Saímos da sala e pude ver Oliver e John vindo da mesma direção, olhei para ele, e ambos fizeram cara de santos. Era obvio que eles tinham visto o show. Cheguei perto do ouvido de Oliver.

–Gostou?

–Do que?

–Oliver!

–Eu não sei de nada. Mas não sabia que você podia ser tão durona.

– Você foi linha dura. – John encostou ao meu lado.

–O jantar esta sendo servido. – Moira vinha com uma taça de vinho tinto nas mãos.

Depois do jantar meu pai falou a Oliver que não poderia mais estar a frente dos negócios que tinham, já que seria uma divergência de interesses, porém faria um relatório imparcial ao seu sucessor, e não via motivos para que não fosse firmado o contrato.

Eram mais de dez horas e eu já estava cansada, olhei para Oliver, e ele entendeu o meu pedido silencioso. Me levou até um canto onde não poderíamos ser ouvidos.

–Fica? –Foi um pedido.

–Meus pais?

–Eles foram acomodados aqui, e amanhã John e um piloto irão leva-los a Gothan. -Ele me deu um beijo na testa. –Eu pedi de mais de você hoje?

–Sim, mas obrigada.

Quando voltamos Moira encaminhava meus pais para o quarto enquanto minha irmã conversava com Thea e Roy, John já não estava à vista, provavelmente tinha ido embora sem fazer alarde, dei boa noite a todo, e fomos em direção ao quarto de Oliver.

Eu estava me despindo quando Oliver entrou no banheiro. Ligou a torneira da banheira e saiu, eu o segui, e vi que entrou em seu closet.

Eu estava com a minha blusa e calcinha. O resto encontravam-se tumultuadas em um canto do banheiro.

–Felicity?

–Oi?

–Quero te mostrar uma coisa.

Fui ao closet, não podia imaginar do que se tratava.

Quando passei pela porta fiquei sem fala, as roupas dele haviam dado espaço a um área totalmente feminina. Havia vestidos, saias, blusas, calças, calçados, casacos, e dentro das gavetas havia lingerie, em um canto havia uma penteadeira com vários cremes e maquiagens de varias marcas.

Eu o olhei.

–Você comprou tudo isso?

–Eu pedi para que Thea me ajudasse.

–Você não deveria.

–Por quê?

–Porque não quero que gaste comigo. Oliver, isso é lindo, mas não acho certo que use seu dinheiro comigo.

–Eu posso.

–Eu sei!

–Você me deu uma parte do seu closet, porque não posso te dar uma parte do meu?

–Isso você pode. O que não pode é dar o closet e as roupas, calçados, e maquiagem.

–Mas queria te fazer uma surpresa.

–E fez.

–Isso vai ser seu de qualquer maneira. – Ele diz e me deixa confusa.

–Me diz como?

–É mais uma questão de quando.

Ele me puxou para o banheiro. Tirou minha blusa, meu sutiã e a calcinha, e me levou a banheira, em poucos segundos ele estava comigo ali.

Depois que meus pais se foram no domingo a semana passou muito rápida e tranquila, muito tranquila, como uma calmaria antes da tempestade, Isabel havia saído em uma viagem de negócios e deixou a empresa aos cuidados de Oliver, o que era muito estranho.

Era sábado e eu olha as câmeras de vigilância da cidade, e até agora nada de mas. Oliver estava ao norte fazendo sua ronda rotineira, John estava em algum canto mexendo em algo, em resumo outro dia calmo.

–Oliver? – Eu o chamei.

–Oi.

–Eu estou indo para casa.

–Não vai me esperar?

–Estou com sono, e você ainda vai levar mais três horas nessa ronda. Se precisar de mim me chama que volto correndo.

–Ok. Nós vemos na sua casa.

–Provavelmente você vai me encontrar apagada.

–Em dois minutos eu apago do seu lado.

Sai da cadeira e dou espaço para John assumir meu posto.

–Felicity, você está bem?

–Não sei, alguma coisa esta errada, é só um sentimento, mas alguma coisa me diz que tem alguma coisa de errado acontecendo.

–Vai para casa e descansa. Seja o que for vai passar.

Eu dou um sorriso, e um abraço em John.

–Você tem razão, deve ser paranoia minha.

Estava entrando em meu apartamento quando percebo um barulho vido do meu quarto. Como estava aposto para caso Oliver precisasse de mim meu comunicador ainda estava no ouvido.

–Oliver? – Eu sussurro.

–O quê? – Ele percebe o tom da minha voz.

–Há alguém no apartamento.

–Quem?

–Não sei.

Da porta do meu quarto sai um sujeito com roupas pretas e uma mascara que tampava completamente o rosto.

–O quem é você e o que quer aqui em minha casa?

Ele não disse nada, veio em minha direção e fez eu inalar algum um vapor adocicado, enjoativo até. Eu desmaiei.

Quando acordei, eu estava em um lugar escuro, abafado e quente, a única claridade que vinha era de uma claraboia acima. Eu esta acorrentada com meus braços erguidos, que eram as únicas coisas que me mantinha em pé. Tudo doía, e meus braços pareciam que estavam sendo arrancados. Tentei me recompor, mas estava muito fraca para qualquer movimento.

–Vejo que acordou. –Das sombras surgia uma figura familiar, era altiva, veste impecáveis, olhos gélidos.

–O quê você pensa que esta fazendo, Isabel?

–Me vingando, pura e simples mente. Oliver tirou-me quem eu mais amei, e eu vou tirar, quem ele mais ama.

–Você esta maluca?! - Eu podia ver seus olhos vidrados.

–Ele não vai deixar eu fazer o melhor pela Empresa, não enquanto você estiver interferindo, então você via ter que sumir.

Ela sempre se referia a Oliver não ao arqueiro, então provavelmente a liga vinha mantendo ela nas sombras.

–Você acha que pode me eliminar assim e ninguém notará?

Eu rezava para que meu comunicador estivesse funcionando.

– Eu vou ver agonia do Oliver, vou ver ele enlouquecer dia a dia, com a sua ausência, com a sua perda.

Lá fora eu pude ouvir um estrondo e um baque seco no chão. O barulho de alguém tentado derrubar a porta.

–Não importa eu vou te matar mesmo.

Ela colocou o revolver em minha têmpora. Ela estava perto e eu só tinha uma chance, eu juntei todo o meu resto de força e dei uma cabeçada em Isabel, que deu um passo para traz e eu pude ver que tinha feito um estrago em seu nariz. Ela apontou a arma para meu peito.

–Você me paga.

Segurei a corrente com as mãos tendo um apoio e antes que ela pudesse atirar, dei um chute em sua mão fazendo o revolver dispara, e sair voando. Dei um chute no seu rosto e ela caiu desmaiada no chão.

Oliver consegui arrombar a porta, vindo correndo com John logo atrás.

–Graças a Deus. – Pude ouvir Diggle, enquanto colocava as mãos em apoio nos joelhos, como para tomar folego.

Minhas forças aviam se extinguindo, e eu estava joga com apenas os braços me segurando. Oliver soltou as correntes me carregou no colo. Eu apaguei com a sensação de segurança, pois estava em seus braços.

Quando acordei estava em um quarto de hospital, o quarto estava escuro, portanto ainda não havia amanhecido, eu tinha um aparelho lidado ao meu dedo médio esquerdo e um cano de ventilação no meu nariz. Eu tentei me levantar, mas todo o meu corpo doía. Da janela pude ouvir um ruído, tomei um susto. Mas era só o arqueiro. Ele entrou silenciosamente pela janela, veio até mim e me deu um beijo na testa.

–O quê aconteceu? –Minha voz era fraca.

–Você estava com o comunicador, foi fácil te localizar, mas havia muitos bandidos da Liga, se você não tivesse lutado com Isabel provavelmente não teria chegado a tempo.

–Que horas são?

–Um pouco mais de duas da manhã. Você ficou dormindo o dia todo, mas esta tudo bem com você.

–Porque você esta vestido assim?

–O detetive Lance não deixa ninguém ficar aqui, ele colocou dois guarda na porta, ele estava muito preocupado também, acho que depois do evento do Glades ele se apegou a você.

–Isabel?

–Ela esta em uma instituição para pessoas com distúrbios mentais.

–Um hospício? –Eu estava chocada.

–Um hospício!

–John?

–Esta no porão. A enfermeira esta vindo, eu preciso ir. Tente descansar, eu vou estar te olhando lá de fora.

–Obrigada.

A enfermeira veio e olhou alguns aparelhos, vendo que eu estava acordada e agitada aplicou um calmante leve, o que me fez apagar quase de imediato.

Quando acordei novamente o sol estava invadindo a janela, e uma discussão se podia ouvir.

–Você não vai me impedir de vê-la.- Era a voz de Oliver.

Eu ouvi passos apressados, e a voz do detetive Lance.

–Pode o deixar passar.

Oliver entrou com um buque de rosas vermelhas, e vendo que eu estava acordada estampou um grade sorriso.

–Bom dia.

–Bom dia. – Com dificuldade me posicionei melhor em minha cama. Ele colocou as flores em uma mesa lateral.- Eu preciso estar no hospital para ganhar flores do meu namorado?

–Uma falha que pretendo compensar de agora em diante. – Ele diz sorrindo e sentando ao meu lado.

–Você não deveria estar no escritório?

–Não, aqui é o único lugar que eu deveria estar. Além disso, Thea esta no comando hoje, provavelmente vai ficar no lugar de Isabel.

–Isso me parece promissor.

Ele ficou quieto e eu passei a mão em seu rosto.

–Você estava certa em querer manter nosso relacionamento escondido. –Eu via sua tristeza.

–Pelos motivos errados, como eu poderia imaginar que aquela mulher iria surta?

–Eu te coloco em perigo tanto como arqueiro ou como Oliver.

–Ei. –Passei minha mão em seu rosto. – Aquela mulher é doida, se não fosse eu seria Thea, Laurel ou qualquer uma. Mas por sorte fui eu, e pude ganhar tempo até você chegar. –Olhei para os seus olhos e tentei mudar de assunto. –E ai quando vou poder sair? Quero muito um banho e minha cama.

–Os médicos vão vir em uma hora, se tudo tiver certo você estará liberada hoje ainda. Mas não vai para sua casa.

–Como assim?

–Você vai para minha casa por um tempo.

–Oliver não é necessário.

–É sim, pelo menos até Diggle colocar os sistemas de alarme novos e diretamente posicionado com o porão. Já deveríamos ter feito isso antes.

–Quanto tempo?

–Uma semana no máximo.

Eu sabia que não adiantaria brigar, ele não cederia neste ponto de maneira nenhuma.

–E o que os médicos têm a dizer sobre mim?

–Eles fizeram uma bateria de exames e te deram alguns remédios, mas disseram que você vai ficar nova.

–Ótimo, por que estou me sentindo um trapo. -Ele deu um beijo na minha testa. – Pode me trazer um pouco de água?

Oliver traz o copo e eu dou pequenas goladas com dificuldade, mas sinto minhas energias se renovando pouco a pouco. Dou espaço na cama e peço que ele fique ai comigo. Encosto em seu peito e volto a dormir.