Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 50
Revelação


Notas iniciais do capítulo

POV Narrador



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─ Como vai, senhor Edward? – Isabella achava que conseguiria segurar toda e qualquer emoção. Enganou-se totalmente.

─ Vou... – ele passou a mão pelos cabelos desalinhados. – Bem.

Isabella o olhou de cima a baixo. Ele trajava uma roupa ainda mais simples do que outrora. Estava visivelmente mais forte e a pele queimada, muito queimada de sol. Estava moreno, poderia se dizer. Irresistivelmente amorenado.

─ Sente-se, por favor. – ela usava de toda polidez que conseguia.

Edward estava se sentindo estranho, estar de frente para ela depois de todo esse tempo, achava que iria jogar-se em cima dela, com abraços e beijos, mas estava incrivelmente contido. Fez sinal para que ela se sentasse primeiro, ainda não se esquecera dos modos que sua madrinha lhe dera. Ela sorriu e sentou-se com facilidade, apesar da barriga.

─ Eu... sinto muito, Isa... – ela arregalou os olhos. – Senhori... Senhora Isabella.

─ Grata. – ela não sabia o que responder.

Edward olhou em volta e depois para ela que estava alisando metodicamente a saia do vestido.

─ Seu marido...?

─ Foi a corte resolver a papelada.

─ Entendo. – seu semblante era de derrota.

─ Então, Ed... Senhor Edward, chamei-lhe aqui por que havia uma coisa que gostaria de lhe entregar pessoalmente. – ela se levantou e ele se levantou também.

Isabella foi até o aparador e o entregou um papel enrolado em forma de canudo. Ele abriu sem tirar os olhos de Isabella, ela tentava conter um sorriso em seu rosto pálido.

Digo eu Comendador Carlisle que entre os bens livres e desembargados de que sou legítimo senhor e possuidor, é um escravo mestiço de nome Edward, deve acompanhar-me até o dia em que eu o casar ou falecer, e sendo que o mesmo tenha filhos, tanto ele como seus filhos gozarão da mesma liberdade, cuja liberdade é do dia de minha morte por diante como si de ventre livre nascesse”.

─ Estás livre, Edward! É um homem livre de agora em diante e para sempre! – Isabella tentava conter as lágrimas.

Edward leu e releu sua carta de alforria. Enrolou o papel de volta lentamente e olhou para Isabella que sorria com os lábios mas não com o olhar.

─ E o que faço agora? – perguntou em tom baixo. – Essa carta me dá uma liberdade da qual não me interessa gozar se não tiver ao meu lado aquela a quem eu amo.

Isabella piscou e quando Edward deu um passo à frente, ela deu um para trás.

─ Edward, eu comprei as dívidas do Engenho e paguei a hipoteca da chácara. Coloquei o Engenho no seu nome, é seu! Poderás fazer dele o que quiseres. Tudo o que há nele é seu, a casa, as plantações, os escravos...

─ E tu? Até quando irás fugir, Isabella?

Ouvir seu nome na boca de Edward fez todo seu corpo estremecer. Isabella fechou os olhos e várias cenas lhe vieram a mente, todas as vezes em que chegava ao clímax apenas com ele sussurrando seu nome em seu ouvido ou quando o ouvia gritar seu nome alcançando seu prazer. Quando abriu os olhos, Edward estava mais perto e ela sabia que sua face devia estar bem avermelhada.

─ Edward, não podemos... – ela instintivamente colocou a mão na barriga e se lembrou de Renesmee. Sua filha mais velha que estava com um ano e meio. Fruto de seu amor por Edward, estava a apenas dois cômodos de seu verdadeiro pai.

─ Por que estais grávida? Não me importo. Serei ainda mais amoroso por isto, irei cuidar desta criança como minha, irei amá-la e...

─ Afaste-se, por favor... – pediu tremendo. Já não tinha mais forças para conseguir sair dali e na verdade não queria. De todos os seu pecados ela teria de carregar este mor, desejar seu próprio irmão mais do que a seu marido. Amar a seu irmão, mas não com amor fraterno.

Edward aproximou-se ainda mais. Inalou seus cabelos, passou o dedo contornando o rosto de Isabella. Ela parecia mais velha do que de fato era. Ainda folgava dos seus vinte aninhos de idade, mas talvez a maternidade a tenha amadurecido e ela estava ainda mais linda.

─ Eu queria... – ela segurava o choro e o desejo que a consumiam. – Mas é errado... – ela falou de olhos fechados, e se torturava ao pensar o quanto queria que ele a beijasse. Ali. Agora.

─ Errado? – ele riu e roçou de leve os lábios nos dela. Ela quase gemeu. – Seu casamento é uma farsa, essa gravidez não me impede de amá-la. Diga um único motivo plausível para que eu não a derrube no chão agora e faça o amor que me permitir toda essa saudade e desejo que carrego em meu peito. – ele colocou uma mão em suas costas, a enlaçando.

Isabella respirou fundo, sentindo ainda mais forte o cheiro de canela e cravo do seu hálito.

─ Nós somos irmãos. – falou, mantendo os olhos fechados enquanto lágrimas desciam por suas pálpebras cerradas.

Edward, que roçava o rosto no dela, parou pensando ter ouvido errado.

─ O que disseste?

Ela abriu os olhos e pôs as duas mãos como que empurrando os ombros dele.

─ Somos irmãos! – falou caindo em prantos. – Tu és filho de meu pai.

─ Não. Não sou.

─ Sim, tu és. Tua própria mãe confessaste isso para ele. Somos irmãos por parte de pai, Edward. – ela fungava e chorava copiosamente.

Edward cambaleou para trás.

─ Isto é loucura, Isabella, loucura!

Vendo que Edward ficara atordoado, Isabella se aproximou e tocou seu ombro.

─ Edward eu não queria...

─ Não me toques! – ela se assustou. – Há quanto tempo sabes disto? – ela não precisou responder. – Foi por isso que se casaste com Mike, não foi? Sabes disso todo este tempo e deixou que eu ficasse me matando e sofrendo por ti! Sofrendo e nutrindo uma vã esperança de que um dia ficaríamos juntos novamente. Foste cruel, Isabella. Senhora Isabella. Muito cruel. – ele caminhava de costas e tropeçava nos móveis.

─ Por favor, não me odeie! Nós...

─ Nós? Não há nós, senhora Isabella. Pensas o que? Que agora irei visitar-te e participar de aniversários de meu... sobrinho? – ele apontou para a barriga dela. – Queres saber mais? Ficarei com o Engenho, sim e me tornarei o homem mais rico daquelas redondezas. Farei fortuna e um nome. Jamais levarei o nome desse pai maldito que até depois de sua morte quis arruinar minha vida.

Edward olhou mais uma vez para Isabella que agora estava sentada com a cabeça apoiada nas mãos. Ah! Como ele a amava! Ela estava arrasada, agora o perdera para sempre. Ele abriu a boca, mas não saiu mais nenhuma palavra, sacudiu o canudo que era sua alforria no ar e a passos firmes, sem dizer um único adeus, deixou a sala, a chácara, e Isabella para trás.

Alice entrou na sala com Renesmee no colo, alguns minutos depois da saída de Edward.

No chola mamãe... – Renesmee que era muito esperta e perceptiva, para sua idade, já falava quase tudo com apenas um ano e meio, passou sua mãozinha gorducha no rosto de Isabella.

─ Um dia irás descobrir, minha filha, que existem vários tipos de lágrimas. De tristeza, de alegria, de prazer e de remorso. – Isabella deu um sorriso triste e beijou a testa da filha, olhando para Alice, que suspirou melancólica.

05/10/1886 - 1 ano depois....

Mike achara a ideia de morar na corte proveitosa no momento. Tinha negócios a selar por aquelas bandas, as fabricas no Rio de Janeiro cresciam a todo vapor. Ele cada vez mais tratava Isabella com indiferença e isso piorou após o nascimento de Milla.

─ Como pode duas irmãs serem tão diferentes uma da outra? – Jéssica que viera da América para o aniversário de um ano da sobrinha, comentava plantando uma semente de desconfiança no irmão.

Mike ouvia o comentário e observava as crianças que corriam pela sala. Os sobrinhos já maiores, Robert com 9 anos e Kristen com 7. Os dois loiríssimos e com a pele branca como a neve. Renesmee que tinha apenas 2 anos e meio, mas era o centro das atenções. As pernas e braços roliços, os cabelos volumosos que iam até quase o meio das costas, pretos e enrolavam do meio para as pontas. Bochechas redondas e olhos grandes e espertos, um pouco mais escuros que os da mãe. Sorria e corria enquanto Milla, sua caçula, era esmirrada e tão branca que quase era transparente. Olhos azuis grandes demais para seu rostinho fino e delicado. O cabelo loiro, tão ralo, que por pouco não passava por um menino.

─ Milla nasceu prematura, Jéssica. – Tyler tentou contornar.

─ Mas Renesmee também, não? – ela cutucou mais uma vez.

Isabella como que se tivesse escutando os tais comentários, virou a cabeça na direção dos três e sorriu levantando a mãozinha fina de Milla. Jéssica sorriu largamente e acenou espalhafatosamente.

─ Abra as pernas. – Mike falou com aspereza retirando o cinto da calça.

─ Estás bêbado!

─ Eu mandei abrir as pernas! Sua vadia! – e sem que Isabella esperasse, ele lhe deu uma correiada tão forte que seus olhos lacrimejaram na hora.

E essa não foi a primeira. Com Mike, Isabella conheceu o verdadeiro lado da dor. Apanhava durante o sexo e fora dele. Às vezes Mike se irritava com algum comentário dela e lhe aplicava uma tapa no rosto a qualquer hora ou lugar. Isabella evitava o máximo que podia sair em público, pois sabia que se lhe desse na telha de bater nela, ele bateria estivem na frente de quem fosse.

Tratava Renesmee extremamente mal, e depois do nascimento de Milla, tudo se agravou. Ele passava horas observando as duas, medindo, analisando. Isabella temia deixar Renesmee sozinha com ele, Alice não desgrudava da menina vinte e quatro horas. Talvez ele desconfiasse, talvez a tática da noite de núpcias não tivesse dado tão certo assim ou alguém havia lhe dito algo a mais. Quando soube que Edward era meio irmão de Isabella, Mike relaxou um pouco, mas a dúvida quando olhava para Renesmee o instigava a ponto de querer sair de casa para não ter de ficar olhando para ela.


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