The Rake. escrita por Codinome Clarisse
Notas iniciais do capítulo
Me desculpem caso encontrem algum erro.
Espero que gostem..
– noite dois -
A pequena bola de pelos corria pela casa, tropeçando vez ou outra em minhas pernas, enquanto eu estava com Chad ao celular, andando de um lado para o outro, feito uma barata tonta pela casa.
– Manda um oi para o Ozzy por mim... – Ele disse. E como de costume, me agachei e passei o recado ao Ozzy enquanto acariciava seu emaranhado de pelos brancos e ele soltava alguns latidos. Pude escutar Chad deixar escapar alguns risinhos do outro lado da linha.
– Para...
– Com o que? – Ele forçou uma falsa inocência.
– Sempre está rindo de mim...
Revirei os olhos, ainda que ele não pudesse ver o feito.
– Desculpa... – Ele soltou um suspiro, e eu soube que não era pelos risinhos. – Posso ir quando terminar o turno?
– Lá pelas quatro de novo?
– Mais ou menos...
– Ah... Tudo bem então.
– Mas posso ficar aqui com você, se quiser.
– Teria problemas com o seu chefe, não? – Fiz uma careta.
Chad trabalhava numa dessas lanchonetes que ficavam abertas 24h.
– Não... E você precisa dormir um pouco, não? – Ele fez uma pequena pausa. – Piadas ou histórias para dormir? O que vai preferir essa noite, garota?
Ri baixinho.
– Estou a sua disposição. – Falei.
– Se me garantir que vai para o quarto... Talvez há de rolar uma sacanagem também.
Imaginei aquele seu sorriso malicioso como sempre e sorri junto. Mas ao imaginar a sombra escura no canto do quarto meu sorriso fora rapidamente apagado.
– Emm’s?
Demorou alguns instantes para minha voz sair num tom audível.
– Oi... – Me deitei contra o estofado macio do sofá e me aninhei entre as almofadas dali. – Desculpa... Qual vai ser o show do comediante essa noite mesmo?
Dentro de alguns instantes Chad começou a disparar suas piadas e hilariantes histórias de vida. E ficamos assim por um tempo. Um longo tempo por assim dizer...
Por fim, sem grandes traumas como nas outras noites, peguei no sono.
***
Os latidos agudos do Ozzy ecoam pelo apartamento me fazendo acordar. Alguém está mexendo na fechadura da porta. Tateio o sofá a procura do aparelho celular, e antes que eu o ache Chad entra em disparada pelo o apartamento, cruzando a sala em direção ao quarto.
– Chad? – Chamo-o ao me levantar. Ele não responde.
Vou até a porta da frente e a fecho, pois ele não o fez.
– Está tudo bem? – Falo ao entrar no quarto em seguida.
Seu corpo está inclinado, metade para fora da janela aberta. Ele parece procurar por algo ali.
– Você deixou a janela aberta, Emm’s?
– Não. Por quê?
Chad recua para o quarto, e fecha as janelas. Confere algumas vezes para garantir que estão realmente fechadas.
– Você está bem? – Repito.
Ele se senta na beirada da cama, aparentando estar meio zonzo, duvido que esteja bem.
– O que aconteceu, Chad?
– E-eu... Eu acho que tinha alguém aqui, Emilly. – Seus olhos encontram os meus, e mostram uma confusão aparente.
– O que? Quem? – Olhei em volta, recordado as sensações e os vultos que vinham me assombrando há algumas noites. – Por que está dizendo isso?
– Enquanto eu estava com você ao celular, escutei algumas coisas. – Senti um calafrio percorrer meu corpo, pousando em minha nuca. Não estava certa de que queria ouvir aquilo. – O Ozzy começou a rosnar, parecia meio distante... Te chamei algumas vezes, mas você não acordou... Não me toquei de primeira. Demorou um pouco até que eu conseguisse ouvir os sussurros e o que diziam.
Ele fez uma pequena pausa. Respirou fundo. Acho que ele estava tentando acreditar no que viria a dizer em seguida.
– Chad, Chad, Chad... Chad. Ele repetiu meu nome encaixando-o numa daquelas cantigas antigas. Cantarolou ele mais algumas vezes, com aquela voz que parecia rasgar sua garganta a fora. – Sua voz vacilou. – Emilly, isso não tem graça, foi o que eu falei. Mas você não respondeu, Emm’s. E ele foi ficando cada vez mais próximo... Chad, Chad, Chad... Chad. Ele repetiu, e soou estridente demais dessa vez. Senti alfinetes pinicarem meu ouvido.
– Um, dois... O Rake vai te pegar. Três, quatro... Está chegando a sua vez de brincar... Cantarolou novamente, e estranhamente ouvi algumas risadas em seguida. Risadas infantis... Macabras. Senti meu coração congelar no peito.
Chad voltara seus olhos para mim, tomado por um medo absoluto.
– Mais um ou dois versos e então desliguei o celular. Sua risada ainda parecia ecoar do aparelho celular... Corri para cá.
– Ch-Chad... – Minha voz saiu meio engasgada.
– Mas não tinha ninguém aqui, além de você.
Sentei ao seu lado e senti seus braços se enroscarem em mim.
– Síndrome de perseguição pós-filme de terror? – Perguntei e forcei um risinho garganta a fora.
Vi de relance ele revirar o olhos. Soltei um suspiro.
Sua voz sai num sussurro, como se não tivesse fôlego, se estivesse exausto:
– Isso é loucura, Emm’s. É loucura...
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