Mermaids escrita por Annabel Lee


Capítulo 2
Capítulo 2




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Tessa acordou com a tão comum dor de cabeça. Ela abriu os olhos com dificuldade e estranhou o lugar onde acordou.

– Minha nova suíte - ela disse com a voz rouca.

De repente, ela ouviu batidas na porta.

Ela espreguiçou-se e foi cambaleando até a porta e abriu. Era Andrew.

– O que você quer? - ela resmungou abrindo a porta para ele entrar.

– Você está horrível - ele disse ao fechar a porta.

– Bom dia para você também mano - Tessa foi para o banheiro fazer sua higiene matinal.

Andrew encostou-se a parede próxima à porta do banheiro e perguntou: - Você está melhor?

Tessa estranhou um pouco a pergunta, mas logou lembrou-se da noite passada e do horror qual presenciara. Lembrou-se também como era bom morar no mesmo lugar da festa, assim ela pode refurgiar-se logo, sem precisar passar muito tempo mascarando seu humor lúgubre.

– Estou. - Ela saiu do banheiro e parou para encará-lo. Ela desceu o olhar para seu terno. - Primeiro dia no trabalho?

– Pois é. E como você é a única hospede por enquanto, vou puxar o seu saco, como bom administrador que eu sou.

– É melhor não, posso reclamar de suas ações para o Robert.

– Então é melhor eu dar o melhor de mim.

– Você sempre dá. Sempre faz tudo certo e perfeito. Sei que vai se sair bem.

– Obrigado. É legal te ouvir dizendo isso.

Nesse instante o celular de Tessa tocou.

– Alô?

– Tess, sou eu Alicia. Liga a TV no canal nove agora!

– Tá.

Tessa correu para ligar a TV do seu quarto.

– O que foi? - Andrew perguntou.

– Cala boca Andrew! - Tessa gritou, tentando ouvir o que a repórter do canal nove dizia.

Hoje pela manhã, foi encontrado o corpo de uma mulher nua na praia de Santa Mônica, próximo ao hotel Ocean Palace, que foi inaugurado ontem. A polícia suspeita que a vítima foi esfaqueada. Até agora ela não foi identificada... – Tessa colocou a televisão no mudo e fitou Andrew.

– Isso vai pegar mal para o hotel. Podem achar que o local não é seguro...

– Quem liga para o hotel! Nós temos milhares de hoteis! - Tessa gritou, interrompendo o irmão. - Andrew, você não entende? É muito difícil matar uma sereia. E quem quer que tenha feito isso sabe da nossa existência e como nos matar.

Andrew ficou sem reação.

– Você acha que corre risco?

– Sinceramente, eu não sei.

Andrew sentou-se ao seu lado na cama, e tocou seu rosto, fazendo-a olhar em seus olhos. O medo de perder sua irmã lhe atingiu como uma bala em seu peito. Ele nunca havia considerado essa possibilidade. Para Andrew, Tessa era indestrutível, e iria ficar com ele até os últimos dias de sua vida.

– Não vou deixar que nada lhe aconteça. E toda vez que for pro mar me avise, ok?

Tessa fez que sim com a cabeça, e abraçou o irmão.

–-

Luke acabara de sair do escritório de Kevin Bender, o pai de Alexis, em sua casa. Ele se perguntara onde estava Alexis, que não tinha visto desde que chegou.

– Vai ficar para o almoço Dim? - Kevin perguntara ao pai de Luke, Dimitri Hudson, mas chamado apenas de Dim por amigos e familiares.

– Claro.

– Ótimo! Luke, se importa em ir chamar a Alexis? - parece que o Sr. Bender estava lendo os pensamentos de Luke que, claro, não se incomodou de subir as escadas da mansão e bater na porta do seu quarto. Ele queria saber se ela estava bem, já que sumiu depois do terrível acontecimento na noite anterior.

Alexis demorou um pouco para atender. Ela parecia cansada, seus olhos possuíam enormes olheiras, seus cabelos loiros estavam bagunçados.

– Seu pai está lhe chamando para almoçar.

– Não estou com fome - ela disse, e tentou fechar a porta, mas Luke impediu. - O que foi? - ela perguntou impaciente.

– Isso é por causa de ontem? - ele perguntou baixinho.

– E se for? Não é da sua conta - ela tentou novamente fechar a porta, mas Luke impediu. - Não me faça usar minha força.

– Eu só quero conversar. - Luke encarou os olhos cinza de Alexis, que rendeu-se a ele e o deixou entrar no quarto.

O quarto de Alexis era simples, sofisticado e feminino, assim como ela. Exceto pelos inúmeros papéis, pedaços de jornais recortados, espalhados em uma das paredes.

– Qual é dessa parede aqui? - Luke disse apontando para a parede que mais parecia um quadro de investigação policial saído de um filme.

– Não é nada. Só me ajuda a pensar. - Alexis sentou-se em sua cama, onde também havia alguns papéis. - Você disse que queria conversar. - Luke virou-se para sentar-se junto a ela, e acabou sentando em cima de um pedaço de papel. Ele o pegou e olhou de relance para ele, mas assustou-se quanto ao título: Como matar sereias.

– O que significa isso?

– Estou tentando desvendar como conseguiram matar aquela sereia. - Ela tomou o papel dele. - Não é impossível, só difícil.

– Não me diga que vai por aí atrás de quem a matou. - Alexis não disse nada, e para Luke foi à confirmação. - Você não pode! É perigoso!

– E desde quando você se importa?

Devido à relação conturbada dos dois durante toda a vida, já que eles cresceram juntos, esse tipo de conversa não era comum, apesar de se entenderem em raros momentos. Mas a verdade é que os dois se conheciam muito bem, e no fundo não desejavam o mau um para o outro. Basicamente a relação dos dois era composta de brigas infantis, e quando estavam juntos era como se houvesse um choque entre forças opostas.

– Você pode morrer - ele falou baixinho. O que provava que por mais que eles brigassem no passado, Luke não desejava mal algum a ela.

– Sei me cuidar.

– É bom que saiba. - Luke levantou-se. - Olha, eu não quero que vá atrás de uma pessoa que pode te matar. Sei que gosta de justiça e da verdade, mas é perigoso.

– Ela pode ser a minha mãe, Luke – Ela disse em tom triste. Com isso Alexis revelou sua vunerabilidade, e a verdadeira razão pela qual ela estava tão conturbada com a situação.

Luke olhou para Alexis que tinha o olhar fixo no chão. É verdade que os dois não se suportavam, mas quando o assunto era a mãe de Alexis a situação mudava. O fato era que Alexis nunca conhecera a mãe, seu pai nunca falou nada sobre ela, por mais insistente que ela fosse. E mesmo que ela tivesse uma madrasta, Marissa nunca fora muito próxima de Alexis como uma mãe, e Luke esquecia todas as desavenças que tinha com ela quando via que Alexis estava sofrendo por causa disso e tentava ajudar do seu jeito. Isso aconteceu poucas vezes e ela nunca soube o verdadeiro motivo dessas ações.

– Ainda sim, é perigoso.

– Não vou descansar até saber quem fez isso! - Alexis disse de pé. Luke sabia que essas eram as palavras finais dela, e que nada no mundo tiraria essa ideia da sua cabeça, por que ela era assim, teimosa e cabeça-dura.

– Então fale com as outras. Não vá cometer uma loucura sozinha. - Alexis assentiu. - Vem almoçar, seu pai lhe aguarda.

Luke saiu, deixando Alexis sozinha com seus pensamentos. Ele tinha razão, não podia fazer isso sozinha.

Ela pegou seu celular e mandou mensagem para suas amigas.

"Reunião no barco hoje à noite"

–-

A noite estava um pouco fria. Alicia andava tentando não fazer barulho com seu salto sobre o píer. Ela foi até o barco luxuoso de Tessa, que as garotas usavam para se encontrar para nadar e fazer encontros de garotas. Alicia entrou com cuidado e logo viu suas amigas sentadas nas almofadas espalhadas pelo chão da pequena sala.

– Finalmente! - exclamou Tessa.

– Desculpa, mas eu cheguei, não cheguei?

– Tá. Tanto faz. - Tessa deu de ombros, e Alicia logo juntou-se as amigas no chão.

– Qual o motivo da reunião Lex? - Alicia perguntou.

– Bem, eu comecei a investigar a morte daquela sereia.

– Já esperávamos por isso. - Disse Tessa e todas concordaram.

– Então, o Luke disse para eu não fazer isso sozinha...

– Luke? - perguntou Tessa. - Desde quando conversa com ele?

– Ele estava na minha casa hoje, mas isso não vem ao caso. A questão é que ele tem razão, não posso ir atrás do assassino sozinha.

– É claro que não pode fazer isso sozinha. - Alicia falou. - Esse assassino, seja lá quem for, conseguiu matar uma vez, quem garante que ele não mate outra vez?

– Ele? É homem? - perguntou Tessa.

– Não sei. Pode ter sido mais de uma pessoa. - Disse Alexis. - Se for homem, primeiro ele devia estar usando tampões de ouvido, mas o nosso canto não é impedido com um simples tampão. Então eu pensei na possibilidade de ser uma mulher.

– Mas uma mulher comum não teria força o suficiente para tal. - disse Mô.

– Por isso eu acho que foi mais de uma pessoa.

– Isso fica cada vez mais estranho. - Alicia falou. - Parece que foi algo planejado.


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