Poseidon se soltou.

Caindo no abismo escuro e sombrio.

Com uma ultima lágrima verdadeira no olhar.

Autora ~ Narradora

Zeus olhou para baixo,depois,correu o olhar até Hades,que estava cabisbaixo. Fungando silenciosamente.

Não demorou muito para entender.

O deus dos raios socou uma árvore,nela,ficou a marca de seu punho.

Perséfone escorou-se na parede,com os olhos fechados,começou a chorar,devagar e baixinho.

O tempo que os três passaram ali,não se sabe ao certo. Nenhum tinha iniciativa de levantar,de seguir em frente. De erguer a cabeça,colocar o elmo ou iluminar o céu com belos e perigosos raios.

Zeus fechou os olhos por um instante. Lembrou-se de Poseidon o perseguindo com um balde cheio d’ água salgada,dele se agarrando a uma almofada de Hera numa noite de filmes de terror.

O deus dos raios sorriu. Mais lembranças começaram o atingir como socos,que ele não sabia revidar.

Lembrou-se das brigas dele com Atena,que animavam o conselho,lembrou-se na felicidade que ele tinha a ver Percy com Annabeth,Lembrou-se como ele o apoiou em algumas decisões,quase começou guerra noutras. Lembrou-se também,como ele foi contra o casamento de Zeus,por que ficaria de vela a partir da li. Lembrou-se da gargalhada,das palhaçadas. Das brigas,das disputas. Lembrou-se de seu companheiro de poder,de conselho. De eternidade. Lembrou-se,que de todos,Poseidon foi seu verdadeiro amigo. Seu verdadeiro,e grande irmão.

E agora estava em pedaços. Não se sabe aonde. Ou,se algum dia,conseguiria voltar. Estava vivo,mas ao mesmo tempo,morto. Isso é o pior que a imortalidade oferece:Você fica vivo de espírito. Mas seu organismo..fica com porcelana. Quebrada,despedaçada.

Hades não conseguiu se segurar,já havia chorado baixinho. Ele e Poseidon sempre foram ligados,faziam longas viagens,aprontavam todas.

Mas antes de se jogar,Poseidon pediu que ele falasse algo a Atena.

E nada,nada o impediria de cumprir o ultimo pedido de seu melhor amigo.

Então se levantou,olhando o céu: O sol começava a se por. O céu alaranjado,mostrava que o dia,talvez o mais longo de suas vidas,estava chegando finalmente ao fim.

—Precisamos ir. —Sua voz foi quase inaudível.

Zeus virou-se para ele.

—Tem razão,vamos.

Então as trevas ajudou a esposa a se levantar.

E juntos,os três começaram a seguir sobre a mata.

Na casa...

Marta praguejava em quanto subia as escadas. Ártemis desceu correndo,na tentativa de fugir de Apolo,ao chegar na varanda da frente,encontrou Hermes,Hefesto,Hera,Atena e Afrodite,que estava quase rolando de rir.

Atrás da deusa caçadora,chegou Apolo

—Ártemis! Você ainda me deve explicações! —Ele berrava

—E vou continuar devendo!

A deusa começou a rodear Afrodite,e Apolo,atrás dela.

—Epa,epa,epa! Chega ai! O que está havendo? Já estou ficando tonta!

—Ártemis tem que me responder uma coisa!

—Tenho nada!

—Tem sim! Fala logo!

—Me obrigue!

—Para de correr que te obrigo!

—Boa sorte!

—Invoco o sol!

—Rebato com a lua!

Hera se meteu.

—Viva! Eclipse!

Atena a olhou.

—Que é? Foi num desses que Zeus me pediu em casamento e..

Ares desceu,calmamente nervoso.

—Como está Héstia?

A pergunta surpreendentemente veio de Hefesto.

Quando Ares se prontificou a responder,o mato e as folhas começaram a balançar.

Então surgiu Perséfone.

—Pépe! —Afrodite correu,abraçando a amiga.

Atrás dela,surgiu Zeus,Hera correu para abraçar-lo,terminando em um beijo longo e apaixonado,infestado de saudades.

Atena encurvou-se para o lado,da onde surgiu Hades,que recebeu uns tapinhas nas costas de Hefesto.

A deusa da sabedoria,enfim tomou coragem,perguntando à Hades.

—Ca-cadê Poseidon?

Ele e Zeus trocaram um olhar nervoso.

—Para salvar a mim e a Zeus...ele...se sacrificou. —Hades,cabisbaixo.

Atena perdeu um pouco o equilíbrio.

—O...o que?

O clima no local,caiu bruscamente,ultrapassando a margem negativa.

—Filha...Poseidon...—Por fim,Zeus suspirou.— Poseidon se jogou num abismo,liberando talvez o resto de suas forças,para salvar a mim e a Hades.

Isso foi o fim para a deusa. Que perdeu o controle de si mesma,escorando-se em Ártemis e Apolo,teve a ultima visão de muitos se aproximando,de tudo rodando e por fim,escurecendo.

Lá em cima...

Deméter terminava de pentear os cabelos molhados,quando, sua porta bateu.

Pouco irritada,ela abriu,relutante,encontrou Marta,Molhada,provavelmente tinha acabado de sair de um banho rápido. A mulher sorria diabólicamente.

—O que você quer estrupício?

—Que belo humor Deméter!

—Você pelo jeito anda bem feliz.

—E por que não estaria?

Deméter a olhou,desconfiada.

—O que?

—Só vim te entregar o protótipo!

—Protótipo de que? Está louca?

Ela riu ainda mais.

—Que bom que ainda não sabe,tome.

Marta lhe entregou um envelope amarelado,com um carimbo preto.

Quando Deméter pegou,ela riu,saindo e fechando a porta.

A deusa sentou-se na cama,abrindo a carta,e os olhos,começaram a correr pelas letras:

“Os cupidos apontaram e os sinos soaram!

Meu casamento,finalmente está marcado!

Adoraria,especialmente,que você estivesse nele,”Demi”,e amaria,se junto a Dionísio,fosse a minha madrinha ♥

Não fique chateada,sempre perdemos coisas,mas no seu caso,você nem chegou a ganhar.

Daqui a três dias,minha querida,te aguardo no altar.

Att:Hermes & Marta ou Sr. E Sr. Castellan.”

A carta,por fim,caiu sobre o edredom.

Uma lágrima escorreu ardente sobre o olho da deusa.

Que se levantou rapidamente.

—Humilhação de novo não...

Então seu olhar correu até a rosa.

—Antes,duas coisas.

A deusa olhou para a escrivaninha. Papeis de carta,tinta e uma pena.

—Tempo que vai chover,

Satiro que não vê,

Que a pena no papel,

Tudo que eu sinta vá escrever.

Sozinha,a pena negra começou a balançar,numa letra e escrita impecável,as palavras começou a formar. Quando terminou,Deméter pegou a carta em mãos,assinou,ao colocar sobre a mesa,um pouco de seu perfume acabou derramando,acidentalmente.

Ela suspirou.

—Dia cinzento,

Brócolis fervendo,

Que ninguém sinta a minha falta até o dia do casamento!

Quando terminou,segurou a rosa. E falou,em frente ao espelho.

—Eu aceito Gaia. Eu aceito.

Uma ventania começou forte,

Deméter foi sugada para dentro de folhas que surgiram do nada.

E a rosa,caiu no chão.

Despedaçada.