You are my destiny escrita por Noni, Vênus Salerinean, Yorihime Frances de Libra
You are my destiny
Parte 1 – o estranho da lanchonete...
– Por Paola Tchébrikov
O que é um vampiro?
Dizem as lendas mais antigas ser um ser noturno que, no ponto mais alto da lua, vaga pelas ruas escuras, à procura de uma presa. Seja homem ou mulher, velho ou jovem, bonito ou feio, gordo ou magro, não importa. O que ele quer fazer é sugar o sangue de sua vítima, até a última gota, sem hesitar.
Você já viu um ser desses? Já foi alvo de um? Não? Então você tem sorte. Contar-lhe-ei a história de uma bela dama que, infelizmente, não teve a mesma sorte...
Era um dia ensolarado de primavera, ora, as folhas novas e saudáveis enfeitavam a cidade de Milão, repleta de rostos calorosos e sorrisos gentis, algo típico daquele povo.
Annabelle, a bela e gentil Annabelle, com seu vestido florido e despojado, chapéu para proteger-lhe do suave sol da tarde e sandálias baixas, caminhava pelas ruas, procurando um lugar fresco a agradável para sentar-se e saborear um delicioso chá.
Seus olhos azuis, em tom de violeta, com leves riscas de tonalidades mais claras, encontraram uma mesa vazia de uma lanchonete com aparência sofisticada e agradável. Seus olhos brilharam de contentamento e, andando em direção à pequena mesa de dois lugares, puxou levemente a cadeira, notando um leve movimento atrás de si.
— Uma turista? — uma voz masculina e suave, com um leve sotaque local, pronunciou-se, congelando-lhe os sentidos. Fingindo não ouvir, ou não conhecer a língua daquele local, sentou-se, chamando o garçom com um leve movimento de cabeça.
Pediu um suco natural e alguns petiscos leves, apenas o lanche da tarde, o recomendado por seu nutricionista. O pedido não demorou a chegar, e enquanto mordiscava um biscoito, observou sob a aba do chapéu um homem observá-la. Em passos calmos ele pôs-se a aproximar-se dela, parando em frente a sua mesa, observando-a.
— Em que posso ajudá-lo? — perguntou educada, olhando-o com olhos mansos e um doce sorriso nos lábios.
— Achei que você não fosse capaz de me entender — comentou semicerrando os olhos.
— Por que sou uma turista? — questionou um pouco seca.
— Porque você não me respondeu quando lhe fiz uma pergunta — havia certo tom de acusação em sua voz. Dando de ombros, Annabelle respondeu:
— Achei que não fosse comigo — e, pegando seu copo de suco, tomou um gole.
A insinuação de que era o momento de ele se retirar foi clara, mas o homem permaneceu lá, encarando-a com olhos analíticos.
Respirando fundo discretamente, a moça de curtos e sedosos cabelos negros procurou no fundo de sua alma paciência para enfrentar aquela situação.
— Está de férias? — ele perguntou, acenando para o garçom. Annabelle levou vários minutos para entender o que ele pretendia, mas quando entendeu, não conseguiu evitar um torcer de lábios.
— Você parece estar — disse não conseguindo esconder sua irritação. Ele deu de ombros enquanto um garçom aflito aproximava-se da mesa.
— Vou querer só um café preto, forte e sem açúcar — ele nem se dispôs a olhá-lo.
— Sim, Senhor Grimhows. Sua companheira deseja algo mais? — questionou prontificado.
— Estou satisfeita com o que já pedi, obrigada — agradeceu sorrindo levemente.
Os segundos seguintes passaram-se com os dois em silêncio – após o garçom sumir como fumaça. Ele observava-a, enquanto ela fingia estar sozinha ali. Não conversaria com aquele estranho, não lhe daria esse gostinho, nem se ele fosse a única pessoa capaz de ouvir e entender no mundo – preferia falar com macacos, elefantes ou formigas.
— Pergunto-me o que uma bela dama como você faz neste fim de mundo — disse ele levemente.
Annabelle não conseguiu evitar encará-lo intrigada. O que ele queria dizer com aquilo? Que ela tinha cara de quem não gostava daquele tipo de lugar? Ou que era fútil?
Crispou os lábios.
— Quero dizer, com tantos lugares para ir, você escolheu logo aqui? — corrigiu-se diante da expressão dela.
— Eu gosto daqui — replicou dando de ombros —, teria escolhido outro lugar se esse fosse o caso, mas o clima daqui me é muito satisfatório.
— Entendo. Milão recebe, mensalmente, centenas de turistas. É um ótimo lugar para se descansar. Do que você estava fugindo ao vir para cá? — questionou ele ousado.
— Não estava fugindo de nada. — respondeu calmamente, tomando um gole de seu suco para que engolisse as palavras que vinham à sua mente. — Eu precisava de um descanso da minha vida de modelo, só isso.
— Você é uma modelo? — questionou surpreso, aceitando de prontidão quando o garçom apareceu ao seu lado com a xícara de café que pedira.
— E por que não seria? — indagou com as sobrancelhas arqueadas.
— É só que... bem, nem toda moça bonita consegue tornar-se modelo, é natural. Então não pensamos em um primeiro momento que alguém que se destaca por sua imagem seja de fato alguém que se destacou por causa dela — explicou paciente, levando o café aos lábios.
Annabelle torceu o nariz ao sentir o cheiro do café forte e sem açúcar. Tomava alguns goles da bebidas, mas sempre ele mediano e doce, se fosse com leite podia até ser mais amargo, mas nunca forte.
— Não gosta de café? — perguntou ele divertido ao ver a expressão dela.
— Não forte e amargo — respondeu de prontidão, comendo um de seus biscoitos. Ofereceu um a ele por pura educação.
— Então prefere ele fraco e doce? — indagou curioso. — E não, obrigado — apontou com o queixo para o biscoito, dispensando-o.
— Prefiro uma taça de vinho branco e fino — discordou elegantemente, terminando de beber seu suco e comer os biscoitos.
— Digno de uma modelo, não? Novamente eu me pergunto o que você faz por aqui — comentou ele para si mesmo.
— A conversa está muito boa, mas eu preciso realmente ir. Meu hotel fica um pouco longe daqui — confessou ela, erguendo a mão para chamar um garçom, pedindo a conta.
— Não precisa, eu pago — ele tentou detê-la, segurando-lhe a mão, mas Annabelle sorriu acenando negativamente, voltando a chamar o garçom.
— Eu comi, eu pago — murmurou enquanto pegava o dinheiro dentro da pequena bolsa de mão que carregava.
— Tudo bem. — disse rendendo-se, vendo que ela era do tipo orgulhosa. — E quando eu poderei vê-la novamente?
— Desculpe minha indelicadeza, Senhor, mas eu realmente preciso ir — comentou ela, levantando-se e fitando-o calmamente.
Aquele homem diante de si, belo, de pele morena, cabelos negros levemente ondulados e olhos verdes profundos poderia ser o caminho da perdição, o sonho de consumo de qualquer mulher, mas Annabelle não sentia algo bom nele. Parecia que ele emanava negativismo.
Com um acenar de mão ele dispensou-a, pegando o jornal na mesa para folheá-lo, desprezando-a.
Annabelle deu graças a Deus pelo interesse dele ter sumido e virou-se, caminhando a passos rápidos na direção da rua e logo sumindo.
Ela não foi capaz de ver o par de olhos vermelhos que seguiam seus movimentos.
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