ANNABETH

– Narrador -

Ela não estava mais conseguindo ficar tão perto e tão longe dele ao mesmo tempo. Ele já se declarara, falara o que sentia e que não precisava de mais tempo algum para afirmar que aamava. Mesmo possuindo fortes sentimentos com relação à ele, Annabeth pedira um tempo, já que as coisas estavam acontecendo muito rapidamente, mesmo sentindo que aquelas sensações eram verdadeiras. Ela também o amava. Soube disso desde o primeiro momento em que o viu. Mas então, o que os separava? O medo que ela possuía de amar novamente. O medo que ela possuía de se entregar novamente. E o medo que ela possuía de sofrer novamente.

Annabeth nunca sentira e nem possuíra aqueles sentimentos por ninguém antes, nem mesmo por seu primeiro e único ex-namorado, Ethan, que por acaso, à traíra. Realmente, tudo aquilo era muito confuso e dolorido para ela. Mas ela sabia que aquilo era amor. Só poderia ser amor.

As dúvidas e incertezas ainda povoavam os pensamentos de Annabeth. Ela já se entregara antes, apenas uma única vez, porém sofrera demasiadamente. Ela havia pagado as consequências por ter sido boba em acreditar que Ethan a amava, sofrendo como ninguém. Ela não queria mais pagar as consequência por amar alguém que não a merecia. Mas o amor bateu à porta dela mais uma vez. E ela não estava mais conseguindo viver sem ele.

Ela deveria acreditar em Perseu? Ela deveria se entregar novamente? Era o que ela mais queria. Ela não conseguia mais ficar nenhum segundo tão perto dele, sem poder beijá-lo. Ela não conseguia mais ficar nenhum segundo tão perto dele, sem ele saber que ambos partilhavam do mesmo sentimento.

Os dois estavam tão perto fisicamente, mas tão longe emocionalmente. Bom, estavam longe emocionalmente por que Annabeth ainda tinha medo. Ainda não conseguia se entregar novamente. Aquelas eram as sequelas por ter amado alguém que não a merecia, e ter sofrido por isso.

Deixando aqueles pensamentos de lado, Annabeth lembrou da noite do último domingo, e dos momentos de mais cedo. A garota simplesmente adorou os dois beijos que aconteceram entre ela e Perseu. Foram dois momentos mágicos para Annabeth. Mesmo tendo dezesseis anos, ela nunca havia beijado alguém que amava de verdade. Quando ela beijava Ethan, não sentia o que agora sente quando beija Perseu. Com Ethan, não havia amor verdadeiro. Ela apenas acreditava que havia, porém o amor só existe quando duas pessoas partilham do mesmo sentimento, coisa que não acontecia entre ela e Ethan.

O primeiro beijo entre ela e Perseu fora o mais marcante, é claro. O segundo também não ficou para trás, principalmente por que fora um beijo roubado, onde Perseu tomou a iniciativa e ambos se beijaram. Annabeth admirava a ousadia e a iniciativa nas pessoas, e ambas características existiam em Perseu.

Mas e se ela se entregasse, como fizera antes, e sofresse novamente? Ela não se perdoaria. Annabeth era uma garota inteligente, e sempre foi. Ela só podia errar uma vez, para adquirir experiência. Ela sempre usava aquele pensamento como incentivo, é errando que se aprende. Porém, é errado permanecer no erro.

Mesmo sabendo disso tudo, ela precisava daquele amor. Ela sabia que precisava daquele amor. Sem aquele amor, Annabeth estava sofrendo do mesmo jeito que estaria sofrendo se fosse enganada mais uma vez. Mas ela ainda tinha medo de se entregar. Ainda tinha medo de confiar seu amor novamente à um garoto.

Enquanto ela estava sentada naquele assento metálico, ao lado das outras garotas que conhecera há pouco tempo, participando daquela conversa descontraída e divertida, seu olhar quase sempre se encontrava com o de Perseu, e ela o desviava. Ela sabia que daquele modo poderia magoar os sentimentos de Perseu, mas ela não poderia fazer outra coisa naquele momento. Ela não podia encarar os olhos dele, pois acabaria se perdendo naquela imensidão verde que os compõe. Ela era sensata demais para aquilo.

Annabeth estava confusa, não sabia mais o que fazer ou pensar, e quando Andrew dissera para as garotas irem até a cozinha da casa para pegarem os itens necessários para que o churrasco realmente fosse iniciado, ela vira aquela oportunidade para ficar um momento longedele, e tentar organizar seus pensamentos. Tentar coloca-los em ordem.

Elas deixaram o quintal dos fundos, e foram até a cozinha. Durante todo o percurso, Annabeth não dissera uma única palavra. E uma outra garota loira parecia estar percebendo aquilo. Quando chegaram na cozinha, Sophia fora até o refrigerador, acompanhada por Piper e Samara. Annabeth apenas sentou em uma das cadeiras que circundavam a mesa. Silena também sentou em uma das cadeiras, ainda analisando Annabeth, a garota loira que agora estava sentada à cadeira sua frente.

Annabeth continuou ali, sem dizer nada. Sophia saíra da frente do refrigerador, segurando algo, enquanto se dirigia ao balcão. Piper e Samara também deixaram o eletrodoméstico, segurando latinhas de refrigerante e cerveja, indo até a mesa cuja Annabeth e Silena estavam sentadas às cadeiras que a circundavam. As outras garotas, assim como Silena, também pareciam ter notado que Annabeth estava muito distraída com seus pensamentos.

– Também já passei por isso. – Piper falou, ao sentar na cadeira ao lado de Annabeth, enquanto abria uma latinha de refrigerante. Annabeth pareceu voltar à realidade naquele instante.

– Desculpe? – Annabeth perguntou, ela realmente não estava entendendo.

– Você está apaixonada. – Silena disse, por fim – Todas nós já passamos por isto antes, e tivemos as mesmas dúvidas que você está tendo agora. – Annabeth enrubesceu demasiadamente.

– O-o quê? – Annabeth questionou, ainda bastante vermelha.

– Eu também notei, e acho que você conseguiu fisgar Perseu. – Sophia falou, enquanto temperava alguns bifes no balcão.

– Percy, fisgado? Nunca achei que iria conhecer a garota que conseguiria isso. – Samara falou, sorrindo para Annabeth.

– Não meninas, vocês interpretaram tudo de maneira incorreta. – Annabeth falou, tentando contrariar as outras garotas – Eu não estou apaixonada, e não fisguei ninguém.

Enquanto falava aquelas palavras, Annabeth mais parecia estar tentado convencer à si mesma do que as garotas que conhecera há tão pouco tempo. Ela se questionou se seus sentimentos estavam mesmo tão expostos. Primeiramente fora Thalia quem percebera que Annabeth tivera uma queda por Perseu no primeiro momento em que o vira. Agora, as outras garotas que mal a conheciam também notaram isso. Annabeth continuava bastante corada, enquanto pensava naquelas situações.

– Então você gosta mesmo dele! – Silena falou, agora de pé em frente à Annabeth, sorrindo e saltitando como uma garotinha feliz que acabara de ganhar uma boneca nova.

– N-não é nada disso, meninas! – Annabeth afirmou olhando para baixo, tentando esconder seu rosto, que à esta altura, estava muito mais corado que antes, se é que isso é possível.

– Você não vai conseguir nos enganar, Annabeth! – Samara falou, sorrindo. Annabeth odiava ficar daquele modo, sem jeito, tentando negar algo que era realmente verdade – Isso é normal, todas nós passamos por isso!

Annabeth ainda tentava encontrar um modo para escapar daquele interrogatório, para negar aquelas afirmações, mesmo sabendo que eram todas verdadeiras. Ela fora salva apenas quando seu amado adentrou a cozinha, determinado.

As outras garotas pararam de sorrir no mesmo instante. Annabeth já tinha a cabeça erguida, e não parecia mais estar tão corada quanto antes, porém quando o viu, sentiu suas bochechas voltarem à esquentar.

– Eu preciso falar com você. – Perseu disse, enquanto olhava para Annabeth. Ele estava mesmo determinado, pois nem pareceu notar a presença das outras garotas, mesmo sabendo que elas também estavam na cozinha.

Annabeth olhou para as outras garotas, que rapidamente entenderam a mensagem. Sophia, Piper, Silena e Samara deixaram o cômodo, indo em direção ao quintal dos fundos novamente, enquanto levavam os bifes agora temperados, e latinhas de refrigerante e cerveja para os garotos.

– Pode falar. – Annabeth disse, tentando se mostrar indiferente, porém seu coração estava bastante acelerado.

– Me desculpa por mais cedo, sério. Eu não devia ter te beijado, é que... – Perseu dizia sem olhar nos olhos de Annabeth, completamente sem jeito. Ele estava tão ocupado tentando terminar aquela frase que nem percebeu quando Annabeth aproximou-se dele, e ficaram frente à frente.

– Se eu não quisesse ter te beijado, não teria retribuído o beijo. – Annabeth falou, e instantaneamente, um sorriso brincou nos lábios do garoto, porém logo desapareceu.

– Mas... Então, por que você tá irritada comigo? – ele franziu o cenho. Parecia mesmo intrigado.

– Eu não estou irritada com você. – agora fora a vez de Annabeth desviar o olhar. Ela não queria encarar os olhos verdes de Perseu, e todos já devem saber a razão. O garoto levou suas mãos aos ombros da garota segurando-os delicadamente, atitude que fez Annabeth estremecer.

– Então por que fica me evitando, e desviando o olhar como está fazendo agora? – ele questionou, e Annabeth voltou à enrubescer. Ela desviava o olhar para não encará-lo, e não entrar em um transe por causa dos belos olhos verdes do garoto, porém ela não queria dizer a verdade à ele – Vai Annabeth, me diz!

Um silêncio tomou conta do lugar. Annabeth não sabia se estava realmente preparada para falar aquilo, mas se existia um momento, esse momento era agora.

– É que e-eu... E-eu te amo. – a bela garota loira falou, ainda sem olhar nos olhos de Perseu, que agora estava atônito enquanto ainda tinha suas mãos nos ombros delicados da bela garota loira.

Ambos aproximaram-se em um movimento simultâneo, e Perseu juntou seus lábios. Logo, tiveram o terceiro melhor beijo de suas vidas.