Violino

O trovão rimbombou alto e furioso anunciando a tempestade que já começava a cair.

As gotas grossas explodiam nos telhados, nas folhas das árvores. Começaram a cair, singelas e bem vindas, então passaram a bater nas superfícies com fúria, se quebrando em milhares de gotículas. Então caíram os granizos e o vento levava consigo tudo o que podia.

Mas, em meio a esse tempo enlouquecido, eu conseguia ouvir aquele som fino, alto, aquela melodia que se ouve e se prova.

Não havia nenhum sentimento em tudo isso; era só um violino sendo tocado, era só mais uma velha música, era só mais uma antiga canção carente de palavras.

Ouvi dizer que quando a melodia é composta com a alma, as palavras não são necessárias. Mas essa era só mais uma velha melodia.

Não sinto nada. Só ouço o violino que toca conforme a tempestade.