I Wish You Love escrita por hatsuyukisan


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Sou uma drama queen de marca maior. :*



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Alguns dias depois, Yuki já tinha começado a gravar, ela já tinha atendido algumas ligações de Hizumi, mas não pôde encontrar-se com ele por conta de sua agenda completamente lotada. No terceiro domingo depois do início das gravações é que Yuki foi achar tempo para conversar com Hizumi. Ele a convidou para ir a casa dele no domingo à tarde, e assim ela fez, mesmo com a desaprovação de Asuka. Chegou na casa dele por volta das três horas da tarde. Outro lugar conhecido, nostálgico, aquele apartamento pequeno, os gatos ronronando pelo chão, o sofá, os pés descalços no tatami, as cortinas brancas, os risos, as promessas, as lágrimas. Ele a recebeu na porta, sorridente.

        - Oi. Entra. - ela entrou. - É bom te ver.

        - Desculpa não ter vindo antes, é que a gravação, tá tudo tão corrido. - ela mal prestava atenção ao que falava, ocupada em lembrar cada momento em cada canto daquele lugar.

        - Pois é. Você não me falou que tinha assinado. Parabéns.

        - Você não perguntou, mas mesmo assim, obrigada.

        - Me desculpa, eu tava tão atordoado aquele dia, te ver, naquele lugar, tantas coisas, eu...eu nem soube como agir.

        - Eu sei.

        - Quer um chá?

        - Quero.

        - Tá. Espera. Eu já volto.

        - Ok. - ela sentou no sofá, quieta, as imagens do passado passavam como um filme em sua mente. Perdeu-se nas recordações.

        - Aqui. Chá. - Hizumi voltou com a bandeja do chá e colocou-a sobre a mesa de centro, entregou uma das canecas à Yuki.

        - Obrigada. - ela tomou um gole. Um dos gatos pulou no colo dela, ronronando. - Yuchi! Será que ele ainda lembra de mim? - ela coçou o pescoço do bichano em seu colo.

        - Deve lembrar. - Hizumi respondeu, sorrindo, admirando Yuki com o gato no colo.

 Ela notou que ele tinha o olhar preso nela, correspondeu. Fitaram-se por um longo tempo, até que os olhos de Yuki se encheram de lágrimas. Ela sorriu, fitou o chá, colocou a caneca em cima da mesa, encarou os pés, resistiu, até finalmente ser vencida pela vontade de chorar. Apoiou o rosto nas mãos, escondendo as lágrimas que rolavam.

 Asuka perambulava de um lado pro outro na casa, preocupada com a amiga, já faziam quatro horas que ela estava fora, o celular estava desligado. Yuki chegou por volta das sete horas, entrou em silêncio, na tentativa de não alarmar Asuka. A ruiva, que estava no telefone, deu um pulo ao ver a amiga entrando, soltou o fone no chão e correu de encontro a mais nova.

       - Yuki! Quase me matou do coração, menina! Onde você se meteu?

       - Calma, Asuka. Eu tava na casa do Hizumi, ué. - Yuki respondeu, calmamente.

       - E você tem coragem de responder com essa calma?!

       - Mas você saiba que eu tava lá.

       - Mesmo assim, Yuki. Você acha que eu não fiquei preocupada de te deixar sozinha com aquele canalha?

       - Você fala como se ele fosse um serial killer. - Yuki se sentou no sofá - Você deixou o telefone ligado.

       - Não sai daí! Precisamos conversar! - ela disse, apontando a amiga. Pegou o fone - Ruki, desculpa. A Yuki chegou, preciso conversar com ela. Fica combinado pra terça então. Você passa me pegar? Ok então. Beijo. Ja. - e desligou.

       - Tá saindo com o Ruki? - Yuki perguntou.

       - Não desvia, Yuki.

       - Tá.

       - E aí? O que ele te disse?

       - Nada.

       - Como nada?!

       - Não disse nada. Ele foi sincero comigo. Mas não disse nada.

       - Yuki! Não alucina! Como alguém pode ser sincero sem falar nada?!

       - Sendo. Não se preocupa, Asuka. Ele não me machucou. Tá tudo bem agora. - Yuki sorriu tristemente, se levantando - Deixa eu ir tomar um banho..tô morta.

       - Yuki...eu já disse, se ele te machucar, eu...

       - Você mata ele. Eu sei. - Yuki completou a frase da amiga. - Ele não vai me machucar.

       - Olha lá, hein. O aviso tá dado. - disse Asuka, assistindo a amiga desaparecer pelo corredor.

 Dois dias depois, na terça, Asuka saiu com Ruki, pela quarta vez. Os dois haviam trocado telefones naquela segunda a noite quando foram na pizzaria, desde então começaram a sair juntos. Ruki passou buscar Asuka em casa, às oito, a ruiva o mandou subir. Yuki estava sentada no chão da sala, escrevendo, quando a amiga passou correndo e foi abrir a porta. A vocalista espiou sobre o encosto do sofá. Asuka abriu a porta, o ruivo estava parado ali, sorrindo, meio sem graça.

      - Oi. - disse Asuka. Yuki riu baixinho ao notar a felicidade na voz da amiga.

      - Oi... Você... - o vocalista corou violentamente - ... tá linda.

      - Ah... arigatou. - a ruiva sorriu. O vocalista deu um beijo rápido no canto do sorriso dela. Yuki riu um pouco. - Yuki, já pode sair de trás do sofá.

      - Heh... - Yuki levantou a cabeça. - Oi, Ruki. - acenou.

      - Oi. - ele respondeu. - Podemos ir, Asuka?

      - Claro. - disse a moça, pegando o casaco no cabide. - Juízo, hein, mocinha? Nada de garotos, nada de bebida, nada de festas. E vá dormir cedo.

      - Claro, mãe. - Yuki riu.

      - Não me espere acordada. - Asuka também ria.

      - Sei. - Yuki sorriu de canto, arqueando uma sobrancelha. - Bom jantar pra vocês.

      - Ja.

 O casal saiu porta a fora. Ruki levou Asuka a um restaurante indiano, daqueles onde as pessoas sentam no chão e comem com as mãos, muito típico e próprio para casais.

     - Há quanto tempo você e a Yuki são amigas? - perguntou Ruki, logo depois do garçom ter-lhes servido a bebida.

     - Há eras. - Asuka respondeu, sorrindo.

     - É o que parece. Vocês são muito ligadas, não é?

     - Se somos...

     - Você se preocupa muito com ela, isso é legal.

     - Me preocupo, sim. Ultimamente, mais do que o normal.

     - Por que? - Ruki pareceu intrigado.

     - Ah... Tem um cara, um babaca... Longa história.

     - Mas e ela gosta dele?

     - Ela diz que sim, mas sei lá sabe... Não vejo ela apaixonada por ele.

     - Sei exatamente como é isso. - disse o ruivo, tomando um gole do chá gelado. - Ela tá com ele por...comodidade, não é?

     - É. Algo como isso. Mas como você sabe?

     - O Kai. Tá na mesma. Ele namora uma tal Yuriko, mas a garota só engana ele, mente, é oportunista. Ele diz que é feliz, mas eu duvido muito.

     - Sabe, se eu pudesse eu esganava aquele canalha, mas a Yuki diz gostar dele.. e ela é de maior, vacinada, dona do próprio nariz, não posso dizer pra ela o que fazer e o que não fazer. O máximo que posso fazer é aconselhar.

     - Sei bem como você se sente.

 Asuka voltou para casa muito tarde naquela noite, Yuki já dormia. Passaram-se quase dois meses de gravações até que o álbum ficasse pronto. Depois disso Yuki passou para a fase de divulgação, gravação do primeiro vídeo, entrevistas, editoriais para revistas de j-rock. A moça mal tinha tempo para ver o namorado, mas ia visitá-lo assim que arranjava uma tarde livre. E assim o fez, na última quinta-feira antes de começar a turnê com o Gazette e Miyavi. Ela foi até a casa dele no fim da tarde.

     - Oi. - ele abriu a porta, sorrindo, e então a abraçou.

     - Oi. - ela retribuiu o abraço.

     - Entra. - ela entrou - Tudo pronto pra viagem?

     - Sim. Vamos sair às oito. Tem certeza de que não vai poder ir me ver em Narita, Hizumi?

     - Yuki, nós já conversamos sobre isso.

     - Certo. Mas e aqui em Tokyo? Na volta? Você vai, não vai?

     - Vou tentar ir. - o celular dele tocou - Alô? Eu não posso falar agora. Mais tarde te ligo. Eu vou ligar sim. Prometo que vou. É. Ja.

     - Quem era? - Yuki perguntou.

     - Ãhn... Ninguém.. - ele engoliu seco - Só o Tsukasa.

     - Você podia ter falado com ele.

     - Ah não.. Ele espera. - ele sorriu, sem graça.

     - Tá. Tá com fome?

     - Ãhn, não. Na verdade eu acabei de comer. Por quê? Você tá com fome?

     - Hum... Não. Só que.. eu pensei que talvez a gente pudesse ir comer alguma coisa juntos antes de eu ir.

     - Ah.. Mas.. Se eu soubesse...

     - Não tem problema, eu vou sozinha. Aliás, eu tenho que ir, ainda tenho mais umas coisas pra arrumar.

     - Tá. Me liga quando chegar em Narita, tá?

     - Tá. - ela o beijou brevemente.

     - Boa viagem, se cuida..e boa sorte na turnê.

     - Eu te ligo. Ja ne. - ela saiu.

 As três bandas partiram naquela noite, chegando em Narita horas depois. Os shows da sexta e do sábado, os primeiros shows da turnê foram ótimos, como era de se esperar. O público recebeu Yuki com grande expectativa e não se decepcionaram com a performance da moça. A convivência com as outras bandas se tornava cada vez mais divertida, conforme iam se conhecendo melhor. Yuki desenvolveu uma amizade especial com Uruha, o guitarrista mais novo do Gazette, os dois jogavam cartas juntos.

Os shows pelas principais cidades da região de Kanto cumpriram todas as expectativas das bandas, chegaram a última cidade, Kamakura, entusiasmados, pelo sucesso da turnê, pela chegada da primavera, pelo ar praiano da cidade.

      - Eu ouvi dizer que nós vamos ter uns dois dias de folga aqui em Kamakura. - disse Aoi, entusiasmado, enquanto chegavam ao hotel.

      - Tomara. - completou Miyavi. - Eu preciso muito dormir.

      - Somos dois. - disse Kai.

      - Meu Deus, será que eu sou o único que tá com pique pra passear um pouco? - reclamou o guitarrista moreno.

      - Eu tô com você, Aoi-kun. - Uruha se aproximou, sorrindo.

      - A Asuka vai vir me ver, eu vou sair com ela. - disse Ruki.

      - Yuki? Você nos acompanha? - perguntou o guitarrista loiro.

      - Não, Uru, dessa vez não. Eu preciso descansar um pouco. - ela respondeu.

      - Reita?

      - Talvez. - disse o baixista, bocejando.

      - Eu não contaria com o Reita se fosse vocês. - Ruki riu um pouco.

 Naquela noite, em seu quarto Yuki ligou para Hizumi.

      - Alô? - uma voz feminina do outro lado do fone.

      - Alô? - Yuki pareceu confusa.

      - Não.. Desliga. Você não devia.. - Yuki ouviu a voz de Hizumi e então a ligação foi cortada.


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