Jacques só poderia estar brincando.
Um baile? Para todos os cidadãos de Arendelle? Eu tinha uma péssima experiência com bailes. E ainda por cima era para conhecer os novos funcionários, eu teria que ficar uma noite inteira tendo que olhar para Hans, isso seria um alívio, se ele não tentasse algo a mais. Mas... Se o baile era para todos os cidadãos, minhas chances de encontrá-lo eram poucas, não era? E se acontece à mesma coisa que aconteceu no baile da coroação? Não, eu aprendi do jeito mais difícil que poderia controlar meus poderes, era só um pouco de amor, pediria a Anna que ficasse perto de mim quando Hans estivesse por perto. Mas e se eu me descontrolo-se? As pessoas iam pensar que eu ainda não era digna do trono, ou pior iam saber que eu temia Hans. Jacques não poderia ter feito isso deveria ter me consultado, e agora? Não posso cancelar. Já imagino o que as pessoas iriam cochichar sobre mim. Chega Elsa! Você já é uma mulher, não pode ficar com medo de uma mera pessoa, você tem seus poderes, vai saber lidar, e alias você é a rainha! Tem todo o direito de...
–Terra chamando Elsa! Tem alguém ai?- Anna estalava seus dedos na minha frente. Estou tão preocupada com o baile que me desliguei e me esqueci que ela estava ali. - Que susto que você me deu! Pensei que estivesse congelado!- Ela disse aliviada.
–Desculpe Anna, eu... Não sei o que dizer isso me pegou de jeito e... -Antes que eu pudesse terminar ela colocou seu dedo indicador na minha frente.
–Eu sei, eu sei, vamos das um jeito, e resolver tudo depois, ok?- Ela falou, e isso me deixou aliviada, não precisaria contar tudo para ela, só pela minha cara, ela já sabia o que estava se passando dentro de mim. Em tão pouco tempo Eu e Anna já tínhamos a nossa amizade de anos atrás, éramos como unha e carne.
–Ok, bom onde estávamos?- Falei tentando tirar a tensão que se formou no quarto.
–ATACAAR!- Anna gritou e enfiou o garfo na carne mais próxima.

Falta 3 horas para o baile, e eu estou ficando cada vez mais nervosa, ando de um lado para o outro do quarto, esperando a chegada das meninas que vão me aprontar. Tento convencer a mim mesma que eu não vou estragar nada, que dará tudo certinho essa noite. E só ficar calma, contar até três, igual Anna me instruiu, se eu fizer isso, tudo vai dar certo. Ouço batidas e paro imediatamente de andar.
–Olá Alteza! Nós somos sua equipe de preparação!-Ouvi uma voz de mulher passar pela porta, ela parecia bem animada, animada demais. Soltei um suspiro e fui até a porta e a abri:
–ALTEZA! MUUITO PRAZER!-Uma mulher loira e gordinha pulou para dentro no meu quarto e agarrou a minha mão. - MEU NOME É SOFIA E QUERO AGRADECER MUITO POR ESSA OPORTUNIDADE!- Ela agarrava cada vez mais forte a minha mão. Eu sinceramente sou muito boa com cabelos, você devia ver cada penteado que eu faço... -Ela fala sem parar e não parava nem para respirar, até que outra mulher que estava ao seu lado a interrompeu:
–Sofia, por favor, acalme-se, e se comporte. -A mulher era velha, tinha um coque que a deixava com uma aparência mais comportada, e sua postura era perfeita, típico de mulheres mais velhas, mas de cara já não simpatizei. Olhei para fora e vi outra mulher que segurava um cabide com uma capa por cima, tinha cabelos pretos, e aparentava ter 40 anos, o que ela segurava deveria ser meu vestido.
–Me desculpe Rose... -Ela abaixou a cabeça e largou a minha mão. Ela estava latejando de tanto Sofia a apertar, mas tentei reprimir a dor.
–Então vocês são minha equipe? Sejam bem vindas, podem entrar. Tentei por o tom mais simpático que eu poderia na minha voz.
–É um prazer conhecer a vossa alteza Elsa, eu me chamo Rose, já deve ter conhecido Sofia e essa é Aurey. -Ela mostrou a mulher que segurava o cabide, eu sorri e acenei, ela sorriu de volta.
–Vamos começar? Temos pouco tempo!-Sofia já havia colocado suas maletas na minha mesa.
–Acho que sim... -Falei não muito animada.
–Algum problema senhorita Elsa? Rose perguntou desconfiada, e percebi naquela hora, que deveria tomar muito cuidado com o que eu falava ou fazia.
–Não, nenhum Rose, agora que tal começar seu trabalho?-Acabei sendo grossa demais, pois ela me fuzilou com os olhos e faltou me queimar viva, mas depois se virou para preparar meu banho.
O tempo foi passando e fui simpatizando cada vez mais com Sofia e Aurey, percebi que Sofia era a mais extrovertida dali, era muito simpática e divertida, ela me contou que desde criança já fazia penteados nas suas irmãs mais novas, no total eram três, também gostava bastante de maquiagem, tinha 27 anos, e trabalhava no salão das ilhas do sul, mas cansou de ter sempre a mesma rotina, e quando soube que foi aprovada ficou muito feliz, e pediu desculpas por ter me atacado na porta, eu ri e falei que não tinha problema. Aurey já era mais quieta, mais quando se sentiu a vontade, começou a contar piadas e logo estávamos amigas também, tinha 41 anos, mas não tinha filhos, ela cuidaria da minha roupa. Queria poder dizer o mesmo de Rose, mas a cada minuto que eu passava com ela, não conseguia suportar sua presença, ela era rígida demais e muito controladora. Quando as meninas tentavam conversar comigo ela já as censurava. Mas como eu não poderia deixar ela controlar tudo, tratei de dar algumas cortadas, e logo ela ficou quieta, iria me ajudar com os sapatos.
–Pronto meninas, podem começar. -Já havia tomado banho e vestido à roupa de baixo.
Elas sorriram, Sofia puxou uma cadeira e eu me sentei, começou a trabalhar rapidamente no meu cabelo secando, puxando e prendendo.
–Se a vossa Alteza permitir, poderia fazer um coque? Sei que a senhorita adora tranças e meu penteado envolve justamente a mesm, é original!-Sofia implorou, eu não queria chamar a atenção, mas cedi:
–É claro Sofia.
Ela pulou e bateu palminhas de alegria, e voltou a mexer no meu cabelo.
Em poucos minutos ela me entregou o espelho, e deixei escapar um pequeno gritinho de surpresa. Não era um coque normal, ele era não era aquele tradicional que sempre faziam em mim. Da minha orelha seguiam uma trança de cada lado e se prendiam ao coque, ele era desfiado e despojado, me deu um ar jovial e eu adorei.
–Que lindo Sofia! Adorei! Sorri pra ela
–É minha especialidade! Agora vou começar a maquiagem, mas seu rosto é tão bonito, que não precisa de exageros. Demorou apenas alguns minutos e ela já tinha acabado. -Meu trabalho acabou, vou indo alteza, ela me mandou um beijo e saiu.
–Agora, seu vestido Alteza. -Aurey trousse o cabide com a capa preta para perto de mim. - Espero que goste fui eu quem escolheu e Jacques que aprovou. Ela tirou a capa e eu fiquei maravilhada com o que via. Ele era realmente lindo! Não... Perfeito.
Fui para perto e comecei a passar a mão por ele, era o meu tecido preferido: Seda. Era bege quase branco com detalhes dourados, eles viam pela lateral do corpo e caiam até o fim do vestido, que terminava na canela, não havia mangas, deixava meus braços totalmente exposto, isso me deixou um pouco desconfortável. Havia apenas alças, minúsculas que de longe não daria para perceber.
–Vamos vista logo! Falta apenas uma hora. -Rose falou rabugenta no fundo da sala.
Suspirei e me vesti, agradeci por não ter que usar corpete. Aurey colocou a coroa na minha cabeça, e o coque que Sofia havia feito combinou muito bem com o vestido e não ficou escondido por cauda da coroa. Faltavam apenas os sapatos.
–Aqui está senhorita. -Rose se aproximou com uma caixa e a abriu, subi na ponta dos pés para ver dentro da caixa quais sapatos ela teria escolhido.
–É realmente muito bonito Rose. Falei, pela primeira vez dês que conheci Rose, ela havia acertado. Não eram muito altos nem muito pequenos, tinham um salto perfeito, do jeito que eu gosto de usar. Eram dourados.
–O vista e desça daqui 30 minutos, estaremos te esperando.- Ela falou e junto com Aurey saiu do quarto.
Terminei de vestir os sapatos e fui para frente do espelho. Eu estava tão linda... A maquiagem estava na medida certa nem muito exagerada, nem muito apagada, elas eram realmente uma ótima equipe. Sorri com o resultado.
Um vento frio passou pela fresta da janela e me atingiu, senti um frio enorme bater nas minhas costas, de repente meu estomago embrulhou, e me arrepiei toda.

Essa noite não poderia ser tão ruim.