Muchimaru estava em pé, frente a frente com o marinheiro, seu nariz ainda estava sangrando e o corte que Riko fez em seu rosto era bem profundo. Sua retina estava negra e sua íris vermelha, seu rosto branco já manchado de sangue igualmente ao seu smoking preto. O cigarro que ele teimava em por na boca, já estava se desfazendo por causa do fluido vermelho.

Riko zombava do cozinheiro e mostrava seu uniforme de marinheiro tão limpo quanto o céu daquela manhã.

– Olhe bem para você seu fracote, todo cheio de sangue, desprezível! – O marinheiro gargalhou, apontando para o outro.

– Esse é o meu sangue humano... Aqui dentro, tem sangue de demônio! – Muchimaru sorriu de canto.

Riko fez uma careta e cuspiu no chão, mandando o cozinheiro se matar.

O cozinheiro fechou os olhos e os punhos, a sua pele começou a escamar, ficando grossa como de um dragão. Seu smoking ficou toda rasgada por causa de escamas pontudas que saíram pelas costas e tórax. Olhou suas mãos ao sentir algo perfurar a pele, era suas unhas, elas estavam crescendo pontudas como garras, o mesmo aconteceu com as unhas do pé, que ficaram tão grandes e pontudas que rasgaram o sapato.

Quando Muchimaru abriu os olhos eles começaram a sangrar, as escamas foram caindo de seu corpo, a segunda camada de pele ficou a mostra como se fosse uma queimadura por todo o corpo, desde o rosto até a ponta do pé. Ele levantou as mãos, olhando para elas, suas “garras” caíram no chão, deixando somente a pele por baixo da unha, o mesmo aconteceu com os dedos do pé. Sua Iris voltou a cor preta normal e sua retina vermelha gritante. O cozinheiro ainda caiu de joelhos no chão, gemendo de dor ao sentir a pele frágil encostar na areia.

– Você tem um Damon Dragon? Falava com tanto orgulho, como se fosse outra pessoa. Oh Nii-san me salve. – Riko gargalhou alto. – Isso não é algo divino e muito menos algo útil. Essa é a criação do Capitão Yowai, e olha, ele colocou em várias crianças e todas morreram na hora. Você tem sorte de só morrer agora!

– Eu não vou morrer... – Muchimaru sussurrou pois estava sem forças para fala mais alto.

– Olha seu estado, idiota! Se eu te tocar você sente dor, se eu jogar terra isso infecciona. Pare de se fazer de durão, pois de durão você não tem nada. – Riko cuspiu no rosto do cozinheiro.

– Eu vou. Matar. Todos. Vocês. – Muchimaru falou com dificuldades, aumentando a voz a cada palavra. – Vou matar todos os marinheiros do mundo... Eu vou acabar com a marinha e vou encontrar o All Blue.

– Nos matar? All Blue? Você não passa de um sonhador idiota. – Riko falou com nojo, deu um chute no rosto do outro com força, fazendo dois dentes caírem no chão.

Muchimaru segurou suas lagrimas de dor e não disse nada, não conseguia falar também, seus caninos tinham acabado de cair, cresceram em segundos, aumentando a dor dele.

– Qual é o seu ultimo pedido antes de morrer? – Riko zombou.

– Meu pedido é... Sua carcaça morta... Em minhas mãos! – O cozinheiro falou com calma para suas cordas vocais não quebrassem como ele pensava que iria acontecer.

– Já sei... Gostaria de saber o que aconteceu com a Juliet? – Riko fingiu bocejar para irritar o outro.

– Não diga o nome dela seu sujo... Eu sei que um bando de piratas a mataram! – Uma lagrima escorreu do olho direito de Muchimaru.

– Está certo e errado. – O marinheiro revirou os olhos e suspirou. – Fomos nós. O capitão Yowai, Yuki-kun e eu.

Muchimaru arregalou os olhos, sentindo seu sangue ferver a cada letra que o outro falava.

– Sabe guardar segredo? Bem, se não souber não tem problema, não vai viver mesmo. – Riko gargalhou sem parar por cinco minutos, até resolver tentar parar e continuar com seu discurso maldoso. – Ai, ai... Continuando. O segredo é que nós três não somos marinheiros, somos piratas disfarçados. O que foi? Acha mesmo que um marinheiro destruiria uma ilha importante?

–Vocês piratas? Malditos. Como? – Muchimaru sussurrou bem fraco e sua voz saiu falhada.

– Quando entramos para marinha tínhamos um plano... Fingir ser marinheiros justos, mas com coração pirata! Desde o começo o plano era destruir essa ilha, como uma ilha importante, de onde os melhores cozinheiros surgem, nossas recompensas iriam ser mais de 10.000.000 instantaneamente!

– Cale-se! Eu não estou interessado em saber sobre falsos marinheiros, seus planos e seu bando de maricas... – Muchimaru forçou a voz para falar. – Como o Sanji disse, devo matar qualquer um que encostar um dedo sequer em uma mulher e vocês a mataram!

– Já sei, já sei... Agora vai jurar me matar, matar Yuki-kun e o Capitão Yowai também? Adivinhei certo? – Riko deu uma gargalhada irônica.

– Errou feio. – Muchimaru riu. – Meu estado atual não mataria nem uma mosca. Mas ainda sim, tenho aqueles idiotas que estão lá agora, lutando por mim.

– Está se rendendo então?

– Não seja idiota Riko seu idiota. – Uma voz infantil ecoou pelo lugar. – Ele disse isso por que percebeu que estou mirando na sua cabeça.

O marinheiro ergueu a sobrancelha, a expressão dele era mais ou menos de susto.

– Dan? – Riko falou um pouco tremulo.

– Lembra-se do que você falou para o meu papai? – A voz voltou ecoar nos ouvidos dos homens.

– Ei, ei, ei... Quem está ai? – Muchimaru forçou suas cordas vocais para gritar um pouco.

– Opa! Parece que ele não tinha me percebido... Droga.

– Idiota. Eu falei para não me seguir, mete o pé idiota. Nunca vai conseguir me matar! – Riko choramingou.

– Eu acho que posso.

– Espera ai... Quem é essa voz infantil? – Muchimaru gargalhou ignorando a dor nos ossos.

– Você não deve conhecer. – Riko falou com nojo, cuspindo no chão. – Ele é caçador de recompensas! Dan pare de doideira, eu sou marinheiro!

– Eu ouvi você! Pirata disfarçado. – A voz infantil deu um risinho.

– Cale a boca, você nunca iria me matar mesmo... – Antes mesmo de o marinheiro terminar sua frase, um barulho de tiro ecoou pelo local e Riko caiu no chão com sangue saindo de sua cabeça e um buraco de bala em sua testa.

– headshot. – A voz infantil gargalhou. – Haha. Espera, a causa da morte dele não foi meu pai, eu que matei aquele estuprador. Que seja ele merecia, não é senhor?

Muchimaru ficou sem entender, se perguntando quem era e por que falou do pai naquele momento, mas logo desistiu, estava sentindo dor e queria por um fim naquilo.

– Merecia muito mais... Como posso te agradecer? – Muchimaru lançou um sorriso para o nada, pois não sabia onde o dono da voz estava.

– Não precisa não, eu gosto de fazer o que faço!

– Me fala seu nome pelo menos. – Muchimaru insistiu.

– Dan... Kodomo Dan! – O tom da voz dele mudou em segundos, e ele falou com pressa que tinha que correr, pois colocou algo no fogo, provavelmente ele estava fugindo da marinha, mas não quis dizer. Muchimaru não ligou, só acenou e fingiu um sorriso.

– Como sempre não pude fazer nada Juliet, mas me observe me tornar um grande pirata. Observe-me completar o sonho que sonhei com você. E espere eu chegar ai, meu amor!

Quando Muchimaru terminou de falar, caiu de cara no chão e desmaiou, havia perdido uma quantidade absurda de sangue.

No QG da Marinha.

Yusuji estava caminhando, observando cada detalhe daquele gigante corredor com as cores azul e branco, pensou em cortar alguma parede, mas pensou que tinha chegado ao fim porque deu de cara com porta de madeira escura. Tirou a espada da bainha lentamente, fez dois cortes na porta, os pedaços caíram no chão mostrando quem estava lá dentro.

– Então você é o pirata de merda que quer me matar? – Yowai falou bem relaxado.

– Onde estão as crianças? – Yusuji olhou o quarto todo. – Marinheiros não deveriam fazer mal para crianças.

– Eu sou um pirata, o melhor de todos. Vou ser o rei dos piratas! – O General gargalhou. – Se você se render eu não te mato e ainda o deixo ser o cara que limpa o convés.

– Do que você está falando? Como assim vai ser o rei dos piratas? – O garoto olhou para o homem com muito ódio.

– Eu sou o pirata mais forte do East Blue. Mugiwara? Gold Roger? Dois merdas. Não tem ninguém mais forte que eu.

– Gold Roger é o rei dos piratas e eu serei o próximo! – Yusuji apontou a katana para o marinheiro. – Diga logo onde estão meus amiguinhos!

– Dentro daquelas caixas. – Yowai gargalhou.

Yusuji foi andando até as caixas que foram apontadas, quando chegou lá, viu que eram caixas de ferro, então ele não poderia cortar. Virou-se para procurar uma chave, mas quando deu por si já estava preso em uma caixa de ferro também e sua espada estava do lado de fora.

– Como fui preso aqui? Que droga. Solte-me agora para que eu possa cortar sua cara.

– Haha. – Ironizou. – Eu ainda sou a justiça. Você ainda é um pirata. Sua execução será agora!