Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 26
Autocontrole


Notas iniciais do capítulo

POV - Edward



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Edward

Sigo ao lado de Emmett para a casa grande. O calado Emmett. Ele deve ser uns dez anos mais velho que eu, sofreu muito nas lavouras do Engenho, até Dona Esme, enquanto passava um tempo por lá, perceber que ele tinha uma postura elegante e sabia se portar bem diante de seus senhores. Podia-se ver o brilho nos olhos dele quando veio para Chácara com ela e servir dentro da casa grande.

Emmett me avisa que vai passar em seu quarto e que eu posso seguir sozinho. O quarto de Emmett fica nos fundos próximo ao da Renée, onde era o meu quarto antes de ir para o casebre. Respiro fundo. A última coisa que queria neste momento era ver Isabella. Principalmente junto de Mike, seu noivo. Não sei que reação posso ter. O comendador está em casa, preciso me conter. Sou forte, vou conseguir.

─ Madrinha? – chamo baixo quando entro no salão.

Isabella está sozinha perto da mesa dos licores. Está usando o mesmo vestido que usara na primeira vez que fomos para o celeiro e estava completamente nua por baixo dele. Estaria assim agora?

Prendo a respiração, não posso nem sequer me dar o luxo de pensar sobre isso.

Madrinha vem em minha direção, sorrindo. Está muito bonita esta noite, mas parece bem mais magra hoje, aliás, parece ter perdido peso a cada vez que a vejo.

─ Meu querido. – ela diz.

Tomo sua benção.

─ Deus o abençoe. Escute, gostaria de tocar algo para alegrar nossa noite? – pergunta com delicadeza.

Gosto disso nela, seus pedidos, sempre, são precedidos de palavras que indicam que eu poderia recusar se não quisesse. Eu não quero.

─ Certamente, madrinha. – assinto.

Encaminho-me para o piano e sinto o sangue do meu corpo gelar. Ela também veio. A fogosa Jéssica. Aparentemente não mudara nada nesses últimos dois anos. Olho para os lados, vejo o Comendador, o Conselheiro Newton e seu filho. O marido da senhora Jéssica também não veio desta vez. Isso implica problemas para mim, com toda certeza.

─ Senhora? – cumprimento ao me aproximar do piano. Ela está praticamente debruçada sobre ele. Seus seios quase saindo pelo decote parecem duas almofadas.

─ Como vai? – ela sorri maliciosa e estica a mão para que eu beije. Não sei bem por que, mas olho de soslaio para Isabella. Ela está estática, posso sentir a vibração de seu corpo daqui.

Pego a mão da senhora Jéssica e beijo docemente. Isabella está com ciúmes? É isso que vejo em seus olhos esbugalhados? Sinto-me desafiado. Desafio aceito.

Sento-me no piano e de repente tudo muda. A sonata que havia imaginado para tocar, Nocturne de Chopin, foge completamente do estado de espirito em que me encontro agora. Estou num desafio, quero desafiá-la também. Começo a dedilhar algumas notas e me pego tocando animadamente a The Entertainer, do mesmo Chopin. Senhora Jéssica sorri e sai para buscar vinho. Quando volta, vem acompanhada de seu pai.

─ Bravo, meu rapaz! – ele diz e eu agradeço. – Poderia tocar alguma valsa?

─ Certamente, senhor.

─ Como vai Edward? – pergunta-me Mike com amabilidade.

Olho para ele e me forço a lembrar de que não posso ter motivos para odiá-lo, mesmo que o odeie com toda a minha alma neste momento.

─ Bem, e o senhor? – pergunto com formalidade.

Ele sorri.

─ Muito bem. – ele dá um tapinha nas minhas costas, olha para Isabella, que continua amuada perto da mesa dos licores, e vai na direção do Comendador e dona Esme.

Respiro fundo e penso rápido numa valsa qualquer. Quando percebo estou tocando uma valsa de Carlos Gomes que aprendi de ouvido e não lembro o nome. Conselheiro Newton tira sua filha para valsar, finalmente a tirando de cima do piano. Mike ainda conversa animado com dona Esme e o Comendador. Sinto o fogo da inveja querendo me consumir. Concentro-me na valsa.

─ Aulas de inglês, é?

É ela. Isabella. Sinto a vida ergue-se dentro do meu corpo. Meu coração palpita. Ela me observa. Sinto seu solhos em cima de mim. Ergo o olhar e me dou conta de sua pergunta. Preciso de fôlego para distraí-la.

─ A sinhazinha não deveria ficar tão próxima ao piano.

─ Pena eu não ter tamanhos seios para apoiá-los também. Apenas não pare de tocar. – ela beberica seu licor.

Não tiro os olhos das teclas do piano. Mas estou sorrindo.

─ Se continuares tão próxima assim, paro de tocar ao piano para tocar algo que produz um som muito melhor aos meus ouvidos. – também posso provocar um pouco. Não consigo resistir.

Olho de lado e ela está sorrindo.

─ Senhorita Isabella? Dar-me-ia o prazer desta dança?

Troco a nota. O som sai agudo. Todos me olham.

─ Perdão. – retomo a valsa rapidamente.

Não percebi quando Mike chegou-se perto de Isabella. Ela hesita. Mas põe o pequeno cálice que estava bebendo, provavelmente licor de jabuticaba, sobre a tampa do piano e aceita seu braço indo para o meio do salão. Conselheiro Newton ainda rodopia com sua filha. Vejo quando Isabella tenta manter distância de Mike ao se posicionarem para a valsa.

O suor escorre pelas minhas costas. Não vou conseguir. Não posso, é demais para mim. Meus dedos tornam-se pesados. Olho para eles, e ela está me olhando. Seu olhar contém um pedido de desculpas, uma súplica, que eu não sei se consigo superar.


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