Mistério da Rosa escrita por Ma Black


Capítulo 11
Um Cavalo Esmaga Meu Peito


Notas iniciais do capítulo

Uma explicação? Ok. Uma explicação pra toda essa demora, mesmo que eu já tivesse todos os capítulos prontos.
Er... Eu estava fazendo birrinha por review. Isso foi há cinco meses. De lá pra cá, parei de me importar com isso, e acabei me esquecendo de aparecer aqui. Se vocês quiserem agradecer a alguém por ter me feito lembrar, agradeçam Wickedisgood. Encontrei a fic dela por acaso, e tive vontade de entrar em seu perfil, encontrando minha fic favoritada lá. Isso me deu peso na consciência, e imediatamente catei esse capítulo, haha.
Eu espero que não tenham me abandonado e que gostem do que escrevi, haha. Beijos ;)



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Toalha amarrada na cintura, cabelo molhado e Tony Bennett tocando na rádio o melhor do pop estadunidense. Ao fundo, Maxwell Gaines falava na televisão em preto e branco o que acontecia mundialmente.

– Truman assina hoje com onze países aliados a OTAN – ele dizia e isso me fez parar de dançar a música e aumentar o volume da televisão. – A Organização do Tratado do Atlântico Norte visa um sistema de defesa coletivo, a qual todos os membros estão autorizados a intervir como resposta a qualquer ataque externo. Uma espécie de um por todos e todos por um nasce aqui. Por hoje, é só. Fiquem com-

Desliguei a TV.

Foi uma jogada inteligente de Truman. Gostaria de saber se era verdade os rumores que ouvi de que a União Soviética e os Estados Unidos planejavam dividir o território alemão em dois países.

Mas, é claro, não era hora para isso.

Era uma manhã de sábado e eu estava me arrumando para ver minha namorada. Um mês de namoro. De fato, depois daquele dia em que saímos de mãos dadas na rua, não se falou de outra coisa a não ser a junção da família Everdeen e Mellark, que deveriam ser inimigas por causa de Effie Trinket. Ainda na mesma matéria de jornal, o escritor afirmava que era incrível como a família Trinket estava destinada a se unir aos Wells. Não liguei para isso.

Também não liguei ao fato de a Katniss não ter me contado esse tal segredo horrível. Mas se fosse tão horrível assim... Eu já estaria sabendo, não?

Vesti uma calça e pus os sapatos, aumentando a rádio. Fui até a cozinha roubar um pedacinho do bolo que eu e a Katniss fizemos na quinta-feira e me dirigi ao banheiro para escovar os dentes e pentear o cabelo. Vesti uma camisa, coloquei perfume e quando estava saindo de casa, percebi que tinha uma carta debaixo da porta.

– Katniss?

De fato, era dela. O papel era rosa, o cheiro era de flores e quando abri, vi aquela mesma escrita fina e delicada que logo reconheci.

Senhor Mellark,

Nós precisamos terminar. Sem querer ser muito dura, mas não consegui sentir absolutamente nada por você. Eu tentei, me esforcei, mas chegou a hora de acabar. Quando não se há sentimento, essa é a melhor resposta. Foi o que ele me contou. Ele me disse que esse era o melhor caminho, e eu estou ouvindo seus conselhos. Não tente me procurar, fique longe.

Katniss A. Everdeen

Me senti perdido.

Praguejei o quanto eu podia e encarei minha imagem no espelho, sabendo que meus olhos estavam marejados.

Ele? Quem é ele? Isso envolvia seu segredo?

Eu sabia que hora ou outra esse segredo iria estragar nossa felicidade. Talvez culpar Katniss pudesse ajudar, já que talvez se eu soubesse estaria mais preparado para isso. Então me lembrei que fui eu quem decidi que eu não precisava saber os segredos que Katniss Everdeen escondia. Burro. Peeta Mellark sempre burro.

Mesmo se eu fosse juntar tudo eu não conseguia nenhuma conclusão. Ele. Tinha um homem no meio. Mesmo que isso não significasse que ela tinha outro, havia um homem talvez a chantageando, quem sabe? Que segredo obscuro Katniss Everdeen guardava a ponto de ser chantageada, mas que não tinha nada haver com política? Não conseguia enxergá–la fazendo algo tão errado a ponto de fazer coisas para que ninguém saiba o que fez anteriormente. Katniss era meiga, divertida, honesta e sincera. Não, ela não poderia estar sendo chantageada, mas se não fosse isso, o que era?

Imaginei se o surto no dia do jantar em sua casa, ela se atirando em cima de mim, tinha alguma coisa haver com ele, e se isso tinha sido algo mandado pelo mesmo.

Perguntas, perguntas, perguntas! Perguntas que continuariam sem respostas como todas as outras. Perguntas que estavam me deixando louco. Perguntas responsáveis pela separação de nós dois. Por que simplesmente Katniss não me contou o que estava acontecendo?

Senti uma dor no meu peito. Não estou me referindo subjetivamente, a uma dor referente ao amor, e sim a algo me pisoteando. Foi naquele momento que me dei conta que havia saído de casa e andava sem rumo pelas ruas. Os carros desviavam de mim, assim como as charretes. Mas o senhor de chapéu branco não conseguiu parar seu cavalo a tempo, que acabou me derrubando. Não era culpa dele.

Em pouco tempo, minha visão escureceu.

–––X–––

– Bom, Cato, não acho que sua visita irá fazer sentido... Ele está desacordado faz oito dias – a voz séria e profissional de Finnick falava.

Abri os olhos lentamente, trabalhando o meu cérebro para tentar reconhecer onde estava. Na frente da porta, Cato e Finnick estavam conversando. O loiro vestia uma calça de tecido marrom e blusa social, enquanto Finnick cobria suas vestes com a bata de médico. Percorri o olhar pela sala; estava numa sala de hospital e com o corpo todo dolorido.

– Tudo bem, doutor Odair... – eu podia ouvir o sorriso malicioso na voz do Cato ao se referir a Finnick como doutor. – Eu vou ficar aqui esperando assim como fez Gale.

Em seguida, escutei o barulho da porta.

– Ai – gemi.

– Céus, Peeta. Você acordou! Está vendo como sou especial? É a minha presença.

– Sim, macumbeiro, estou vendo. O que aconteceu?

– O cavalo do Sr. Torner pisoteou sua caixa torácica – ele respondeu.

Então a imagem da noite de sábado veio em minha cabeça. Katniss terminou comigo, eu comecei a andar sem rumo, estava com cabeça quente e não vi o cavalo. Cato estava me encarando como quem pedia explicações então, comecei a falar tudo o que me lembrava.

– Peeta, eu sei que você a ama, mas essa mulher é problema – ele disse por fim.

– Eu sei que é, mas não se manda no coração, meu amigo.

– Eu sei. A Clove está me deixando maluco.

– Então o nome da aluna é Clove? Espere... Clove, Clove? Clove prima da Katniss?

– Talvez. Mas isso não vem ao caso – respondeu ele aparentemente constrangido. – O caso é que vai ser melhor pra você se afastar da Katniss. Olha onde você está, Peeta. Você foi atropelado por um cavalo porque ela terminou com você.

– Cato, eu sei de tudo isso... Mas preciso de explicações, não acha?

– Acho. Mas às vezes é melhor...

– Não é melhor nada – o interrompi começando a me irritar. – Quando eu sair daqui você vai me dar uma carona até a casa dela ou vou ter que pegar uma charrete?

– Espero que saiba o que está fazendo, Peeta.

Para falar a verdade eu não sabia o que estava fazendo. Só sentia dor e queria descontá–la em alguém. Não dor física e sim no lado esquerdo do meu peito. No momento, Katniss era a pessoa mais lógica de ser esse alguém e Katniss me devia explicações. Mesmo que não fosse porque éramos namorados, não por isso, mas porque quase perdi a vida a custa desses mistérios.

No outro dia finalmente recebi alta do hospital às três da tarde e Cato estava me esperando em seu Fusca verde do lado de fora. Não estava nem um pouco confuso ou com medo a respeito dessa minha conversa com a Katniss; eu simplesmente queria saber a verdade e por mais que eu sofresse, sentia a necessidade de sabê–la.

Despedi–me de Cato e pisei confiante no gramado dos Everdeen. Encarei a porta por alguns segundos escutando vozes abafadas de dentro dela. Bati na porta e a voz da mãe da Katniss ficou mais próxima, de modo que consegui entender algo.

–...nunca tinha sido tão longo, Haymitch. Faz nove dias! – a voz da Sra. Everdeen soava preocupada. Escutei passos e logo depois a mesma abriu a porta: – Olá, querido. Meu Deus, o que houve com você?

– O cavalo do Sr. Torner, que trabalha na fábrica. Senhora, a Katniss está aí?

– Está sim, Peeta, mas-

– Ótimo – a interrompi. – Posso vê–la?

– Sabe o que é Peeta, é que...

– Mãe, a Katniss vo- – Prim a interrompeu enquanto descia as escadas, mas parou quando me viu, medindo as palavras: – Ele foi embora, mãe.

– Ele... Foi? – A Sra. Everdeen perguntou esperançosa. – Peeta, querido... Por que não senta? Vou dar uma palavrinha com a Kat e daqui a pouco ela desce pra falar com você, tudo bem?

Assenti e ela subiu sendo seguida por Prim. O Sr. Everdeen entrou no corredor, provavelmente indo para o escritório. Ele estava ali, disso eu tinha certeza, o único problema era que eu não sabia quem ele era.

– Peeta? – Katniss perguntou hesitante. Não tinha percebido a presença dela. Levantei o olhar e a encarei.

Ela parecia triste e envergonhada.

– Katniss, por que você terminou comigo? – travei a mandíbula e cruzei os braços.

– Peeta, escuta, por favor! – ela parecia desesperada e começou a soluçar: – Eu não queria, é que eu... Peeta, por favor... Eu estava... Eu não quero terminar com você. Eu te amo. Você não pode simplesmente esquecer tudo isso e voltar a ser meu Peeta?

Esquecer? – perguntei incrédulo começando a me irritar. Que cara de pau. – Sabe onde eu estive esses dias, Katniss? No hospital. E de quem é a culpa? Desse segredo idiota. Por que não contou de uma vez o que tinha e pronto? Achou que eu ia te abandonar por causa disso? Mas que droga! Sabe o que você é? Maluca. Não dá pra te entender, Katniss. Você termina, faz com que eu saia na rua fora de mim e quando eu chego aqui simplesmente me pede pra voltar? – Eu sabia que estava magoando ela, lágrimas escorriam em seu rosto e ela estava sem reação, mas e daí?

Eu estava começando a achar que não havia nenhum segredo e Katniss simplesmente queria me fazer de idiota.

– Talvez eu devesse ouvir meus amigos... – ponderei em voz alta. – Você é problema demais pra mim, Everdeen.

Tinha noção do efeito das minhas palavras e talvez Katniss nunca mais fosse me ouvir. Eu estava disposto a falar com ela, implorar por seu perdão e escutar toda a sua história, mas depois disso? Cheguei a conclusão que tudo que pensei enquanto assistia a apresentação de balé da irmã dela era verdade.

Tudo isso não passava de uma piada, um filme de comédia em que eu fazia o papel de amante apaixonado ridículo e ela a garota que me esnobava. A garota que iludia. Devo admitir, era inteligente para planejar tudo isso. Colocar o vírus do amor no meu coração e alimenta–lo com palavras e toques. Com todo esse mistério deixando–me excitado fazendo com que minha imaginação me iluda.

Eu sabia como esses filmes terminavam... No final ela assiste o namorado passar na sua frente com uma cara péssima. Daí o que ela fez? Apontou e deu risadinhas abafadas junto com as amigas mostrando que mais uma vítima caiu em seus caprichos. Isso devia alimentar seu ego de garota mimada.

Sim, isso tudo parecia verdade pra mim. Ela fingia um segredo, se relacionava por alguns dias e depois partia o coração de suas vítimas. Girei meus calcanhares para sair logo daquela casa, mas antes pude ouvir sua voz embargada:

– Eu vou contar tudo, Peeta. Tudo.


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Notas finais do capítulo

O que será esse tudo?
Eu sei, as coisas aconteceram de um jeito meio repentino. Digo, uma hora tudo estava bem, Katniss e Peeta eram namorados. Então ela manda uma carta pra ele terminando? Essa mulher é doida?
Vou confessar uma coisa pra vocês: essa foi a primeira fic que eu escrevi, aos doze anos de idade, e estou postando aqui. Claro que eu reescrevi muita coisa, mas estou tentando manter outras, e é divertido ver que, atualmente, eu teria conduzido a história de um jeito completamente diferente.
Não mudarei o que minha cabeça planejou alguns anos atrás, por isso perdão se a história não é tão boa, kk.
De qualquer forma... Quem raios é ele? Algum capanga socialista de Haymitch? O que é esse tudo? Vocês perceberam que a Prim ia dizer para a mãe delas que a "Katniss vo", mas parou assim que viu o Peeta? O que ela ia dizer?