabe...” tentei ser cauteloso.

“É o irmão dele.” Greg foi direto ao ponto. “Podemos entrar?”

Subimos as escadas e encontramos a porta verde do quarto de John trancada. Lembrei que Harriet guardava o molho de chaves debaixo do tapete, então o peguei e destranquei a porta.

O menininho loiro dormia no tapete, com um livro do Peter Pan na cara, enquanto Sherlock dormia na cama, com direito a cobertor e tudo mais. Fui até meu irmão e tentei carrega-lo no colo. Sem sucesso, olhei para Greg e ele assentiu com a cabeça. Levantou Sherlock e desceu as escadas. Fui ajudar Megan com John, mas quando virei-me, ela já tinha rapidamente ajeitado o menino na cama.

Megan nos emprestou um guarda-chuva e fomos para casa. Abri a porta bem silenciosamente para não acordar minha mãe. Provavelmente ela nem notou que eu passei a noite fora. Ela deve ter achado que eu passei meu aniversário no quarto, como de costume. Pelo menos é com isso que estou contando.

Greg colocou Sherlock na cama. Eu o cobri e fomos para a sala. Exaustos, nos jogamos no sofá.

“Você viu só aquilo?” Greg perguntou.

“O quê?”

“Aquele Klaus. O que ele tem que eu não tenho?”

“Hmm, paciência pra aturar a Megan?” falei e rimos juntos.

“Tem razão. Eu estou tão feliz por essa fase da minha vida ter passado.”

“Fase?”

“É, a fase do Greg bonzinho e compreensivo. Chega de me importar com quem não se importa!”

“Muito bom. Essa é a sua desculpa pra usar a jaqueta de couro e esse gel no cabelo?”

“Foi para compor o personagem, tá?” levei uma cotovelada “Ou você acha que os vestidos rodados e todo aquele clima de anos dourados foi pura coincidência?”

“Sério? Era uma festa temática?”

“Você não leu o convite dentro do envelope?”

“Li. Blá blá blá, festa, blá blá blá, meu endereço é tal tal tal, não sei o quê, beijo na bunda.” Resumi o que eu lembrava e Greg riu. “O que foi?”

“Nada, é que fiquei uns vinte minutos tentando adivinhar sua fantasia, mas aí eu cheguei a conclusão de que você tava interpretando o nerd deslocado.” Suas risadas se intensificaram. “Mas não, você só estava sendo você mesmo!” Era impossível saber se ele estava rindo ou se engasgando.

Tentei ficar o menos constrangido possível e até taquei a jaqueta dele longe, mas nada interrompeu a crise de risos. Levantei e abri a porta, fazendo um sinal para que ele saísse da minha casa. Ele me acompanhou, ainda rindo. Quando ele finalmente parou, fez uma cara séria.

“Mas teve uma coisa que eu ainda não entendi.” Ele disse. “Por que você chorou?”

“Lembranças.” Falei e ele não disse nada, esperando de mim uma resposta mais elaborada, que não veio. “Mas falando nisso” limpei a voz “eu gostaria de agradecer pela torta.”

“Aquele bolinho? Que isso, era o mínimo que eu podia fazer.”

“Foi muito... tocante.” Greg sorriu com a última palavra e eu o abracei. “Obrigado.”

“Nossa, uma demonstração de afeto de Mycroft Holmes. Eu devo ser muito especial mesmo.”

“Cala a boca.” Falei, me soltando dele. “Isso foi culpa daquela coisa que a Harriet me deu pra beber.”

“Não tem nada de errado em demonstrar os sentimentos.” Ele revirou os olhos. “E faça-me o favor, você bebeu um golinho de nada!”

“Um golinho de nada e um copo inteiro! Nem te contei.” Respirei fundo, absorvendo minha raiva. “Vá pra casa, Gregory. A chuva tá aumentando.”

“Certo. Parabéns mais uma vez!” Ele disse, colocando as mãos nos meus ombros. “Você tá crescendo tão rápido, seu estranho.”

“Eu não sei o que devo responder.” Então ele riu e saiu.

Fui pro quarto embrulhado em pensamentos.

Bem, era verdade, eu estava crescendo rápido. E ter dezoito anos soava muito estranho. Eu posso dirigir agora. Se eu dirigisse ontem, eu poderia ser preso, mas agora não, agora eu posso. Na verdade, não, eu não poderia ser preso porque eu tinha dezessete, mas agora que eu tenho dezoito eu posso ser preso. Ai meu Deus, eu não quero ir pra cadeia! Tá, calma, Mycroft, você não vai pra cadeia. Só se você infringir a lei, mas você mal sai de casa, é muito improvável que isso aconteça. Trate de dormir.

Fechei os olhos e tentei não pensar em nada.

Não deu muito certo. Aceitei o fato de que eu estava com insônia e fui pra cozinha fazer um chá.

A primeira coisa na qual bati o olho quando desci as escadas foi a jaqueta de Greg que eu tinha jogado no chão. Peguei-a na mão. O couro ainda estava bem molhado da chuva e com cheiro de perfume masculino. Considerei levar pra ele, mas não valia a pena sair naquele temporal só pra isso.

Deixei-a nas costas de uma cadeira da cozinha.

Enquanto a água esquentava na chaleira, fiquei rabiscando com o dedo cadeias de carbono no pano de mesa e cantarolando La Vie En Rose. A jaqueta me encarava. Não resisti. Resolvi experimenta-la.

“Agora eu sou uma pessoa conceitual que usa gel no cabelo.” Encenei minha melhor personificação de Gregory e ri comigo mesmo. Tudo culpa da bebida que a Harriet me deu, eu repito.

Parei de rir quando ouvi um barulho estranho na porta. Provavelmente era Greg, que veio buscar a jaqueta. Tentei abrir o zíper correndo no caminho até a sala, mas quando cheguei lá, a pessoa já havia entrado.


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Notas finais do capítulo

Eu definitivamente preciso fazer uma side fic com mini Sherly e mini John. Anyway, até capítulo que vem! ❤



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