Capitulo 4 - Ensino Médio

Eu nunca gostei do ensino médio. Nem na minha antiga vida nem nessa nova. Falando realmente sério, agora. Foi o ano que eu mais odiava minha vida. Havia de tudo, tachinhas dentro dos sapatos, a xingamentos, surras, destruição do material escolar...
No fim, tudo isso me distanciou de Yamamoto. Na metade do ano, eu já não falava mais com ele. Não nos viamos. Simplesmente nos ignoravamos. Por que? Simplesmente por que a dor que eu me inflingia ao estar com ele havia passado dos limites. Eu recuei.
Havia dias que ele tentava falar comigo, mas eu o evitava como uma praga.
"Ora, ora." Eu ouvi a voz e me encolhi. A caminho da escola, Mikki e suas amigas sempre me encontravam. Era como se tivessem um radar. "Você trouxe nosso dinheiro, Dame-Tsuna?"
Estava ai. Meu apelido, ou melhor, o apelido de Tsuna. No primeiro momento, se me perguntarem por que eu era chamada assim, eu diria que era tudo um plano para que eu pudesse seguir a história do anime o máximo possivel. No entanto, isso seria uma mentira. Minhas notas não iam subir... Na verdade, eu tinha medo que subissem. Na minha antiga vida, isso já era enraizado na minha alma. Nessa vida, o bullying também se instalou, então eu não conseguia reagir da forma correta. Na verdade, eu tinha medo delas. Mesmo que minha mente dissesse que não. Teoricamente falando, eu poderia superar isso, mas era o preço que eu pagava por minha severa baixa estima. Eu agradesceria quando Reborn chegasse. Talvez... Só talvez, eu pudesse finalmente me libertar do Bullying, como o Tsunayoshi.
Suspirei.
"Eu não tenho dinheiro, Mikki." Respondi de forma suave, na esperança de não despertar a ira dela.
Obviamente não fui bem sucedida e paguei caro. Elas me derrubaram a machucaram, só parando de me bater quando meu sangue já formava uma poça ao meu lado.
"Vamos embora Mikki. Dame-Tsuna não tem dinheiro realmente." Finalmente uma delas disse."Se nos pegarem aqui, teremos problemas."
"Sim..." Respondeu Mikki, com um olhar que eu temi. Era como um animal com raiva. Um animal que eu não queria estar contra. Felizmente ela se virou e me deixou sozinha.
"Novamente deixando elas te levarem ao chão, herbivora?"
Eu me virei para ver Kyoya e me levantei, limpando um pouco do sangue da boca.
"Não é como se eu pudesse fazer alguma coisa." Respondi, tentando agir tranquilamente. "Não vou descer ao nivel delas e lutar."
"Herbivoros se juntam quando não conseguem derrotar outro grupo" Disse Hibari. "Por que não encontra um grupo?"
Foi então que eu notei quão diferente Hibari estava, simplesmente por eu força-lo a interagir comigo desde o fundamental. Lembrei que costumava tentar assusta-lo, ou surpreende-lo em todos os lugares que ele estivesse. Ah, sim, bons tempos. Claro, era bom até que ele atingisse a porra da tonfa na minha cara. Mas, bem, era engraçado. E ele chegou a me suportar depois de um tempo. Ele me cumprimentava no corredor as vezes.
"Ah! Então você seria meu amigo?" Perguntei inocentemente, quase pulando em cima dele.
"..." Ele me olhou por alguns segundos. "Nunca."

"Aaaaaaah...." Choraminguei. "Você é mau, Ky-chan."
Eu pude ver como ele estava com raiva do apelido, como de costume, mas ignorou.
"Vá logo para o colégio." Ordenou. "Se você quebrar alguma regra, pode esperar uma punição."
Eu sorri levemente.
"Por que você só bate em mim? Eu sou a unica menina que você bate." Afirmei.
Ele me olhou. E... Sorriu! É, eu sei, estou chocada também. Mas ele me deu um sorriso sarcástico. Se virou e foi embora.
Ugh. Estranho. Dei de ombros e fui para o colégio, me escondi no banheiro e troquei de roupa antes de ir pra sala. Afinal, eu não poderia ficar o dia todo com sangue pra todo lado, certo?
O dia passou como de costume. Totalmente chato. Eu fiquei entediada pra caralho, e entrei em pânico na prova de matemática, pois tinha esquecido a formula principal das contas(a formula de equação de segundo grau. Porra, eu nunca fui bem nisso.)
Tirei 17. A turma toda riu de mim, mas eu já estava acostumada então só dei um sorriso envergonhado e dei de ombros. Não era realmente tão ruim assim. Eu poderia recuperar depois. Afinal...
Eu sorri para eu mesma.
Esse ano era o ano que Reborn viria.
Sim, eu estava muito animava para isso. Pode parecer besteira(ou masoquismo) mas eu queria muito conhecer aquele baixinho sádico. Não por ele ser sádico, mas por ele poder me fazer entrar no Hyper Shinuki Mode. Foda. YEAH!
Voltei pra casa mais cedo. Sai antes da ultima aula, conseguindo me esgueirar para não ser pega por Hibari(é, a pratica leva a perfeição) então evitei levar outra surra na saida. Provavelmente levaria uma bronca de minha mãe quando chegasse em casa, mas eu não me importei. Minha mãe tinha tendencia a não ver o que não queria ver. Ela não me queria ver sendo abusada fisica e mentalmente na escola, então não via. Ela não queria ver que eu simplemente ignorava a esocla, e não conseguia ver isso. Provavelmente era por isso que ela não via que Tsunayoshi era da máfia. Ela simplesmente NÃO QUERIA ver.
Bem, eu agradeço por isso. Tornou as coisas muito mais faceis pra mim.
"Ara? Tsu-chan? Voltou da escola mais cedo? O que quer ser da vida? Dessa forma você não será nada! Pelo menos seja feliz! Como sua mãe!"
"Mãe, se você falar isso na frente das pessoas da escola eu vou cometer suicidio." Avisei.
"Oh, querida." Ela suspirou mas me deixou sozinha. "Encontrei isso na caixa de correio essa manha." Ela me mostrou um panfleto.
Eu li e sorri. Simplesmente não podia ser melhor.

"Isso parece com enganação, mãe." Falei. "De graça? Um tutor?"
"Mas ele já deve estar vindo." Ela deu de ombros. "Arrume seu quarto para quando seu tutor chegar."
Oh, sim. Meu quarto.
Sinceramente, existe uma coisa que eu sou realmente horrível. ORGANIZAÇÃO. Yeah. Eu sei. Besteira, não é? Mas enfim.
Olhei em volta. Minhas folhas do teste da semana passada estavam jogadas em cima daquela poça de refrigerante da latinha que eu trombei ontem... A latinha estava em algum lugar em baixo da cama. Minha outra blusa da escola estava em cima da televisão, manchada de algo que era suspeitosamente parecido com sangue, ou quem sabe ketchup. Eu não tenho certeza. Minha cama estava desarrumada. Meus jogos estavam espalhados no chão, um dos cds estava quebrado. Me lembrei que tinha pisado nele hoje de manha. No canto havia uma pilha de roupa suja que eu provavelmente teria que incinerar (não podia botar pra lavar. Tinha sangue nelas.) A porta do armário estava aberta e minha pilha de livros jogada... E mais outras e outras coisas pareciam fora do lugar.
Eu definitivamente não vou conseguir terminar de arrumar isso a tempo.