– Não vou voltar. – Futo disse por fim encarando a fantasma a sua frente. – Seiga sama me pediu para ficar aqui então é o que vou fazer. – Disse convicta, e Tojiko não sabia dizer de onde saia toda aquela determinação, geralmente Futo fazia o que ela mandasse.

– Mas foi a Taishi sama que ordenou. – Tentou convencer a outra.

– Seiga sama confiou em mim para isso, então torno a repetir que não vou voltar para o Mausoléu enquanto a própria Seiga sama não ordenar. – Tojiko já começava a se irritar com a atitude de Futo.

– Desde quando você tá assim? Não fique se achando só porque a Seiga sama lhe pediu algo importante. – Tojiko já começava com suas grosserias contra Futo.

– Eu não estou me achando por que a Seiga sama me pediu isso! Eu simplesmente não quero voltar e ponto! Não quero voltar para ter ver a pessoa que mais amo no mundo com outra todos os dias. – Futo simplesmente deixou escapar, levando as mãos sobre a boca em seguida em um puro sinal de que havia falado sem pensar.

– Você é apaixonada pela Taishi sama não é mesmo? – A garota de cabelos verdes perguntou mais Futo não se atreveu a responder. – Como se a Taishi sama fosse se apaixonar por alguém como você! Afinal quem no mundo se apaixonaria? – A garota de cabelos prateados teve que segurar suas lágrimas ao ouvir aquela sentença, agora ficando mais claro que talvez Tojiko nunca tenha lhe amado, nem no passado e muito menos agora.

Patchouli, Meiling, Sakuya e Marisa observavam tudo da porta, Meiling fora quem escoltou Tojiko até lá, e outra empregada havia ficado em seu lugar, Sakuya tinha ido servir chá para Patchouli e Marisa, uma vez que Koakuma estava dormindo, estavam em silencio, apesar da vontade de tentar defender a pequena eremita.

– Vá embora... – Futo ditou baixinho depois e um bom tempo.

– O que você disse? – Tojiko perguntou um tanto acida.

– EU MANDEI VOCÊ IR EMBORA! – Futo nunca tinha erguido a voz contra Tojiko, era a primeira vez que o fazia, as lágrimas escorrendo em seu rosto, acabaram assustando a fantasma ali.

– Futo... Olha... Suman, eu não... – Tentou se aproximar de Futo, porem esta desviou, tentou mias uma vez e a garota bateu em sua mão num sinal claro que não queria de lhe tocasse. – Eu não queria te fazer chorar. – Disse por fim desviando o olhar.

– Vai embora, e não volte! – Ditou se deixando cair no chão. – Eu não quero mais saber de você, nem da Taishi sama, então vá embora! – Foi então que Tojiko percebeu o quanto havia machucado Futo, afinal, ela adorava Miko e agora nem queria mais saber da santa.

– Futo eu... – Não conseguia achar as palavras. – Eu vou, mas eu vou voltar! – Disse por fim e se virou para ir embora.

– Não precisa mais voltar! E eu não quero que volte, eu não quero te ver nunca mais Tojiko! – Tojiko teve que segurar as lágrimas ao ouvir aquelas palavras de Futo, elas tinham sido amigas há tanto tempo não é?

A fantasma se dirigiu a porta, e não disse mais uma palavra se quer, Sakuya deu um tapa no ombro de Meiling para incentivar a chinesa a consolar a pequena de cabelos prateados, logo saindo da biblioteca para guiar a fantasma até o portão.

– Não leve em conta o que a Futo disse. – Sakuya disse para a fantasma que agora estava chorando. – Volte daqui alguns dias, ela provavelmente vai te desculpar. – Disse para consolar a outra, mesmo que pudesse ser mentira.

– Futo nunca foi desse jeito... Ela sempre fazia tudo o que eu mandava, sempre estava pronta para fazer tudo o que a Taishi sama dizia. – Um pequeno soluço escapou de seus lábios.

– Acho que ela começou a pensar mais em si mesma, uma vez que não tenha ninguém para fazer por si. – Sakuya disse automaticamente e Tojiko parou no lugar, já estavam no portão da residência.

– Do que está falando? – Perguntou, sua lágrimas parando com a surpresa.

– Nada, nada, eu estava apenas divagando sobre mim mesma também. Mas volte depois de um tempo. – Garantiu abrindo o portão e Tojiko saiu. – Ah acho que você não precisa contar o que aconteceu aqui para a Miko san. – Sakuya disse já fechando o portão.

– Obrigada, e desculpe o incomodo. – Com isso Tojiko seguiu seu caminho, as lágrimas teimando em voltar, uma vez haviam lhe dito que os fantasmas tinham uma razão para terem virado fantasmas, mas não conseguia se lembrar da sua razão.

Lembrava se vagamente de já ter visto Futo chorando, não vagamente, lembrava se com certeza, era quando estava viva ainda, mais pareceu ter sido apenas uma ou duas vezes, mas por alguma razão, dessa vez pareceu lhe partir o coração vê-la naquele estado.

Suspirou, não entendia o porquê de ter agido daquela forma, talvez por Futo ser tudo que não era, afinal aquela garota era forte, determinada, persistente, e acima de todas as coisas, estava viva... Provavelmente seria o par perfeito para qualquer pessoa.

Tudo bem que a garota era uma idiota, medrosa, matraca, muitas vezes irritante e chata, mas mesmo assim era uma boa pessoa, a prova disso era o fato que mesmo as moradoras da Scarlet Devil Mansion haviam sido conquistadas por ela.

Futo... Por que pensar na garota de olhos prateados lhe causava aquele sentimento de que estava se esquecendo de algo muito importante, e que talvez mudasse sua vida, e era exatamente disso que tinha medo, de acabar tendo sua vida, que até então estava sob controle, virada de pernas para o ar.

Definitivamente seria melhor deixar o assunto Futo de lado por agora, ou voltaria a chorar, apesar de não entender o porquê das palavras da eremita de cabelos prateados terem a deixado tão abalada assim, mesmo que fossem amigas há mais de um milênio aquilo lhe soava um pouco estranho.

– Daqui duas semanas... – Tojiko ditou em voz alta. – Daqui duas semanas eu volto, e se ela não quiser me ver, vou vir uma vez por semana até ela aceitar me ver. – Disse decidida, não ia deixar as coisas acabarem daquele jeito, afinal Miko presava e muito Futo.

~*~

– Futo... – Meiling agora estava com Futo em seu colo que chorava contra seu ombro sem parar, a chinesa mal havia se aproximado e a garota eremita já havia pulado sobre si, pelo visto Futo confiava e muito na guarda do portão.

Sakuya logo chegou e foi tentar ajudar Meiling a consolar a pequena, mesmo que Marisa e Patchouli já estivessem o fazendo, pousou sua mão na cabeça da outra fazendo um cafuné, coisa que pareceu funcionar, já que aos poucos a garota foi parando de chorar e agora estava dormindo, para o alivio de todas.

– Eu sinto muito por ela. – Sakuya foi a primeira a abrir a boca. – Ela não merece passar por tudo isso, e ouvir aquelas coisas. – Sakuya comentou dessa vez limpando o rastro de lágrimas do rosto da eremita.

–Ela disse que a fantasma não era assim, mas o que teria acontecido? – Até mesmo Marisa estava seria, um pouco irritada talvez, Sakuya não sabia dizer ao certo.

Ninguém disse nada, até mesmo Meiling tinha tomado uma posição adulta e madura, apenas se levantou ainda carregando Futo, e as demais apreciam concordar com a decisão da chinesa, seria melhor deixar a garota descansar num lugar confortável.

Sakuya acompanhou a youkai ruiva, deixando Patchouli e Marisa sozinhas na biblioteca, as duas magas se entre olharam, e depois Patchouli se aproximou da loira recebendo um abraço carinhoso.

– Espero que as coisas se ajeitem logo para elas... É doloroso ver a Futo sofrendo desse jeito, mesmo que hoje ela tenha voltado feliz. – Patchouli comentou.

– Mas pelo menos amanha ela vai visitar o Sanzu, já que Shinigami preguiçosa a convidou para ir lá, me pergunto a Enma sama sabe disso. – Marisa ponderou.

– Provavelmente não. – Patchouli riu já imaginando o sermão que Futo provavelmente levaria juntamente de Komachi, sabendo como a Enma era já podia prever aquilo.

~*~

Já era passado da meia noite quando Tojiko finalmente chegou ao Mausoléu, Miko ainda estava acordada lhe esperando, e para o desgosto da santa Futo não tinha retornado junto com a fantasma.

– O que houve Tojiko? – Perguntou já com certa preocupação já que a fantasma não parecia estar feliz.

– Bom, a Futo disse que não vai voltar a menos que a Seiga sama a ordene a voltar já que a pesquisa foi ordem da Seiga sama. – Disse o que Futo havia lhe dito.

– Mas porque está com essa cara triste Tojiko? – Miko temia perguntar, mas mesmo assim o fez, precisava saber de uma vez se estava ou não perdendo sua amada fantasma.

– Estou preocupada, Futo me parecia meio diferente. – Ditou e Miko pareceu se interessar naquilo.

– Diferente como? – A Santa perguntou por fim e Tojiko pareceu se lembrar das palavras de Sakuya, sobre não contar nada da discussão.

– A senhora não estranha o fato dela não ter voltado mesmo isso sendo uma ordem sua? A Futo de antes teria vindo correndo. – Disse por fim, seria muito melhor esconder a briga, ou poderia chatear Miko.

– Hm... Agora pensando é muito estranho. Ela disse mais alguma coisa? – Miko via nos olhos de Tojiko que aquilo não era tudo.

– Mais nada, eu insisti para ela voltar e ela não quis apenas isso. – Respondeu tentando colocar um ponto final naquela conversa, não podia deixar que a mulher ali soubesse o quão desesperada estava, apenas por não ter Futo sob seus olhos.

– Se você diz, mas quero saber mais uma coisa. – Miko sorriu calmamente. – Por que esteve chorando? – A pergunta caiu como uma bomba sobre os ombros da garota de cabelos verdes, não esperava que Miko percebesse tal coisa.