Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 58
Caminho sem volta


Notas iniciais do capítulo

POV Narrador
2 semanas depois....



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Maio/1888.

Depois de esfregar o chão da cozinha, ordens de seu marido, Isabella pôde se lavar e conseguir dar um beijo de boa noite nas filhas. Mike havia saído mas os seus escravos espiões estavam de olho em Isabella. Agora, onde ela ia, mesmo dentro da chácara, havia escravos que ficavam de guarda. Ela sabia que Mike estava pagando uma boa recompensa a eles. Mesmo assim, ainda tinha os que a adoravam e ela acabava conseguindo o que queria.

Ela devia se preocupar com o marido, as ruas do centro do Rio de Janeiro estavam sendo tomadas diariamente por movimentos abolicionistas, negros já alforros, principalmente os que nasceram beneficiados pela lei do ventre livre e os que foram libertos há três anos pela lei dos Sexagenários. Brancos que tomavam a causa para si, a maioria estudantes. Na maioria das vezes terminava com violência, onde aí não se distinguia mais a cor de ninguém, eram todos, homens e mulheres, que lutavam por uma causa. Mas ela não se preocupava.

Alice já estava casada com Jasper, com os conhecimentos que ele tinha agora, foi tudo bem rápido. Já tinha uma semana que ela dormia com ele na casa da corte. Nunca mais soube de Edward desde aquele dia e nem queria saber notícias dele e de seu casamento, era muita dor para suportar.

Isabella passou essas últimas semanas tramando um intento e não voltaria atrás. Estava decidida do que iria fazer. Sentia apenas por suas filhas, mas esperava que as cartas que deixara para elas, a confortassem e um dia, quando fossem adultas, a entenderiam e a perdoassem. Hoje seria o dia. Não tinha mais por que adiar. Sua vida não fazia mais sentido.

Continuar casada com Mike a estava matando aos poucos, isso não era bom para ninguém, muito menos para suas filhas, que eram as pessoas com as quais mais se importava no mundo. Mas elas iriam crescer e viver as suas vidas também. E então o que seria dela? Viveria infeliz como sua amada mãezinha fora com seu pai? Depois de conhecer a verdadeira felicidade, como aceitar algo menos que isso? Não. Preferia a morte.

Quando toda a casa estava em silencio, ela puxou debaixo de sua cama e conferiu a caixa dos remédios. Estava lá. Apertou o vidro com força contra o peito. Dentro daquele vidro estava sua liberdade.

Naquela noite, Mike chegou cheirando a álcool como ela sabia que chegaria. Isabella estava sentada na beira da cama e segurava um copo cheio de uísque. Ou pelo menos era isso que ela queria que ele pensasse.

─ Mas o que é isso? Quem lhe dera permissão para beber? Agora além de vadia, terei uma vadia beberrona também! Era o que me faltava.

Isabella não fez força quando ele lhe tomou o copo da mão. Ela apenas observou enquanto ele virava o copo e tomava o liquido de uma só vez. Depois, ele se despiu e a violentou como ela sabia que ele faria.

Mas enquanto ele a penetrava, Isabella relaxou, e tentava conter um sorriso no rosto, temia que se, se deixasse sorrir, acabaria soltando uma gargalhada maligna. “É a última vez...” – pensava e para não sorrir, mordia o nó do dedo. O prazer interno era tanto de saber que dali poucas horas estaria livre desse sofrimento, que seu rosto ficou afogueado. Mike olhou para ela quando terminou e franziu o cenho. Teria ela sentido prazer pela primeira vez com ele?

Mike arriscou fazer um carinho no rosto de Isabella, mas assim que ele levantou a mão, ela estremeceu e encolheu os ombros pensando que ele fosse lhe bater. Ele suspirou e abaixou a mão se retirando de cima dela. O cabelo loiro dele estava oleoso e seus olhos azuis pareciam ainda mais brancos com as olheiras que se formavam no seu rosto. Isabella se permitiu analisa-lo pela última vez, esperando que, para onde fosse, não levasse essa imagem consigo.

Depois de se lavar, Mike deitou ao lado de Isabella que mirava o teto, já totalmente vestida. Ela apenas aguardou que ele caísse no sono.

****

03/05/1888.

Alice chegou cedo na chácara. Um pouco antes do horário combinado com Isabella. Foi direto para a cozinha, Rachel ainda não estava lá, como estava dormindo com as meninas agora, iria demorar um pouco mais para se levantar. Colocou água para ferver e passou um café. O dia já estava amanhecendo quando decidiu ir caminhando até o casebre. Ainda havia alguns pertences seus para buscar.

Entrou no casebre e a primeira coisa que viu foram três envelopes de cartas em cima da cama. Leu os nomes de cada remetente, Milla, Renesmee e um para ela. Abriu rapidamente reconhecendo a letra de sua sinhá. Assim que leu, era uma carta breve, porém com um conteúdo avassalador, saiu correndo, desesperada de volta a casa, torcendo que senhor Mike ainda não tivesse despertado.

Alice foi até o quarto das meninas e acordou Rachel.

─ Rachel, ande, me ajuda a arrumar as meninas.

─ Mas o que tá acontecendo? – pergunta Rachel ainda esfregando o olho. Rachel era rechonchuda e mantinha os cabelos encrespados para o alto, amparados por uma faixa grossa. Pela manhã, estava todo amassado. Ela ainda amassava o cabelo quando Alice puxou uma mala grande debaixo da cama.

─ Acorda, mulher! – Alice falou jogando a mala sobre o colchão. – Ponha roupas para as duas meninas nesta mala. Tem de servir.

─ Alice, o que tá acontecendo, tá me deixando preocupada!

─ Não posso explicar agora, mas se tu ama essas meninas, tu vai me ajudar.

Rachel olhou bem fundo nos olhos aflitos de Alice e apertando os lábios grossos um no outro, assentiu e foi acordar Renesmee e Milla.

Alice aprontou as meninas que já acordaram perguntando pela mãe. Milla ainda não pronunciava as palavras direito e na maioria do tempo permanecia muda, como se tivesse preguiça de falar, em geral, apenas apontava o que queria. Ao contrário de sua irmã que começou a falar bem cedo e não parava de falar um minuto.

Com a mala feita, Alice abriu a gavetinha do criado mudo e encontrou papel e pena. Pediu que Rachel vigiasse o corredor para avisar caso o senhor Mike aparecesse. Escreveu em poucas linhas o que pretendia e selou como um envelope. Postaria a carta assim que chegassem no centro da cidade.

─ Renesmee, me espera na porta da sala. – Alice falou baixinho para a menina que parecia saber o que ela pretendia. No mesmo segundo, Renesmee saiu correndo em direção ao salão.

Rachel saiu atrás com Milla no colo e Alice se encarregou da mala. Havia um silêncio mortal na imensa casa. Alice não se arriscou a olhar no aposento do dono da casa, mas fez o sinal da cruz quando chegou à porta da sala e pegou na mãozinha de Renesmee. O amanhecer já estava completo quando elas desciam a escadaria da casa grande.

─ Venham, vamos precisar aprontar a charrete. – Alice falou já se encaminhando com Rachel e as meninas para os fundos.

─ Alice, pelo amor do Pai, fala pra eu o que tá acontecendo, por que tu tá fugindo com as meninas? Sei que a sinhá mandou eu confiar em tu, mas tem o sinhô Mike...

─ Rachel. Por favor, confie em mim e não diga nada sobre isso. Diga que estava fazendo o café e quando voltou as meninas não estavam mais. Pode fazer isso?

Rachel suspirou e assentiu mais uma vez. Seja lá o que fosse, Alice tinha uma carta com a letra da sinhá Isabella e dias atrás, Isabella havia lhe dito para confiar em Alice que esta seria sempre a madrinha das meninas.

Após arrumarem a charrete, Rachel viu com pesar, Alice açoitar o cavalo, enquanto Renesmee e Milla iam abraçadas na parte detrás coberta.

─ Deus as guarde! – sussurrou Rachel ao vê-las sumir no caminho.


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