Severus,

  O tempo passa tão rapidamente enquanto estou a acabar os trabalhos. O Harry diz que eu nunca dei por isso, mas que isto sempre lhes aconteceu. Quinze dias, pensei que passariam mais lentamente. Sentes-te melhor? Estou a planear ir aí na próxima quinta, penso que posso fazer uma pausa nos trabalhos nessa noite.

  Não maltrates o Ika, será teu empregado (e não um criado). Pago-lhe. Era incapaz de explorar um ser. Nunca irá revelar quem és, está impedido de o fazer.

  Vejo-te assim que puder e desculpa as minhas curtas palavras, mas estou na pausa entre dois trabalhos e queria conseguir dormir antes da primeira aula de amanhã.

  Com saudades,

                                                Hermione Jean Granger

Naquela noite Hermione apenas recebeu a visita de Ika, nenhuma resposta à sua carta.

Minerva McGonagall bateu à porta, o elfo abriu-lhe a porta.

      - Senhora, - disse fazendo uma vénia – senhor está na sala. Entre.

      - Obrigada Ika. – Minerva passou pelo elfo e chegou a sala. Ele estava de costas, olhava sonhador pela janela. – Olá Severus.

      - Minerva, boa tarde. – Os olhos dele demoraram a deixar a janela e quando a olharam pareciam estar bem longe dali.

      - Como te sentes? – A preocupação nos olhos dela era genuína.

      - Lindamente, curei-me. A poção funcionou. Aconteceu alguma coisa?

      - Não, já não te posso visitar? – Ela sorriu-lhe, como uma mãe a um filho. Tinha-o visto tornar-se homem, tinha-o visto sofrer. Sabia que ele tinha feito escolhas erradas, mas achava que ele já tinha pago o suficiente por elas.

      - Claro que podes. – Os olhos dele voltaram a ser sonhadores.

      - Severus, o cativeiro já começa a ser um sacrifício…

      - Sinto falta dela. Sabes, eu passo os meus dias a lembrar-me de como o cabelo dela ficava ao sol, dos olhos brilhantes dela enquanto estudava deitada nas margens do Lago. – Ele interrompeu-a.

      - Queres dar um passeio hoje à noite?

      - Minerva, isso é…

      - Sim, já sei que achas isso uma loucura. Mas pensa, nos campos de Hogwarts às 3 da manhã, a uma quinta-feira. Achas mesmo que alguém vos vê? Ela tem o manto do Potter, se consideras mais seguro. – O sorriso dele desenhou-se.

      - Aceito, devo estar doido, mas aceito. – Sentia-se um homem novo. Iria viver esta oportunidade que a vida lhe dava. – Achas que poderá ser uma surpresa? Ela tinha dito que viria cá hoje, eu digo-lhe para não vir que virás tu. Só falta arranjar uma maneira de fazer com que ela saia do castelo aquela hora.

      - Dará, - Minerva riu-se, o antigo professor de poções parecia uma criança pequena – eu digo-lhe que ando um pouco ocupada e vou partir em viagem peço-lhe para ir ao meu gabinete aquela hora. E vocês encontram-se lá.

Hermione estava na sala comum, trabalhava arduamente. Tinha planos para aquela noite e não queria ter de passar a noite a estudar. Recebeu duas corujas ao mesmo tempo, reconhecia a letra das duas. Leu aquela que ansiava há tanto tempo.

Querida Hermione,

  Desculpa, mas surgiu um imprevisto. A Minerva precisa de falar comigo esta noite. Adiamos para o fim-de-semana, está bom?

  Espero que esteja tudo bem contigo,

                                                Severus Prince Snape

Hermione não conseguiu evitar, deixou cair uma lágrima. Estava com tantas saudades dele, estava a trabalhar tão arduamente durante os últimos dias apenas para o ver, e ele desmarcava assim? Depois de não lhe responder à última carta manda-lhe aquelas três linhas?

Quase que se esqueceu da outra carta.

Hermione,

  Vou viajar, no entanto existem uns assuntos que gostaria de falar consigo. Importa-se de vir ao meu escritório às 3 da manhã? Venha com o Manto da Invisibilidade por favor.

                                Minerva McGonagall

Chegaram as duas e meia, Hermione estava na sala comum. Sentia-se irritada, mas iria agora ao encontro da directora. Retirou o manto do amigo em frente às gárgulas que guardavam o gabinete da directora.

      - Gato preto. – Afastaram-se assim que ouviram a palavra passe. Hermione subiu os degraus.

Abriu a porta, e o gabinete estava às escuras. Os seus olhos demoraram apenas uns segundos a habituarem-se à luz que entrava pelos vidros que ocupavam a parede do fundo.

Viu-o. Estava de costas, olhava os campos e parecia não ter dado pela sua entrada. Não entendia o que ele fazia ali, mas correu.

Correu até chegar a ele.

O barulho alertou-o, mas ele apenas se voltou quando ela estava junto a si. Os seus corpos colaram-se num abraço forte e cheio de emoções.