Elemente escrita por Luana Yukari
Já era noite do casamento. Geralmente fazemos os casamentos de dia, mas no reino de Wasser, os casamentos só são feitos de noite. Katherine insistiu de fazermos o casamento pelo menos um pouco “Wasser”. Porém, a maioria das comemorações eram originais do reino de Feuer.
Desde que o John descobriu que a Aisha não era o que ele pensava, e ela até foi presa, ele ficou mais meu amigo. Muitas vezes ele vinha me visitar na minha casa, que logo seria ocupada por ele, para me fazer companhia e chorar pela sorte que eu tenho de me casar com uma rainha. Katherine também vinha as vezes, e quando John e ela estavam lá, ela ficava chamando ele de babaca de cinco em cinco segundos.
John estava me ajudando a colocar a roupa cor vinho de casamento. A roupa era uma espécie de túnica de seda, com recortes de triângulo nas mangas. As calças compridas seguiam o mesmo padrão, e os pés não poderiam ficar com sapatos. Nossos casamentos eram feitos em templos de Fénix, ou templos da Deusa Hera ou da Deusa Afrodite. O meu seria em um templo de Fénix.
Era comum as pessoas iluminarem o caminho dos noivos com tochas de fogo até o templo. Todas as vilas tinham contribuído para isso. A Katherine, provavelmente estava sendo guiada por cristais de luz, do outro lado do reino.
Quando cheguei na estrada que vai para o templo, parei e observei como aquele lugar era lindo.
O chão era ladrilhado com várias pedras brilhantes e cristais. A cada passo, meus pés faziam um barulho no piso que parecia música. O fogo dava reflexos maravilhosos nos cristais, e até percebi que foi boa ideia fazer de noite. O fogo não estaria tão bonito de dia. Fiquei tentando imaginar como minha noiva estava agora. Guiada por cristais de luz deve ser até mais bonito que o fogo. Os cristais de luz refletem a luz do sol e a luz da lua, fazendo com que brilhem e iluminem um espaço de 3 metros. Bem mais útil que o fogo, não? E bem mais lindo.
Um senhor de meia idade olhava para mim fixamente. Ele tinha cabelos grisalhos, olhos escuros e um rosto oval. Usava um terno preto que brilhava com a luz do fogo. Ele tinha um cajado cor de fogo, que só os magos mais experientes – e velhos – tem. Não sei porque, mas eu tinha impressão que o conhecia de algum lugar. Mas continuei andando, com o senhor me acompanhando com os olhos.
Quando finalmente cheguei no templo, Katherine estava entrando lá também. O templo tinha várias colunas gregas que iam até o topo, e seu teto era formato V invertido, que tinha vários desenhos de fénix salvando a cidade e afins nos lados. Katherine estava maravilhosa, com um vestido azul sem mangas e comprido, com detalhes parecidos de princesa. Seu cabelo estava preso em um coque, deixando duas mechas do lado das orelhas, trançadas com fitas brancas e azuis. Ela usava brincos de safira esculpidos de modo que pareciam umas penas azuis, e quando andava, percebi que os brincos eram cristais de luz, pois refletiam a luz da lua deixando ela mais brilhante e bonita. Enquanto isso, eu parecia um mendigo pedindo esmola para uma princesa, quando nos damos as mãos e subimos as escadas do templo.
Cristais de luz refletiam as brasas que formavam estradas no centro do templo até o final dele. As pessoas estavam enfileiradas dos lados de fora do templo, esperando silenciosamente a hora em que começaríamos a andar sobre as brasas. Eram quentes e formigava os pés, mas sei que a Katherine estava sofrendo bem mais, porque por onde ela andava, deixava um pedaço de gelo esfriando as brasas. Potes de argila ficavam perto dos cristais grandes de luz, e como eu nunca fui a um casamento, ainda não sabia o que era aquilo.
Quando o caminho de brasas acabou, duas almofadas descansavam no final. Nos sentamos, e uma mesinha de vidro pairava na nossa frente. Colocamos nossas mãos na mesa, e eu coloquei a minha por cima da Katherine. Nesse exato momento, os potes de argila começaram a balançar, e todas as cinzas começaram a se juntar e formar alguma coisa, todas ao mesmo tempo. Apertei a mão da Katherine, e nesse exato momento, todas as fénix abriram suas asas, e todas as brasas começaram a brilhar na direção das fénix. Por fim, tiramos a mão da mesa e as fénix se aconchegaram nos potes de argila. Fomos em direção as brasas, que já não estavam mais quentes, porque parecia que todas as fénix roubaram o calor das brasas. Katherine e eu ainda estávamos de mãos dadas, e quando chegamos na entrada do templo, nos beijamos e descemos as escadas. As pessoas começaram a aplaudir, e quando vi meu dedo, uma marca estava em meu dedo anular, como se eu estivesse usando um anel por anos, e quando finalmente tirei ficou a marca.
Um dia depois, eu e a Katherine estávamos com dois anéis, um de fogo e outro de água, um laço impossível de tirar enquanto o amor não acabasse.
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