Once Upon a Time in New York escrita por Lyvennie Belcourt


Capítulo 1
Why, Santa?


Notas iniciais do capítulo

Olá, shadowhunters! Estou aqui com mais um projeto, ainda que One-shoot! Espero que aproveitem a história, pois adorei escrevê-la! Boa leitura!



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(Narrador Onisciente)

— O que vão querer hoje? — Kaeli perguntou, interrompendo a mesma confusão de sempre. Da mesma forma de sempre.

Clary foi a primeira a suspirar, abrindo um breve sorriso que Kaeli, como de praxe, nem ao menos notou. Jace continuava sendo o centro das atenções e o próprio sempre aproveitava-se disso. Achar-se incrível era um dos dotes dele. Não que se achar, ou não, fizesse diferença.

— Batatas doces — ele disse erguendo brevemente os olhos do cardápio, para uma Kaeli que pareceu subir dez metros acima do céu. — E sangue para o vampiro — ele completou, batendo nas costas de um Simon desgostoso.

— Meu nome é Simon.

— Que seja, vampiro — Jace disse abanando as mãos como se indicasse que aquele não era um assunto aberto à discussões.

Clary tinha certeza de que eles nunca conseguiriam se entender. E, enquanto revirava os olhos, pediu um refrigerante, assim como Isabelle.

— Nunca tive tanta paz na minha vida — Isabelle comentou.

— Verdade, preciso de mais adrenalina. Acho que meu coração está tão parado quanto o seu, vampiro — Jace cutucou.

— Você foi caçar hoje — Simon observou, revirando os olhos.

Jace deu de ombros.

— Estranho. Parece que foi há anos.

Clary preparou-se para falar qualquer idiotice, no intuito de interromper aquele assunto quase cacofônico, quando o telefone vibrou no bolso de seus jeans.

— Alô? — ela falou chamando, involuntariamente, a atenção de todos para si.

Clary, passe para o Jace — a voz de Luke chiou do outro lado da linha.

Sem sequer pestanejar, Clary passou o celular para o namorado e esperou pacientemente até que o mesmo encerrasse a conversa com poucas palavras.

— Aconteceu alguma coisa? — Izzy perguntou franzindo o cenho.

Jace abriu um sorriso, evidentemente realizado.

— Temos alguém a nossa espera no Santuário do Instituto. Vamos — ele disse, ao passo que Izzy tratou de certificar-se de pedir embalagens para viagem.

— Jace, está tudo bem? — Clary perguntou enquanto esperava Simon e Isabelle na porta do Taki’s.

Ele assentiu de volta e abriu um sorriso malicioso.

— Está tudo mais que bem. Só, finalmente, tenho um trabalho nas mãos.

II

— Você está, mesmo, me dizendo que vai interrogar o Papai Noel porque ele supostamente abusou dos seus direitos como chefe dos duendes? — Clary perguntou parecendo incrédula.

— Na verdade, sim. E não. Não são duendes, são fadas. Duendes não existem — Jace disse, enquanto avançava pelos muitos corredores do Instituto, seguido apenas por Clary.

Isabelle tinha se recusado a se deslocar até o santuário apenas para ver o Papai Noel. Simon ficara curioso, mas não se atrevera a contrariá-la.

— Fadas? Como assim fadas?

— Fadas, Clary. Fadas traiçoeiras e forjadoras, assim como a rainha Seelie.

Ela ergueu uma sobrancelha, parecendo ponderar sobre o assunto.

— Você quer dizer que o Papai Noel existe e não trabalha com duendes?

— Exato — Jace resmungou desviando, por pouco, de um quadro torto.

— Sinto como se minha infância tivesse sido uma farsa — Clary soltou, ruborizando logo em seguida em vista do olhar que ele lhe lançou.

— Não pode ser assim tão ruim — ele disse, dando de ombros e rindo com os olhos.

— Eu nunca recebi um presente, Jace.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Provavelmente porque você não mandou cartas.

— E pra onde eu, supostamente, deveria ter mandado as cartas?

— Sua mãe deveria ter entregado... — ele começou, mas se interrompeu ao notar que o semblante de Clary era de poucos amigos. — Vamos esquecer isso? Não precisamos entrar no assunto da sua criação, Clary.

— Estou me sentindo enganada.

— Se serve de consolo, eu também nunca ganhei presentes.

— Por quê? — ela perguntou curiosa, observando enquanto ele manejava a estela, criando um símbolo de abertura na porta.

Clary deu uma breve olhada naquele corredor que já conhecia tão bem. Os mesmo quadros, os mesmos tapetes, os mesmos móveis. A única coisa que mudava era o clima no local. Parecia mais frio do que jamais estivera. Talvez fosse culpa do tal Papai Noel.

Afinal, quem precisava carregar chaves quando se tinha uma estela?


— Acho que o papai Noel não gostava muito de mim — ele deu de ombros, abrindo a porta com um empurrão. — Então essa é a hora da vingança.

Clary revirou os olhos e o seguiu até quase o final do Santuário, a única parte do instituto que não era solo sagrado, e espantou-se ao se deparar com as orelhas pontudas de um velho verde com cara de poucos amigos. As pilastras distribuídas davam um ar ainda mais antigo ao local. Clary se perguntou, brevemente, quantos membros do submundo já haviam passado por ali.

— O que é isso? — Clary soltou sem querer, parecendo estupefata.

O velho acabou por revirar os olhos e balançar a cabeça como se Clary tivesse perguntado se a sua barba era de algodão doce — o que não seria uma má pergunta, porque realmente parecia.

Isso é o papai Noel — Jace falou, cruzando os braços diante da figura. Clary, por outro lado, só conseguiu conter um engasgo.

— Verde e com orelhas pontudas? — ela perguntou fazendo careta.

O velho bufou.

— Eu sou um feiticeiro, garotinha.

Ela ergueu as sobrancelhas para Jace, como em um questionamento, ignorando o fato de ter sido, novamente, chamada de garotinha.

— Ele está falando a verdade — ele deu de ombros. — Sua pele e suas orelhas são o que herdou do pai demônio. Todo feiticeiro sempre herda esse tipo de coisa. Uns mais e outros menos.

— Magnus só tem aqueles... Olhos de vez em quando — ela observou, estudando as feições aborrecidas do (não tão) bom velhinho.

— No caso do Magnus, é bem menos — Jace concluiu, caminhando para a frente do homem.

Papai Noel estava preso a uma cadeira de ferro também presa ao chão. Os pulsos, levemente inchados, estavam envoltos por algum material que Clary não foi capaz de reconhecer, mas ao olhar bem, soube que devia doer.

— Então, Noel? O que o traz aqui? — Jace perguntou, de costas para o velho, parecendo examinar avidamente uma mesa repleta de materiais amolados e relativamente pontudos.

— Eu não fiz nada — ele resmungou, parecendo impaciente com a situação em que se encontrava.

Jace soltou uma risada, escolhendo uma lâmina quase tão brilhante quanto uma Serafim.

— Todos sempre dizem isso — ele voltou-se na direção do Noel. — E geralmente estão mentindo.

O velho revirou os olhos parecendo incrivelmente impaciente.

— Meu jovem, eu nem sei o que supostamente fiz.

— Eu só acho que não deveria ter feito — Jace disse, fingindo estudar a faca com afinco. — Suponho que deveria ter se lembrado de que a Clave não tolera esse tipo de... Exploração.

— Mas do que está falando? — pareceu sinceramente confuso.

— Quando nós começarmos aqui, você vai saber e ainda vai me dizer o porquê — ele pareceu se empenhar repentinamente. Clary, automaticamente, reconheceu o caçador de sombras dentro de Jace.

— Jace? — Clary soltou ao ver que a postura do namorado tinha passado de descontraída a séria.

— Acho melhor sair. Não vai querer ver isso — ele disse, desviando o olhar de Noel para Clary por uma fração de segundo.

Clary negou com um aceno de cabeça.

— Eu já estou em treinamento, Jace. Não precisa ter receio quanto a me mostrar como são seus procedimentos — ela falou parecendo ter certeza do que dizia.

Ele suspirou, mas não recusou. Clary sabia que ele odiava quando usava o argumento de que estava sendo treinada, entretanto era preciso. Ela queria saber como as coisas deviam ser feitas. Queria fazer parte daquele mundo como uma caçadora de sombras. Tinha passado tempo demais como uma mundana.

— E então, bom velhinho? — Jace soltou, cerrando os olhos. — Vai ser da forma fácil ou da mais difícil?

— Pelo Anjo, garoto. Eu já disse que não fiz nada — o velho se remexeu na cadeira parecendo desconfortável com a lâmina que Jace descia e subia em seu braço, ainda sem machucá-lo. — E estamos em vésperas de natal, tenho presentes para solicitar e entregas para fazer. E ainda tenho que escolher quais demônios menores vão guiar a carruagem neste ano. Não tenho tempo para essa besteira.

Clary ficou realmente surpresa ao perceber que não eram trenós nem renas como se dizia nas histórias. E ficou mais surpresa ainda que a Clave permitisse o uso de demônios maiores. Talvez o novo inquisidor chantageasse por presentes.

— A Clave já é muito complacente com você, senhor Noel — Jace observou, seguindo a mesma linha de raciocínios de Clary. — Você pode usar demônios menores e tem permissão para empregar fadas. Mas não permitimos que abuse da sorte. Não gostamos nem que pense que tem sorte.

Clary engoliu em seco, observando a forma como Jace lidava com aquilo como se fosse apenas um trabalho qualquer. Clary se permitiu divagar, brevemente, se um dia seria capaz de ser tão persuasiva e experiente como o namorado.

— Eu já disse que não fiz nada, garoto — ele repetiu, parecendo estar em meados de perder a paciência.

Jace estava empunhando a lâmina para começar o verdadeiro interrogatório quando a porta do local se abriu revelando um Magnus descabelado, um Alec aborrecido, uma Isabelle impaciente, e um Simon que não conseguia conter as gargalhadas. Jace levantou as sobrancelhas, realmente surpreso com aquele alvoroço. Tão surpreso que tratou de erguer-se e cruzar os braços como se pedisse uma explicação para aquilo.

— Calminha aí, loirinho — Magnus começou, andando para o lado de Clary, sem deixar o rebolado de lado.

Clary teve que desviar os olhos das roupas extravagantes do mesmo. Era impossível encarar aquelas peças por muito tempo sem ficar cega.

— O que você está fazendo aqui? — Jace pareceu realmente interessado em obter aquela resposta.

Até Clary estava interessada, visto que Simon ainda não tinha conseguido parar de rir, nem mesmo quando Izzy lhe deu um beslicada revirando os olhos.

— Eu vim explicar o mal entendido — Magnus começou, esticando os lábios em um sorriso falso. — Uma fadinha azul me contou o que estava acontecendo aqui e eu me senti na responsabilidade...

— Na verdade, Alec te obrigou a vir — Isabelle observou.

Magnus fuzilou-a por um segundo e depois voltou-se para Jace.

Alec me mostrou que era minha responsabilidade vir aqui e falar que esse pobre velhinho verde não fez nada.

Jace ergueu ambas as sobrancelhas.

— Não fez?

Magnus bufou, dando alguns pulinhos impacientes.

— Pelo Anjo, garoto. Era eu, não ele quem estava "abusando" das fadinhas inocentes. Eu usei magia e me transformei no bom velhinho para pedir alguns favores àqueles lindos serventes.

Clary escancarou a boca.

— Para quê, exatamente? — Jace perguntou, começando a se divertir com a história.

Magnus pareceu incomodado com a pergunta.

— Bem, eu... Eu estava me divertindo e procurando o presente perfeito para dar a Alec de natal. Pronto, falei.

Foi só então que Clary entendeu as risadas de Simon. Era tudo realmente hilário.

— Você foi até o Polo Norte para achar um presente de natal? — Jace pareceu surpreso, exatamente como todos na sala.

— Certamente, caro Jace. Eu teria ido ao Peru, mas... Não sou muito bem recebido por lá — Magnus abanou as mãos como se o assunto não viesse ao caso.

Alec foi o primeiro a reagir diante da reação surpresa de todos no Santuário. Soltou uma lufada de ar e tratou de andar até o Noel, começando a soltá-lo de imediato.

— Sentimos muito pelo mal entendido. — Alec se desculpou.

O velho bufou e levantou-se da cadeira de ferro.

— Vocês me prenderam por quase um mês! Mantiveram-me encarcerado naquela droga de prisão em Idris e ainda me fizeram aturar esse tal interrogatório! E quanto ao meu trabalho? O que faço agora?

Magnus pigarreou.

— Quanto a isso, bom velhinho, eu tenho que dizer que quando saí de lá, no dia vinte e três, pensei em deixar um clone seu por lá, mas não achei que fosse ficar feliz ao encontrar um irmão gêmeo ao retornar.

O velho ergueu as sobrancelhas para ele, parecendo incrivelmente irritado.

Mas os presentes foram entregues?

Magnus remexeu as mangas do hobby que usava, parecendo ligeiramente desconfortável.

— Quanto a isso... Não houve nada que eu pudesse fazer! Magnus meio que sussurrou, encarando o chão.

— Você poderia ter deixado todos os presentes lá Isabelle ergueu uma sobrancelha para ele.

Você pegou os presentes?! — Noel gritou, ao mesmo tempo em que Alec.

O que eu te fiz, garota? ele ralhou, parecendo furioso. E ainda mais irritado por aquela ser a irmã, intocável, de seu namorado. Clary ponderava se algum dia Magnus tentaria não se meter em confusões ao menos três vezes por semana. Se ela bem sabia, Magnus adoraria poder dar uns tapas em Isabelle. Mas ela, para a eterna tristeza do feiticeiro, continuava sendo a única irmã de Alec – agora a caçula.

—Você ainda não respondeu — Jace observou.

—Olha aqui, não me encarem dessa forma. Eu deixei uma barra de chocolate suíço pra cada pestinha que mandou carta.

Todos ergueram as sobrancelhas ao mesmo tempo.

— O quê?! Todo pirralho gosta de doces! E eram suíços! Não é como se eu tivesse deixado um doce em troca de um trampolim Magnus tentou se defender.

Alec revirou os olhos, parecendo decepcionado.

Não se preocupe, reenviaremos os presentes para o senhor!

Vocês arruinaram meu trabalho! o velho berrou.

Olha aqui, meu senhor, pra sua informação, aqueles presentes nem eram tão bons Magnus gesticulou com as mãos.

Aposto que já usou as maquiagens Simon soltou, escondendo-se atrás de Izzy quando Magnus fuzilou-o com os olhos de gato.

Já chega! Vou denunciar-lhes à Clave! Isso é um absurdo! Quantas crianças decepcionadas!

Já disse que dei chocolates! Magnus resmungou após um gritinho agudo. E não perca seu tempo tentando me matar. Sou intocável. Faço mais favores à Clave do que o Robbin fez ao Batman! O máximo que podem fazer é me impedir de entrar em Idris. E pra mim não há diferença. Só mais um local que não poderei entrar ele concluiu, fazendo pouco caso.

Não há como fazer estas entregas? Mesmo com os atrasos? Alec perguntou, parecendo esperançoso.

Supõe que eu entregue os presentes com vinte e um dias de atraso?! o velho enfezou-se.

Melhor do que não entregar Magnus deu de ombros.

Vou afundar minhas unhas no seu pescoço o velho (que, eu reparara, tinha uma grande semelhança com o "monstro" Grimm) bufou.

Por favor, releve a situação. Realmente é melhor do que não enviar Alec suplicou.

Eu devolvo a porcaria dos presentes se você parar com esse drama — Magnus resmungou.

Noel fuzilou-lhe de uma forma tão intensa que eu tive medo que Magnus acabasse partido em dois.


— Da próxima vez, arranco os dedos de vocês e transformo em massa!

Magnus levou as mãos ao peito, como se estivesse protegendo os dedos.

— Ainda mais essa! Me acusarem e me prenderem nas vésperas de um natal! — Noel resmungou, massageando os pulsos.

— Sentimos muito, senhor Noel. Esperamos que o mal entendido seja relevado — Jace disse a contra gosto, provavelmente odiando Magnus por aquilo.

O velho revirou os olhos e apontou um dedo para Jace.

— Sorte sua não ter danificado minha pele, garoto — ele disse, começando a rodar um anel nos dedos. — Espero não ter de encontrá-los nunca mais! — completou, sumindo de nossas vistas em um misto de luz.

— Mas eu mandei cartas! — Magnus quase gritou, parecendo inconsolável. Depois olhou furioso para cada um de nós. — Agora tenho que procurar novos presentes! Muito obrigada! Vocês acabaram de destruir meu natal! — ele concluiu, marchando para fora do lugar e parecendo realmente bravo por termos estragado sua surpresa para Alec.

Alec, por sua vez, saiu correndo atrás dele depois de um breve pedido de desculpas pelo constrangimento, deixando Clary, Jace, Simon e Izzy novamente na estaca zero.

— Quem topa ir pro Taki's? — Clary perguntou com um sorriso amarelo, tentando descontrair.

Jace bufou e jogou a lâmina em cima da mesa, tomando a mão de Clary e guiando todos para fora do Santuário.

— E nós temos alguma outra opção? — ele resmungou, parecendo triste por não ter conseguido a adrenalina almejada.

No final do dia, os quatro já haviam esquecido o episódio e um novo estava por vir.

Mas eu só queria adiantar os melhores ovos de Páscoa!


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Espero que tenha sido do agrado de todos, procurei ser o mais fiel possível aos livros! E apesar de não me comparar à Cassandra, juro que tentei! Beijos e até breve, espero eu :)Obrigada por ler!



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