Uma pequena fresta das cortinas estava aberta, permitindo a entrada do formoso Sol diretamente na minha cara. Oh, crap, não sei o que fiz para merecer tudo isso. Exalei audivelmente e me sentei na cama, todas as outras ao me redor estavam perfeitamente arrumadas e nenhum dos caras estavam lá, o que significava... Prongs não deveria ter notado a presença da irmã dele aqui.

Contudo, nem a mesma estava presente no cômodo.

— Leth?

Apenas o silêncio fora minha resposta.

Esfreguei meus olhos, andando até o banheiro. A dor de cabeça que eu estava parecia que iria me matar, então resolvi tomar um bom banho gelado para ver se amenizava um pouco. Talvez Evans tivesse uma poçãozinha que pudesse me auxiliar. Pediria depois.

Despi-me completamente antes mesmo de entrar no banheiro, deixando uma colônia de roupas espalhadas. Mas o que realmente me surpreendeu foi a presença de uma ruiva escovando os cabelos de fronte ao majestoso espelho da casa de banho do dormitório masculino.

— Sirius! – ela tapou os olhos rapidamente. – O que você está fazendo?

— Eu ia tomar um banho. – respondi constrangido. – O que você está fazendo aqui?

— Eu... Eu... Não importa.

Após ser deixado sozinho, gargalhei alto e finalmente entrei no chuveiro. As gotas geladas tocaram minha pele quente e soube que tinha sido uma péssima ideia esse banho gelado, todavia agora não havia mais nada a ser feito a não ser finalizá-lo.

Um grande roupão estava pendurado na parede de frente aos enormes boxes onde se tomava banho. Peguei-o, enxugando o meu corpo. Nesse momento, eu já tremia de frio e meus dedos estavam roxos.

As vestes de Hogwarts já estavam separadas, então não me custou mais do que alguns minutos para ficar pronto. Com alguns pinguinhos de um perfume que eu ganhara de Natal, estava lindo, cheiroso e maravilhoso. Pronto para arrasar corações.

Ok, isso foi ridículo.

Assim que pus os pés fora da torre de gryffindor, uma morena de um metro e meio esbarrou em mim. Potter estava um pouco descabelada e parecia ter corrido uma maratona, de tanto suor que vi em suas roupas. Ela mordeu o lábio, olhando para mim com uma cara assustada.

— Sirius, corre! – berrou.

— O que foi?

— CORRE, CARAMBA! EU ACHO QUE SOLTEI UMA FERA.

— Hein?

— Sabe a sua ex, a Emme-não-sei-o-quê?

— Sim.

— Bem, eu meio que fiz o cabelo dela ficar rosa. E o rosto dela tá borrado com maquiagem 24 horas.

— E o que eu tenho a ver?

— Eu por acaso deixei um bilhetinho dizendo que era sua culpa.

— O QUÊ?

— CORRE!!

Sua mão alcançou a minha, me puxando.

Os cabelos rosa de Emmeline Vance estavam medonhos e auxiliados pela maquiagem, ela parecia uma verdadeira bruxa. E uma do tipo Blair Witch Project. Meus pelinhos todos se arrepiaram ao encará-la de perto. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, uma pequena porta apareceu e Lely não hesitou em me puxar para ali dentro.

— Let...

— Sh.

— Por que diabo você fez isso com a pobre garota?

— Ela é um pé no saco. – rolou os olhos. – Totalmente merecido.

Aquele minúsculo quarto era torturante.

— Hm, Sirius...

— Sim?

— Eu vou morrer sem ar!

Ah, eu preciso comentar. Como aquele lugar não tinha espaço para nós dois, eu a segurava no colo. E aquela maldita roupa de colegial estava matando lentamente meus neurônios. Certo, minhas mãos estavam segurando suas coxas firmemente e apertando-a contra a parede.

Afrouxei um pouco o toque, deixando que seu corpo escorregasse pelo meu.

Seus braços se posicionaram nos meus ombros.

Podia sentir seu hálito de canela a medida que aproximava nossos rostos. Estava se tornando insuportável manter a distância entre meu corpo e o da morena.

Infelizmente, antes que nossos lábios pudessem se conectar, a porta foi aberta. A figura da minha ex-namorada surgiu; se de longe ela estava feia, de perto nem se comparava com longe. Céus, Lethícia Potter é louca. Louca!

Emmeline pegou a garota que estava em meus braços pelo cabelo e saiu arrastando. Damn, eu já conseguia ver uma briga enorme se formando diante dos meus olhos. Dei uma tapa no meu rosto e corri atrás das duas garotas que se engalfinhavam.

— Parem!

— Sirius Black, não se meta! – berraram em uníssono.

Tentei puxar uma e depois a outra, contudo em ambas as vezes acabei arranhado e com um par de garotas em cima de mim. Não do jeito que todo homem deseja e sim sendo esmurrado. Depois dessa, minha masculinidade desapareceu.

Depois de mais alguns socos, palavrões e puxões de cabelos, as duas foram separadas por Prongs e Moony, que passaram por ali. Sim, eu realmente precisei da ajuda dos dois para separar a briga entre duas meninas. Bye, bye virilidade.

Wormtail, Moony, Prongs e eu levamos as garotas para a enfermaria. Lá, depois de tomarem um copinho incrementado por Madame Pomfrey maconha, ambas se acalmaram. Os ferimentos eram superficiais, então elas não precisaram de nada demais, apenas limpar o sangue.

Aproveitei o momento para tomar alguma pílula que acabasse com a dor de cabeça que resolvera voltar em toda a força possível. Lethícia estava calada em uma cama, brincando com uma rendinha do seu vestido. Estava ficando velha para aquele tipo de coisa.

E mais uma vez agradeci que a bruxa não era dotada da habilidade de ler mentes, ou eu estava, como diriam os chulos, fodido.

Observei o pequeno relógio de cabeceira apontar que já era mais de uma. O horário do almoço me veio em cheio e notei o quão faminto estava. Com toda a confusão, não tive tempo de comer nadinha. Então me levantei da cama, pronto para consumir um boi.

— Vai para onde, Sr. Black?

Seu sussurro me fez parar.

— Eu estou com fome, Lethicia. – retruquei. – Pare de me torturar assim.

— Ajude-me a levantar. – estendi meu braço a fim de apoiar-lhe. – Quero te acompanhar.

Estranhei sua súbita vontade de estar comigo, todavia não contestei.

Oh damn, a morena estava encantada com meu beijo. Só podia ser essa a razão, ela queria mais de onde veio. Todas meninas faziam isso. Era uma maldita maldição, que acompanhava todos os Black.

E não, não estou querendo me aparecer mais do que eu sou.

— Sirius... Posso te fazer uma pergunta?

— Se eu puder responder. – ri baixo. – O que é?

— Por que você ficou tão, bem, chateado quando eu comecei a namorar Arthur?

Heck, didn’t see that one coming.

O que exatamente eu lhe diria? Que eu estava irracionalmente apaixonado por ela e que todas as minhas ações giravam em torno do seu mundo? Isso somente a espantaria de perto de mim. Precisava pensar em uma resposta elaborada. Isso! Planejar bem o meu jogo, para que a cartada final me garantisse o prêmio.

Desviei o olhar.

— Não pode me responder?

— Particularmente, não vou com a cara dele. – girei os calcanhares. – Principalmente com você.

— E o que isso quer dizer?

— Isso, baby, você terá que descobrir sozinha.

Ela me encarou confusa, enquanto eu a abandonava no corredor gélido e vazio.

Pela primeira vez em meses, via uma chance de conquistar aquela garota de uma vez.

“darlin’ i will be lovin’ you

till i’m seventy”