Apenas, Catherine escrita por A pequena sonhadora


Capítulo 11
Décima Parte - Um novo começo




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ALGUM TEMPO DEPOIS...

''Tudo mudou, nada é como antes, talvez foi mudado para pior, ou melhor, não sei. Eu sei que agora estou aqui. E daqui poucas horas voltarei para meu destino.''

Já era quase noite quando eu enfim tive tempo de esvaziar aquela enorme estante de livros e dvds, fiquei parada por uns dez minutos antes de começar relembrando a história de cada um. Era incrível que durante todo esse tempo eu tenha conseguido ler e ver tudo isso, e puxa, como a minha coleção havia aumentado. Resolvi começar pela última prateleira, subi em cima de um banquinho e lá em cima estavam meus primeiros dvds, os que eu havia ganhado quando criança, alguns estavam até empoeirados e outros estavam jogados entre o espaço que separava a estante da parede, já quase caindo. Comecei por eles e lá estava o meu primeiríssimo DVD cassete TOY STORY, tive que dar um pulinho para alcança-lo e quando eu peguei bem debaixo dele havia o diário de viagem que eu havia ganhado da raquel na minha primeira viagem há orlando, quando eu terminei o intercâmbio. Tanto tempo havia se passado, tantas histórias, tantas emoções, tanta coisa. Resolvi parar um pouco para ler, talvez devesse começar pela última página e me relembrar do motivo de estar aqui, ou melhor, da primeira e recordar tudo, desde o primeiro momento.

Quinta-feira, 11 de novembro.

Querido diário -Uau, que brega começar esse diário assim!- Estava arrumando minhas malas e empacotando todos os meus DVD's e livros, quando te achei e resolvi escrever. Nunca tinha pegado em um diário antes e até agora achava super clichê, mas depois deste dia em que palavras estão me sufocando por mais que tente desabafar, você foi meu único refúgio.

Bom, quero começar te contando tudinho. Tudo desde agora. Não sei se estou ponta para tudo, mas lá vai:

(Comecemos com o diálogo com a Mary , de algum tempo atrás)

– Hello, Catherine! all ready for the trip?

Eu nunca me acostumei com aquela língua. Mesmo depois de 4 anos de cursinho e 1 de convivência eu ainda não estava habituada.

– Mari, a gente está no Brasil! Fale a nossa língua, por favor!

– Desculpe, essa língua... como que fala aqui? very... very...

– Very, não. Muito! Muito... muito... muito o que? difícil?

– Isso! Amiga aqui pode ser incrivelmente maravilhoso, mas esse método de linguagem...

A Meri sempre tinha do que reclamar. Mesmo amando o Brasil, ela tinha que reclamar de alguma coisa. A gente tinha acabado de chegar da festa do Marcelo, e eu ainda enxergava nitidamente tudo que tinha acontecido...

A gente acabou se atrasando e quando chegamos no apê do João, irmão do Marcelo, nosso amigo que a gente tinha conhecido no voo para os Estados Unidos, que coincidentemente também ia a intercâmbio para Orlando. Pouco tempo depois encontramos ele em um pier por lá e a partir dai a amizade começou. O nosso intercâmbio durou 8 meses, fizemos o terceiro ano lá e voltamos a uma semana atrás e o João e alguns amigos estavam dando uma festa de retorno pro Marcelo. Eu e a Mari estávamos na fila das batidas logo depois de cumprimentar os meninos quando um garoto atirado veio dando em cima dela que acabou me deixando sozinha, resolvi ir para o pequeno espaço ao ar livre, era o único lugar do apartamento vazio e a vista era incrível, eu precisava de um tempo sozinha pra respirar o ar brasileiro, que saudade! Esse ar quente e ao mesmo tempo úmido típico daqui.

– Tava esperando você ficar sozinha... Meio previsível, mas não me xingue a culpa é sua ser assim...

Já ia resmungar por nunca me deixarem sozinha até que reconheci a voz, a única voz que me entendia, a do Marcelo. Impressionante, desde nosso primeiro contato a voz dele tinha sido a única que me confortava e me fazia desabafar tudo. Ai me recordei...

Ele esperou a Mari ir no banheiro e sentou do meu lado no avião e perguntou o motivo de tanto choro, eu sem motivação alguma para explicar pela centésima vez, até porque palavras eram poucas para explicar, ainda mais pra um estranho. Ele percebendo que não ia ter papo começou a brincar com meu bolinho que a aeromoça tinha me dado, e por estar me debulhando em lagrimas eu não consegui recusar,eu não estava com fome alguma. Pouco tempo depois, talvez pela sua cara simpática, a voz calma, ou as brincadeiras, eu já tinha contado quase toda a minha vida pra ele e estava até me sentindo melhor, como se tivesse me livrado de um peso nas costas. A mari apareceu depois de um tempão e cedeu o lugar pra ele dando uma piscadinha pra mim. Depois disso o Marcelo começou a dar em cima de mim, com o maior papo, pegou meu número e eu comecei a ficar um pouco fria, a ultima coisa que eu procurava era um novo amor. Depois de dois meses sem nenhum contato encontrei ele no píer 21, e resumindo ele pegou a Mari nesse dia, e eu culpo a bebida mas ainda sim aquilo me deixou extramente enciumada e ao perceber isso ele me agarrou, disse que tinha perdido meu celular e eu passei novamente, ficamos no maior papo e durante 6 meses ficamos apenas em um ''rolo'', não aconteceu absolutamente nada. Alguns encontros, baladas nos finais de semana, um via o outro pegando alguém, rolava ciúmes, tipo muito ciúmes. Mas a gente acabou chegando a conclusão que namoro entre a gente não ia dar certo. Hoje a gente é mais amigo que tudo e eu conto tudo pra ele.

– Sabe, aqui sempre vai ser meu lar. Eu adoro essa cidade, essas pessoas, esse ar, essa movimentação, essas buzinas...

– É, aqui é realmente incrível... -ele disse me abraçando por trás- Mas você ainda vai ter mais tempo pra ficar sozinha, eu quero que você curta a festa e por isso eu quero te apresentar um amigo meu.

Eu ia começar a brigar com ele, não queria conhecer ninguém, mas ai percebi que o menino estava atrás dele e quando me virei...

– GABRIEU?? - foi só o que eu consegui dizer-

– Eu! - Ele disse, não muito surpreso quanto eu imaginava, eu estava em choque, o que estava fazendo ali? Eu não tinha o visto quando cheguei! E porque ele tava ali? Como ele conhecia o Marcelo, ou será que era tudo armação? Pela cara do Marcelo, ele também não sabia de nada, e conclui isso depois que ele perguntou se a gente se conhecia.

– Claro, até de mais Marcelo... -Respondi.

Ele fez cara de assustado mas acabou deixando a gente sozinho.

– Olha nem vem achar que eu to te seguindo nem nada... Eu até agora tava esperando encontrar a menina da minha vida que o Marcelo não parava de dizer.

– Me explica, de onde que vocês se conhecem?

– Como eu conheço meu primo? -Ele riu- Bom, desde que eu nasci ele estava do meu lado.

– Primo? E que história é essa de menina da sua vida?

– Ele é meu primo, simples assim. Aaah, essa história é longa... Bom, a quase um ano ele me disse que tinha conhecido a mulher com quem ele ia se casar, e contava tudo sobre essa menina, quer dizer você, e eu ficava babando porque tinha acabado de perder a mulher com quem eu queria me casar, que também é você, e depois de um tempo acompanhando todos os detalhes ele me disse que não ia rolar nada e perguntou se eu queria te conhecer, porque nós temos muito em comum, sem falar que eu sou um cara extremamente gato e sexy.

Eu ri da pequena parte inventada e fiz sinal que ele continuasse.

– Mas eu disse que não ia procurar mulher tão cedo, e que queria era me dedicar a carreira, mas ele sempre falava de você e eu cheguei a imaginar que você era uma pessoa que não existia, ele falava tão bem de você... Ai quando ele voltou me convenceu a te conhecer, e aqui estou eu... Destino, acaso, coincidência, vida, chame do que quiser!

Eu não sabia o que dizer, se chorava de saudade, se ria da coincidência, então abracei ele, um abraço forte, um pouco desengonçado, um abraço de urso, bem demorado, que compensasse todo esse tempo. E eu comecei a chorar. Aquele choro que tinha sido interrompido a exatamente 8 meses e 2 semanas e 4 horas atrás, e sim eu to contando.


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