A nova garota escrita por Ahelin


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Desculpem eu não ter postado ontem, tive que preparar minhas coisas pra levar para o Tártaro (lê-se escola).
Vou postar dois capítulos hoje pra compensar vocês.
Aqui está o primeiro, boa leitura!



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Certo, agora eu tinha certeza da primeira coisa que faria depois que saísse de Lugar Nenhum. Ah, sim, Nico e eu tínhamos carinhosamente apelidado aquela floresta de Lugar Nenhum. Eu queria Nada, mas não faria muito sentido. Continuando, assim que eu saísse de Lugar Nenhum, tinha um novo objetivo na vida: desafroditizar a cara de Afrodite. Sério, qual era o intuito de tudo aquilo mesmo? E como Zeus tinha permitido uma palhaçada dessas?

Acho que andamos alguns quilômetros, já estava começando a ficar frio novamente. Quando íamos parar, demos de cara com meu tio, Deimos, o deus do pavor. Tá, Fobos e Deimos eram bem parecidos, mas Deimos era mais feio. Não dava pra acreditar que ele era filho de Afrodite, parecia mais uma mistura de Hefesto e a pior das Fúrias.

(n/Deimos: O que você quer dizer com isso, mocinha?) (n/Hefesto: Tá querendo morrer?) (n/Deimos: Acha que eu pareço com Hefesto? Só se for antes do acidente.) (n/Hefesto: Como assim? Sossega aí, garoto dos infernos!) (n/Nico: Me deixem fora disso.) (n/Deimos: Garoto dos infernos? Não sou tão jovem, você é que é mais velho que Yoda!) (n/Hefesto: Olha aqui, seu...) (n/Aut: Vamos parar? Não sou paga para separar brigas entre deuses.) (n/Nico: Você não é paga para nada.) (n/Aut: Eu sei, mas eles não, Nikito.) (n/Nico: Já falei pra não me... Quer saber? Esquece. Depois morre de noite e não sabe por quê.) (n/Julie: Ninguém vai matar ninguém. Deimos, Hefesto, sosseguem o facho. Nico, Autora, chega. Okay?) (n/Todos: Okay.)

Ele estava parado ao lado da margem do rio, e com a luz da tocha de Nico suas cicatrizes faziam sombras horríveis. Se ele queria lutar conosco, bom... Descanse em paz, Julie.

Seu rosto se contorceu num sorriso quando me viu. E isso o deixou ainda mais feio.

- Julie, vi o que você fez ontem! Parabéns, aquele gigante não vai nos incomodar tão cedo. Pena que vocês não o mataram, precisariam da ajuda de um deus para isso. - Nossa. Oi pra você também.

Nunca gostei de Deimos. Acho que ele entra no terceiro lugar do ranking dos meus deuses menos favoritos. Depois de Afrodite e Fobos, seguido por Perséfone e Hades.

Sem me dar tempo para responder, continuou:

- Agora é minha vez de testar você. Sempre quis fazer isso...

- Testar? - Nico perguntou antes que eu pudesse dizer algo. - Como assim, testar?

Seu sorriso se abriu ainda mais.

- Fique longe, Dark Boy. Não vou machucá-la, só vou... Assustá-la um pouco. - Ele se virou para mim. - Vou tentar causar medo em você, tente me bloquear ou me atacar também. Simples, brincadeira de criança.

Ele avançou alguns passos e eu não consegui evitar seu olhar. No mesmo instante, uma onda de pavor me atingiu, e eu vi várias cenas das quais nem lembrava: crianças correndo para longe de mim em um orfanato, na primeira vez em que fui atacada por um monstro. Dezenas de casais me lançando olhares assustados nas entrevistas. As várias pessoas que sofreram por causa da minha maldição. As mortes, os gritos, todas as lágrimas derramadas.

Estava imersa nisso, quando ouvi uma voz no fundo da minha mente. Ela chamava meu nome, e só aí eu me lembrei de onde estava. Deimos, Nico, Lugar Nenhum.

Foi como se eu acordasse de um transe, eu estava caída de joelhos e Deimos ainda estava na minha frente, me encarando. Mas aquilo não parecia ter mais efeito, pois toda a minha atenção estava voltada para Nico que, amarrado num canto, dizia repetitivamente "Julie, acorda! Vamos, Julie!"

Dizia não, ele literalmente berrava. Meu tio parecia estar se divertindo muito com isso, mas parou quando viu que eu não reagia. Pareceu tomar mais força e partir novamente para o ataque, sem sucesso. Oh meus deuses. Sem sucesso. Eu o estava bloqueando... Lógico, eu não era louca a ponto de contra-atacar.

Ao perceber isso, ele parou de me encarar daquela forma e sorriu.

- Muito bom. - Disse. - Mas eu vou querer fazer isso mais vezes. Com toda certeza você tem talento. - Ele olhou para Nico. - Cuidado com a língua, garoto. Vou me lembrar de você também. Ah, Julie... - Acrescentou, baixinho. - Seu pai mandou dizer que está orgulhoso de você. Não fique decepcionada por ele mesmo não ter dito, entenda que ele tem suas... Ahn... Obrigações.

Fobos, orgulhoso de mim? Isso eu não esperava mesmo. Mas eu não estava decepcionada, quanto menos tivesse que vê-lo, melhor seria. Deimos pareceu ler meus pensamentos, pois disse:

- Sabe por que a decepção machuca tanto? Porque ela nunca vem de pessoas que não gostamos. Pense nisso. - E, assim, ele sumiu na escuridão. Pois é, tchau, tio.

Demorei um segundo para entender o que ele tinha dito e, quando entendi, minha mente não aceitou. "Deimos acha que eu gosto do meu pai?" pensei. "Sinto muito desapontar você, tio, mas pouco me importa o que Fobos pensa."

Corri até Nico e o desamarrei. Ele resmungou uma praga para Deimos e me disse, rápido:

- Tudo certo? Você está bem? Vou matar aquele...

- Tudo certo. - Interrompi. - Não se preocupe. Vamos descansar, já deve ser noite.

Ele não reclamou, mas também não me deixou ficar com o primeiro turno da vigia. Na verdade, eu não estava com sono, mas acabei dormindo. E, em algum ponto da noite, lá estava novamente a jaqueta mágica de Nico nos meus ombros.

- Ela deve ser assombrada. - Murmurei quando percebi. - Aparece aqui sozinha. Vamos exorcisá-la quando sairmos de seja-lá-onde-for.

- Lugar Nenhum. - Ele corrigiu.

- Certo, certo, tanto faz.

- Você está parecendo o Sr.D.

- Cale a boca, Dark Boy. Ainda não esqueci das formigas. - E, com esse pensamento feliz, adormeci novamente.


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Notas finais do capítulo

Mais tarde eu posto o próximo.
Gostaram? Comentem!
Até daqui a pouco...