Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 39
passeio com Mike


Notas iniciais do capítulo

POV Narrador



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04/07/1883. Quarta-feira.

Isabella não saiu do quarto para o desjejum, não queria encontrar com Mike, fugiria dele o máximo que conseguisse. Sua mãe estava com uma aparência bem melhor e pediu-lhe que lesse um pouco para ela na sala, foi quando Mike adentrou segurando um ramalhete de rosas coloridas.

─ Bom dia, senhora, senhorita... – Mike cumprimentou dona Esme e Isabella, sem ao menos se importar de cumprimentar Alice que estava em pé no canto, próxima ao sofá.

Isabella olhou para Alice erguendo de leve uma sobrancelha, mas a menina mantinha uma expressão feliz no rosto, quase sorrindo.

─ Vejo que a senhora, minha tia, está de aparência muito melhor! Realmente os ares do campo já estão fazendo um efeito nítido!

─ Verdade que me sinto bem melhor, meu rapaz. – dona Esme falou sorrindo.

─ Então, tome estas rosas para lhe alegrar este dia! – ele entregou o ramalhete, antes retirando uma rosa vermelha do meio dele. – E esta... é para a senhorita Isabella. – falou se inclinando e oferecendo a rosa.

Isabella olhou para a rosa com desprezo.

─ São lindas, Mike! Alice, pode por favor arranjar um jarro para coloca-las?

─ Certamente, sinhá. – Alice retirou as flores das mãos de dona Esme e aproveitou para fazer um sinal para Isabella, ela precisava se lembrar de disfarçar melhor na presença de Mike. Isabella piscou entendendo o olhar e com um sorriso forçado, pegou a rosa que Mike lhe oferecia. Ele sorriu satisfeito.

─ Eu gostaria de aproveitar que a chuva dera uma trégua para convidar Isabella para um passeio pela fazenda...

─ Que ideia fabulosa! Isabella precisa mesmo sair um pouco, e já faz quase dez anos que não vem ao Engenho!

─ Mas, mamãe... Eu preciso terminar este romance e...

─ Não, não. Alice sabe ler e pode perfeitamente terminar para mim. Vá, ande! Vá dar um passeio com seu noivo. Só voltem a tempo para o almoço.

Isabella sabia que não adiantaria retrucar. Não poderia dar nenhum motivo razoável para não passear no Engenho num dia tão agradável.

─ Vou buscar minha sombrinha. – Isabella falou num suspiro.

Mike falava animado de seus tempos na faculdade e de seus projetos para a fazenda de seu pai, no Sul do país. Isabella só se interessou quando ouviu a palavra “escola”. Mas sua curiosidade terminou ao ver de que se tratava de planos pós-casamento e isso era algo que com todas as suas forças não iria acontecer.

Amarraram os cavalos no cercado de bambu e estavam caminhando próximos ao lago já num silencio de vários minutos.

─ Um torrão de açúcar pelos seus pensamentos. – Mike falou ao ver que Isabella tinha o olhar perdido no imenso lago.

Açúcar. Imagens como que em retrospectiva, apareceram na mente de Isabella: uma nuvem de açúcar, sacas de açúcar, celeiro, Edward no meio de suas pernas...

─ Isabella?

─ Oh, sim. Perdoe-me. – ela passou a mão no peito para evitar que ele percebesse que estava quase ofegante.

Mike colocou-se diante de Isabella devorando-a com os olhos, como extático, contemplando-lhe a maravilhosa beleza e com um desembaraço e petulância travou-lhe da mão.

─ Senhorita Isabella, tu não fazes ideia de quanto és feiticeira. Tomaste meu coração de assalto assim que pus os olhos em ti. Creio não haver mais motivos para que lhe fazendo eu a corte tu me negues de provar o doce mel de teus lábios...

Isabella não esperava tal atitude e ouvia aquelas palavras quase assombrada. Mike era um rapazote muito bonito, de porte elegante e fala firme. Provavelmente poderia ter se apaixonado por ele se não fosse um único detalhe: Edward.

─ Senhor Mike – falou soltando-se da mão dele. – Minha mãe está doente e não encontro tempo para pensar em tais cousas.

Mike puxou o ar e olhava bem fundo nos olhos de Isabella quando uma nuvem encobriu definitivamente o sol, escurecendo e esfriando o dia.

─ Sou paciente, senhorita Isabella. – falou com intensidade. – Nos casaremos em menos de duas semanas. Só gostaria que soubesses que achará em mim um bom marido e se, fores uma boa esposa, terás tudo o que desejares; sedas, joias, escravos para te servirem, e nunca hei de trocá-la por moça alguma nesse mundo.

─ Senhor Mike eu... – Isabella não sabia por que, mas sentira neste momento uma necessidade enorme de contar a verdade para ele. Toda a verdade.

Um trovão rompeu no céu assustando os dois.

─ Vamos. Voltemos em tempo que parece que um temporal está por vir! – sorrindo, Mike puxou Isabella pelo braço e correram em direção aos cavalos.

Parando já a frente da casa grande, um escravo logo se adiantou a eles para levar os cavalos. Isabella se atrapalhou para descer ao mesmo tempo que outro trovão ecoava no céu. O cavalo relinchou assustado levantando as patas dianteiras e derrubando Isabella no chão.

─ Isabella! – Mike que já havia descido de seu cavalo, correu até ela.

─ Eu estou bem. – Isabella dispensou a mão que ele lhe esticava e tentou ficar de pé.

Mike prendeu um sorriso vendo a teimosia dela. Era notório que ela havia torcido o tornozelo.

─ Deixe-me ver isso. – ignorando os protestos de Isabella, Mike retirou sua bota e sua meia, vendo logo o inchaço. – A senhorita torceu o tornozelo. Está doendo? – ele apertou de leve, quase acariciando.

─ Não... – ela fez uma careta. – Um pouco.

─ Venha.

─ Não precisa! – Isabella tentou contestar quando se viu sendo levantada nos braços por Mike.

─ Não estás conseguindo nem se pôr de pé, quanto mais subir os degraus da escada!

Apesar do corpo esguio e aparentemente sem músculos, Mike conduziu Isabella nos braços com facilidade até o topo dos degraus. Parando somente ao passar pela porta de entrada e notar a cor sumir do rosto de Isabella ao ver quem estava na sala.


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