– Andem logo – eles falam e ele me olha tipo “e agora?”, eu apenas dou de ombros, pra mim o que ele quiser falar está bom.

–É o seguinte – ele começa – a irmã da Iza e o cunhado dela começaram a falar umas coisas de que a gente estava namorando, por que eles achavam que a gente conversa bastante por Whatsapp, mas tipo não tem nada a ver – confirmo com a cabeça – Por isso a gente falou para a professora entrar na fila entenderam?

– Tá, eu entendi – Junior começa – Mas quando a gente vai conhecer aquela menina que você falou que beijou no jogo lá aquele dia?

– Não sei algum dia – eles se entreolham não acreditando muito na história que por incrível que pareça não tem nada de mentira, pelo contrario tudo é verdade, a única coisa que não foi dita são os beijos.

– Mas e a Iza? Quem era o guri? – Laura filha da mãe sempre que abre a boca me ferra

– Nossa gente, foi só uma vez e nem vale a pena lembrar – o Gui me olha incrédulo e eu apenas dou de ombros, eu preciso me livrar dessa sabia?!

– Ninguém me tira da cabeça que rola alguma coisa – Marco comenta

– Gente, sério se vocês dois estiverem juntos e não quiserem falar ainda a gente entende – todos afirmam com a cabeça menos a Clara – Só que se a porra começar a ficar séria pelo amor de Deus contem pra gente – Gu fala e au só consigo olhar para a Clara

– Com isso ele quis dizer que quando tu comer a Iza, tu conta entendeu?! – Vitor esclarece a fala nas “entrelinhas” do Gu

– Aff para todos vocês – reviro os olhos e todo mundo da risada

– Sabe que eu percebi uma coisa? – Clara começa a falar olhando pra nós dois – Eu estava aqui quieta prestando atenção e em nenhum momento nenhum dos dois negou qualquer tipo de suspeita – ela ri ao tirar sua própria conclusão

– Verdade – Junior concorda

– Nada a ver – nós falamos juntos

– Já sei – Vitor fala – Eles não querem assumir porque acham que a Clarinha vai chapar porque ela e o Gui já tiveram algo

– Bem observado – Marco que está muito ocupado com a namorada comenta (com o muito ocupado você já imagina)

– Gente eu acho assim, entre mim e o Gui não rolou nada de mais além de uns beijos certo? – ela concorda com a própria fala e continua- Não tem nada a ver se vocês estiverem juntos, acho que vocês devem é ser feliz independente de qualquer coisa.

Confesso que não esperava essa reação da Clara, ok que eu sei que ela nem era tão afim dele assim, ele era quem gostava mais na relação, mas achava que ela não iria gostar ou algo do tipo.

O sinal para o final do intervalo tocou e eu só conseguia pensar em como as pessoas gostavam de discutir meu “relacionamento” que nem relacionamento era ainda. Incrível não?! Nós entramos na sala em silêncio, bom pelo menos eu estava em completo silêncio.

A escola poderia se tornar um lugar um pouco melhor se acontecessem duas coisas cruciais 1ª As aulas começarem pelo menos as nove; 2ª Poder usar o celular quando quiser, além da escola passar a senha do Wi-fi , isso sim seria perfeito para ser a única fonte social de uma pessoa, no caso eu.

Assim que me sento à professora já entra na sala de aula (nem bom dia fala) e já começa com as falações dela, como sempre, não sei mais acho que ela deveria falar sobre a matéria não sobre os seus filhos, mas enfim ninguém protesta e não sou eu quem vou começar. Em meio aos meus pensamentos sinto meu celular vibrando no meu bolso e como boa estrategista que sou cruzo as penas e coloco o celular na barra da calça para que possa responder... Ah sim quem mais poderia ser?!

Gui: Nada a declarar

Iza: Sobre?

Gui: Tudo

Iza: Pois é

Gui: E como vai ser agora?

Iza: Sei lá - ok preciso disfarçar um pouco

Gui: Eu preciso falar com você

Iza: Você está falando babaca

Gui: Não assim retardada e cala a boca fazendo favor

Iza: Eu não estou falando, estou digitando, portanto estou com a boca calada

Gui: Vai se ferrar Iza por favor

A hora que eu paro de copiar o que a professora começou a colocar no quadro para poder responder a mensagem a professora me olha, ai que vaca.

– Izabela? – ela me encara

–Senhora? – respondo tentando parecer inocente de todas as acusações

– Você não esta com celular não né?! – ela ta me medindo, ai meu Deus eu sou péssima em disfarçar na cara dura

– Não professora, meu pé dormiu mesmo – que merda é essa?! Tanta coisa pra falar e eu falo isso?! Escuto a risada baixa do retardado atrás de mim e a professora murmura um simples “espero que seja isso mesmo” e retorna a escrever no quadro.

– Essa foi boa- ele me olha e da uma piscadinha

– Vai tomar no seu lindo traseiro – eu cochicho e me foco na aula, já pensou se ela me paga com celular? Ai meu Deus não consigo ficar sem ele, e provavelmente teria que ouvir sermão da minha mãe. Ai nossa, preciso de uma nova estratégia.

(...)

As aulas finalmente chegaram ao fim, confesso que foi até mais rápido do que eu imaginava que iria ser. No caminho para casa minha mãe ficou me perguntando tudo de como tinha sido a apresentação da musica, se eu tinha ficado nervosa e blábláblá que minha mãe adora saber, até nos mínimos detalhes devo dizer.

Meu celular toca bem no momento que minha mãe iria começar com seu interrogatório sabre o “meu futuro genro”, salva pelo gongo.

– Alô?- número desconhecido

– Iza? – eu conheço essa voz

– É sim, quem fala?

– É o Eduardo, lembra de mim? – Cara****

Milhares de lembranças começaram a fervilhar na minha cabeça, Edu foi o único menino que eu posso dizer que amei até hoje (Agora tem o Gui), mas ele foi tipo a minha primeira paixãozinha e caramba eu sofri para caramba quando ele foi embora.

– Hm, Claro que sim Edu, nossa quanto tempo – sinto um calafrio

– Então, te liguei porque estou na cidade e queria te ver, pode ser hoje? – Meu celular vibra e eu o afasto da orelha e vejo uma mensagem do Gui

Gui: Vou na sua casa mais tarde pra gente conversar ok?!

Só consegui pensar em uma palavra: PUTZ!