Baby Avengers - Os Bebês Vingadores escrita por Epic Annah


Capítulo 13
Capítulo 13: Com o tempo, as coisas mudam


Notas iniciais do capítulo

Não se preocupem mais com o andamento das postagens, agora estou de férias! Este foi, por enquanto, o último capítulo que eu posto atrasado aqui - pretendo escrever o maior número de capítulos agora em Julho para me preocupar só com a programação das postagens.

Boa leitura!



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24 dias para o soro ficar pronto

Dizem que adolescentes não querem saber de ficar com os pais, pois querem mais é liberdade, fazer o que bem quiserem sem ninguém para pegar no seu pé. Em parte isso está certo: eu anseio por minha liberdade. Mas, ao mesmo tempo, sinto saudades de ficar junto dos meus pais.

Meu pai, Thuomas, está sempre ocupado com seu trabalho na agência. O termo “técnico de laboratório” refere-se, no caso dele, tanto à área de informática quanto à química – ou seja, ele contribui tanto para o desenvolvimento científico dos equipamentos quanto para a evolução dos computadores da S.H.I.E.L.D.. Raramente ficamos juntos no verão, portanto eu sempre fico com o tio Stark, porque meu pai tem certeza de que assim eu não me sentirei sozinha.

Já a minha mãe, Luanne, consegue ser mais presente na minha rotina. Ela conheceu meu pai quando ainda trabalhava num music bar de blues e jazz – meu pai ama esses dois estilos – e recentemente entrou para a Filarmônica de Nova Iorque, substituindo o antigo pianista, que havia se mudado para a Alemanha. Ter conseguido um trabalho desse nível atualmente foi uma grande conquista para ela. Quando não está ensaiando com a orquestra, sempre damos um jeito de sair juntas para um programa de mãe e filha.

Infelizmente, desta vez nenhum dos dois pôde ficar comigo. Um trabalhando num soro de reversão de radiação gama; outra fazendo um tour de um mês pelo Estado.

E eu aqui cuidando de bebês.

Passei a tarde inteira no meu quarto curtindo um pouco de privacidade. Deitada na cama, eu revia uns álbuns de família no porta retrato digital que meu pai havia me presenteado quando eu fiz 13 anos. Leve-o para onde quiser, dizia ele, e, quando a saudade bater, sempre terá nossos melhores momentos para matá-la.

Escolhi uma pasta aleatória na galeria e deixei as fotos passarem automaticamente numa apresentação de slides. Coloquei-o em pé no meu criado mudo.

Observava atentamente as lembranças contidas nos slides: eu pequena, aprendendo a andar (meus cabelos completamente negros com franjinha); eu chorando agarrada à perna do meu pai no primeiro dia de escola; no parque aprendendo a andar de bicicleta; com minha mãe ao piano (nessa época eu ainda não era musicalmente educada, mas depois ela passou a me dar aulas); eu com Mad.

Pausei a apresentação. Aquela foto me era tão especial...

Mad foi minha primeira amiga de verdade. Lembro como se fosse ontem de mim sentada sozinha no pátio da escola, quando tinha 13 anos, a solidão psicológica me preparando para desabar em lágrimas. Uma garotinha ruiva cheia de sardas parou na minha frente com seus olhos demoníacamente vermelhos e, tirando os cabelos dos meus olhos, perguntou o que me atormentava. Então eu contei tudo pelo que eu passava – desde a exclusão até a solidão que eu sentia – e Mad jurou que seria minha nova amiga e que era para eu não me entristecer mais... Pois ela não era como os outros.

Até hoje não conheci mais ninguém igual a ela.

Na foto, nós duas nos abraçávamos olhando para a câmera, sorrindo bobamente. Meus cabelos ainda eram normais e meus olhos contrastavam melhor com sua cor original; Mad usava seus óculos de aro grosso e aparelho odontológico de borrachinhas vermelhas, combinando com seus olhos, os cabelos presos num rabo de cavalo alto ao estilo anos cinquenta. Lembro que, naquele dia, estávamos no meu décimo quarto aniversário na mansão Stark, pouco antes de eu fazer minhas primeiras mechas coloridas – lógico, com a ajuda dela. A primeira mecha foi um fracasso, mas as outras, depois que Mad pegou o jeito, ficaram perfeitas.

Passei, tocando a tela, para a próxima imagem: um momento em família na praia, mais ou menos na mesma época da foto anterior – eu inaugurando minhas mechas. Naquela época eu meio que invejava o corpo da minha mãe – era perfeito, com curvas suaves e a pele sem nenhuma ruga ou estria, uns dois ou três tons mais clara que a do Fury. Neura de pré-adolescente, claro.

E o coitado do meu pai vermelho feito um camarão de tão queimado!

Mais uma virada na apresentação de slides e encontro mais uma foto que eu gosto – minhas pessoas favoritas reunidas numa só lembrança: Tio Stark, Pepper, meus pais e Mad. Todos no meu aniversário de 15 anos, ano passado, na minha casa – Mad com sua camiseta laranja do Acampamento Meio-Sangue e com o topete retrô que ela tanto ama fazer no cabelo. E eu... Sendo como sou hoje. Essa foi uma foto que eu fiz questão de revelar e colar no mural do meu quarto.

Às vezes penso em como o psicológico de uma pessoa pode passar tanto tempo sofrendo para, só então, ser remediado descentemente. E por que diabos tal remédio não poderia ter pintado na minha vida antes? Tio Stark era apenas parte dele – Mad veio para me curar de vez.

Dizem que depois da tempestade sempre vem a calmaria. A primeira pode durar o tempo que for, mas sempre dará lugar à segunda.

23 dias para o soro ficar pronto

~POV de Loki

– Olha, Darcy, é assim... – começou Anne, sentada nas banquetas do bar do apartamento com a amiga de Jane.

Thor achou que eu deveria me enturmar mais com os outros confinados, o que eu não concordava em fazer. Só o fato de estarmos numa “trégua temporária” não dizia que eu criaria laços de relacionamentos íntimos com nenhum deles.

Eu observava Anne conversando com Darcy sobre alguma coisa relacionada ao livro que ela tinha em mãos – um livro de umas duzentas e cinquenta ou trezentas páginas, com um homem alado na capa segurando uma espada numa mão e um cálice na outra. Pelos trechos que consegui pegar da conversa, falavam sobre marcas – acredito, eu, as do corpo dela – e seu significado. Mas isso só me parecia interessante porque, naquele mesmo momento, eu fora arrastado para perto dos Vingadores.

No nosso “espaço especial” da sala, cada um fazia uma coisa diferente: o casalzinho Romanoff-Barton parecia brincar de lutar um contra o outro – com seus movimentos limitados devido aos seus pequenos novos corpos – ; Stark e Banner estavam juntos em meio a um montinho de papéis desenhando alguma coisa que, provavelmente, não era comum à mentalidade de um bebê; por fim, Thor, sabendo que eu não aguentava mais a sua encheção de saco, fora ficar ao lado do serzinho azul que me odiava.

Que ótimo, agora eles estão mais próximos, pensei, revirando os olhos.

Todos estavam fazendo coisas interessantes – de acordo com o que cada um julgava interessante – e, logicamente, ninguém iria me aceitar como companhia. Apoiei a cabeça em uma das mãos enquanto pensava no que poderia fazer...

Voltei meu olhar para o monte de papéis perto da dupla de cientistas – um estalo me veio à mente. Como já percebera o prazer que tinha ao irritar o Capitãozinho, esta seria uma boa hora para fazê-lo.

Com minha magia, que ainda podia sentir em mim, tirei algumas folhas do monte e as trouxe para perto de mim, fazendo-as flutuarem o mais discretamente possível. Conferi se ninguém tinha visto e formei bolinhas, amassando as folhas. Peguei uma delas, ajustei a mira e lancei-a no ar, acertando a parte de trás da cabeça do Capitão.

Sua reação foi um tanto quanto mínima, apenas coçando a cabeça. O impacto devia ter sido bem fraco.

Rapidamente, escondi a bolinha lançada com uma ilusão e já preparei a próxima. Dessa vez usei magia para arremessá-la com mais força e então ele finalmente percebeu o ocorrido e virou-se para ver o que estava acontecendo.

Disfarcei que estava olhando para o outro lado despreocupadamente, escondendo o monte de bolinhas com uma ilusão. Esperei alguns instantes e preparei-me para mais uma jogada – aquilo estava ficando bem divertido!

Com mais força ainda, lancei a bolinha e ela acertou em cheio o lado da cabeça dele. O soldadinho virou-se antes mesmo de eu me disfarçar e olhou-me todo revoltado. Não me intimidei, afinal, era minha intenção quebrar aquela calmaria que estava na sala.

Lancei um olhar travesso – O que foi? Não gosta de brincar?

Franzindo o cenho, o Capitão notou as bolinhas que haviam caído ao seu lado. Respondendo minha provocação, ele pegou uma delas e arremessou-as na minha direção. Uma pena que ele não conhecia minhas habilidades mágicas, pois, sem mover um músculo sequer eu a desviei, deixando-o pasmo.

Bem, ele ficou bem mais do que pasmo com o desvio – até apreensivo, diga-se de passagem. Deleitando-me da situação, acompanhei o seu olhar até o outro canto do mar de almofadas, onde estavam Stark e Banner – estático, ao lado de quem estava uma bolinha de papel.

Não entedia porque uma coisa daquelas poderia ser preocupante. O que ele ia fazer, ficar bravinho? Foi aí que ele virou para nos encarar com o cenho franzido e, para o meu espanto, com a cor da pele misturando-se num degradê verde.

E isso não parava por aí: à medida que sua pele esverdeava, músculos e veias começavam a se definir por debaixo de suas roupas e ele também crescia, rasgando-as e ficando do tamanho de uma pessoa de estatura mediana, totalmente transfigurada.

Arrependi-me daquela brincadeira na mesma hora.

***

Eu estava mostrando o significado das minhas “runas” para Darcy no barzinho do apartamento. Ela não era muito fã de Os Instrumentos Mortais, então passei um tempão explicando tudo para ela.

– Por que criariam uma runa para o equilíbrio se a própria pessoa pode treinar até consegui-lo? – indagou ela, referindo-se à marca pouco acima da dobra do meu cotovelo direito. Ela acompanhava tudo o que eu dizia através d'O Codex dos Caçadores de Sombras.

– Justamente para facilitar as coisas, né? E também, é mais do que evidente que esta “runa” proporcionaria um equilíbrio sobre humano.

Baixando a manga da minha camiseta, coloquei meu antebraço em cima da bancada e preparei-me para falar sobre a próxima marca.

– Esta aqui é da Força... Bem, acho que nem preciso falar o que ela proporciona, certo?

– Força total sem tomar bomba! – brincou Darcy, contraindo os fracos músculos dos braços numa pose de heroi.

– É, sem bombas!

No mesmo instante, ouvi um grunhido acompanhado de um tremor causado por pés vindo do centro da sala. Olhei para trás e fiquei chocada com o que vi: Loki e Steve fugiam de um garoto de mais ou menos 1,60m de altura de pele verde e corpo musculoso, usando trapos que antes teriam sido calças e uma camisa roxa.

Hulk?, pensei, atônita.

Estaria mais para um bebê Hulk, levando em conta as circunstâncias.

– Mas o quê?! – exclamou Darcy, igualmente espantada.

Bruce só vira o Hulk quando está muito irritado – imagino o que aqueles dois fizeram para ele... Mas a questão é: o que fazer para pará-lo? Suas pisadas faziam rachaduras no chão do apartamento, os outros Vingadores tentavam proteger-se de seus pés enormes. Sei que Loki é conhecido por ser o deus da Trapaça e da Mentira, e aquela travessura que ele havia aprontado já estava mais do que de bom tamanho!

Loki e Steve aproximavam-se do barzinho. Como eles não se tocavam que trariam o baby-Hulk para cima de mim e de Darcy? Talvez se fizessem uma curva ele poderia não ser capaz de virar a tempo e esmagar-nos!

Então, instintivamente, eu decidi tomar uma atitude completamente louca: pouco antes de se aproximarem de onde estávamos, eu sai da banqueta onde me sentava e pulei em cima do baby-Hulk. A princípio pensei que não faria nem cócegas no grandalhão – que, na verdade, era praticamente da minha altura – , mas, para minha surpresa, acabei derrubando-o de uma só vez!

Houve um estrondo ao atingirmos o chão, que ficou totalmente rachado ao redor da silhueta da criatura. Eu o segurava com ambas as mãos: uma prendendo seus enormes punhos nas costas e a outra segurando sua nuca. Ajeitando-me melhor, ajoelhando em cima dele, senti até mais confiança para largar-lhe os punhos.

O mais bizarro é que eu não fazia nenhum esforço naquilo.

Olhando ao meu redor, a sala estava bem bagunçada e cheia de pegadas enormes por todo o chão lustroso. Todos olhavam embasbacados para mim.

– Você... Derrubou o Hulk... – balbuciou Darcy, estática ao lado do barzinho, segurando o meu Codex contra o peito.

Olhei para o livro – o guia oficial da série Os Instrumentos Mortais, contendo tudo o que um Shadowhunter deveria saber sobre o submundo – e então para o meu antebraço direito, que segurava a nuca da criatura, com a “runa” da Força.

Será?


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Notas finais do capítulo

O que vocês acham que acontecerá com a Anne?
(E aí, estão gostando desses mistérios de fim de capítulo? Comentem!)