Sob os ombros daquele homem, Olivia era levada com até uma certa delicadeza, ainda tentando livrar-se das amarras tinha na mente que teria que salvar a sí própria como das outras vezes, não havia ajuda, ninguém sabia onde estava nem ela mesmo, cabia a ela manter a calma e traçar um plano.

O Homem a colocou sentada com os joelhos frente o corpo, ainda estava com a venda, mas para alívio de Olivia foi retirada rapidamente.

– Peço desculpas pelo tratamento, detetive, acredito que esteja se perguntando porque lhe trouxe aqui.

Liv sabia que tinha que ser cordial, tentar de certa maneira ganhar a confiança dele, esperava que em meio a loucura uma falha ocorresse e lhe desse margem para a fuga, então achou melhor ser mais sincera possível, afim de ganhar tempo.

– A viagem não foi das melhores, respondeu aborrecida.

–deve estar surpresa com minha aparição, da última vez que conversamos você não ganhou muita coisa, o homem disse divertindo-se.

– Acredito que você não ajudou muito, concluiu Olivia.

De fato, mas isso será uma história bem longa, por ora vamos nos acomodar, creio que depois de tanto tempo esteja com fome, e precisando de um banho.

– Com certeza, confirmou Olivia, se me soltar posso me arrumar enquanto você prepara o jantar.

– Porque não? Disse o homem sorrindo, mas você não ficaria por muito tempo não? Então acho que vamos fazer diferente, você me espera aqui enquanto preparo tudo para o nosso jantar ok,

Liv achou melhor não contrariar, apenas confirmou com a cabeça, esperando que tivesse pelo menos uma chance.

****

Na delegacia Elliot estava inconformado, sua irritação beirava ao desespero, mas não havia nada que pudesse fazer.

Ainda revendo as filmagens do prédio de Liv, atentava-se aos mínimos detalhes.

Após algumas horas conseguiu por fim uma filmagem bem desfocada de alguma coisa movimentando-se na garagem do prédio.

– Fin, vem cá depressa.

Na fita, ao fundo da garagem, podia se ver alguns operários retirando o que parecia ser restos de construção, entulhos reciclados, alguns sacos pretos sendo carregados para dentre de um pequeno caminhão baú, o nome da empresa não era visível no caminhão.

O foco da câmera também não permitia ver a placa, mas era possível que outras câmeras tivessem filmado o caminhão entrando ou saindo.

Era difícil dizer, mas algum movimento ao fundo do caminhão dava indícios que um homem de preto, movia-se de costas, parecendo apressado.

– Será que...

***

– Pobre Olivia, disse o homem aproximando-se, tão forte e não.... Indefesa, tem feito muito bem seu trabalho detetive, mas creio que esteja perdendo o jeito.

Olivia, ficou enraivecida, mas tentou não expressar seu sentimento, sabia que aquele homem era muito esperto para ser contrariado e em meio à loucura qualquer passo em falso seria o fim.

– Posso dizer que ainda tenho o que aprender. Disse Liv por fim.

– Ah! E seria burrice dizer o contrário não é mesmo? Mas tantas coisas aconteceram não é mesmo detetive? Ah sim, (o homem a olhou nos olhos, procurando por alguma fraqueza) tenho acompanhado as notícias do jornal.

– Achei que estava isolado na Rikers, rebateu Olivia.

– Ah, meus longos anos na Rikers, cada segundo daqueles dias foram dedicados a você detetive...

Naquele momento, o Homem agarrou Olivia pelos cabelos, puxando-a com força, após andar alguns metros, pressionou seus dedos sobre o rosto delicados da detetive, tentando forçando-a olhar em seus olhos.

– Acredito que o tempo não foi tão amigável com você não é mesmo?

Liv sustentou o olhar do marginal, tentando não parecer com medo ou apavorada, mas no fundo sabia que estava diante de alguém tão louco e cruel que não tinha certeza se escaparia dali com vida.

O homem, perdendo o interesse, jogou Olivia sob a cama, virou-se para o lado e atirou sobre ela uma toalha branca e algumas peças de roupa.

– Acredito que isso seja o suficiente, atrás daquela porta você encontrará uma banheira com sabonete, bucha, e tudo mais para um banho.

Liv ameaçou dizer alguma coisa, mas fora interrompida.

– Desculpe detetive, mas não poderei tirar as algemas, sabe como é a prevenção é o melhor remédio. Mas acredito que não terá problemas em banhar-se, caso queira uma ajuda não fique acanhada em pedir, conclui o homem num sorriso.

– Não será necessário obrigada, mas eu... preciso tirar a camisa, informou Olivia.

– ah é claro, o homem sorriu, divertindo-se com a situação. Desculpe mas acho que nesse caso, teremos que lhe dar uma ajuda.

O homem aproximou-se de Olivia, e com delicadeza começou desabotoando os primeiros botões de sua blusa.

Liv ainda estava com a mesma blusa branca de cetim, a mesma que no dia anterior Elliot despira com tanta paixão, aquele lembrança lhe fez arrepiar a espinha, ao menor toque daquele mostro lhe dava embrulho no estomago.

– Não fique acanhada detetive, dizia o homem sarcástico, sempre lhe disse que embora o péssimo gosto para roupa você é muito bonita, e porque não dizer, gostosa.

Liv ainda tentava-se manter o controle, sabia que todo aquele teatro, fazia parte do show psicótico daquela mente maníaca.

Ao terminar de despi-la, o homem pegou uma tesoura de cozinha, cortando a blusa, sob os lugares que a prendiam à algema, fez o mesmo com o sutiã branco que Liv usasa, deixando seu seios nu. Por mais que parecesse embaraçoso, Liv tentava parecer não se importar.

– Obrigada, Agradeceu Olivia, mas posso continuar daqui.

O homem a olhou ainda analisando sua atitude, mas concordou em deixa-la.

– Como quiser, estarei esperando por você lá embaixo. Então olhando mais uma vez retirou-se do quarto levando a tesoura consigo.

Ao ser deixada sozinha Liv vasculhou todos os cantos, mas não conseguiu encontrar nada que pudesse usar para sair daquela situação ou mesmo daquele lugar, vencida pelo cansaço achou melhor, ceder aquele jogo doentio seja qual fosse ele.

No banheiro continha apenas uma pequena janela com grades, nas quais todas as tentativas de Olivia foram vãs em afrouxá-la, o lugar parecia pequeno porem confortável.

Ao canto na parede continha a banheira e sobre ela um pequeno sabonete, alguns sais de banho, e um pequeno frasco de Shampoo.

Sob a pia, havia um escova de cabelo e uma escova de dente, pelo que parecia nova, pois ainda estava lacrada.

Não havia espelhos, pelo que lamentou-se Olivia, por poderia quebra-lo e usá-lo como arma, porém suas ideias nada foram úteis para ajudá-la.

******

Passaram-se cerca de 30 ou 40 minutos, criando coragem Liv desceu as escadas vestindo um vestido florido tomara que caia, e uma sandália estilo Havaianas.

– Perfeito, disse o homem ao aproximar-se. Você está magnífica, percebo que foi uma boa escolha por fim não é mesmo o vestido? Ah, Detetive, anime-se, não devemos ficar com cara fechada num jantar de homenagem. Vamos, Passei os últimos 15 anos planejando essa noite disse o homem.

Naquele momento Olivia sentiu novamente um gelo sob a espinha, seja o que fosse, aquele jantar não seria nem um terço animado.

Forçando um sorriso, Liv sentou-se ao lugar indicado pelo homem, lembrado como quem em um Déjà vu, o jantar com Elliot veio novamente à sua mente.

À mesa o homem voltou-se novamente a Olivia, cordialmente.

– também tive certa dificuldade durante as refeições, sabe com as algemas, levantou as mãos próximos ao queixo, os punhos pareciam marcados pelo tempo.

Mas no fim a gente acostuma, essas que lhe dei são iguais as que usei na Rikers, sabe elas são mais soltas, acho que facilita no manuseio dos talheres.

Mas não vamos favar em coisas tristes você estava fazendo seu trabalho, e eu te perdoo por isso, Sem ressentimentos.

– Essa frase, era disso que Olivia se lembrava- não tinha plena certeza se era o mesmo homem, não até aquele momento, mas a partir dali não haviam dúvidas, estava diante de um psicopata, de isso era muito, muito perigoso.