Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 35
Desesperançados


Notas iniciais do capítulo

POV Narrador



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Doutor Aro entrou na casa acompanhado de Emily. Renée estava na sala de jantar, fazendo suas orações e atenta a tudo a seu redor. As crianças já haviam comido e agora brincavam com a comida, distraídas. Sue e Alice estavam com ela. Logo Emily voltou do quarto.

─ O doutor já tá com ela. - disse Emily.

─ Se Deus quiser não há de ser nada! - exclamou Sue.

─ Esse doutô aí tem aparecido todo dia um do mês desde o ano passado. – Renée falou meio pensativa.

─ É mesmo, Renée? – Alice ficou preocupada. – Será que dona Esme está escondendo alguma coisa?

Elas se entreolham e suas expressões iam do medo à esperança.

─ Por favor. Deixem-me a sós com o doutor Aro. - dona Esme pediu.

─ Mas mamãe...

─ Por favor.

Isabella olhou fazendo uma prece a Edward. Ele suspirou e se levantou.

─ Estaremos à porta, madrinha.

─ Eu irei me trocar e volto sem demora. – Jéssica falou, deu um sorriso e foi a primeira a sair do quarto.

Emmett também se retirou.

─ Venha, sinhazinha. – Edward levantou Isabella pelos ombros.

Isabella olhou para o doutor que nem parecia saber que eles estavam ali, ele auscultava o peito de dona Esme, batia daqui, batia dali. Edward acompanhou Isabella para fora do quarto e fechou a porta quando passaram.

─ Emmett, vá ver se precisam de algo lá na sala. Se precisarmos de algo o chamamos. – ele assentiu. – Emmett? – Isabella chamou novamente. – Obrigada.

Edward olhou para ela, ela havia se recostado no batente da porta e o encarava de volta.

─ Não há de ser nada. – Edward tentou ser convincente.

A luz que passava pelo vitral colorido, deixava o corredor com sombras por todos os lados. Isabella olhava para Edward que tampava a luz azulada e isso de alguma forma a acalmava.

─ Abrace-me. – ela pediu, a voz rouca, quase chorosa.

Edward passou a mão no cabelo e olhou para o final do corredor. Todas as portas fechadas, o quarto em que Jéssica estava ficava logo na virada.

─ Não sei...

─ Por favor...

Ele não pensou mais em nada e a tomou nos braços. Um abraço tão sincero e acolhedor que era quase fraternal. Ele beijou o topo da cabeça dela.

─ Não posso perdê-la. – Isabella falou com a cabeça enfiada no peito de Edward. Ele acariciava seus cabelos. Em pensar que há algumas horas, eles estavam se amando em seu casebre.

─ Não vai. Madrinha é forte. A quem pensas que terás puxado? – ele tentou fazê-la sorrir.

Eles ficaram assim, abraçados e íntimos já esquecidos de qualquer outra coisa que poderia estar acontecendo no mundo ao seu redor. Nem os passos do salto de Jéssica no piso de linóleo os despertaram. Jéssica parou. Olhou a cena. Franziu a testa. E usou o modo clichê: deu uma tossida forçada.

Edward soltou Isabella rapidamente e estufou o peito se aprumando. Isabella olhou com os olhos lacrimejantes para Jéssica e pensou em mil coisas desagradáveis para dizer a ela. Mas quando abriu a boca, o doutor Aro abriu a porta.

─ Ela quer vê-los.

Isabella entrou quase correndo pelo quarto. Edward deixou Jéssica passar por ele e olhou para o doutor, que fez um sinal indicando que estaria à espera deles na sala.

─ Venham aqui. – dona Esme falou esticando os braços para Isabella e Edward.

Jéssica sentiu-se “sobrando”.

─ Dona Esme, vou deixá-los a sós.

─ Não, minha querida. Fique também. Por gentileza. És parte da família.

Jéssica assentiu, mas permaneceu na ponta da cama. Isabella segurava a mão esquerda de dona Esme e Edward foi para o outro lado da cama e pegou na sua mão direita. Estava fria.

─ Mamãe o que a senhora tem?

─ Ainda não se sabe ao certo... – dona Esme abaixou o olhar e então se encheu da coragem que precisava. – Há alguns meses, senti um inchaço em um de meus seios. Uma dor aguda e manchas roxas claras, começaram a se espalhar. – dona Esme corou ao falar algo tão íntimo principalmente na frente de Edward, mas ela o tinha como a um filho e continuou. – O doutor Aro vem me examinado e colendo amostras do meu sangue e tecido desde então. Ele diz ser uma espécie de caranguejo enterrado sob a pele, há estudos sobre este tipo de mal, mas ainda não se sabe muita coisa.

Isabella abaixou a cabeça entristecida, nunca ouvira falar de nada parecido, Edward que também adorava ler livros e revistas sobre medicina, já havia escutado alguma coisa sobre o assunto e temeu.

─ Há algum tipo de remédio, tratamento? – Isabella perguntou esperançosa.

─ Doutor Aro se esforça o máximo que pode. Mas ainda não há nada específico. – Dona Esme apertou as mãos dos dois ao mesmo tempo. – Escutem. Não quero enganá-los, sei que posso viver ainda mais 200 anos como posso partir daqui dez minutos...

─ Mamãe não digas isto!

─ Isabella, já és crescida e não há por que temer. – dona Esme se virou para Edward. – Meu querido, tu foste minha alegria em tempos dolorosos. Gostaria que soubesses que tentei fazer o melhor que pude...

─ A madrinha fez o melhor. Deste-me conhecimento e me apresentaste à literatura.

─ Mas não te dei sua liberdade...

─ Ao me fazer conhecer tantos livros, me fizeste livre, sim, madrinha. Pois nos livros encontro liberdade para sonhar e ir além.

Dona Esme sorriu ainda com tristeza.

─ És um homem bom, Edward. Mereces encontrar seu caminho. Não partirei deste mundo sem que Carlisle assine sua alforria. É minha última promessa a você.

Edward pensou em dizer algo, mas não queria entristecer sua madrinha. Olhou de soslaio para Isabella e viu que uma lágrima estava presa no canto de seus olhos. Então, sem conseguir dizer palavra alguma, apenas assentiu em agradecimento.

─ E quanto a você, minha filha. Ver-te em casa, sã e salva é minha maior alegria. E agora que sei que seu futuro está garantido, posso partir tranquila.

Isabella franziu o cenho.

─ Rogo aos céus somente que me permitam ver seu casamento com Mike, ele é o que escolhemos para ti, serás muito feliz e estará segura e amparado ao seu lado. – Isabella não mais conseguiu segurar as lágrimas. Uma rachadura começava a ser feita em seu coração com essas palavras de sua mãe.

─ Não se preocupes dona Esme, no que depender de meu irmão, esse casamento não demora mais que um mês para se realizar! – Jéssica falou numa tentativa de animar os ânimos.

Edward e Isabella olharam para ela ao mesmo tempo, com olhares que misturavam surpresa e fúria.

Sue bateu à porta segurando uma enorme bandeja com o desjejum para dona Esme.

─ Licença, sinhazinha. O doutô Aro está à espera de ocês no salão. – falou enquanto arrumava a bandeja acima do colo de dona Esme.

─ Obrigada, Sue.

─ Deixem que eu fico com dona Esme. – Jéssica falou e foi se sentando mais próxima a ela.

Isabella e Edward se levantaram mecanicamente. As palavras de dona Esme pareciam uma sentença. Não conseguiam medir a gravidade do que foi dito. Não sabiam se descobrir que dona Esme estava muito doente era pior do que descobrir que a última vontade dela era que Isabella se casasse com Mike.

Foram caminhando pelo corredor até a sala grande, roboticamente. Cada um com seus pensamentos, num silêncio ensurdecedor. O destino os confrontava mais uma vez. Quem poderia vencer essa batalha agora?

─ Não há mesmo uma cura, doutor? – Isabella perguntou depois de algumas explicações técnicas sobre a doença.

─ É uma doença rara, pouco se sabe sobre ela. Esses tumores podem aparecer em qualquer parte do corpo. Os estudos estão avançando, desde que comecei a tratar dona Esme, tenho me comunicado com outros doutores da Ásia, América e Europa. Mas, infelizmente não posso lhe dar nenhum prognóstico. Eu sinto muito, senhorita Isabella.

Isabella apertou a mão de Edward que estava em pé ao seu lado.

─ Doutor Aro, o que de melhor podemos fazer então?

─ Enquanto esperava por vocês, escrevi uma carta para o Comendador Carlisle explicando todo o caso. – ele entregou um papel dobrado a Isabella. – Não há restrições com relação à dieta de dona Esme, mas aconselho que haja uma redução dos alimentos ricos em gordura, açúcares e carboidratos como pães, bolachas e carnes vermelhas gordurosas. Devem ser acrescentadas as verduras e frutas avermelhadas. E se aceitarem um conselho, o ar do campo fará muito bem a ela. Se resolverem ir para o Engenho, o doutor Caius, muito meu amigo, poderá ajudar no que for preciso. – ele esticou outro papel para Isabella. – Esta é uma carta explicando tudo o que ocorrera até o momento. Para dores e mal estar como o de hoje, eu já deixei uma receita caseira nas mãos de Renée.

Assim que o doutor Aro se foi, Isabella enterrou o rosto no peito de Edward e deixou que as lágrimas levassem sua dor.


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