Lista De Motivos Para Te Odiar escrita por Lola


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/460918/chapter/2

Assim que meu motorista me deixa na porta da minha casa, vou correndo para meu estúdio de artes. Lá é o único lugar da casa onde eu realmente me sinto em casa. Nasci em uma família privilegiada economicamente, minha casa é enorme e luxuosa. Eu acho isso tudo um exagero. Sou a filha mais nova e o “patinho feio da família” tenho duas irmãs mais velhas, uma médica e outra advogada, ambas são casadas e moram no exterior. A única coisa que eu quero é desenhar e ter uma casa pequena e aconchegante com uma vista bonita. Minha mãe acha isso um absurdo, ela diz que isso não é um bom “projeto de vida” e que tenho aproveitar minhas notas para fazer medicina ou direito. Toda vez que tocamos no assunto do meu futuro, nós brigamos por isso é melhor nem falar. Pego o pincel e as tintas e começo a pintar. Tudo naquele lugar é reconfortante. O cheiro de tinta, de papel... Estou tão concentrada que levo um susto quando minha mãe entrou de repente.

– Filha, vamos jantar na casa dos Lawrence. Se arrume. – e sai. Bufando, vou para o meu quarto e me arrumo. Coloco um vestido simples. Azul claro, com alças finas, justo da cintura para cima e solto da cintura para baixo. Ele fica à altura do meu joelho. Calço uma sapatilha delicada, penteio os meus cabelos ruivos e vou para sala esperar meus pais. Eles chegam pouco tempo depois. Vamos andando porque a casa dos Lawrence é muuuito longe, atravessamos a rua e chegamos lá. Os três estão nos esperando no jardim. A Sra. Lawrence está belíssima como sempre, Sr. Lawrence está de mãos dadas com sua esposa e John... perfeito como sempre, tão perfeito que me dá vontade de ir até ele e dar-lhe um belo tapa. Não consigo nem olhar para a cara dele que fico com raiva. Tudo nele me deixa irritada! Seus cabelos castanhos claros bagunçados, esses olhos marrons profundos, as covinhas quando ele sorri, o corpo musculoso e definido, tudo. Dou dois beijinhos na Sra. Lawrence, um em cada lado do rosto. Ia fazer o mesmo com o senhor mas ele me puxou e me deu um abraço.

– Ainda acho que você seria uma ótima nora. – ele fala baixinho de forma que só eu escutei, rio porque é melhor rir do que dizer coisas não muito educadas... Chega a vez de cumprimentar o John, ele estende a mão para mim, no começo penso em ignorar, mas minha mãe discretamente me dá um beliscão. Então aperto rapidamente a mão dele e depois ficamos nos encarando por um bom tempo até eu desviar o olhar. A mãe dele nos guia para dentro da casa dele, ela nos leva até a sala de jantar (como se todos nós não soubéssemos o caminho de cor e salteado), uma grande mesa esta posta, toda louça era de porcelana com detalhes de ouro. Deve ser nova já que nunca vi antes. Rezo silenciosamente para não quebrar nada. Sento ao lado da minha mãe em frente a John. Quando todos já estamos terminando o prato principal, o Sr. Lawrence pergunta para meu pai:

– Já resolveram se vão viajar?

– Ainda não, provavelmente não vamos, nós não queremos deixar Isabelle sozinha – ele responde.

– Espere! Que viagem é essa? – me intrometo.

– Meu marido e eu convidamos seus pais para ir conosco fazer uma viagem pela Europa - fala a Sra. Lawrence.

– E por que vocês não vão? Eu já tenho quinze anos, posso muito bem me virar sozinha!

– Não, você não pode. – fala minha mãe.

– E se ela ficasse aqui com o John? – sugere a Sra. Lawrence.

– NÃO! – grito, mas me ignoram.

– Pode ser – minha mãe diz – eu confio nele, ele é um menino responsável.

– Prometo cuidar direitinho da sua filha, Sr. e Sra. Linton- fala John.

– Por favor, não, eu imploro! Qualquer coisa menos isso! Deixe-me na casa de uma amiga, me abandonem em uma carrocinha, sei lá, mas não me deixe aqui! Não com ele! Além do mais ele só é um ano mais velho que eu, seria mais fácil eu cuidar dele do que ele de mim!– alguém me ouve? Não! Passo o resto do jantar de mau humor e nem trisco na sobremesa. John parecia estar se divertindo muito com isso. Eles ficam discutindo sobre a viagem. Eles partirão logo que acabassem minhas aulas (daqui a uma semana) e eu já venho para cá. Ficarei no quarto de hóspedes. A viagem vai durar UM MÊS! UM MÊS COM JOHN! De vez em quando eu me intrometo e expresso o quando eu estou insatisfeita com essa situação. Fingem que eu não existia.

Terminamos de jantar e vamos para sala de visitas. Continuam falando da bendita viagem então eu peguo meu Kit de Sobrevivência ao Tédio: caderno de desenho e estojo com variados lápis.

– Por que não dão uma volta? – fala a senhora Lawrence. John se levanta e vai até onde eu estou sentada, ele me estende a mão e eu aceito. Caminhamos em silêncio e quando estamos fora do campo de vista de nossos pais, soltamos as mãos. Vamos para a área da piscina, deito em uma espreguiçadeira, John senta em uma cadeira meio afastada de mim fitando desconfortavelmente a piscina. Desejo ler mentes para que saber o que se passava na cabeça dele. Apoio meu caderno na minha perna e, mesmo com a baixa luminosidade, comeco a desenhar. Desenho John, porém com chifres, presas, um rabo e segurando um tridente. Depois com aquelas letras legais escrevi ao redor “idiota” várias vezes.

– Posso saber o que está desenhando? – ele pergunta, tomo um susto quando vejo que ele está na minha frente, eu abraço o caderno contra o peito para que ele não possa ver. Mas foi inútil, ele se aproximou mais para pegar então faço a primeira coisa que me veio à mente: Arranco a folha, amaço e joguo na piscina. Ficamos observando enquanto a papel afunda e se desintegra aos poucos. Depois de me certificar que não tinha mais como recupera-lo, viro-me para John.

– Nunca mais tente olhar meus desenhos novamente, caso contrário, não vai ser o papel que eu vou jogar na piscina e sim você. E vou me certificar que você morra afogado!

– Tentou olhar o que ela estava desenhando? – comenta uma voz familiar ao meu lado – Um dia você se acostuma a superar a curiosidade – me viro e encontro meu pai. John e ele riem.

–Vamos para casa? – meu pai pergunta e eu faço que sim com a cabeça e o acompanho. Quando estamos longe de John ele me fala:

– Acho que ele gosta de você.

– O que é isso? Um tipo de complô? – bufo e vou andando com passos fortes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lista De Motivos Para Te Odiar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.