NY – Central da CIA – 1h24

Elas andaram pelos extensos corredores até encontrarem um grande mapa compactado dentro de uma mesa de vidro, o analisaram em busca da saída mais próxima.

[...]

No fim do ultimo corredor contiam duas roletas semelhantes às de um aeroporto.

– E agora? Sem cartão a gente não passa – tateou os bolsos do casaco a procura de algo útil – Achei um! – ela analisa – Tra... vec... c... Travec Rolesh – Blenda começa a rir loucamente, Safira não se aguentou e logo entrou no embalo.

Havia uma foto do dono no cartão: ele era mulato, com olhos castanhos escuros, cabelos enrolados curtos e tinha um nariz grande, desproporcional ao rosto que era fino.

– Esse sofreu bullying na escola!

– Sofreu? Ou sofre? – riu pelo nariz.

– Os dois.

Depois de algum tempo rindo, pararam. Quando saíssem dali poderiam jogar quanta conversa fora quisessem, então voltaram suas atenções na fuga, não totalmente, era quase impossível. Safira passou a mão em seu casaco também, vazio.

– Não tem nada aqui.

– Eu sou a sortuda aqui, querida – imitou com a voz fina aquelas menininhas nojentas. Safira revirou os olhos.

– Eu passo primeiro, depois te entrego o cartão e você passa em seguida – prendeu o cabelo fazendo um coque, já que este se soltou enquanto corriam.

– O sistema vai recusar! Você passa e depois do nada, que nem um alienígena, esta aqui dentro de novo e quer sair!? – ajeitou seu casaco, revirando os olhos.

– Vai saber...

– Chega de me fazer rir, desgraça!

– Tá bom. Então o jeito vai ser nós passarmos juntas? Nem vem! Do jeito que você é gorda é capaz de quebrar a roleta! – deu uma risadinha. Safira dá um soco de leve no braço da amiga.

– Ei! É brincadeira... Sua gorda – disse baixinho.

– Eu ouvi isso!

Blenda passa o cartão e suspira. As duas passam lado a lado se espremendo e brigando uma com a outra baixinho.

– Tira o cotovelo da minha costela! – disse Safira.

– Tira você, a costela do meu cotovelo.

Depois de serem espremidas pela roleta chegaram ao lado do hall. Ele era todo branco, na parede a direita delas tinha um sofá cinza médio, um vaso com uma flor artificial vermelha no canto, havia também alguns quadros rabiscados, se aquilo se podia se chamar de obra de arte, até meu irmão de 5 anos faz isso, enfim. No chão um tapete aveludado preto com uma mesa de centro de madeira. Na parede em frente a elas estavam à porta de saída, duas poltronas cinzas com um criado mudo ao meio com algumas revistas. Na outra havia um filtro de água e uma maquina de café. Na parede esquerda tinha a recepção, que por sorte não havia ninguém.

O problema era que do lado de fora havia dois seguranças.

– Aonde a senhoritas pensam que vão?

– Ordens do Fischer!

– Vai mesmo questionar suas ordens!? Ou quer ser demitido? E estamos com pressa – Safira puxou Blenda pelo braço.

Continuaram caminhando, olharam para trás para ver como a central da CIA era e deram de cara com um prédio escrito “Sweet Scent – indústria de perfumaria”, um bom disfarce, pensaram.

– Hey! Por que a gente não pulou a roleta?

– Esquece...

[...]

Blenda destrancou a porta do apartamento rapidamente.

– Lar, doce lar – jogou a chave na cômoda ao lado.

– Olha tem uma carta aqui – colocou as compras em cima da mesa e recolheu a carta do chão abriu o envelope.

Caras Senhoritas Lealker e Mason,

Eu gostaria de fazer-lhes uma proposta muito interessante. Devo admitir que no começo de meus planos pensei em convidá-las logo, sabia que eram excelentes no trabalho, sem nenhuma queixa, mas não estava tão certo quanto a isso. Eu sei que a CIA ofereceu-lhes muito dinheiro para ajudar, tenho meus contatos, mas eu posso oferecer mais. Sei também o que fizeram com Ivan Sokolov, e isso me impressionou, me arrependi de não ter lhes contratado desde o começo, mas estou oferecendo essa oportunidade agora. Estou contratando os melhores dentre os melhores, e vocês estão entre eles. Se estiverem dispostas a aceitar a proposta, pessoas de minha confiança estarão esperando Metrô City Hall, é uma estação de metrô abandonada, estejam lá depois de amanhã a meia noite.

Atenciosamente, Nicholas Backer.

– Me impressiona ele saber escrever – Safira a olhou séria – Tá, parei!

– Podemos resolver isso amanhã? Estou exausta!

– E eu com fome! – passou a mão na barriga.

Safira colocou a carta em cima da cômoda junto às chaves, pegou as compras, enquanto Blenda ajeitava a mesa.

– Toma aqui seu hambúrguer – entregou uma sacola.

– Quer refrigerante para acompanhar sua lasanha?

– Sim! Com gelo, muuuito gelo.

– Ah vai buscar! – cerrou os dentes num sorriso falso – Tô indo, tô indo... Esqueci que você está de TPM...

– Babacas – riu lembrando-se do que fizeram momentos antes.

[...]

Collins entra apressadamente na suíte, carregando um pacote de absorventes na mão.

– Safira? Trouxe os... Ah... Aqueles trecos – ele confere o banheiro, mas ela não estava lá.

Depois de alguns minutos pensando sua ficha caiu, ele fora enganado.

– AH MERDA! – ele joga o pacote no chão e corre em direção à sala de monitoramento.

[...]

Blenda tirou os sapatos colocando-os em um canto, abriu a gaveta do guarda roupa pegou uma camiseta cavada de malha fria cinza e um short com a estampa da bandeira dos EUA, patriotismo nem fazia parte de sua vida, mas nada como ter o frio na barriga de roubar suas próprias roupas. Vestiu- se e se jogou na cama.

Safira foi ao banheiro despiu-se e vestiu seu pijama cavado listrado, e um short preto largo. Antes de dormir ficou imaginando se o Collins já havia descoberto que ela o enganara, ria baixinho pensando na cara de idiota dele.

[...]

Blenda milagrosamente acordou primeiro, acendeu a luz, caminhou como um zumbi até o banheiro, trombou com a porta.

– Ai! – passou a mão na testa – Porque essa porta tá aqui? – riu fraco de si mesma, sem noção - Porque isso sempre acontece? – falou sozinha.

Tomou um banho longo, se enrolou na toalha e foi procurar separar suas roupas. Estava um pouco frio. Colocou em cima da cama uma jaqueta preta com alguns detalhes dourados, uma camiseta do The Ramones, ela amava essa banda, uma calça preta rasgada, um lenço, salto preto e alguns acessórios.

Foi à cozinha pegou duas panelas “Hora do troco - pensou malvadamente”, foi até o quarto de Safira a porta estava aberta acendeu a luz e bateu as panelas. Safira acordou assustada se debatendo na cama.

– Sua vadia! – jogou o travesseiro.

Blenda desviou.

– Ué, não é assim, carinhosamente que sempre me acorda? Já são 09h00 – olhou no relógio do criado mudo ao lado da cama – Estarei na sala – saiu batucando sem parar, divertida.

– Tá, já estou indo – esfregou os olhos.

[...]

– PRONTO? – Blenda gritou do sofá assistindo qualquer merda que passava na tv.

– Já! – apareceu na sala – Você parece aqueles maridos chatos que ficam apressando as mulheres enquanto se arrumam - estava com a jaqueta preta aberta com uma camiseta branca por baixo com um desenho de uma caveira brincos combinando, calça preta e salto preto e outros mais.

– Pareço? Talvez seja um...

De taxi foram para uma cafeteria próxima.

– Eu vou querer uma torta de maçã e um suco pra acompanhar.

– E a senhorita, o que vai querer?

– Pode trazer um bolo de coco molhado e café com leite.

A garçonete anotou, saiu sorridente.

– O que fazemos agora ficamos com a CIA ou com o Backer? – Safira se inclinou para frente chegando mais perto de Blenda.

– Acho que já sabe a resposta – Blenda sorriu.

– Está pensando o mesmo que eu? – a garçonete chegou com os pedidos, e logo que ela saiu voltaram a falar.

– Acho que sim – Blenda bebeu seu suco, em seguida resmungou – Aquela vadia esqueceu a torta...

– O plano é o seguinte... – disseram em uníssono.