Um Conto Sobre um Monte de Estrume escrita por Gabriel Campos


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Aos leitores...Se você gosta de histórias fora do comum e previsíveis ao mesmo tempo, fecha logo a página e vai assistir TV. Agora se você curte conhecer histórias de pessoas com a vida o mínimo que seja parecida com a sua, seja bem-vindo, está no lugar certo.Certamente algo te trouxe até aqui. O nome da história, a capa, ou alguma recomendação. Talvez você esteja aqui por ser um crítico de algum blog, e assim, busca algum defeito nesta estreia para escrever no seu post. Garanto que encontrará muitos. Também te garanto que no final do primeiro capítulo, você não encontrará um acidente de carro, ou uma morte sangrenta e cheia de risadas maléficas. Só vai ser um capítulo como outro. Cabe a você vir aqui no próximo capítulo e ver a continuação da história. Se te interessar...Bom, se a minha vida fosse retratada numa novela teen, certamente eu seria a coisa mais perfeita do mundo para todas as garotas que a assistissem. Ou não (gente, eu não sou um galã global). Até a próxima temporada, quando viria outro mauricinho ocupar meu lugar. Brisei.Eu também não vou ser disputado por duas garotas (quem me dera), e não vou roubar a namorada de ninguém. Juro por todas as espinhas do meu rosto que não sei dançar e não faço parte de um grupo musical, que vive cantando por aí, e que quando eu começa dançar, todos dançam comigo no mesmo ritmo e na mais perfeita sintonia, mesmo sem termos ensaiado.É, minha vida é muito chata. Mas garanto que, como eu já disse antes, é nem que seja o mínimo parecida com a sua. Vamos lá?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/461993/chapter/1

I - MUDANDO O STATUS DE RELACIONAMENTO SÓ PRA CURTIR (OU RECEBER CURTIDAS?)

Gostaria de poupá-los dos clichês de apresentação, mas isso é uma tarefa difícil. Diria até que impossível. Então vamos.

De início eu sou igual a você. Um ser humano de carne e osso, pé e pescoço. Vivemos no mesmo planeta e respiramos o mesmo ar. Agora vamos às coisas que podem nos diferenciar. Os “talvezes” desta apresentação esdrúxula. Tenho pai, mãe, assim como você deve ter. Tenho sonhos, problemas e outras coisas que podem ser descobertas ao desenrolar dessa parte chata.

Perdoem-me a minha falta de educação em fazê-los esperar, mas é que eu penso muito antes de escrever. Penso tanto que quando eu vou escrever não me lembro de mais nada. O que eu posso te contar aqui pode entrar pelos seus olhos e sair pelos sete buracos do seu rosto. Ou você pode guardar e acreditar.

Sem mais delongas, me chamo Lucas. Lucas Batista. Aquele que alguns chamam de “o cara”. Moro com os meus pais numa casa em um bairro humilde, mas confortável. Tenho amigos (e aí entra a parte do “assim como você” mais uma vez), e claro, vizinhos chatos. Estudo numa escola pública onde a galera da minha sala, 3º ano turma A, é verdadeiramente unida.

Ah, sim, você quer que eu diga por que me chamam de “o cara”. Só por que eu já saí com umas... umas trocentas garotas da minha escola. (Isso é uma das coisas que você pode liberar pelos sete buracos do seu rosto sem medo). Eles acham que eu saí.

Quando eu completei meus quinze anos, ainda não tinha beijado ninguém, sério. Eu era um daqueles que chamam de “BV”. Os dias dos namorados eram os piores dias da minha vida. Malditos sejam aqueles 12 de junho que passei vendo todos postarem besteiras e mais besteiras com seus “S2” coraçõezinhos. Recalque, inveja eu sentia.

Não sei se eu queria alguém para amar ou para mudar o meu status do Facebook. Nunca me apaixonei por ninguém até então, e acho que por isso nunca havia rolado nada. Mas as vésperas de todo dia 12 de junho eram totalmente cruéis com a minha pessoa.

As redes sociais passam aquilo de que você só é o fodão se estiver pegando alguém. Desde os primórdios (Orkut) até os dias atuais. Foi por isso que eu, acreditem ou não, mudei meu status de relacionamento alguns dias antes do Dia dos Namorados de 2011. Mesmo sem estar namorando. Sim, pode parecer coisa pouca, mas muita gente saiu curtindo a atividade e perguntando com quem era. Com quem era? Nem eu sabia!

Resolvi fazer um fake pra deixar tudo mais verídico. Criei uma conta falsa no Facebook, peguei uma foto no Google (não uma foto qualquer, pelo menos eu queria uma namorada bonita) e apresentei a Rebeca pra todo mundo. Exagerei um pouco na foto da guria. Eu peguei a foto mais bonita que achei. Era tipo uma garota daquelas que não pisam nem no chão de tão nariz empinado que são.

Disparos de mensagens no inbox só pra perguntar com quem era. Eu mandava o link da conta dela e dizia que era morava numa cidade vizinha e que eu a encontrava nos finais de semana quando (isso é fato) eu ia para a casa da minha avó.

II – EM UM RELACIONAMENTO SÉRIO COM A MENTIRA.

Fim de semana e todos da escola achavam que eu, Lucas, iria até a outra cidade para “pegar” a Rebeca de jeito. Eu ia sim namorar, mas namorar aqueles bolos, doces e tortas que a minha avó fazia só pra mim.

Voltava na segunda-feira e os meus colegas de sala sempre vinham com as mesmas perguntas.

— E aí, cara, tua mãe sabe que tu tá pegando aquela gostosa?

Quisera eu ter namorado todas as garotas que a minha mãe acha que eu namoro. Ter tanto dinheiro que a minha mãe acha que eu economizo, e ser tão inteligente e tão bonito quanto ela acha que sou.

— Óbvio. — menti.

Júnior, esse meu amigo, era xereta. Tão nerd quanto eu, achava que quando uma menina lhe dava um beijo no rosto era um pedido de casamento.

— Vocês já transaram?

Engoli a seco. Fingi que não ouvi. Fingir estar prestando atenção na aula chata de biologia botânica e tentando memorizar aqueles nomes malucos: “briófitas” “pteridófitas”, e todas as outras coisas terminadas em “ófitas”.

— Ei Lucas, responde.

— Pra quê tu quer saber disso, Júnior? — respondi finalmente.

— Sei lá. Tu sai falando pra Deus e o mundo que a Rebeca é isso, aquilo...

Eu? Falando da “Rebeca” por aí?! Com o direito de melhor amigo, posso falar o que quiser dele. Júnior era fofoqueiro. Fazia o tipo Nelson Rubens: “eu aumento, mas não invento”. E como ele aumentava as coisas. Se eu mentisse mais ainda e dissesse que havia transado com a minha “namorada”, seria capaz de ele sair por aí dizendo que ela estava grávida de quadrigêmeos.

— Rebeca é uma menina direita. — respondi para Júnior e voltei a assistir à aula entediante.

Às vezes todas aquelas lorotas me deixavam mal e não me deixavam dormir por peso de consciência. E numa certa noite mesmo, resolvi “terminar” com a Rebeca, excluindo a conta do Facebook dela e mudando o status de relacionamento para “solteiro”. E como escreveu Chris Rock em “Todo Mundo Odeia o Chris”, “o segredo para pegar uma gatinha é pegar uma gatinha”.

III. AGORA RELAXE E COLHA O QUE PLANTOU.

Meu primeiro dia de solteiro incrivelmente foi diferente de quando eu estava “namorando” e principalmente de quando eu fui solteiro pela primeira vez.

Algumas garotas da escola olhavam para mim e davam risadinhas bobas, e eu, não sei por quê, tinha certeza de que não era por causa da minha “ridicularidade” (essa palavra existe, produção?) nerd.

— Eu vi no face dele que ele está solteiro... — disse uma delas.

Eu ouvi bem? Até que ela não era de se jogar fora. Já eu... Eu não tinha moto, não tinha luzes nos cabelos, mas deduzi que a mudança de status no meu Facebook para solteiro aumentou meu sex appeal diante de algumas meninas.

Saí até com aquelas que me faziam “fiu-fiu”, mas na hora de beijar eu era péssimo. Mas aí com muitas, muitas, na verdade com quase todas as garotas da escola. Logo os caras estavam me chamando de “o cara”, meu amigo Júnior super recalcado por eu ter o deixado de lado, e as meninas todas falando mal de mim entre si por eu não saber beijar. Mas por que saiam?!

E este foi o meu começo de ensino médio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que gostem da história. Comentários e eu continuo :)