Voltei chorando para casa. Tipo, chorando muito mesmo. Eu abri o portão e depois fechei com força, o que fez bastante barulho. Assim que abri a porta, minha mãe disse:

– Mariana, o que foi? Porque você bateu o portão daquele jeito? Cadê o Giovanni?

Não respondi minha mãe. Ao invés disso, olhei para o seu Edson, que me encarava assustado, e disse:

– Seu Edson, o Giovanni disse que foi para a sua casa - minha voz saiu trêmula.

Seu Edson assentiu e disse:

– Ok, estou indo para lá - ele foi em direção a porta e a abriu - Tchau Lílian, tchau Diogo, e me desculpe, Mariana.

Nada respondi. Meu pai esperou o seu Edson sair para me dizer:

– Ok, Mari, o que aconteceu? Pode nos dizer agora.

– O Giovanni disse que queria dar um tempo no nosso namoro - encarei Lucas, que pelo olhar também parecia bem assustado, e comecei a gritar - A CULPA É SUA! ELE FICOU COM CIÚMES DE VOCÊ! EU TE ODEIO LUCAS, TE ODEIO!

Ele não respondeu nada. Enquanto eu corria chorando feito uma louca para o meu quarto, só pude ouvir minha mãe falar:

– Calma, Lucas. Ela não disse por mal.

Tá, talvez eu tivesse pegado um pouco pesado com o Lucas. Eu não o odiava, muito pelo contrário. Gostava dele, só estava um pouco confusa. Imagine: você completou um ano de namoro e vai fazer um almoço para comemorar. O seu namoro não estava lá essas coisas nas últimas duas semanas, e você quer que tudo dê certo para o seu namoro continuar, mas aí o cara por quem você foi loucamente apaixonada há um tempo atrás aparece do nada na sua porta e fala que vai morar na sua casa, então seu namorado meio que termina com você, porque ficou com ciúme daquele cara.

Eu estava sentindo um turbilhão de emoções. A tristeza por ter meu namoro praticamente acabado, o ódio pela pessoa que causou isso, mas também todo o amor que eu senti por ela um dia se manifesta, e eu acabei me sentindo um pouco culpada também. Um pouco não. Muito culpada.

Deitei na cama e tentei esfriar minha cabeça. Fechei os olhos, e acabei dormindo um pouco.

Quando acordei, peguei meu celular para ver que horas eram. 19h13. Fui até o banheiro e lavei meu rosto, que estava todo melecado de lágrimas. Quando estava voltando para o meu quarto, reparei na porta do quarto do Lucas. Estava fechada. Então, naquele momento, eu bati, descidida a pedir desculpas.

Ele abriu a porta no segundo seguinte, e parecia com medo.

– Ah - ele disse - Oi Mari.

– Oi - respondi, dando um sorriso sem graça - Lucas, eu posso falar com você?

– Claro. Entre.

Eu entrei e ele fechou a porta, e depois fez um gesto para que eu me sentasse na cama.

– Lucas, eu quero te pedir desculpas por ter gritado com você, falado tudo aquilo, que te odiava... Você sabe que não é verdade, que falei aquilo porque estava com raiva.

– Sim, Mari, eu sei.

– Então... Me desculpa?

– É claro, minha pequena! - ele me abraçou - A culpa disso tudo foi minha mesmo, você que tem que me desculpar.

– Não - eu disse, retribuindo o abraço - O Giovanni que foi um idiota e não confiou em mim - admiti.

– Mari, me faz um favor?

– Sim, o que é?

– Não chora mais não! Me dói muito te ver chorar.

Ficamos um tempo em silêncio, só abraçados. Me senti confortada em seus braços.

– Lucas - eu disse, me afastando para poder ver seus olhos - Porque você veio para cá?

– Porque eu ainda te amo, Mari.

Aquilo doeu no meu coração, me dando uma enorme vontade de chorar, mas me controlei.

– E como você se sentiu ao saber que eu estava namorando? - perguntei.

– Bom, eu soube pelo Facebook, e doeu, Mari. Doeu muito. Mas aí eu pensei em como seria estar ao seu lado, e cheguei a conclusão de que isso curaria toda a minha dor. Agora me responda você: você quer o Giovanni de volta?

Hesitei um pouco, mas resolvi dizer a verdade, então assenti levemente.

– Então amanhã você vai para a faculdade de manhã, e a tarde você vai fazer uma surpresa para ele na casa dele, para vocês conversarem melhor.

Me surpreendi com o que ele disse, mas acabei fazendo a pergunta mais idiota do mundo:

– Como você sabe que eu estou na faculdade?

– Facebook - ele respondeu sorrindo.

Eu sorri e o abracei. Era muito bom ter o meu melhor amigo de volta.