Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 68
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

21 anos depois....

POV Nessie
♥ Renesmee e Jake ♥



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Brasil. Século XX. 1909.

─ Duas maneiras muito feias de se proceder. Uma, roubar o jornal alheio. Segunda, ler o jornal alheio.

Olhei petulante para o alto e dei de cara com um estranho. Antes de tentar descobrir como ele sabia que eu entenderia em português, olhei para o cabeçalho do jornal em questão, que estava em minhas mãos. “Jornal do recife”, com a notícia sobre a morte de Afonso Pena, o então presidente da república do Brasil.

─ Achado não é roubado. – respondi e levantei-me ajeitando minha saia. Estava usando uma saia rodada na ponta que batia no meio da minha panturrilha, estava de botas de cano alto, de couro preto, e salto rasteiro, estilo montaria.

Senti seu olhar me analisando de cima a baixo e cruzei os braços, fechando o semblante. Não é por que ele era bonito que tinha o direito de ficar me avaliando. Ele tossiu para limpar a garganta antes de falar.

─ Creio que há algum equívoco, pois lembro-me bem de onde deixei meu jornal para saber que ele estava guardado e não perdido.

Tinha um tom de sarcasmo e zombaria em sua voz. Não sabia o que ele queria fazer afinal de contas, mas seu olhar me desestabilizou. Ele tinha olhos castanhos esverdeados, nariz afilado, lábios que pareciam ter sido desenhados e... Droga! Onde estou com minha cabeça?

─ Tome. Não precisas de rodeios para pegá-lo de volta. – falei e estiquei o jornal para ele.

Ele ergueu as sobrancelhas surpreso com minha atitude. Melhor assim.

─ Já terminou de ler, senhora? – ele perguntou, mas não pegou o jornal.

Senhorita. E já. Já terminei de ler. – mantive a mão esticada.

Seu semblante mudou ao ouvir a palavra “senhorita” ou foi só impressão minha?

─ Desculpe-me. Tentei galhofar-te, mas creio que acabei sendo rude. Podes me perdoar? – perguntou com gentileza.

─ Tudo bem. – respondi simplesmente.

─ Na verdade eu estava mais interessado em saber quem seria o brasileiro neste navio, há tempos não falo português com ninguém e estava animado por descobrir um conterrâneo por aqui.

Agora foi minha vez de olhá-lo de cima abaixo. Ele estava elegantemente vestido, parecia um lorde inglês, o cabelo estava um pouco crescido e caía-lhe na nuca, tinha um cavanhaque muito bem aparado, não muito espesso. Era de altura mediana e aparentava ter quase 30 anos, apesar de ter um sorriso bem jovial.

─ Peço-lhe desculpas, cavalheiro. Realmente não resisti quando vi o jornal em português. – ele pegou o jornal da minha mão, enrolou e o colocou debaixo do braço sem tirar o olhar do meu.

─ Então, sendo assim, creio que estamos perdoados mutuamente. – ele disse e não sei o que me moveu, mas abri um sorriso involuntário para aquele estranho adorável. – Como se chama, senhorita?

─ Chamo-me Renesmee.

– Deixe-me que me apresente, chamo-me Jacob Augusto Black e estou encantado. – ele pegou minha mão e beijou sem tirar os olhos dos meus.

─ Senhor Jacob...

─ Para ti, apenas Jake.

Suas palavras invadiram os recônditos mais escondidos do meu ser. Senti como se tivesse dormido por vinte e cinco anos, sendo acordada somente agora e dado de frente com este homem lindo e sedutor a minha frente.

Minha mãe sempre me disse que eu deveria prestar atenção aos sinais. Dediquei-me aos estudos e à música, não dando muita importância para namoricos. Ao contrário de minha irmã Milla que se apaixonava a cada esquina, e as vésperas de seu casamento com o senhor Nahuel, ainda ponderava se seria ele mesmo o seu verdadeiro amor, aquele do qual nosso pai tanto fala.

Dinda Alice mofa de mim, dizendo que estou ficando passada e que fiquei para titia, que os gêmeos, Marcelo e Márcio e a caçula Teodora, meus irmãos mais novos, ainda se casarão antes de mim. Isso por que seus dois filhos, Isabel e Josué, acabaram de se casar. Não me importo. Antes, morrer solteira e virgem, do que viver acorrentada ao lado de alguém que não se ama.

Por isso, a muito custo, consegui que meus pais me deixassem fazer essa viagem para conhecer a Europa, sozinha. Sentia que precisava encontrar algo, mas não sabia o que exatamente procurava. Até agora...

♥♥♥

Uma semana. Uma semana foi o que precisamos para saber que estávamos apaixonados. O navio atracou no Rio de Janeiro e fiquei em reboliço para apresentar Jake a minha família. Passamos os dias mais lindos, felizes e apaixonantes de toda minha vida.

Jake era encantador, inteligente, dono de uma alma autêntica, um espírito demasiadamente humanitário, cheio de grandes e boas pretensões. Jake era verdadeiramente sui generis, um lorde que tem total pureza e sobriedade em seus atos. É romântico e adora literatura e música tanto quanto eu ou mais.

Contei para Jake, sobre minha família, precisava saber se haveria preconceito, mas ele mostrou-se ainda mais merecedor de meu amor. Falei com orgulho de todos, principalmente de meu pai, que hoje era um dos fazendeiros mais próspero do interior do Rio de Janeiro e tinha seus quadros vendidos por todos os cantos do Brasil, um artista de renome, mas foi um escravo branco criado com muito esmero por minha falecida avó Esme. Como eu gostaria de tê-la conhecido.

Passamos estes dias, lendo, cantando ou recitando poesia. Juntos, vimos a alvorada e quando pensei que jamais aconteceria, fui beijada pela primeira vez, com o beijo mais doce e apaixonado que eu podia imaginar que existisse. Ouvi com carinho e um pouco de amargura sua história, estava noivo e de casamento marcado quando sua noiva fugira com um marinheiro, deixando apenas uma breve carta de adeus.

A Europa foi o refúgio para sua dor, formado recentemente bacharel em Direito e advogado já conhecido no foro de Recife, graças a seu pai, Jake foi a Europa para um curso de línguas e aproveitou a estadia para ir a teatros e museus. Entediado e sentindo muita saudade de casa, principalmente de seus seis irmãos mais novos, resolveu de última hora embarcar de volta ao Brasil. “Sorte a minha”, ele disse ao terminar de contar-me sua história. “Sorte a nossa”, respondi.

Ele pegou minha bagagem e deu uma gorjeta ao funcionário da ferrovia que nos ajudava. Olhei para ele admirada, temos a mesma idade, ou melhor, sou ainda alguns meses mais velha que ele, mas ele tem atitudes tão viris e másculas, ele é tão maduro e educado, que não me sinto nem um pouco mais velha que ele.

─ Mamãe! Papai! – gritei ao avistar meus pais parados e abraçados olhando para a direção contrária da qual eu estava.

Meus irmãos me viram primeiro e vieram correndo ao meu encontro, menos Milla, que estava de braços dados com Nahuel, parecendo já uma senhora casada. Marcelo e Márcio, chegaram primeiro até mim, são gêmeos idênticos, estão com 19 anos e sinto-me uma velhota abraçando esses dois galalaus.

Teodora afastou os dois e me abraçou forte, ela está com 17 anos, é linda, se parece muito com minha mãe, mais do que eu, porém não se interessou nem pela música, nem pela literatura. Gosta de mandar em tudo e em todos, adora cavalgar e passear nos novos carros do papai. Mamãe diz que Teodora é idêntica a nosso pai e fico confusa com isso, papai é tão calmo, sereno, nada o abala. Ele sempre sorri e balança a cabeça, quase envergonhado, quando ela diz isso.

─ Quem é este? – Teodora perguntou ao notar Jake segurando minha mala.

Abri a boca para responder, mas então minha mãe e meu pai apareceram de braços esticados e lhes dei um abraço triplo. Puxei Milla e nos abraçamos apertado. Também cumprimentei Nahuel que ajeitou os óculos para me ver melhor.

─ Papai, mamãe, irmãos... – olhei também para Nahuel para que este se sentisse incluído – Gostaria de apresentar-lhes uma pessoa muito especial que conheci no navio de volta. – estiquei a mão e Jake pegou um tanto tímido. – Este é o senhor Jake Black. – falei o nome dele acentuado e olhei para minha mãe que sempre foi capaz de perceber os mais ínfimos e discretos olhares.

─ Muito prazer... – Jake cumprimentou a todos educada e simpaticamente.

─ Jake? – minha mãe falou e sorriu.

─ Jacob Augusto, na verdade, senhora Isabella.

Percebi minha mãe se agitar. Meu pai colocou a mão no ombro dela e eles se entreolharam. O que houve? Estava tentando entender a reação de meus misteriosos pais, quando Jake me cutucou e apontou.

─ Ali, a carta chegou a tempo, meus pais vieram me buscar! – ele falou e acenou sorrindo.

Minha mãe se virou para olhar e arregalou os olhos. O tal pai de Jake que estava, parecia, repreendendo um menino de aproximadamente 5 anos, que deve ser um dos seis irmãos de Jake, se levantou e ao pairar o olhar sobre minha mãe, abriu um sorriso descaradamente feliz. Fiquei abismada como ele viu minha mãe antes mesmo de ver o próprio filho. Tudo bem, minha mãe era linda, tão jovem e viva que podíamos passar por irmãs na rua tranquilamente. Sempre percebi como os homens caíam aos seus pés, mas ela só tem olhos e coração para meu pai.

─ Pai, mãe? – Jake chamou, depois de pegar o irmãozinho no colo, e se aproximou com eles. – Gostaria de apresentar a senhorita Renesmee e sua família.

O pai de Jake me olhou com curiosidade e sorriu. O sorriso dele, apesar de estranho para mim, era contagiante e sorri de volta. Ele tinha um ar gentil, Jake se parecia com ele, ou ele deveria se parecer com o filho quando mais novo e talvez uns vinte quilos a menos. O pai de Jake era rechonchudo e calvo. Mas tinha olhos muito gentis. A mãe também era robusta, e tinha um rosto muito bonito e olhos verdes.

─ Ora, ora, se não é a senhori... – o pai de Jake parou e olhou para meu pai. – Senhora Isabella.

─ Jacob! – minha mãe que sempre agia impulsivamente e nunca dava para prever suas ações, deu um passo à frente e abraçou o pai de Jake como quem abraça uma pessoa muito querida.

Olhei para Jake que me olhava refletindo a mesma confusão no rosto. Olhei para meu pai e ele estava cumprimentando a mãe de Jake, educadamente.

─ Então, parece que o destino, apesar da demora, resolveu lhe dar opções. – o pai de Jake, o senhor Jacob, falou alegremente após todos se apresentarem.

Minha mãe voltou para perto de meu pai e o abraçou pela cintura, sorrindo, olhou para mim e depois para Jake. E então ela fitou o céu, fazia um lindo dia de sol, apesar de estarmos numa manhã de início de inverno.

─ Não, Jacob, o destino não me dera opções, eu as construí. – ela disse, olhou para meu pai que sorriu com cumplicidade e senti a força de suas palavras.

Olhei para meus irmãos, para Milla, tão diferente fisicamente de nós, mas tão amada e tão querida. Por fim, olhei para Jake e ele estava me encarando com um sorriso bobo no rosto. É isso. – pensei. O destino pode dar opções, ou não, mas no final, é você, sempre você, que terá de escolher. E foi com meus pais que eu aprendi a fazer minhas escolhas: Onde houver amor, essa sempre será a opção correta.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu tinha feito um capítulo inteirinho de AGRADECIMENTOS, maaaass foi retirado... Então, Vou tentar reescrever, pois vcs merecem esse carinho:
MUITO OBRIGADA a todos que acompanharam a história até aqui, que torceram, riram, choraram, se apaixonaram, se envolveram... Os coments mais perfeitos que me deram forças e me emocionavam muito!!!
Obrigada Penélope e Kris Pattinson que foram as primeiras a Recomendar a história, sem q eu pedisse...
TODAS Vocês foram muito importantes para que eu tomasse coragem e acreditasse que podia ir além... então, essa fic virou um livro! *-* com o mesmo título (QUEBRANDO AS CORRENTES DO DESTINO) mudando apenas de Edward e Bella para Tobias e Anabele



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