I Wish You Love escrita por hatsuyukisan
Notas iniciais do capítulo
Sou uma drama queen de marca maior. :*
Alguns dias depois, Yuki já tinha começado a gravar, ela já tinha atendido algumas ligações de Hizumi, mas não pôde encontrar-se com ele por conta de sua agenda completamente lotada. No terceiro domingo depois do início das gravações é que Yuki foi achar tempo para conversar com Hizumi. Ele a convidou para ir a casa dele no domingo à tarde, e assim ela fez, mesmo com a desaprovação de Asuka. Chegou na casa dele por volta das três horas da tarde. Outro lugar conhecido, nostálgico, aquele apartamento pequeno, os gatos ronronando pelo chão, o sofá, os pés descalços no tatami, as cortinas brancas, os risos, as promessas, as lágrimas. Ele a recebeu na porta, sorridente.
- Oi. Entra. - ela entrou. - É bom te ver.
- Desculpa não ter vindo antes, é que a gravação, tá tudo tão corrido. - ela mal prestava atenção ao que falava, ocupada em lembrar cada momento em cada canto daquele lugar.
- Pois é. Você não me falou que tinha assinado. Parabéns.
- Você não perguntou, mas mesmo assim, obrigada.
- Me desculpa, eu tava tão atordoado aquele dia, te ver, naquele lugar, tantas coisas, eu...eu nem soube como agir.
- Eu sei.
- Quer um chá?
- Quero.
- Tá. Espera. Eu já volto.
- Ok. - ela sentou no sofá, quieta, as imagens do passado passavam como um filme em sua mente. Perdeu-se nas recordações.
- Aqui. Chá. - Hizumi voltou com a bandeja do chá e colocou-a sobre a mesa de centro, entregou uma das canecas à Yuki.
- Obrigada. - ela tomou um gole. Um dos gatos pulou no colo dela, ronronando. - Yuchi! Será que ele ainda lembra de mim? - ela coçou o pescoço do bichano em seu colo.
- Deve lembrar. - Hizumi respondeu, sorrindo, admirando Yuki com o gato no colo.
Ela notou que ele tinha o olhar preso nela, correspondeu. Fitaram-se por um longo tempo, até que os olhos de Yuki se encheram de lágrimas. Ela sorriu, fitou o chá, colocou a caneca em cima da mesa, encarou os pés, resistiu, até finalmente ser vencida pela vontade de chorar. Apoiou o rosto nas mãos, escondendo as lágrimas que rolavam.
Asuka perambulava de um lado pro outro na casa, preocupada com a amiga, já faziam quatro horas que ela estava fora, o celular estava desligado. Yuki chegou por volta das sete horas, entrou em silêncio, na tentativa de não alarmar Asuka. A ruiva, que estava no telefone, deu um pulo ao ver a amiga entrando, soltou o fone no chão e correu de encontro a mais nova.
- Yuki! Quase me matou do coração, menina! Onde você se meteu?
- Calma, Asuka. Eu tava na casa do Hizumi, ué. - Yuki respondeu, calmamente.
- E você tem coragem de responder com essa calma?!
- Mas você saiba que eu tava lá.
- Mesmo assim, Yuki. Você acha que eu não fiquei preocupada de te deixar sozinha com aquele canalha?
- Você fala como se ele fosse um serial killer. - Yuki se sentou no sofá - Você deixou o telefone ligado.
- Não sai daí! Precisamos conversar! - ela disse, apontando a amiga. Pegou o fone - Ruki, desculpa. A Yuki chegou, preciso conversar com ela. Fica combinado pra terça então. Você passa me pegar? Ok então. Beijo. Ja. - e desligou.
- Tá saindo com o Ruki? - Yuki perguntou.
- Não desvia, Yuki.
- Tá.
- E aí? O que ele te disse?
- Nada.
- Como nada?!
- Não disse nada. Ele foi sincero comigo. Mas não disse nada.
- Yuki! Não alucina! Como alguém pode ser sincero sem falar nada?!
- Sendo. Não se preocupa, Asuka. Ele não me machucou. Tá tudo bem agora. - Yuki sorriu tristemente, se levantando - Deixa eu ir tomar um banho..tô morta.
- Yuki...eu já disse, se ele te machucar, eu...
- Você mata ele. Eu sei. - Yuki completou a frase da amiga. - Ele não vai me machucar.
- Olha lá, hein. O aviso tá dado. - disse Asuka, assistindo a amiga desaparecer pelo corredor.
Dois dias depois, na terça, Asuka saiu com Ruki, pela quarta vez. Os dois haviam trocado telefones naquela segunda a noite quando foram na pizzaria, desde então começaram a sair juntos. Ruki passou buscar Asuka em casa, às oito, a ruiva o mandou subir. Yuki estava sentada no chão da sala, escrevendo, quando a amiga passou correndo e foi abrir a porta. A vocalista espiou sobre o encosto do sofá. Asuka abriu a porta, o ruivo estava parado ali, sorrindo, meio sem graça.
- Oi. - disse Asuka. Yuki riu baixinho ao notar a felicidade na voz da amiga.
- Oi... Você... - o vocalista corou violentamente - ... tá linda.
- Ah... arigatou. - a ruiva sorriu. O vocalista deu um beijo rápido no canto do sorriso dela. Yuki riu um pouco. - Yuki, já pode sair de trás do sofá.
- Heh... - Yuki levantou a cabeça. - Oi, Ruki. - acenou.
- Oi. - ele respondeu. - Podemos ir, Asuka?
- Claro. - disse a moça, pegando o casaco no cabide. - Juízo, hein, mocinha? Nada de garotos, nada de bebida, nada de festas. E vá dormir cedo.
- Claro, mãe. - Yuki riu.
- Não me espere acordada. - Asuka também ria.
- Sei. - Yuki sorriu de canto, arqueando uma sobrancelha. - Bom jantar pra vocês.
- Ja.
O casal saiu porta a fora. Ruki levou Asuka a um restaurante indiano, daqueles onde as pessoas sentam no chão e comem com as mãos, muito típico e próprio para casais.
- Há quanto tempo você e a Yuki são amigas? - perguntou Ruki, logo depois do garçom ter-lhes servido a bebida.
- Há eras. - Asuka respondeu, sorrindo.
- É o que parece. Vocês são muito ligadas, não é?
- Se somos...
- Você se preocupa muito com ela, isso é legal.
- Me preocupo, sim. Ultimamente, mais do que o normal.
- Por que? - Ruki pareceu intrigado.
- Ah... Tem um cara, um babaca... Longa história.
- Mas e ela gosta dele?
- Ela diz que sim, mas sei lá sabe... Não vejo ela apaixonada por ele.
- Sei exatamente como é isso. - disse o ruivo, tomando um gole do chá gelado. - Ela tá com ele por...comodidade, não é?
- É. Algo como isso. Mas como você sabe?
- O Kai. Tá na mesma. Ele namora uma tal Yuriko, mas a garota só engana ele, mente, é oportunista. Ele diz que é feliz, mas eu duvido muito.
- Sabe, se eu pudesse eu esganava aquele canalha, mas a Yuki diz gostar dele.. e ela é de maior, vacinada, dona do próprio nariz, não posso dizer pra ela o que fazer e o que não fazer. O máximo que posso fazer é aconselhar.
- Sei bem como você se sente.
Asuka voltou para casa muito tarde naquela noite, Yuki já dormia. Passaram-se quase dois meses de gravações até que o álbum ficasse pronto. Depois disso Yuki passou para a fase de divulgação, gravação do primeiro vídeo, entrevistas, editoriais para revistas de j-rock. A moça mal tinha tempo para ver o namorado, mas ia visitá-lo assim que arranjava uma tarde livre. E assim o fez, na última quinta-feira antes de começar a turnê com o Gazette e Miyavi. Ela foi até a casa dele no fim da tarde.
- Oi. - ele abriu a porta, sorrindo, e então a abraçou.
- Oi. - ela retribuiu o abraço.
- Entra. - ela entrou - Tudo pronto pra viagem?
- Sim. Vamos sair às oito. Tem certeza de que não vai poder ir me ver em Narita, Hizumi?
- Yuki, nós já conversamos sobre isso.
- Certo. Mas e aqui em Tokyo? Na volta? Você vai, não vai?
- Vou tentar ir. - o celular dele tocou - Alô? Eu não posso falar agora. Mais tarde te ligo. Eu vou ligar sim. Prometo que vou. É. Ja.
- Quem era? - Yuki perguntou.
- Ãhn... Ninguém.. - ele engoliu seco - Só o Tsukasa.
- Você podia ter falado com ele.
- Ah não.. Ele espera. - ele sorriu, sem graça.
- Tá. Tá com fome?
- Ãhn, não. Na verdade eu acabei de comer. Por quê? Você tá com fome?
- Hum... Não. Só que.. eu pensei que talvez a gente pudesse ir comer alguma coisa juntos antes de eu ir.
- Ah.. Mas.. Se eu soubesse...
- Não tem problema, eu vou sozinha. Aliás, eu tenho que ir, ainda tenho mais umas coisas pra arrumar.
- Tá. Me liga quando chegar em Narita, tá?
- Tá. - ela o beijou brevemente.
- Boa viagem, se cuida..e boa sorte na turnê.
- Eu te ligo. Ja ne. - ela saiu.
As três bandas partiram naquela noite, chegando em Narita horas depois. Os shows da sexta e do sábado, os primeiros shows da turnê foram ótimos, como era de se esperar. O público recebeu Yuki com grande expectativa e não se decepcionaram com a performance da moça. A convivência com as outras bandas se tornava cada vez mais divertida, conforme iam se conhecendo melhor. Yuki desenvolveu uma amizade especial com Uruha, o guitarrista mais novo do Gazette, os dois jogavam cartas juntos.
Os shows pelas principais cidades da região de Kanto cumpriram todas as expectativas das bandas, chegaram a última cidade, Kamakura, entusiasmados, pelo sucesso da turnê, pela chegada da primavera, pelo ar praiano da cidade.
- Eu ouvi dizer que nós vamos ter uns dois dias de folga aqui em Kamakura. - disse Aoi, entusiasmado, enquanto chegavam ao hotel.
- Tomara. - completou Miyavi. - Eu preciso muito dormir.
- Somos dois. - disse Kai.
- Meu Deus, será que eu sou o único que tá com pique pra passear um pouco? - reclamou o guitarrista moreno.
- Eu tô com você, Aoi-kun. - Uruha se aproximou, sorrindo.
- A Asuka vai vir me ver, eu vou sair com ela. - disse Ruki.
- Yuki? Você nos acompanha? - perguntou o guitarrista loiro.
- Não, Uru, dessa vez não. Eu preciso descansar um pouco. - ela respondeu.
- Reita?
- Talvez. - disse o baixista, bocejando.
- Eu não contaria com o Reita se fosse vocês. - Ruki riu um pouco.
Naquela noite, em seu quarto Yuki ligou para Hizumi.
- Alô? - uma voz feminina do outro lado do fone.
- Alô? - Yuki pareceu confusa.
- Não.. Desliga. Você não devia.. - Yuki ouviu a voz de Hizumi e então a ligação foi cortada.
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