Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 24
Chegadas inesperadas


Notas iniciais do capítulo

POV - Edward



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Edward

24/06/1883. Domingo

─ Este pernil está excelente, madrinha.

─ Lembre-me de agradecer Renée, ela resgatou essa receita há muito esquecida!

Isabella está de frente para mim, nossos lugares cativos à mesa, ela brinca com uma cereja na boca. Olho atentamente para meu prato, sei o que ela está fazendo. Sinto seu pé direito deslizando por minha perna em baixo da mesa e isso já é tentação suficiente. Olho para ela e a repreendo com o olhar.

─ Gostas muito de pernas... quer dizer, pernil, não é mesmo, senhor Edward?

É divertido estar na frente de minha madrinha com Isabella. Madrinha é tão boa que é incapaz de perceber todas as piadas que faz sua filha. Eu tento me controlar, mas Isabella é tão peralta nestes momentos, preciosos momentos, que não consigo segurar o riso. Finjo limpar a boca com o guardanapo de linho para esconder meu sorriso.

─ Sim, sinhazinha Isabella. Aprecio bastante. – olho para ela e mantenho seu olhar.

Finalmente ela ruboriza. Áh, Isabella! O que faria contigo agora se estivéssemos a sós. Mostraria o quanto aprecio suas lindas pernas. Principalmente quando estão abertas.

─ Pedirei então que Renée prepare este prato mais vezes! – dona Esme fala alegremente tirando-me do meu transe quase erótico. Isabella abaixa a cabeça e sorri.

Ajeito, discretamente, minha calça por baixo da mesa. Emmett entra de repente na sala de jantar com um envelope nas mãos.

─ Licença, sinhá. – ele estica o envelope para dona Esme.

Eu e Isabella continuamos entre olhares e sorrisos enquanto madrinha lê a carta. Tomamos um susto quando ela se levanta da cadeira.

─ É de Carlisle! Obrigada Emmett – ele assente e sai – A primeira diligência acabou de chegar então... – ela sai da mesa ainda olhando para o papel – De certo que chegarão antes do jantar!

Chegarão? – Isabella pergunta confusa e também eu estranho o verbo no plural.

─ Sim! Seu pai diz aqui que é para preparar os três quartos restantes da casa.

─ Os três quartos? Quem vem com ele mamãe?

─ Ora, quem vem! Primo Newton. A família de seu noivo!

Mal escuto as palavras e engasgo com o suco que estava bebendo, cuspindo o líquido todo em cima da mesa. Isabella permanece estática e baixa o talher que ia levar à boca. Imediatamente começo a tentar limpar e Emily, a escrava que sempre fica posta próximo à mesa, vem ao meu auxilio.

─ Perdão... perdão madrinha...

─ Que isso meu filho, deixe que Emily limpe isso. Você está bem?

─ Sim, sim... acho que respirei na hora de engolir... – falo passando o pano metodicamente em cima da toalha de mesa, ignorando a mão de Emily e fuzilando Isabella que nem sequer tem coragem de me olhar nos olhos.

─ Bem, vou procurar Sue para me ajudar com a roupa de cama. – distraída e feliz, madrinha enfim sai da sala de jantar.

─ Obrigado, Emily. Já está seco.

─ Leve o prato de minha mãe para a cozinha, por favor, Emily. – Isabella olha para a escrava e depois finalmente ergue o olhar para mim.

Emily assente calada, pega o prato da madrinha e sai.

─ Edward... – nem a deixo falar.

Noivo? – pergunto e não consigo evitar a cólera em minha voz.

─ É uma longa história...

─ É mesmo? Contaste toda a sua vida para mim, inclusive sua dolorosa estadia na Europa, e não teve tempo de incluir em sua narrativa a palavra noivo?

─ Ele não é meu noivo ainda. Precisa assinar um contrato e...

─ Não me interessa. – falo furioso, entre dentes, e bato com a mão em punho na mesa. Isabella chegar a pular de susto. – O que pensavas? Divertir-se comigo enquanto seu prometido não chegava? Mas é obvio, eu sou um escravo, não merecia maiores explicações!

─ Nunca o tratei como um escravo.

─ Então acabou de tratar. – falo e me levanto.

─ Não vais terminar de comer? – ela pergunta como se essa fosse sua maior preocupação no momento.

─ Perdi o... apetite.

─ Edward, espere! – ela segura meu pulso. – Por favor, tem de me escutar, eu ia te contar, é só que... estávamos vivendo momentos tão intensos e bons, que não queria que nada atrapalhasse! Mas tenho fé que ele ainda não assinou o contrato e aí tudo poderá ser desfeito e...

─ Voltar a ser como antes? – seguro seu queixo – Somente um tolo não assinaria um contrato que o ligasse a alguém como você. – seus olhos estão marejados, ela é tão linda. – E o que tenho para lhe oferecer? Até onde iríamos com essa aventura? – ela enruga a testa ao ouvir esta palavra – Mesmo que não houvesse prometido algum, jamais poderíamos nos casar, seus pais nunca permitiriam.

─ Poderíamos fugir...

─ Fugir? – solto uma risada sarcástica. – Para onde sinhazinha, para o Quilombo? – ela pisca tentando impedir as lágrimas de caírem. Não posso fraquejar. Jamais seria possível e isso não é uma peça de Shakespeare. – Conheço o filho do primo Newton. É um rapaz de bem, honrado. Será um ótimo marido para a sinhazinha.

─ Não quero um ótimo marido, quero você! – ela se joga em mim e me abraça pela cintura.

Fecho os olhos, aspiro seu cheiro. Mas não posso tocá-la.

─ Sinhazinha Isabella... – retiro seus braços de mim e a seguro mantendo uma distância – Tenho que ir.

─ Não! Por favor, Edward, acredite em mim, acredite no nosso amor!

─ Invejo sua fé. Mas a verdade é que estivemos todo esse tempo vivendo dentro de uma caixa mágica sem querer enxergar a realidade. E agora os portões desta caixa foram escancarados. Precisamos encarar a verdade. Nós só tínhamos o presente, jamais teremos um futuro juntos.

Isabella! Estou em dúvida das cores das cortinas para o quarto da prima Jéssica! – escutamos a voz de dona Esme no corredor e solto seus braços.

─ Edward... – ela chama num sussurro, saio antes que a madrinha esteja de volta na sala.

Desço as escadas correndo e continuo a correr sem parar. Corro e choro. É mais forte do que eu. Quando dou por mim, estou no seleiro. Olho para o chão, ainda se vê as marcas de nossos corpos, das mãos e dedos e pés, no açúcar espalhado. Sento no chão e sinto-me derrotado. Como pude acreditar que ela era minha? Como pude achar que jamais iriam tirá-la de mim? Sou um perdedor de nascença, nasci escravo, nasci sem nada.

A dor de pensar em perdê-la é maior que qualquer castigo que o feitor pudesse me impor. Quero rasgar-me, por dentro e por fora. Sei que não saberei viver sem ela.


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