Sonhos do Passado escrita por Aryaah Niss


Capítulo 1
Capítulo 1




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Eu tinha sete anos, não acreditei a principio, e nunca deveria ter acreditado. Era dia 23 de dezembro, estava sonhando acordada como sempre fazia, deitada próximo à árvore de Natal, até minha mãe chegar.
– Mamãe, eu fui boazinha esse ano? Será que vou ganhar presentes? – tinha um turbilhão de perguntas para fazer, mas me restringi a apenas essas. Com um longo suspiro, minha mãe começou.
– Acho que você já está grandinha, já posso te contar... – minha mãe falou sem muitas cerimônias, não entendia o que ela estava querendo dizer, até ela continuar. – Sabe Livy, o papai Noel ele não existe. – olhei-a imóvel, as perguntas em minha mente haviam sumido provavelmente junto com minha cor e com o próprio papai Noel.
– Claro que existe, mamãe, eu escrevo as cartinhas todo ano para ele, lá no polo Norte. – tento explicar o inexplicável.
– Não são enviadas, eu as guardo nas caixas de recordações. – minha mãe falava pacientemente, esperando alguma reação minha. Que não veio tão rapidamente.
– Mas então, por que vocês adultos mentiam? – nesse momento lágrimas caíram de meus olhos, e no meu peito, um sentimento de traição. – Para fazer com que eu me comporte? – Como se eu fosse desobediente e malcriada, não precisava disso para me fazer ficar comportada. As lágrimas pararam e a indignação surgiu em meu olhar.
– Não, minha linda, é algo natural. – dizia, mas eu não acreditava naquilo, deveria ter algum motivo, não é natural mentir. – Eu também acreditava, seu pai, todos um dia acreditam, é a inocência, queremos preservá-la o máximo possível.
– Poxa, só falta me dizer que o coelhinho da páscoa não traz os ovinhos e a fada do dente é uma borboleta e não uma fada. – falei emburrada.
– Na verdade... – começou, sem graça e tentando encontrar palavras para me explicar.
Não acreditei, pelo menos nos primeiros cinco meses, mas no colégio meus colegas já não acreditavam nisso, e riam de mim quando dizia que ele existia e que tudo aquilo era uma mentira inventada pelos adultos. Mas não fazia sentido eles mentirem sobre a inexistência de alguém importante... Também não fazia sentido eles mentiram sobre sua existência. Mas no fim, fui obrigada a entrar naquele mundo descrente de tudo e sem esperanças.
Desde aquele dia, até a chegada dos meus 14 anos, passei desiludida com o mundo em que vivia, aquele especial o qual acreditava antes havia sumido, junto com o papai Noel no dia em que me foi contado tudo aquilo. Eu já era uma 'mocinha', não poderia acreditar nessas coisas como não poderia voltar às brincadeiras de boneca e bola, agora tinha que me preocupar com coisas de 'adultos'. O que, sinceramente, era muito chato.
Amava aquele sonho distante o qual acreditava em um dia passear montada à uma rena, ou no trenó sentada ao lado do bom velhinho, que naquele momento era inexistente, até aquele Natal...
Estava dormindo calma e confortavelmente em minha cama, quando ouço alguns ruídos vindos da janela, mas imagino ser o vento e logo pego no sono novamente. Outro ruído e viro para o outro lado cobrindo minha cabeça com o cobertor, mais um e outro e muitos ruídos, me fizeram levantar do quentinho de minhas cobertas e chegar à janela, para fechar a cortina que tinha esquecido aberta. Mas antes de fechar, avisto uma pequena sombra estranha que me fez voltar a abrir a cortina que acabara de fechar instintivamente, olho para os lados e não via mais nada. Só minha imaginação, apenas isso.
Volto à minha cama e escuto novos ruídos e acabo me enfiando cada vez mais nas cobertas, amedrontada, seriam fantasmas? Talvez o fantasma do Natal... Eu acreditava nisso quando era criança. Volto minha atenção à janela e sigo novamente até ela, abrindo a cortina e deparando-me com uma pequenina figura de orelhinhas pontudas e gorrinho verde com uma miniatura de guizo na ponta.
A criaturinha entra em meu quarto sem precisar de convites e logo vai remexendo em tudo a sua frente, bagunçando tudo em meu quarto, até meu guarda-roupa o pequenino invadiu.
– O que é você? – perguntei observando-o irritada.
– Livy, onde ele está? – perguntou o pingentinho de gente, que me conhecia de alguma forma.
– Como você sabe o meu nome? – perguntei perplexa.
– Você não se lembra de mim? – perguntou sem me responder.
– Como é que é? – estava prestes a jogar aquela coisinha para longe do meu quarto pela janela.
– Sou eu... – disse olhando-me entristecido. – Reddah!
– Desculpe, deve haver algum engano, você deve estar confundindo a Livy. – proferi, virando-me para empurrá-lo janela à fora.
Mas aqueles grandes olhões inocentes e tristonhos me fizeram estremecer com uma súbita lembrança, mas que logo se apagou sem deixar rastros. Não pude colocá-lo para fora, aqueles olhos pidões não me deixaram fazer isso, simplesmente coloquei-o em cima da minha bancada onde estavam diversas folhas e sentei-me na cadeira, ficando relativamente em uma altura confortável para conversarmos.
– Me diga, pequenino, de onde você acha que nos conhecemos? – proferi.
– Livy... – via em seu rosto, que estava decepcionado por não me lembrar, ele chegou mais perto e citou. – Você esteve conosco durante um Natal, quando você era pequenininha, pouco maior que eu.
– Desculpe, gnominho, mas não deve ter sido eu. – mais um lampejo veio em minha mente, fazendo-me ficar tonta, e ao que parece o pequeno gnomo percebeu.
– Tudo bem? – perguntou mudando sua feição para mais preocupado. – Por que será que você não lembra? Deixou de acreditar? – perguntou quase que para si mesmo.
– Ainda não compreendo o que está falando, mas o que veio procurar no meu quarto? – voltei a minha razão.
– O papai Noel, é claro! – falou como se fosse óbvio. – Mas se ele não está aqui e nem com o neto Noel, então ...
– Papai Noel e neto Noel? Do que você está falando? – perguntei incrédula, isso só poderia ser um sonho louco, não é possível que eu esteja falando com um ser de trinta centímetros sobre o papai Noel e sua família, louco de mais para minha mente.
– Você também não se lembra do Henry? – ele arregalou os brilhantes e grandes olhos perolados.
– Quem? – perguntei, sabendo que ele não se referia ao meu vizinho. – Meu vizinho se chama Henry, mas acho que não é dele que você está falando.
– Certo, vejo que você realmente deixou de acreditar. – citou, pensativo, para si mesmo. – Então irei te recordar. Venha, preciso de sua ajuda novamente! – e ele salta a janela com uma facilidade incrível.
Ele queria mesmo que eu descesse a janela do segundo andar pulando? E ainda, de pijamas de ursinho... panda?! Sair no meio da rua seguindo um gnomo de trinta centímetros com um guizo tilintando em seu gorrinho verde e ainda em meus trajes de dormir... Nem em sonho!
Ele me encarou, pedindo para eu acompanhá-lo, eu neguei e apontei para a minha roupa e para a altura da janela. Logo, ele surge novamente em meu quarto e citando já impaciente. O que tinha de baixinho tinha de irritadinho?!
– Ande logo, vista-se e vamos. – falou como se fosse simples, eu tecnicamente estaria 'fugindo de casa'. – Eu ajudo você a pular, ou quer que eu chame Vixen ou Rudolph? Se bem que Rudolph agora deve estar com Henry. – Ele falou pensativo, enquanto botava a cabeça para fora da janela e levava sua mão à boca assobiando.
Logo em seguida, surgiu de uma nuvem uma rena, eu só posso estar delirando, era uma rena, uma de verdade. Como isso era possível? Muito simples, isso com certeza era um sonho, um gnomo, uma rena, papai Noel e esse 'neto' Noel, eu deveria estar assistindo muitos filmes de Natal. Mas já que aquilo tudo era um sonho, é melhor eu seguir o pequeno Reddah, não faria mal, nesse momento meus pais deveriam estar dormindo como eu e se eu quisesse voltar era só acordar.
Peguei a primeira roupa quentinha que vi em meu guarda roupa, meu casaco no cabideiro e meu celular por instinto e subi em minha bancada, pondo minhas pernas para fora da janela aguardando a rena marrom claro com pequenas manchinhas escuras nas costas, onde saltei, subi e agarrei-me nas rédeas firmemente com medo de cair olhando para o chão desolada até sentir o pequenino que pulara em minha frente em um piscar de olhos, puxando as rédeas de minha mão e fazendo sinal para que a rena seguisse caminho.
– Para onde estamos indo? – perguntei exasperada, mas admirando a altitude abaixo de mim.
– Vamos nos juntar a Henry, ele está preocupado com o senhor Noel. – falou simplesmente.
– E onde seria isso? – volto a perguntar.
– Lapônia, na Finlândia. – falou encarando-me. – Você realmente não se lembra. – ele falou para si mesmo.
– Finlândia? E o Polo Norte?
– Polo Norte? Lá nem tem renas... – proferiu entediado. – Você acredita mesmo nessas lendas? – revirou os grandes olhos perolados.
– Então, não é no Polo Norte o esconderijo do papai Noel? – muitas perguntas surgiram em minha mente naquele momento.
– Claro que não, lá só tem ursos polares. – manteve sua atenção ao céu estrelado à frente. – As renas mágicas se concentram na Finlândia. E você já foi na Vila Secreta, e sabia muito bem onde ela ficava.
– Ah... Claro.
Nesse momento Vixen dá um impulso, ganhando mais velocidade, passando por entre prédios e postes tão rápido que não era possível ser vista por uma pessoa normal. Me agarro cada vez mais a rena, que ia cada vez mais rápida.
Estava tonta quando ela foi diminuindo a velocidade e descendo das nuvens de encontro ao solo, onde se encontravam muitos pinheiros já brancos por conta da neve e o céu começava a ganhar um colorido em meio à escuridão da noite devido a Aurora Boreal que se finalizava em um canto escondido pelos pinheiros.
Vixen andou devagar até o lugar sem a luz da Aurora e passou por entre as árvores até chegar em um outro ambiente, iluminado por postes acessos com velas brancas formando um caminho até uma grande casa que parecia mais um castelo com as paredes de madeira avermelhadas com o telhado branco por causa da neve e alguns pinheiros atrás.
Sai de cima da rena em um salto, logo atrás de mim desce o pequeno gnomo, e Vixen segue em direção às outras renas, se ajeitando em meio à relva. Na entrada da grande casa dizia: Aldeia de Saint Claus.
De dentro da grande porta escuto uma voz irritada, seguindo de alguns lamentos do próprio e algumas reclamações, parecia totalmente descontrolado. Mas por algum motivo aquela voz rouca e mal-humorada era muito familiar aos meus ouvidos, só não me lembrava de quem pertencia. Mas não tardou muito para que eu descobrisse que essa voz pertencia a um garoto alto de cabelos mais escuros do que o próprio breu da noite que fazia, aparentava ter 16 anos, não sorria, no lugar do sorriso levava um rosto impaciente. Por intuição, desconfiei que esse fosse o Henry, ou também conhecido pelo pequeno gnomo como 'neto Noel'.
– Estive te procurando por todos os cantos, Reddah. – sua voz se tornou furiosa, sem notar minha presença ele continuou com seu pequeno sermão. – Sabe que desde que meu avô sumiu estou tendo que tomar conta das coisas aqui, mas está uma loucura, temos que encontrá-lo antes do Natal, ou tudo sairá um desastre!
– Por isso eu trouxe reforços! – Reddah parecia satisfeito com alguma proeza, mas nesse instante senti olhos frios se direcionando para mim e orbes negras me fuzilando rapidamente. – Viu, eu sabia que ia gostar!
– E no que a Livy poderia ajudar? – disse irônico, aparentemente me conhecendo. Por que eu sentia que algo estava faltando em minha memória.
– Como você sabe o meu nome? – peguntei ainda cheia de dúvidas. Ele me encarou, mudando a feição carrancuda para uma cheia de preocupações.
– O que aconteceu com ela? – ele se direcionou para Reddah, que não teve tempo de responder, já que nesse momento um grupo de gnomos pouco menor que Reddah veio gritando em minha direção, animadamente.
– Liv, que bom que você chegou! – falou um com as roupinhas vermelhas sujas de graxa. – Lembra-se de mim? Sou Tifill que cuida do trenó.
– E eu, e eu...– falou animadamente uma gnominha com um avental branco por cima das roupas vermelhas. – Sleeda, que ajuda na cozinha.
Não conseguia me lembrar, estava confusa, mas por algum motivo, feliz. Estava me sentindo em casa, era animado e familiar, com cheiro doce de biscoitos de gengibres saídos do forno.
– Já chega! temos muita coisa para fazer enquanto o vovô não está! – afirmou Henry. – E tenho que descobrir onde ele está o mais rápido possível, ou esse Natal acabará mal!
Senti um arrepio ao ouvir o final da frase, mas não falei nada, simplesmente o segui para dentro da aldeia de Saint Claus e me surpreendi com o tamanho do lugar, era imensamente grande onde todos cantarolavam enquanto trabalhavam. Não via brinquedos como imaginava, mas o centro era limpo e livre de qualquer objeto, deixando o espaço vazio para os gnomos andarem serelepes levando sacolas e carrinhos de mão verdes e vermelhos de uma porta à outra.
Henry não pronunciou uma palavra até chegarmos em um escritório espaçoso e cheio de vidrinhos não identificados em uma estante que cobria todas as paredes da sala. Ele parou do outro lado da escrivaninha e sentou-se na cadeira, sentei-me a sua frente, observando os milhares de papéis bagunçados na mesa.
– Isso tudo é uma loucura, Reddah não deveria ter te trazido para cá nessa situação. – ele falou, organizando alguns papéis e grampeando outros. – Você até já se esqueceu. Mas fez isso mais rápido que eu imaginava.
– Não entendo o que todos falam sobre me conhecer, se não me lembro de vocês. – falo enquanto ele me observa. – Mas mesmo não me lembrando, não significa que não possa ajudar. – Desabafo revoltada.
– Não estou te proibindo de ajudar, só... – ele parece entristecer por um segundo, mas logo volta à sua casca congelada. – Devo admitir, me incomoda você ter se esquecido de mim.
Me surpreendo com suas palavras, afinal, ele não é esse ser de coração congelado que pensava, talvez exista calor no fundo daquelas profundas orbes negras. Reddah chega com outro vidrinhos igual aos que já estavam nas prateleiras.
– Essa é a mais nova criação do Tutur. – pronunciou cantarolando. – Me parece mais resistente que as últimas tentativas.
– Que você esteja certo, não consigo mais com isso, o vovô tem que voltar logo ou o Natal será desastroso. – Reddah nos olha curioso.
– Não será desastroso se trabalharem juntos! – Reddah falou saindo da sala como se não tivesse dito absolutamente nada.
Henry me encarou por um tempo, até que pareceu tomar uma decisão.
– Certo! – pronunciou. – Se é a única escolha, então, preciso de sua ajuda. – disse por fim.
Enquanto ele me contava algo sobre o sumiço do avô, avisto algo branco pousar na janela aberta, era branco e brilhava, minha atenção se desviou das palavras do menino e seguiram em direção ao pequeno brilhinho natalino. Segui até a janela, e Henry seguiu meus passos com os olhos observadores, já não tão frios como antes, até encontrarem o brilhinho que quando vejo mais perto, era uma borboleta branca que logo se transformou em um pequeno bilhete que dizia: '' Lugar dos mitos''
– Essa letra... – ele analisava as palavras cuidadosamente. – É do meu avô!
– Lugar dos mitos? – perguntei.
– Me parece uma senha, mas se está em senha... – nos entreolhamos em concordância.
– Porque ele está em perigo. – finalizei.
– Mas onde seria esse lugar? – ele olhou novamente o bilhete antes de se desfazer por completo.
– No Polo Norte! – falei, lembrando-me de minhas crenças.
No mesmo instante Reddah entra alegremente trazendo uma pulseirinha com um guizo, ele para em frente a mesa e fica nos observando com um rosto duvidoso, se ergue sobre uma cadeira e me entrega a linda pulseirinha, prendendo-a em meu pulso.
– Ficou linda a minha adaptação do guizo para você, Livy!
– Você pode chamar as renas com o guizo. – explicou Henry olhando a pulseira.
–Geralmente quando estamos distantes delas, elas não escutam os nossos assobios, por isso os nossos guizos. – disse ele apontando para o pequeno tilintar na ponta de seu chapeuzinho.
– Reddah, chame Alabaster, Evergreen, Tutur, Pepper e Shinny, por favor. – pediu urgentemente, mudando rapidamente de assunto. Reddah assentiu e rapidamente já estava fora da sala. – Então essa é a única pista que temos?
– Sabemos que está no Polo Norte, mas por que, ou por quem? – ele olhava a mesa buscando palavras que não lhe vinham.
– Os gnomos foram me procurar hoje cedo, todo Natal eu ajudo o meu avô nas entregas e na área científica também, por isso eu fico aqui desde o início de dezembro, apesar de você já saber isso, provavelmente não se lembra... – ele continuou, mas lampejos vieram a mente, mais claros que os outros, porém com a mesma velocidade se foram. – Hoje amanheci com Reddah e Pepper em meu ouvido gritando, dizendo algo que não entendi logo, eles me trouxeram pra cá, estava uma bagunça sem fim, algumas poções haviam desaparecido junto com meu avô, entrei em desespero, mandei Reddah e o esquadrão da lista vasculharem as áreas do mundo, mas não encontraram nada, foi aí que Reddah me disse que tinha um plano, só não me disse qual era, e talvez seja por isso que você esteja aqui.
Depois de tamanha explicação, Reddah aparece com mais cinco gnomos atrás dele, provavelmente eram Alabaster, Evergreen, Tutur, Pepper e Shinny. Por algum motivo eu sabia exatamente quem eram todos eles, por mais que ninguém tenha dito. Alabaster tinha cabelos ruivos e era pouco menor que Reddah, apesar de perecer mais forte e mantinha um rosto um pouco carrancudo e de poucos amigos, intuitivamente eu soube que ele era o organizador da lista negra. Evergreen mantinha longos cabelos castanhos com grandes e inocentes olhos roxos, ela levava ao topo do chapeuzinho, além do guizo, umas flores da cor de seus olhos, era a organizadora chefe das poções. Tutur parecia mais velho, com alguns fios grisalhos em meio ao castanho claro de seu cabelo, usava barba já quase toda branca, e um pequeno óculos redondo, dendo a ele um ar mais velho ainda, ele ajudava Evergreen no laboratório, e era o criador das poções. Pepper era bem pequeno, o menor de todos, tinha um ar delicado de criança, apesar de não ser uma, seus cabelos cacheados e loiros lembravam-me um anjinho, ele era o guardião dos segredos da vila, e secretário chefe do papai Noel. Shinny era um pouco mais alta que os demais, levava consigo um avental e umas folhas de papel, era responsável chefe pela manutenção, e todos os cuidados com trenós.
Estavam presentes todos os chefes de todas as áreas de serviços de Saint Claus, inclusive Reddah, que era o chefe do esquadrão da lista, seu serviço era fora da vila, mas de suma importância para ela. Todos estavam preocupados, mas ainda assim, via-se esperança em todos os redondos e grandes olhos dos gnomos. Henry fazia seu papel como representante do avô, via-se um grande chefe da aldeia, e todos ali, por mais velhos que fossem, o respeitavam como tal.
– Reuni a todos aqui, por causa de um bilhete que recebi, recebemos. – ele se corrigiu, me pondo a seu lado. – Dizia 'lugar dos mitos', Livy supos que seria...
– O Polo Norte. – Reddah e eu completamos em uníssono e todos assentiram.
– Então, preciso da ajuda do esquadrão da lista, Reddah, quero que todos vasculhem a área do Norte, em cada buraquinho existente e Tutur, consegue fabricar todas as poções para o Natal e me dá uma força com as de amnésia e sono? – perguntou formulando um plano em sua mente.
– Claro, jovem!
– Perfeito! Pepper fica responsável pela vila enquanto estivermos fora e Shinny, vou levar Rudolph e Vixen, tudo bem?
– Mandarei celá-los, menino Noel!
Nesse meio tempo, começou uma grande movimentação, Henry me levou para perto das renas que mantinham-se limpas e organizadas em suas baias, polo visto Shinny as deixava sempre limpas. Seguimos até Vixen e Rudolph que já estavam com as celas e montamos, seguindo até o portão da vila e eles começaram com suas mágicas, Rudolph com o nariz vermelho piscando estava na frente com Henry voando acima das nuvens calmamente a norte, Vixen estava pouco atrás seguindo-o, comigo montada as suas costas. A princípio estávamos indo lentamente, mas logo o voo se tornou uma corrida entre as renas, que voavam a uma velocidade que não deixava ver as cidades abaixo. Pareceu que apenas em alguns segundos já estávamos no Polo Norte, o vento estava cortante, lastimava meu rosto como pequenas agulhas, por sorte estava bem agasalhada, mas mesmo assim ainda podia sentir o frio. A velocidade das renas foi diminuindo, e a imagem branca da neve abaixo de mim foi ficando mais visível, com a luz da lua iluminando o caminho branco.
– Por onde vamos? – perguntei inocente enquanto Henry descia de Rudolph e olhava em seu relógio.
– Aguarde e vará, Reddah já deve ter feito o que eu pedi! – Reddah surge instantes depois do anunciado trazendo outros dois gnomos da equipe, chegaram mais perto e entregaram a Henry coordenadas. – O que tem nessas coordenadas?
– Uma suposta fábrica de brinquedos, dizendo que era lar do senhor Noel e provavelmente seu avô se encontra ai, apesar de não tê-lo visto por janela alguma, o único que eu vi foi um homem de cabelos ruivos, desgrenhados relativamente baixo para um humano e com umas grossas sobrancelhas e sardas. – nos informou.
– Muito bem, Reddah, lembre-me de te dar uma medalha! – alegrou-se, abraçando o pequeno gnomo com força.
– Obrigado, mas v-você e-está me s-sufocando... – conseguiu pronunciar, enquanto Henry o soltava satisfeito.
– Vamos, Henry! – puxei-o na direção Norte, tentando entender aqueles números sem sentido para mim.
– Hey, Liv... – me chamou calmamente com um sorriso convencido. –... É para o outro lado!
– Como eu havia dito, é para o outro lado! – brinquei, enquanto seguíamos às coordenadas ditas por Reddah,que nos seguia, mas logo Henry o mandou seguir para suas tarefas normais, para que nada atrasasse o Natal.
Chegamos até um ponto da neve e avistamos uma casa de madeira, com algumas figuras de biscoitos de gengibre e brinquedos de madeira, supostamente seria ali a 'fábrica de brinquedos' desconhecida que usava o nome do papai Noel, fomos chegando próximo a porta, mas quando Henry ia bater, eu o puxei para a janela, olhando dentro do lugar e avistando uma ampla sala com móveis de madeira avermelhada e uma lareira acesa, havia uma grande árvore de Natal decorada no canto próximo à poltrona, cheia de bolas e luzes, mas não havia ninguém dentro, logo segui na frente, até a porta e conferi que estava aberta, entramos sem fazer ruídos, e seguimos até o corredor com luzes fracas, uma delas piscava, quase falhando. Ao atravessar o corredor, ouvimos paços às nossas costas, provavelmente alguém que estaria do lado de fora regressara, e vinha em nossa direção, troquei olhares silenciosos com Henry, que notou meu desespero estampado no rosto, ele também estava sem saber o que fazer, até encontrar uma pequena porta escondida ao final do corredor, o puxei para o canto da porta e entramos, era um armário, um pequeno armário onde nos apertamos para conseguir nos esconder decentemente.
Vozes soaram do outro lado da porta, estavam bem perto, prendi a respiração tentando evitar o pânico, Henry me segurava firmemente com seus braços ao redor de minha cintura e sussurrou em meu ouvido, tão perto que podia sentir seu coração tão disparado quanto o meu.
– Pode respirar, eles não irão nos escutar. – me senti mais confiante para votar a respirar normalmente. – Eles estão falando alguma coisa do meu avô!
Não dava para escutar muito bem, mas com o tempo nossos ouvidos foram se acostumando ao silêncio e conseguimos ouví-los, eram duas vozes, uma mais grave e a outra mais tensa e rouca, aparentemente com traços de receio.
– O que vamos fazer agora que o temos? – perguntou a voz rouca.
– Agora eu quero ver as crianças me amando, por dar presentes de verdade à todas, sem restrições! – disse a voz mais grave, pela fresta da porta deu para ver que a grave voz pertencia ao ruivo pelo qual Reddah caracterizou. O outro era um anão, deveria ter um metro com cabelos castanhos escorridos , seu rosto tinha alguns buracos e a pele parecia grossa. – Temos que arrancar a fórmula das poções do velho, para nos livrarmos logo dele, Rodney já chegou?
– Ainda não, ele está lá fora com os recrutas, para que tudo saia perfeito amanhã!
– Quando ele entrar mande-o cuidar do velho e faça-o falar logo as fórmulas. Já estou perdendo a paciência. – dizendo isso, foi finalizado a conversa e eles seguiram para a porta ao final do corredor.
Henry parecia calmo e paciente, o contrário dos meus sentimentos, que eram totalmente caóticos. Ao sairmos do armário escutamos alguns gritos abafados vindos da porta ao lado, abrimos devagar, com receio do que estaria ali, mas só vimos escuridão e uma escada, descemos e seguimos por outro corredor, mais sombrio e escuro. Ao chegarmos ao final dele haviam três portas, os gritos já haviam cessado e então entramos na primeira que vimos, e nos surpreendemos com a quantidade de brinquedos existentes naquela sala, tinha desde bonecas de porcelana até aviões de madeira, todos muito bem planejados e artesanais.
– Quem é esse cara? – Henry estava boquiaberto com tudo aquilo, a sala era imensa, e tinha uma eternidade de brinquedos, era incontável. – Algum tipo de louco psicopata?!
– Provavelmente... – saímos da sala rapidamente sem fazer ruídos, e nos dirigimos a porta seguinte, em frente a que estávamos.
E mais uma vez era impossível acreditar no que os olhos nos mostravam, era literalmente uma fábrica, não havia ninguém ali, mas provavelmente haviam estado dezenas de pessoas trabalhando na montagem de todos aqueles brinquedos a algumas horas atrás.
– Bem, já sabemos parte do plano dele. – falei, lembrando-me da conversa que havíamos escutado instantes antes.
– Destruir o verdadeiro Natal só para ser o juiz das crianças? – perguntou sarcástico. – Esse cara é louco, meu avô nem julga ninguém, com certeza ele não sabe o significado do Natal!
Saímos novamente daquela porta e seguimos para a última, onde provavelmente estaria o dono dos pedidos de ajuda que ouvimos anteriormente, abrimos a porta de cor acinzentada e nos deparamos com aquele que estávamos procurando.
– Vovô! – Henry foi rapidamente até Noel e desatou as cordas que estavam atando seus braços e pernas, tirando a mordaça que deixava sua voz abafada.
– O senhor está bem, papai Noel? – perguntei, ainda estática no batente da porta.
– Você veio, minha querida, a quanto tempo não nos vemos! – citou ele ao longe.
Mas não demorou muito para braços fortes me puxarem da porta, senti-me sendo jogada contra a parede ao lado da porta, era o ruivo que havia voltado, e estava parado onde eu estava anteriormente, agora me encontrava sobre o chão empoeirado e sujo, olhando-o incrédula. Seu rosto não me parecia amistoso, mas logo o anão apareceu a seu lado, e ajudou-me a levantar, seguindo novamente ao lado do outro.
– Menino Christopher, por que está fazendo isso? – Noel perguntou sem entender.
– Você sabe muito bem! – disse quase que cuspindo. – Sempre esperei o senhor, e nunca recebi o meu presente, e eu não era uma criança má!
O rosto do ruivo me pareceu distorcido por alguma lembrança fria de seu passado, mas logo voltou a transparecer raiva. O anão se aproximou tentando acalmá-lo, mas ele parecia não enxergar ninguém ao seu redor, apenas o senhor Noel.
– Estou esperando até hoje o trenzinho que pedi desde os meus cinco anos, e nunca o recebi. – explicou carrancudo. Agora entendia o que estava acontecendo, Christopher tinha um trauma desde a infância, por nunca terem ensinado a função do bom velhinho a ele, logo ficou guardando o rancor desde sua imaturidade atá os dias de hoje.
– Meu filho, você deveria saber que eu não entrego brinquedos, tudo isso é uma lenda... – Noel foi sincero, contava tudo sobre os brinquedos e que tudo era lenda, como a história dele morar no Polo Norte. –... Eu presenteio a todos, não apenas as crianças, mas também adultos e idosos com a união e esperança, os potes que você pegou, além da amnésia e os de cura, existem outros que são criados e fabricados em grande escala especialmente para o Natal,eles são os sentimentos de paz, esperança, compreensão, que sentimos apenas nesse dia do ano. É nesse dia que, quando o mundo está em guerra, é levantado a bandeira branca para manter a paz apenas nesse dia, todas as brigas somem apenas nesse dia todos tem seu período de união e amizade até com os inimigos.
Christopher parecia não entender muito bem, mas o anão Wunorse começava a compreender e a seguir em nosso lado. Foi quando uma voz grave e estrondosa soou atrás do ruivo de grossas sobrancelhas, um homem alto, forte, de aparência desleixada, surgiu ao lado do outro, também era ruivo, porém era bem maior que Christopher.
– O que está acontecendo? – perguntou totalmente em fúria. – Invasores, Christopher, por que não me chamou?
Rodney seguiu adiante para nos atrapar, mas sem sucesso, já que Wunorse se meteu no meio e apesar da baixa estatura, era mais forte e flexível do que aparentava. A guerra rendeu longos hematomas em ambos, mas foi Christopher quem parou com a guerra sem sentido de anão e gigante.
– Rodney, céus, e eu pensando que havia sido uma criança cruel por tudo o que me disse, nada disso era real! – afirmou pensativo e duvidoso. – Então, isso tudo não faz sentido, nunca o fez.
– Irmãozinho idiota, sempre fez sentido... – Rodney virou-se ao irmão encarando-o friamente. – Esse velho já passou do tempo, não acha que é melhor outro cuidar do legado dele, e é claro, fazer melhorias? – o ruivo gigante estava totalmente fora de controle, já estava indo para cima do irmão quando me meti no meio.
– Não ouviu o seu irmão? – perguntei furiosa olhando aqueles olhos carmesins sem piedade. – Tudo que vocês acreditavam era lenda, apenas lenda. Nada disso existiu, Noel não esqueceu de vocês, pelo contrário, vocês foram os que perderam a fé!
Houve-se uma pausa, seguida por frases revoltadas de Rodney, ele sabia, desde o início ele sabia a verdade, só queria o poder de Noel e logo fez com que o irmão acreditasse que tudo não passava de um julgamento errado feito pelo próprio papai Noel. Ele saiu do quarto enfadado e exasperado, fechou a porta com força, Henry correu atrás dele, mas já era tarde, estávamos trancados dentro do enorme quarto.
– Temos que sair daqui logo, precisamos salvar o Natal. – Henry gritou esmurrando a porta, mas não funcionou, não encontrávamos saída.
Tínhamos que esperar. Enquanto Christopher se desculpava com Noel, Wunorse tentava abrir a porta com meu grampo, sem muito sucesso, Henry estava andando de um lado para o outro, e eu tentando acalmá-lo. O tempo foi correndo e eu estava cansada, era muita coisa para apenas uma noite, acabei pegando no sono, e ao abrir meus olhos já estava em casa.
Henry aparentava ter nove anos e brincava no trenó do avô, enquanto Noel se mostrava preocupado com o trenó estacionado em meu jardim. Aproximei-me, notando que meu tamanho tinha se reduzido ao de uma criança de sete anos, Noel olhou-me assustado, provavelmente eu não deveria estar ali, era meia noite e eles estavam atrasados na entrega, Henry me olhou estranhando minha presença, como sempre um pouco mau-humorado.
– Você deveria estar dormindo, doce criança. – Noel pronunciou.
– Quer ajuda, papai Noel? – ofereci, inocentemente.
– Ora, criança, aceitaria com o maior prazer, mas está na hora de você dormir.
– Ele também é criança e está acordado. – comentei apontando ao moreno que olhava-me sem cessar.
– Mas eu sou ajudante oficial do vovô! – afirmou, formando um bico emburrado nos lábios.
– Se bem que estamos atrasados e o trenó está com problemas, talvez eu aceite sua ajuda, minha doce. – Noel se pronunciou, enquanto surgiam os gnomos do esquadrão, para ajudá-lo também. – Enfim chegaram, Reddah, vamos ter uma ajudante especial hoje.
– Olá, Livy, como está? – o gnomo Reddah perguntou. – Eu vigio a sua casa vez ou outra, só para conferir que todos são amáveis com todos.
O sorriso de Reddah era contagiante, ele me ajudou a montar em Vixen enquanto Henry montava Rudolph e seguíamos jogando o pozinho mágico da união e esperança em todas as casas, sem exceção. O trabalho foi longo, mas a velocidade das renas e o fuso-horário nos ajudou, logo havíamos terminado e estávamos na aldeia comendo biscoitinhos de gengibre quentinhos servidos por Sleeda e Henry em tão pouco tempo já havia virado um grande amigo, apesar do mal-humor e da tensão que houve entre a gente a princípio.
Acordei com um toque delicado em meu ombro, seguido por outro não tão delicado assim, era um sonho, não, era uma lembrança! Henry me chamava e mandava acordar, Reddah se encontrava dentro da sala, eles haviam chegado a tempo, agora precisávamos ir procurar Rodney e alcançá-lo antes que ele estragasse o Natal.
– Não se preocupem com meu irmão, eu cuido dele! Sigam para as entregas, ou irão chegar atrasados. – Christopher realmente havia se arrependido e agora fazia de tudo para nos ajudar.
Henry olhou o relógio e entrou em colapso tocamos os guizos e logo Rudolph e Vixen já estavam ali, a nossos lados. Reddah e os outros do esquadrão já haviam partido, afinal o trabalho já estava se atrasando, já eram meia noite em um lado do mundo e teríamos que nos adiantar. Noel subiu agilmente em Dancer e seguimos até a aldeia de Saint Claus, ao chegarmos,fomos recepcionados por todos os chefes que se adiantavam com seus trabalhos já prontos nos dando listas,poções e pozinhos. Na lista entregue por Alabaster, haviam horários e localizações, em coordenadas, é claro, teria que aprender melhor sobre isso ou me perderei sempre. Evergreem e Tutur nos entregou as poções e pós, haviam desde as poções de amnésia, até pós da união.
E fomos, eu e Henry por uma localização, Noel e Reddah por outra para adiantarmos o serviço. Logo, com toda a rapidez das renas, já havíamos presenteado todas as casas do leste do globo. agora chegávamos perto da aldeia, seguímos até ela para dar de água às renas e um pequeno lanchinho feito por Sleeda para a gente, senti um certo romance entre a gnominha cozinheira e Reddah, mas quando perguntei ele se envergonhou e negou, eles formavam um lindo casal.
Depois do descanso, fomos ao lado oeste do globo, já estava perto da minha casa e provavelmente minha mãe estava preocupada pelo meu sumiço no meio da noite, mas deve ter pensado que estivesse na casa da minha avó, afinal já haviam se passado um dia inteiro, por conta dos fusos horários e as entregas dos presentes.
Ao chegarmos em minha cidade, fui em direção a minha casa enquanto jogava felicidade e harmonia nas outras casas, ao chegar na minha, pausei Vixen em cima do telhado, com receio de que alguém estivesse acordado. Henry chegou ao meu lado, carinhosamente se aproximou de mim e pousou sua mão em meu rosto.
– Você foi bem, o Natal fica bem melhor quando você ajuda! – afirmou, fazendo-me recordar o sonho que tive mais cedo.
– Eu lembrei, foi no Natal quando eu tinha sete anos, quando minha mãe disse que Noel não existia. Eu lembrei! – disse animadamente, esperando uma reação positiva dele, mas não foi o que aconteceu, seu rosto estremeceu e me pareceu triste. – O que foi?
– Desculpe! – ele pediu simplesmente. Não entendia essa reação, esperava alegria vindo dele. – Agora, você tem que entrar, e aqui está, para você! – dizendo isso ele me abraçou e beijou minha testa, antes de soprar o pozinho em meu rosto.
Acordei com a minha mãe me chamando, olhei para os lados procurando Reddah ou Henry, mas o único que vi foi a mobília do meu quarto e minha mãe parada na porta. Eu dormia? Era tudo um sonho? Um sonho de Natal?! Me entristeci ao pensar que novamente tudo não passava de um sonho.
– Livy, você esteve na casa da sua avó ontem?! – minha mãe pergunto retoricamente. Não me lembrava de ter ido na casa de minha avó no dia anterior, mas não fazia sentido eu ter passado o Natal com Noel ou seu neto. Simplesmente afirmei com a cabeça e tentei me lembrar da noite anterior, mas nada vinha na cabeça. – Venha logo ou o café irá esfriar.
Ainda confusa, concordei e segui para o banheiro, um banho iria me ajudar a raciocinar direito. Mas não funcionou, depois do banho, tudo pareceu igual na minha mente, algo martelava duramente contrariando minha razão. Mas foi quando algo me recordou a noite anterior, uma pulseira dourada com um guizo estava imóvel em minha bancada, onde anteriormente um simpático gnomo ficara para explicar-me sobre o sumiço de um certo pai Noel. Aproximei-me e um sorriso alcançou meus lábios, o pó jogado anteriormente era amnésia!
Cinco anos se passaram desde esse dia, não havia esquecido minha aventura de Natal, mas não contara a ninguém sobre ela, caso contrário iria ser considerada louca, mas meu guizo nunca saiu de meu pulso. Eu havia me mudado para a Finlândia nesse último ano, por causa dos estudos, mas não esperava encontrá-los, até esbarrar em alguma pessoa em minha ida diária a faculdade.
– Desculpa! – pedi, mas ao olhar aqueles olhos negros que ao me ver começaram a brilhar mais do que o natural, meu coração disparou, prendi a respiração, até ouvir sua voz rouca mas dessa vez sem qualquer resquício de mal-humor.
– Pode respirar, eu estou aqui! – ele falou aliviado, passando a mão por meus cabelos e direcionando seus lábios aos meus. E nesse instante entendi que teria que ajudar em todos os Natais de minha vida!



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