Logo que passei dos portões, levei um susto. A cidade estava mais bonita do que nunca, ainda mais do que no dia da coroação, se bem que nem pude apreciar. Fitas vermelhas, azuis e amarelas decoravam os postes e flores com cores vivas se espalhavam pelas calçadas, estava tudo tão lindo.

Durante o percurso até o porto, muitas pessoas me cumprimentaram e fizeram referência. Estavam felizes que Arendelle finalmente iria mudar. Quando cheguei ao porto fui dirigida ao lado esquerdo do desembarque, para poder cumprimentar os novos funcionários, no total eram 50, isso iria demorar, mas eu não me importava, queria passar um tempo fora do castelo, todos já sabiam dos meus poderes, não precisaria me esconder mais. Anna já estava lá junto com Kristoff.

OOOi! -Ela acenou para mim e me juntei ao lado deles.-Por que demorou?

–Dei uma ultima olhada na papelada dos novos funcionários, não tive tempo, Jacques só me entregou uma semana antes.-Falei, e tentei esconder o medo na minha voz, não queria que Anna ficasse preocupada.

–Bom, seja o que for, vão colocar pessoas de confiança, não é?-Foi a vez de Kristoff perguntar

–Espero que sim.-Falei e tentei forçar um sorriso.

–Olha vai começar!-Anna apontou para as trombetas que estavam já prontas para serem tocadas.

E quando Jacques apareceu as cornetas soaram

–Olá povo de Arendelle, estamos aqui reunidos para conhecer e acolher nossos novos funcionários. Para ajudar Arendelle a ficar mais organizada... -Jacques começou o discurso, mas eu não estava mais prestando atenção. E se eles não gostarem da cidade? Se não gostarem dos empregos? Ou não gostarem de mim? E se ELE estivesse ali?

–Agora algumas palavras da vossa alteza, rainha Elsa!- Jacques fez uma reverência e a multidão aplaudiu. Oh meu deus!O sorriso que estava no meu rosto desapareceu, mas logo tratei de refazer ele. Eu não sabia que falaria, teria ter que improvisar, respirei fundo e comecei:

–Queridos Arendelences, espero que com a chegada dessas pessoas, que com bom coração, aceitaram vir para a nossa querida cidade, ajudar nas tarefas diárias,ajude Arendelle a ficar mais bonita do que já é! –fiz uma pausa e continuei. –Nós devemos ajudar e acolher, pois é nosso dever cuidar de quem vai nos servir, e é com muito prazer que eu recebo todos vocês, dêem boas vindas aos nossos novos cidadãos! Quando terminei a multidão irrompeu em palmas e assobios:

–Lindo!

–Vossa alteza é a melhor!

–Bravo!Bravo!

Vários gritos de apoio surgiram no meio das pessoas. Eu estava radiante, eles sentiam orgulho de mim, eles acreditavam em mim.

–Você foi ótima! –Anna sussurrou e colocou a mão no meu ombro.

–Obrigada. -Sussurrei de novo. Sorriu fez carinho nele e tirou.

Jacques então tirou um papel do bolso, e começou a ler os nomes:

–Laura Stentini, cozinheira.

Uma mulher que aparentava ter 40 anos desceu do barco acenando, quando chegou à plataforma veio na minha direção e fez uma referência dei minha benção e rumou a carruagem que estava lhe aguardando. Jacques continuou:

–Aron Bentilos, Chefe da cavalaria.

Um homem de mais de mais ou menos 20 a 30 anos foi a segunda pessoa a descer, veio na minha direção e disse:

–Vossa alteza, gostaria de lhe agradecer a oportunidade.

Ele fez a referência, e eu dei minha benção e quando ele se levantou ,sorri, até que era bonitinho. Era loiro, tinha um porte desejado e era realmente educado.

–Estou aqui para o que precisar, hã... Quero dizer estamos aqui para o que precisar.

Minhas bochechas ficaram vermelhas.

–Obrigada. - Ele riu me lançou um olhar e se afastou.

Seus olhos eram de azul a verde, uma mistura dos dois, e seu sorriso era o mais branco que eu já tinha visto, nem mesmo o de Anna era assim.

Falando em Anna senti os olhos dela se cravando em mim.

–O QUE FOI ISSO? – Anna tentou cochichar, mas foi uma tentativa falha. Ouvi a risada de Kristoff.

–O que? –Tentei parecer indiferente, mas consegui ficar mais corada.

–“Anna eu sou uma rainha, não tenho tempo para essas coisas”. - Ela tentou imitar a minha voz

–Mas eu não tenho tempo mesmo, não sei do que você esta falando. -Tentei contornar a situação.

–Sei... –Ela riu.

E assim foi seguindo a cerimônia, todas as pessoas que desciam iam até mim, faziam referência eu dava minha benção, e saiam, algumas conversaram comigo, dizendo como a cidade era bonita ou agradecendo eram aplaudidas e levadas até a carruagem.

A cada pessoa que passava, ficava cada vez mais aliviada, ELE não estava ali naquele navio. Um sorriso igual ao de Anna formou em meus lábios. Eu estava completamente feliz.

Não havia sentido o passar do tempo, estava completamente em estado de felicidade e nada podia me desanimar.

–E assim chegamos ao último integrante dessa equipe que ira melhorar Arendelle.

Ouvi vários assobios e palmas.

–Hans Christian Andersen, Guarda geral.

Meu mundo caiu.

O medo tomou conta de mim.

O chão onde estava agora se tornou gelo.

A cor do meu rosto se foi, e estava mais branca que o normal.

Anna tentou me cutucar, mas não olhei de volta.

Eu estava surpresa, com raiva, e com muito, muito medo. Meu coração batia tão forte que chegava a doer. Eu não podia acreditar, isso era um sonho só podia ser. Eu queria fugir, ou quem sabe joga-ló dentro do barco de novo. ISSO! Iria despedir ele, só ia dar uma semana e pronto iria acusá-lo de alguma coisa, se eu não aparece-se morta antes.Iria fazer qualquer coisa, ele não ia podia ficar aqui.

Hans agora já estava na minha frente. Tentei tirar o medo do meu rosto e colocar um sorriso, mas eu não conseguia.

–Vossa Alteza. -Ele fez a referência com um sorriso no rosto e sem aviso ele puxou minha mão e plantou ali um beijo demorado.

Meu coração agora parecia que iria saltar da minha boca, tremores vieram, mas tentei reprimir, o meu maior medo agora estava ali na minha frente. Minha vida se tornaria um pesadelo.

Ele levantou o olhar e largou minha mão, que rapidamente coloquei para trás das costas. Arrumou-se e sorriu:

–Eu jurei que voltaria.