Renascida escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 10
Capítulo 9




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Bella pov’s

 

-Por Deus... Você... Você é... –Eu murmurava atordoada. Cai de joelhos diante de Jacob. Ele olhou-me pesaroso.

 

-Sim. É isso o que eu sou Bella. É isso o que me tornei e tudo por culpa daqueles malditos sanguessugas que a abandonaram aqui! Por culpa do aparecimento deles os genes de lobisomem que herdei dos Quileutes despertaram. Agora eu sou isso! –Jacob tremia enquanto relatava aquelas palavras que para mim eram incompreensíveis. Por instinto eu me afastei, meu corpo se projetando para atacá-lo como se Jacob fosse uma ameaça. Então eu ouvi a aproximação do “bando”. Logo eu os vi sair, não como lobos, mas como humanos. Eu já os tinha visto, sempre me olharam de forma amigável. Não mais. Eu era uma vampira, inimiga natural dos lobisomens, pouco importava se um dia eu fui Isabella Swan, filha de Charlie Swan.

 

...

 

Eu podia claramente ouvi-los enquanto discutiam o que fariam comigo. Jacob permaneceu calado. Eu estava dentro da cabana onde estive durante a conversão. A sede ainda queimava meu corpo. Embora o cheiro dos lobisomens fosse desagradável ainda sim eu podia ouvir o coração e o sangue pulsando em seus corpos. Meus músculos tencionavam, minha boca enchesse do veneno em minhas presas. Minha cabeça girava violentamente. Eu era uma vampira e não tinha mais uma vida. Acredito que agora entendia um pouco da dor de Edward.

 

-Nós precisamos acabar com ela, Sam. –Disse um tal de Paul que parecia ter menos apresso por mim que o restante dele. Dei atenção à conversa fora da cabana.

 

-CALA A BOCA PAUL OU EU MESMO CALAREI POR VOCE! –Desta vez era Jacob. Senti um surto estranho de felicidade por ele me defender.

 

-Calem-se! Jacob, eu posso ver que ainda está fortemente ligado a garota, mas eu peço para que não se apegue. Você sabe que a qualquer momento ela poderá perder o controle. –Sam tentou ponderar, Jacob rosnou.

 

-Olha a garota não fez nada até agora. Acho que não é necessário apelar pra isso. E eu sei que ninguém vai ter coragem de machucá-la sendo filha do Charlie. –Disse Quil, amigo de Jacob e um rapaz que eu já conhecera. Quando ouvi o nome de meu pai meu coração apertou. O que acontecerei agora com minha antiga vida? A vida como humana que parecia se esvair da minha cabeça? Meu pai, sua mãe, os amigos... Tudo parecia apenas um borrão.

 

-Ainda tem esse problema. Charlie está desesperado a procura da garota. –Disse Paul, eu só conhecia por nome.

 

-Ela não poderá voltar a Forks. Agora ela é uma vampira, um risco para qualquer humano. Isabella pode acabar matando Charlie se encontrá-lo. –Eu congelei com as palavras de Sam. Até agora eu não tinha ficado diante de um humano para me testar, para ver se eu tinha controle. Eu nem poderia me arriscar. Edward estava a mais de noventa anos tentando conter sua sede, lutando para o que ele era. Ainda assim ele fraquejou. O que aconteceria comigo se eu ficasse diante de um humano? O desespero me atacou com violência. Eu tinha uma decisão a tomar. Não, nenhuma decisão precisava ser tomada, ela já estava tomada.

 

-Qual é o plano Sam? –Perguntou Embry. Eu permaneci calada.

 

-Temos que ir para Forks ver como estão às coisas. Todos se mobilizaram para encontrar Isabella. Alguém precisa ficar aqui e vigiar Bella. –Disse Sam.

 

-Eu fico com ela. –Era a voz daquele tal de Paul que parecia me odiar. Eu estremeci só de pensar no que poderia acontecer se ficássemos sozinhos.

 

-NEM PENSAR! Eu fico com ela Sam. –Disse Jacob. Fiquei mais aliviada. Mas em parte não me agradava que Jacob ficasse. Era difícil para mim vê-lo me olhando com ódio. Ele era meu porto seguro, meu Sol. Não mais. Pude ouvir que o bando saiu das proximidades da cabana. Eu continuei sentada no chão próximo a porta.

 

-Você ouviu tudo, não é? –Era Jacob, ele devia estar sentado próximo a porta do outro lado.

 

-Sim Jake. Obrigada por me defender.

 

-Eu não defendi você Bella. Eu estou pensando no Charlie. Eu não poderia matá-la e olhar para a cara dele. –Jacob falou rispidamente. Eu quis muito chorar, mas estranhamente não consegui produzir lagrimas. 

 

-Você me odeia tanto assim? Jake, eu não quis isso pra mim.

 

-Mas você quis antes, não é? Você quis quando estava com os Cullen. –Eu não pude rebater o que Jacob havia dito, ele estava certo.

 

-Não importa o que eu quis pra mim no passado. Eu mudei depois que os Cullen foram embora. Deixei de lado a idéia de me transformar em um deles.

 

-E o que você desejou para si depois que os Cullen deixaram Forks? –Jacob me perguntou. Eu sabia da resposta, mas estava envergonhada por falar. Iria mostrar o quanto eu sou fraca. –E então Bella?

 

-Eu quis morrer. Agora, mais do que nunca, é isso o que eu desejo. Talvez eu devesse pedir esse favor para o bando, vocês são fortes e talvez vocês possam me matar de algum modo e... –Subitamente a porta foi aberta. Jacob estava diante de mim, mas alto e mais forte do que antes. Ele se ajoelhou e me abraçou. Antes eu teria reclamado do seu aperto de aço, mas agora era como ser enlaçada por seda. Eu senti o choque quando o corpo quente de Jacob encostou em meu corpo certamente frio. Foi bom, muito bom ser abraçada por ele.

 

-Eu não vou... Não vou deixar que o bando a machuque. Nunca! Não importa o que você se tornou, você ainda é a Bella, não é? –Ele falou com a voz embargada.

 

-Sinceramente Jake eu não sei mais quem sou. Muito obrigada por desprezar o que sou agora. –Eu correspondi com fervor ao seu abraço ignorando a sede que sentia por estar tão próxima dele.

 

-Vai ficar tudo bem Bells. Eu vou cuidar de você. Por que... Por que eu te amo. –A confissão de Jacob me pegou de surpresa. Eu me afastei um pouco e pude ver todo o amor que ele dizia sentir por mim refletido em seus olhos. Eu voltei a abraçá-lo incapaz de falar algo. A sede me atacou novamente. Eu me afastei.

 

-O que foi Bella?

 

-Jake, eu acho melhor você ir. Eu estou com sede. Não me alimentei o suficiente. Acho que vou procurar mais alimento.

 

-Tudo bem, mas eu terei que acompanhá-la, mesmo que fique a certa distancia. Sam não quer deixá-la sozinha.

 

-Eu sei.

 

...

 

 Alimentei-me mais do que o necessário. Se eu tinha que fazer o que estava pensando em fazer eu tinha que me precaver. Após me alimentar fui até um riacho e retirei os vestígios de sangue de meus lábios. Jacob se aproximou cauteloso.

 

-Bella, nós precisamos voltar.

 

-Jake, nós podemos ir a um lugar?

 

-Que lugar?

 

-Gostaria de ir a praia de La Push. –Jacob não me perguntou mais nada. Eu corri velozmente para a praia, eu podia ouvir que Jacob estava em meu encalço, mais longe do que eu previa. Ele estava como um lobisomem. Meu corpo todo se projetava para atacá-lo, ainda vendo-o como ameaça, mas consegui me controlar. E então, mais rápido do que um humano conseguiria, nós estávamos na praia. Era estranho. Antes eu era uma humana descoordenada que não sabia o que era correr sem cair, mas agora era diferente. Eu corria tão rápido quanto Edward sem temer bater em algo por que eu poderia ver tudo o que estava vendo. Cada folha, galho, animal silvestre. Quase ri por ter duvidado de Edward quando nós corremos pela primeira vez.

O Sol raiava na praia como há muito tempo eu não via. Eu permaneci nas sombras sabendo o que iria acontecer se ficasse exposta, mas eu tinha que experimentar. Eu caminhei lentamente saindo das sombras das grandes arvores e caminhando pela areia. Os raios de Sol tocaram minha pele e foram repelidos pela mesma como eu já imaginava. Era lindo... E apavorante. Uma coisa foi quando vi esse efeito do Sol em Edward, outra coisa era eu repelir estes mesmos raios. Eu me virei e vi Jacob olhando-me com espanto. Eu me senti uma aberração.

 

-Isso é... –Jacob murmurou.

 

-Eu sei. Eu sou uma aberração.

 

-Não Bella você... Você ta engraçada! HÁ HÁ HÁ HÁ! –Ok. Eu não esperava esse tipo de reação do Jacob. –Você parece uma lâmpada!

 

-CALA A BOCA IDIOTA! –Mas ele não calou, continuou a rir de mim. Eu deveria estar me sentindo com raiva, mas não. Era como se tivéssemos voltado ao que éramos.

 

-Como nos velhos tempos, não é? Pena que esses tempos não voltam. –Ele falou com pesar. Eu nem ousei olhá-lo. Sai do Sol e me sentei em um galho seco de arvore que estava nas sombras. Olhei para o mar a alguns metros. Jacob sentou-se ao meu lado.

 

-Jake, como o Charlie está?

 

-Mal. Ele está caçando você.

 

-Eu não quero que ele pense que estou morta. Acho que vou escrever uma carta dizendo que vou fugir de casa ou algo assim e pedir para que não me procure. É melhor que ele pense que estou por ai do que pensar que estou morta.

 

-É uma boa idéia. Acho que você vai precisar pegar algumas coisas suas para tornar mais convincente sua busca.

 

-Jacob, estou pensando em ir até em casa em um horário em que meu pai não esteja lá. –Jacob ficou sério.

 

-Não sei se será possível Bells. Você pode acabar sentindo o cheiro de algum humano e começar a caçar.

 

-Eu não vou fazer isso Jake.

 

-Não pode ter certeza Bella. Você ainda não teve a chance de ser dominada pelos seus instintos.

 

-Então você irá comigo. Assim, caso aconteça algo, você vai me deter.

 

-NEM PENSAR BELLA!

 

-Por favor, Jake! –Eu o olhei de forma suplicante, ou para ser mais franca do jeito que o Edward me olhava às vezes.

 

-Cara o Sam e os outros vão me matar!

 

Eu sorri. Estava começando a pegar o jeito.

 

...

 

Foi mais difícil do que pensei entrar novamente em meu quarto. Eu fiquei parada durante algum tempo olhando para aquele quarto, as lembranças cada vez mais escassas. Primeiramente liguei meu computador e o conectei a internet, o que demorou muito visto que minha internet era discada. Jacob estava do lado de fora vigiando, melhor dizendo, garantindo que eu não bancasse a vampira sedenta. Havia muitos e-mails de minha mãe. Eu escrevi apenas um.

 

“Mãe...

 

As coisas têm sido muito difíceis como Charlie relatou. Já não suporto mais ficar aqui. Eu vou embora de Forks, mas não irei para onde a senhora está. Não quero que minha infelicidade a atinja, a você e ao seu marido. Eu estou indo embora para nunca mais voltar. Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. E não culpe os Cullens, eles fizeram o que é certo. Sou eu que sou a fraca aqui. Eu amo você.

 

Bella.”.

 

Eu não pude pensar no que escreveria para Charlie. Subitamente eu fui arrancada do meu quarto. Quem me retirava à força era Paul, Sam estava diante de Jacob e o olhava com fúria. Os outros estavam nas proximidades.

 

-Jacob o que é isso?

 

-Ela veio apenas escrever uma carta de despedida pro Charlie. –Jacob se justificou.

 

-Vamos embora. Charlie está vindo. –Sam disse. Paul me jogou no chão.

 

-Você consegue correr sozinha então vá à frente para a barraca. –Ele falou rispidamente. Eu me levantei e parti. Não era por eles, era por meu pai. Eu não poderia me permitir chegar perto dele.

 

...

 

Os rapazes do bando brigavam entre si do lado de fora. Eu fiquei deitada na cama pensando no que faria. Na verdade fiquei pensando em como faria, por que eu sabia o que faria. Agora precisava me despedir de Charlie, uma carta seria o suficiente. Depois eu partiria. Iria para um lugar remoto onde eu não pudesse machucar ninguém. O bando certamente ficaria satisfeito com minha resolução. Eu não estava triste em deixar Forks, intimamente eu sempre quis isso. Minha maior preocupação era Charlie. Eu iria magoá-lo muito. E eu não sei como seria quando eu estivesse só. Eu nunca fui de me importar em ficar sozinha, até apreciava isso. Mas eu havia mudado depois que Edward havia entrado em minha vida. Edward... Ele certamente sentiria asco de mim quando visse no que me transformei. Nunca lhe agradou a idéia de que eu me tornasse uma vampira. Ainda sim eu queria, mais do que qualquer outra coisa, que ele estivesse ao meu lado e me dissesse que tudo ia ficar bem.

 

...

 

-Tome. –Disse Sam autoritário. Uma semana havia se passado desde que eu supostamente desapareci de Forks. Peguei a folha e a caneta das mãos de Sam. –Escreva uma carta para Charlie e acabe com a dor que ele sente por achar que você está morta. –Logo mais ele saiu. Fui até a cama e comecei a carta. Ela foi bem mais longa do que o e-mail que mandei para minha mãe. Eu sentia a garganta apertar e o choro ameaçar vir enquanto tentava consolar meu pai através daquele pedaço de papel.

 

“Pai...

 

Lamento por tudo o que fiz o senhor passar. O senhor não merece uma filha como eu. Agora sei que o melhor para mim, o melhor para todos é que eu desapareça. Eu sinto muito pai, sinto muito por fazê-lo sofrer. Eu não queria isso, mas não tive escolha. Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. Será melhor para mim se eu ficar um tempo sem aparecer. Eu espero que a dor pela minha partida possa desaparecer com o tempo. Muito obrigada por tudo, por ser o pai maravilhoso que é. Peço mais uma vez perdão por tudo. E não culpe os Cullens por isso. Não tem nada haver com eles. Eu amo você, sempre amei.

 

Bella.”.

 

Sam não só se encarregou de deixar a carta para mim como ele mesmo pegou uma porção de coisas minhas e colocou em uma mala para dar veracidade a historia de fuga. Jacob dizia que tudo ficaria bem, eu moraria na cabana e ninguém iria me procurar lá. Mas eu não queria isso. Por que estava ficando difícil esconder a sede até mesmo de Jake e os outros. Eu estava pronta. Eu não iria esperar por um milagre. O único problema era me despedir de Jacob. Era isso que me manteve mais dois dias em Forks depois que Sam entregou minha carta a Charlie.

 

-Eu não sabia de nada disso Bella. Que você era o alvo daquele vampiro que matamos chamado Laurent.

 

-Agora você sabe e sabe que tem outra vampira em meu encalço.

 

-Talvez essa tal de Victoria desista de te prejudicar agora que você é uma vampira.

 

-Talvez. Não sei Jake, mas não me importo. Se ela vier eu vou lutar contra ela.

 

-NEM PENSAR BELLA! TA LOUCA? Você não pode fazer isso. Você não tem experiência alguma com luta. Não se preocupe. Se essa Victoria, companheira de Laurent, vier aqui nós cuidaremos dela.

 

Eu sabia pelo que Jacob havia me contado o quanto eram fortes os lobisomens, mas eu não poderia colocá-los em risco. Eu tinha tomado minha decisão, minhas coisas estavam arrumadas e já havia me despedido de Charlie e Renée. Até Sam e os outros estavam cientes do que faria. Logo eles vieram para perto da cabana.

 

-O Sam e os outros chegaram. –Jacob me avisou. Saímos os dois da cabana. Num átimo eu peguei minha mochila. Jacob olhou atentamente para eles e depois para mim. –Bella? Que bolsa é essa que está carregando?

 

Eu não precisei dizer nada a ele, ele percebeu.

 

-Eu vou usar minha moto por um tempo até chegar em um lugar onde eu possa estar segura. Sam a trouxe para cá. –Disse. Jacob começou a tremer.

 

-NÃO! VOCE NÃO VAI SAIR DAQUI! NÃO É SEGURO BELLA!

 

-Eu sei me cuidar Jake.

 

-FOI O BANDO, NÃO FOI? ELES EXPULSARAM VOCE!

 

-Jake, eu teria ido de qualquer forma. Mesmo que Sam e os outros tivessem me dito que eu poderia ficar. Eu não posso ficar aqui, Charlie pode acabar me encontrando e eu não posso vê-lo. Victoria pode vir aqui também a minha procura pelos motivos que disse a você. Eu não posso permitir que isso aconteça.

 

-Bella, você não é forte. Se enfrentar uma vampira que saiba lutar você vai morrer! –Jacob estava desesperado. Eu não tinha mais medo. Esse era um dos motivos para sair de Forks e vagar pelo desconhecido. Eu nunca admitiria, mas eu esperava encontrar Victoria e esperava que ela obtivesse êxito em me matar. Acabaria com minha dor. Eu me aproximei de Jake sob os olhares atentos de todos e o abracei. Afastei-me e o beijei, um beijo de despedida nos lábios.

 

-Obrigada por tudo Jake. Se não fosse por você eu já estaria morta. Eu não posso ficar. Faço isso por todos vocês. Esse será meu último sacrifício. –E então eu estava correndo. Eu sabia que Jake tentaria me seguir e me impedir, mas o bando estava lá e eles o detiveram como eu imaginava. A moto que Jake concertou para mim estava na beira da estrada. Eu vesti uma jaqueta de couro, luvas, estava usando calça escura e botas. Com o capacete não havia como a luz solar ser refletida pela minha pele. Claro que eu podia ir a pé, seria muito mais rápido, mas eu poderia ser vista por alguém correndo como um projétil. Eu segui sem olhar para trás, segui para o desconhecido. Eu poderia ouvir ao longe o uivo desesperado de Jacob, mas ele não me fez parar. Ninguém me faria parar.


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