Cinco meses. Tinham se passado cinco meses desde que eu chorei a noite toda na minha pequena casa. Um mês, e finalmente, eu iria me casar com a Katherine. Ela vinha me visitar todo final de semana, e nós já éramos melhores amigos e inimigos. Mas fora os vários arranhados e mordidas dela no meu braço – cada uma que me deixava doente por uma semana, e isso porque ela estava me arranhando de um jeito, digamos, carinhoso – não tinha rolado nada. Nem mesmo um beijo. Nada. Não até o dia da traição.

Seria o último dia como capitão. Talvez vocês se lembrem do John, um dos meus soldados. Ele mesmo que ia ser o capitão. Eu estava na minha casa, tentando desesperadamente perder o medo de água (Uma longa história, um amiguinho ou inimiguinho tentou me afogar em um lago, enquanto tomávamos banho. Eu quase morri, e desde então tenho trauma de água.) para poder conviver com a Katherine quando nos casássemos. John bateu na porta da minha casa, quando eu estava lutando para respirar enquanto lavasse meu rosto. Abri a porta, ainda respirando com dificuldade.

— Allan, eu quero te apresentar uma pessoa muito especial para mim.

Coloquei a toalha da qual estava secando o rosto no ombro e olhei para a garota do lado dele.

Era uma loira, toda bronzeada e com um rosto oval. Ela era bonita, não era uma Katherine da vida, mas era bonita.

— Ela é a Aisha. Ela foi criada por uma fênix. E ela é minha noiva.

Assim como as Drakons são criadas por Dragões, algumas das Magas são criadas por fênix.

— Prazer. – Ela disse, meio gaguejando.

Acenei e perguntei para eles se queriam entrar para tomar café ou algo assim. Eles entraram, e quando a Aisha via o meu armário de prêmios, John sussurrou para mim:

— Eu comecei a namorar ela faz um mês, mas eles ficam falando que ela anda com todos os homens da vila dela, a vila quatro. Acho que é tudo papo de invejosos, sabem? Meninas criadas por fênix não traem pessoas.

— Hum, é. Deve ser inveja, mesmo. – Eu disse – Mas, por via das dúvidas.. tome cuidado.

No exato momento que eu disse isso, um dos soldados apareceu e falou que o rei queria ver o John.

E então, a Aisha esticou os braços, se alongando:

— Ainda bem. Eu não aguentava mais bancar a santinha. Sabe, eu ouço muito bem. Eu ouvi vocês falarem.. Bem, é verdade, e também, eu não fui criada por uma fénix.. mas homens gostam de mulheres santas, não é, capitão?

O quê? Então, ela enganou o John?

— Você não devia ter enganado o John! Pode ser presa por isso, e é o que você merece! Termine com ele, Aisha, e volte para sua maldita vila 4! – Eu disse, com nojo e surpresa ao mesmo tempo.

— Own, é bom saber que você está preocupado por eu ser presa, capitão. Eu até poderia terminar com ele, mas a vila quatro é tão chata. Quero ficar com você, capitão. - Ela disse, segurando com a maior força a minha camisa.

E então, ela chegou mais perto e me beijou.

Foi um beijo falso. Um beijo com gosto de nada, um beijo que poderia ser distribuído por aí se alguém pagasse para ela. Um beijo horrível.

E como por mágica, a Katherine apareceu nesse exato momento. É claro, hoje é fim de semana.

— O quê.. Porquê.. O que vocês.. - A Katherine disse, já com veneno pingando das unhas, e uma lágrima caindo do seu olho esquerdo. Acho que é duro ser traida por alguém que você nem mesmo chegou a beijar. Acho que é.