Highly Dangerous escrita por Ren Mage


Capítulo 1
Muito prazer, estrelinha


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, espero que gostem!



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Os passos determinados e fortes de Rachel ecoam pelo corredor vazio da William McKinley High School. Ela já deveria estar em casa, isso é certo, mas ali estava ela, se dirigindo para a detenção. Tudo porque, mais cedo, ela defendera a sua opinião para a diretora Sue Sylvester.

Algumas horas mais cedo…

Rachel estava sentada em frente à diretora Sue, na sua sala rodeada de troféus de campeonatos municipais, estaduais, nacionais e – acredite se quiser – até mundiais.

– Rachel Berry. Espero que seja um assunto que me interesse. – A diretora disse com seu habitual tom arrogante.

– Hum, sim. Pelo menos eu considero um assunto importante, diretora. Veja bem, eu acho que este colégio precisa de mais arte. Nós não temos nossa criatividade influenciada aqui e nenhuma de nossas atividades extra curriculares tem algo a ver com arte. Além do mais…

Sue ergueu uma mão para interromper a morena e apoiou os cotovelos em sua mesa, encarando-a intensamente.

– Vocês, crianças dos anos 2000, acham que o mundo deve acompanhar as cabecinhas descontroladas de vocês. A escola, senhorita Berry, não é feita para que você expresse seus sentimentos artísticos. Há dois lugares especiais onde você pode fazer isso sem ser incomodada: Um é a sua casa, outro é uma boate gay.

Rachel abriu a boca, obviamente ofendida.

– Não vim até o seu escritório para escutar esse tipo de coisa.

– Então saia daqui, a porta está a disposição.

A morena assumiu uma expressão mais suave. – Diretora Sue, a senhora precisa entender que, hoje em dia, a arte é importante e essencial para o desenvolvimento pessoal dos alunos.

– No dia que o sindicato me mandar uma carta chique dizendo educadamente que preciso implementar este tipo de atividade nesta escola, eu talvez pense na ideia. – Rachel levantou uma sobrancelha ao comentário desafiador de Sue. – Não sou adepta ao sistema. – Justificou.

– Então por que está definindo um para esta escola?

– Porque sou adepta ao meu sistema. Agora, se me dá licença. – Ela faz um gesto para que Rachel deixe o local. Quando já está na porta, Rachel para e se vira.

– Quer saber, diretora? Sem ofensa, mas você não sabe liderar.

Sue pareceu surpresa. – Como é?

– Um líder de verdade sabe escutar. Você só ouve a si mesma. Não vai chegar a lugar nenhum assim.

– Lugar nenhum? – A diretora se levanta de seu assento e aponta para os diversos troféus espalhados pela sala. – Não acho que isso seja sinal de um fracasso.

– Claro, é fácil alcançar tudo isso desviando o dinheiro que devia ser dedicado à nossas atividades extra curriculares para essas apresentações ridículas das suas líderes de torcida! – Rachel cuspiu as palavras sem pensar. O rosto de Sue se tornou vermelho.

– Você não sabe do que está falando!

– Eu sei muito bem do que estou falando e sei muito bem os meus direitos! – Rachel gritava agora, coisa que ela não costumava fazer.

– Já chega, saia do meu escritório. E acho bom que apareça depois das aulas hoje para uma hora de detenção, Rachel Berry!

E agora esta era a situação de Rachel. Ela abre a porta da sala à qual foi designada a ficar e se senta no fundo dela, descansando a bolsa no chão. Ótimo. Ela não poderia usar aparelhos eletrônicos. Podia ler, mas só havia livros do colégio em sua bolsa. Justo hoje, ela esquecera de trazer um livro extra. Não que ela fosse uma leitora ávida, mas Rachel não tinha muitos amigos, então ela normalmente ocupava seu tempo livre folheando algum livro que a interessasse, normalmente biografias de suas inspirações. O que ela não daria por seu exemplar de “Barbra Streisand — Sua Vida” agora.

Seus pensamentos são interrompidos quando a porta se abre num estrondo, dando passagem a uma jovem gótica com, surpreendentemente, fios cor de rosa em sua cabeça. Ela anda com a atitude de uma jovem marginal e Rachel torce para que ela não sente ao seu lado. A garota passa pelo professor sentado em sua mesa, que não parece nem um pouco surpreso com a atitude dela. Já deve ter se acostumado. Ela depois se dirige para o fundo da sala, assim como Rachel, só que para o canto direito dela, a uma cadeira de distância. Quando seus olhares se encontram, a pequena morena desvia o olhar. Com o canto do olho, ela ainda vê a garota se sentar de modo tão rebelde quando a sua aparência, apoiando seus pés na cadeira ao lado da sua. Ela também vê a garota tirar um pequeno caderno da bolsa esfarrapada e começar a escrever algo nele. Certa de que a garota não está prestando atenção nela, Rachel vira o rosto um pouco para a direita e mantém os olhos nela. Mas a ação só dura alguns segundos, pois a garota para repentinamente de escrever e um meio sorriso brinca em seus lábios. Ela sabe que está sendo observada. Rachel tem o reflexo automático de virar o rosto na direção contrária. Agora ela tem certeza de ter ouvido uma risada rouca e muito, muito baixa, vindo da garota.

– Como dizem, olhar não tira pedaço. – Ela comenta e Rachel enrubesce. Ela não possuía essas intenções com ela, só estava curiosa. Mais alguns segundos se passam antes que a garota abra a boca mais uma vez. – Ei, você. Está com vergonha?

Rachel considera se virar e responder que obviamente não está (quando obviamente está), mas um som vindo da frente da sala a faz parar.

– Silêncio, Fabray.

Fabray.

Ela ouvira esse nome antes, mas não sabia aonde. Provavelmente histórias entreouvido por aí. Mas não soava nada bem. Aliás, nada relacionado àquela garota parecia bom.

– Só estou conversando com a minha colega aqui. Ou, pelo menos, falando com ela, porque ela não responde.

– Não sou sua colega. – Rachel consegue dizer.

A garota, Fabray, que seja, bate palmas sarcasticamente. – Oh! Ela fala. Então, estrelinha, por que você está me encarando?

– Não estou te encarando. – Rachel responde, o rosto ainda virado na direção contrária.

– Mas estava. Qual é, estrelinha, não sou idiota. Eu vi você olhando pra mim.

– Qual a parte de “silêncio” vocês não entenderam? – Pergunta o professor, claramente irritado.

– A parte na qual não temos porra nenhuma para fazer e ainda temos que manter o bico fechado.

– Cuidado com o vocabulário.

– Que seja. Já que você não quer me responder por que estava me encarando, que tal me contar como veio parar aqui? – Ela tinha um jeito presunçoso que irritava Rachel.

Rachel vira o rosto para ela. – Como você veio parar aqui?

A garota dá de ombros. – Fácil. Me pegaram matando aula.

– Isso não dá detenção.

– Ok. Matando aula para fumar. – Ela exibe um sorriso debochado no rosto que irrita Rachel mais ainda.

– Parabéns, você está desperdiçando seu futuro e acabando com a sua saúde.

O rosto da garota se fecha. – Você não sabe nada sobre mim. Agora me conte… – Ela relaxa um pouco. – Como você veio parar aqui?

– Bom, pelo jeito essa escola é regada a hipocrisia e corrupção. Foi por isso.

Agora a misteriosa garota ergue uma sobrancelha. – Pode ser mais específica?

– Tentei convencer a diretora Sylvester a implantar atividades artísticas na escola e ela perdeu cabeça comigo por ser uma corrupta hipócrita.

– Ah. Uau, você realmente gosta dessas palavras.

– Que palavras?

A garota exibe um meio sorriso. – Corrupção e hipocrisia. – Rachel permanece em silêncio. – Então você é uma artista em potencial?

Rachel reprime um sorriso. Sim. – Pode-se dizer que sim.

– Você quer dizer com certeza, estrelinha.

– Será que vocês podem calar a boca? – O professor se levanta, batendo na mesa. Rachel imediamente afunda na cadeira, enquanto a garota apenas dá de ombros e se vira para frente. O movimento à sua direita revela à Rachel que ela pegou o caderno novamente.

Quando a hora finalmente passa, as duas são liberadas. A garota passa por Rachel lançando-lhe um longo olhar de cima a baixo e a morena sente seu rosto corar. Ela está prestes a seguir seu caminho pelo corredor quando a garota para na sua frente, bloqueando o caminho.

– Qual o seu nome? – A pergunta a pega de surpresa.

– Por que você quer saber?

– Nós passamos uma hora juntas, somos tipo melhores amigas agora, certo? – E lá está o sorriso debochado de novo. – Sério, qual é?

Bom, mas qual é o mal que uma aluna do ensino médio, por mais cara de marginal que pudesse ter, poderia fazer com uma informação básica como aquela não é mesmo?

– Rachel Berry. – Ela apenas recebe um aceno de cabeça de volta. – E o seu…?

– Quinn Fabray. Muito prazer, estrelinha. – Ela estende a mão para Rachel, que apenas a encara até que Quinn a puxe de volta. – Bem, não muito amigável da sua parte, mas vou tentar esquecer isso. Agora acho que vou me mandar, porque perdi o horário do meu cigarro pós aula e não sou do tipo de pessoa que deixa as coisas por fazer.

Na verdade Quinn tinha jeito de ser exatamente esse tipo de pessoa, mas Rachel segurou o comentário para si mesma. A última coisa da qual precisava era de mais uma pessoa contra ela. Quando a viu dando as costas, Rachel resolveu perguntar o que estava lhe incomodando há um certo tempo.

– Ei, Quinn.

Ela se virou.

– Por que você fica me chamando de estrelinha? Nós nem nos conhecemos.

Rachel sorri, mas dessa vez não é um sorriso debochado. É mais como um sorriso de satisfação. – Talvez fosse devesse começar a checar as cabines do banheiro e ver se está mesmo sozinha antes de soltar a voz lá dentro. Se bem que eu não me importo nada em ouvi-la cantar de vez em quando. – E dá as costas novamente, sem mais explicações, desaparecendo pelo corredor.


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Notas finais do capítulo

Lembrem-se, comentários são o alimento da história hahahaha :)