Os Homens do Sol e da Lua escrita por Sunshine


Capítulo 3
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Pois é, eu demorei.
Acreditem, não foi procrastinamento. Acabei descobrindo que o Ensino Médio ocupa bastante tempo de sua vida. Ultimamente só venho feio duas coisas: estudar e escrever.
Outro motivo, é o meu livro, no qual eu demoro mais escrevendo capítulos e um tumblr que eu tenho de escrita, cujos textos são trabalhosos de se fazer.
Enfim, provavelmente irei demorar mais para escrever os capítulos, por conta da minha atual falta de tempo. Para ao menos tentar recompensá-los, escrevi um capítulo grande. É isso, espero que gostem.



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A ruiva passara os últimos dois dias percorrendo caminhos e correndo atrás das misteriosas luzes brilhantes. Sempre que parava um pouco antes de anoitecer para dormir, aqueles pontinhos mágicos sumiam, assim como reapareciam no outro dia pela manhã. Não saiu em nenhum momento dos chamados Reinos de Verão. Eles nunca eram tão no norte ao ponto de nevarem muito. Além de estarem justamente na melhor estação para aquele local: o verão.

Merida já sabia há muito tempo sobreviver na floresta. Seus constantes treinos escondidos da mãe quando mais nova lhe ensinaram e quando teve que cuidar da rainha transformada em urso, foi quase como uma comprovação. Geralmente se sentia melhor ali que no castelo, com todas aquelas regras e obrigações. Mesmo que aliviasse um pouco depois do ocorrido anos antes, Elinor sempre seria Elinor.

Angus, seu fiel companheiro, a acompanhava sempre. Corria até cansar, dando o seu melhor. Ela ficava aliviada por ter alguma companhia, mesmo que fosse um cavalo.

Por um momento, a garota acreditou que fosse ser levada para Arendelle, um dos Reinos de Verão, mas ao chegar perto da cidade, as luzes pareceram mudar de ideia e levá-la para outro caminho contrário, que a ruiva mal sabia que ficaria cada vez mais congelante.

***

— José, olha! Já estamos quase chegando! Até dá para ver a ponte de entrada! — Rapunzel não parava de olhar de uma janela a outra de forma mais agitada que o normal em procura da visão do reino onde provavelmente conseguiria descobrir mais sobre si.

Seu marido já se encontrava suspirando, a morena estava agitada há dias com a possibilidade de encontrar mais sobre seu passado. Quando ele começava a acreditar que finalmente sua vida iria acalmar isso acontece, claro que tinha um pouco de curiosidade sobre as origens da princesa, mas ainda assim presava mais por sua vida e dela em casa.

— Assim você vai derrubar a carruagem. ­— ele riu, colocando as mãos atrás da cabeça.

Ainda com a jovem adulta agitada, a carruagem parou ao finalmente entrar na pequena cidadela do reino. Logo a porta foi aberta por um de seus empregados e a mulher tratou de pular para fora, com os olhos passando por todos os lugares, ficando cada vez mais animada.

— José, vem ver!

Seu companheiro, rindo, finalmente desceu da carruagem e passou a ser levado para todos os lugares que teria tempo de conhecer até que os portões do castelo abrissem.

Claro que antes que fossem abertos os dois já estavam lá, com ela ansiosíssima com a abertura daquelas enormes portas. Já José Bezerra encontrava-se inexplicavelmente nervoso, tanto que até sua esposa percebeu. Mesmo que não estivesse concordando totalmente com a viagem desde o início, era estranho que ele estivesse nervoso daquela forma.

— Tem certeza de que é uma boa ideia virmos? Acho que o tempo não está bom... — ele fez uma careta, abanando-se como se não gostasse do calor.

— Claro que é! O sol está brilhando como sempre e você adora verão. — riu baixo antes de prosseguir.

Ela iria perguntar o que ele tinha, mas logo após sua negação de sair dali apressada, os portões se abriram e de lá saiu uma jovem ruiva com uma aparência mais nova que a sua. Parecia animada e cantava no pátio, cheia de sardas no rosto e com os olhos azuis. Rapunzel apertou o braço de José Bezerra indicando com a cabeça a moça que saiu do palácio.

— Eu acho que essa é a princesa mais nova.

Ele assentiu e os dois finalmente entraram naquele espaço fascinante que era o castelo real de Arendelle.

***

Elsa olhava a entrada do seu futuro povo através da janela do escritório que antes era de seu falecido pai. Ficar por lá era mais difícil para ela, levando em conta as lembranças que sempre lhe invadiam a mente. Não era como se possuísse aqueles comuns “bons momentos” ou memórias infantis. A princesa amaldiçoada não tinha condições de ficar brincando, mas amava os pais. Eles eram os únicos com quem ela conversava constantemente, mesmo que mal a tocassem. Nem mesmo para um carinho.

A futura rainha fechou os olhos, tentando retirar aquelas lembranças de sua mente. Tinha que se concentrar e tentar de novo até ter pelo menos quase certeza de que conseguiria passar pela coroação sem nenhum incidente. Portanto, voltou para a mesa que ficava abaixo da fotografia de seus pais, olhou-os mais uma vez e tomou coragem para segurar os símbolos reais ainda com as luvas.

Conseguiu por apenas um momento, pois logo os objetos foram tomados por fractais de gelo que tomaram o formato de espinhos. Ela suspirou, colocando-os de volta no lugar e segurando a cabeça entre as mãos. Como conseguiria não congelar nada durante horas?

Conceal.

Ela não podia, mas estava com medo. Medo. Este sim é um sentimento comum, principalmente para ela. Segundo os trolls, o medo seria seu inimigo e foi o que acabou acontecendo. Sempre atrapalhou no controle dos seus poderes, portanto, mesmo que tivesse medo em excesso, não deveria.

Don’t feel.

Ouviu batidas na porta e logo se arrumou para aparecer de forma apresentável. Iria se tornar rainha naquele dia, teria que agir com a máxima perfeição. O ritmo não era o mesmo com o que estava acostumada e acabou sabendo que não era Anna, mesmo antes de ouvir a voz masculina abafada pela porta.

— Princesa Elsa? — ela deu uma olhada nos símbolos reais congelados antes de responder.

— Sim?

— Está na hora da sua coroação.

Ela pegou o cetro e a caixa e colocou na almofada correta, usando todo o seu autocontrole para não congelar nada e se dirigiu para a porta. Lentamente, hesitante, colocou a mão na maçaneta e a abriu, respirando fundo uma última vez. Elsie não se lembrava de ter aberto muitas maçanetas em sua vida. Então, sem mais delongas, saiu do tortuoso escritório antes que desistisse da loucura de aparecer em público.

Don’t let them know.

***

A princesa de cabelos curtos analisava tudo com admiração. Todo o castelo em si era lindo, o arquiteto que o projetou merecia um prêmio, mas ela atualmente estava mais interessada na agora rainha de Arendelle, Elsa.

Ela era simplesmente idêntica à pintura do livro, então significava que estava evoluindo em sua procura e isso a deixou eufórica. José se limitava a sorrir com a animação da mulher e balançar a cabeça negativamente. Rapunzel ainda estranhava seus atos, mas depois o questionaria sobre isso, agora estava preocupada e achar a moça que provavelmente também curava as pessoas com seu cabelo.

Mas havia algo estranho: o cabelo de Elsa não era tão grande quanto o de Rapunzel já foi. Será que no caso dela, poderia ser cortado? Mesmo que ela tentasse colocar isso na cabeça, a rainha parecia completamente diferente de si.

Aquele aglomerado de pessoas em uma sala só não facilitava em nada sua procura. Havia pessoas demais, todas conversando ou dançando. Era difícil de até mesmo passar entre elas enquanto arrastava seu esposo para todo lugar que ia. Em certo momento ele desistira de argumentar e passou a apenas rir da animação dela. Felizmente, achou o que faria com que ela acabasse com aquela brincadeira de esconde-esconde. O altar da rainha!

Quando subiu, o ex-Flynn riu e Rapunzel o observou de forma curiosa antes de passar a procurar Elsa, rainha de Arendelle.

— Não pode subir aí. — ele olhou em volta ainda rindo procurando saber onde os guardas estavam.

— Shiu. Ah, achei! — a princesa pulou no mesmo lugar como tinha o costume de fazer quando estava animada e puxou-o para perto da moça de cabelos quase brancos.

Enquanto a mulher estava eufórica demais procurando semelhanças entre as duas no rosto de Elsa para lembrar de se curvar, o futuro rei a lembrou ao fazê-lo e logo ela repetiu seu gesto.

— Majestade, sou Rapunzel e esse é meu marido, José Bezerra. Sou a herdeira do trono das Terras do Leste. — a rainha sorriu levemente, acenando com a cabeça para que se levantassem. — Bem... Eu poderia fazer uma pergunta um tanto pessoal? — sem responder, a rainha amaldiçoada a olhou torto, com certo medo da pergunta. Mas Rapunzel estava animada demais para esperar por uma resposta. — Seu cabelo brilha quando a senhorita canta?

José deu um tapa na testa, balançando a cabeça negativamente. Não conseguia nem imaginar qual seria a reação da rainha. Já Elsa franziu a testa, não sabendo ao certo o que responder. Esta provavelmente era a pergunta mais estranha que lhe fizeram.

Não reconhecia Rapunzel, tampouco José, mas se lembrava do nome do seu reino das poucas reuniões para definir a intercomunicação entre reinos. De qualquer forma, deu o melhor de si para responder da forma que sua mãe faria.

— Não, meu cabelo não brilha quando eu canto.

Rapunzel franziu a testa desanimada e quando estava pronta para questioná-la sobre fazer alguma coisa anormal, ouviu um “Elsa!” distante e logo a rainha voltou a atenção para sua irmã, lembrando do fato de que só teria aquela noite para ter algum contado com a ruiva.

— Com licença. — disse, antes de ir de encontro à Anna.

Logo ela apareceu com um homem desconhecido com uma estranha intimidade. Anna não saia do castelo há anos, de onde o conhecia?

— Quero dizer... Rainha... Eu de novo. Uh, devo apresentar o Príncipe Hans of the Southern Isles.

— Sua majestade. — o homem desconhecido se curvou enquanto Elsie observava os dois de forma desconfiada. Eles se olham como se tivessem algo para contá-la e sua desconfiança aumentou.

— Nós queríamos... — começou Anna que foi logo seguida por Hans.

— Sua benção...

— Para...

— Nosso casamento! — falaram ao mesmo tempo e deram risadinhas entre si.

— Casamento... ? — a rainha estava cada vez mais confusa. Anna queria se casar com um homem que havia acabado de conhecer?

— Sim! — a mais nova parecia mais animada que nunca enquanto a mais velha não conseguia acreditar que ela queria cometer tal erro. Piscou duas vezes ainda surpresa.

— Desculpem-me, estou confusa.

— Nós não trabalhamos em todos os detalhes ainda. Precisaremos de alguns dias para planejar a cerimônia. Claro que vai ter sopa, carne assada e depois... Espera. Nós vamos viver aqui? — ela virou o rosto para o aparentemente noivo cada vez mais animada.

— Aqui? — não, ela não podia ter outro hóspede aqui, ele poderia descobrir seus poderes e ela mal conhecia o homem, assim como Anna. Nenhuma das duas sabia quem ele era.

— Com certeza! — o homem confirmou, o que só fez deixar a moça de cabelos loiros cada vez mais frustrada.

— Anna... — tentou argumentar, mas parecia que a ruiva não ouvia, pois logo começou a planejar coisas com esse homem praticamente desconhecido novamente.

— Oh, nós podemos convidar todos os seus doze irmãos para ficar aqui conosco...

What? No, no, no, no, no. — mais doze irmãos só faria piorar a situação.

— Claro que nós temos os quartos. Eu não sei. Alguns deles podem...

— Espera, calma. Irmão de ninguém irá ficar aqui. Ninguém irá se casar. — Ela sabia que o que faria bem provavelmente não seria aprovado pela irmã, mas era preciso.

Wait, what? — a expressão de confusão de Anna fez com que Elsa suspirasse.

— Eu posso falar com você, por favor? Sozinha. — a rainha se sentia cada vez mais desconfortável. Tinha que ser justamente no dia de sua coroação?

Anna olha para Hans, vendo sua expressão assustada e entrelaça seus braços decidida.

— Não. Tudo o que você tiver que dizer, você... você pode dizer para nós dois. — a loira não acreditava que realmente teria que fazer isso em público.

— Está bem. Você não pode casar com um homem que você acabou de conhecer.

— Você pode se for amor verdadeiro. — a expressão de Anna parecia a de uma criança que havia descoberto que Papai Noel não existia.

— Anna, o que você sabe sobre amor verdadeiro? — a rainha foi impassível. Não deixaria sua irmã casar com alguém dessa forma.

— Mais que você. Tudo o que sabe é como expulsar as pessoas de perto de você. — a mais nova se arrependeu no mesmo momento em que falara essas palavras e Elsa recuou um passo, magoada.

— Você pediu pela minha benção e minha resposta é não. Agora, com licença. — ela não aguentava mais aquele momento horrível. Logo se virou e começou a procurar alguma forma de sair do salão.

Enquanto isso, Rapunzel e José Bezerra observavam tudo de longe. Nenhum dos dois conseguia entender esta discussão entre as irmãs. A princesa ainda esperava encontrar algo de diferente em Elsa, que explicasse porque ela estava presente naquele livro.

Hans, o noivo de Anna, tentou se aproximar, mas logo a rainha se afastou.

— Sua Majestade, se eu puder facilitar sua...

— Não, você não pode. E eu... Eu acho que você deve ir. — ela tinha que sair o mais rápido possível daquele local. Estar em seu quarto isolado onde não tinha que se controlar tanto. Por isso caminhou com a maior rapidez que pôde para a enorme porta que a levaria para dentro do castelo. — A festa acabou. Fechem os portões.

Rapunzel não podia deixar isso acontecer, era sua única chance de descobrir mais sobre sua origem! Felizmente antes que pudesse pensar em alguma loucura para fazer, a irmã da rainha foi mais rápida.

— O quê? Elsa, não. Não, espere! — desesperada, agarrou a mão da irmã com força e acabou por retirar sua luva.

Elsa parecia ter levado um choque. Não, ela não podia ficar sem sua luva, era a única coisa que conseguia manter seus poderes contidos. Precisava da luva para que todos estivessem seguros. Para que Anna estivesse segura.

— Dê-me minha luva! — procurou inutilmente pegar de volta a luva das mãos da irmã, que a afastou.

— Elsa, por favor. Por favor. Eu não posso mais viver assim. — tinha que fazer algo, estava desesperada. Não podia deixar que a rainha acabasse com seu noivado, não queria mais viver presa. Queria ser livre mais do que tudo.

A loira já lutava com as lágrimas. Não era certo prender a irmã dessa forma, ela sabia. Mas também não poderia deixar que as pessoas se aproximassem de si para a segurança delas. Só tinha uma opção.

— Então vá embora.

A expressão machucada de Anna foi o suficiente para que a jovem não suportasse. Ela se vira e volta a se direcionar para a porta tendo a consciência de que provavelmente nunca mais veria a ruiva.

— O que eu te fiz? — a princesa não conseguia entender. Sempre se perguntou por que a irmã a desprezava ao ponto de expulsá-la de sua vida.

— Já é o bastante, Anna. — ela quase não conseguia suportar, sabia que estava perdendo o controle.

— Não. Por quê? Por que me expulsou?! Por que expulsou o mundo?! Do que você tem tanto medo?! — a cada pergunta, a rainha se encolhia cada vez mais.

Tudo o que lutou para esconder, todo o perigo que poderia oferecer, acabou sendo liberado pela sua falta de controle ao ser pressionada. Elsa não suportou e já perto da porta virou-se para encarar todos. Com um ato impulsivo, cometeu o pior erro da noite:

— Eu disse que é o bastante! — ao se virar uma última vez, não conseguiu se controlar e fez algo parecida com uma barreira de cristais de gelo pontiagudos em volta de si.

Todos olharam estupefatos para a rainha, os convidados se afastaram assustados. Poucos eram o que sabia os nomes, mas pôde ver seus olhares de acusação e medo. Ela era diferente, ela era perigosa.

E diante de todos aqueles olhares, o pior foi o de Anna, que parecia não acreditar no que via. Já começavam a chamá-la de bruxa e, em um ato de desespero, ela apalpou a porta até encontrar a maçaneta e saiu correndo para fora do castelo.

Mesmo com a triste cena, Rapunzel continuava animada. Ela tinha razão afinal! Virou-se para José sorrindo e sua expressão facial foi hilária. Era exatamente igual a de quando ele descobrira sobre seu cabelo, o queixo quase no chão.

— Ei, calma. Não entre em pânico!

— Entrar em pânico? Quem disse que eu entrei em pânico? — a morena sorriu.

— Ótimo, vamos atrás dela. — já passou a puxá-lo para fora do castelo. A temperatura parecia ter caído vários graus desde o começo da noite.

— O quê?

— Isso mesmo. Vamos! — Punzie já conseguira até mesmo um cavalo e o armava para a partida.

Para a felicidade de sua esposa, o jovem já estava acostumado com essas loucas aventuras, mesmo que preferisse o conforto do castelo. Então ele logo subiu no cavalo e ajudou-a a se posicionar atrás dele. Ao passar pela ponte, finalmente perceberam todo o rio congelado e a neve caindo acima deles.

— Eu falei que estava um tempo ruim! — riu Bezerra enquanto corria para a montanha do Norte.


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Notas finais do capítulo

Então, já dá para ter uma ideia do que irá acontecer?
Sendo bem sincera, tem muita coisa para ser descoberta ainda, então façam suas apostas. Eu vou seguir o filme? O que elas tem em comum? O Hans é apenas um falso que queria matar as duas irmãs?
Ah, e eu ando bastante insegura com minha interpretação da Rapunzel, vocês acham que eu estou sendo fiel a personagem? A relação dela com o Flynn está boa?
Espero saber a opinião de vocês pelos comentários.