Alguns dias se passaram daquele ocorrido e eu já estava despreocupada. Pelo jeito a Ana não falou nada. Graças ao bom Deus.
Hoje foi um dia muito bom para mim. E pensar que eu estou terminando o ensino médio! Caralho! Mas faltam uns cinco meses ainda. Mas já estou no clima de comemoração.

Cheguei ao colégio atrasada, minha mãe acordou tarde e assim se atrapalhou toda. O nome da minha mãe é Clara. Ela é uma ótima pessoa, mas com uma mente antiga. Fechada para coisas novas. Se fosse depender dela, usaríamos a máquina de escrever ainda.
Mas continuando...
Cheguei ao colégio ofegante de tanto correr. Entrei desesperadamente na sala de aula. A professora me olhou com uma cara de brava e perguntou se eu tinha permissão para entrar. Porra! Eu tinha esquecido completamente. Desci as escadas em direção à diretoria igual a uma louca e vi uma linda menina. Acho que ela estava fazendo a matrícula, mas eu estava focada em outra coisa. A minha permissão.
Interrompi a diretora que estava falando com a tal menina e pedi a permissão. A diretora me olhou dos pés à cabeça e riu do meu estado. Deu-me de bom grado e corri pra sala de aula. Era uma matéria importante de Física, por isso o meu desespero...
Depois de Física, tinha Química. Até a hora do intervalo eu fiquei em estado vegetativo.
Levantei da classe e esfregando os olhos fui para o pátio. Logo senti uma mão no meu ombro.
­­­Era o Thiago.
Thiago é um velho amigo meu. A minha mãe e a dele foram colegas de classe. Gostava dele. Era um dos meus únicos amigos mesmo...
Não que eu seja uma pessoa anti-social, mas eu só não gostava de certas coisas. Como por exemplo: Uma menina chega a mim e fala um monte de merda sobre outra menina. Sendo que ela diz ser melhor amiga da pessoa.

Isso é extremamente ridículo.
Mas voltando ao Thiago...
Sentamos no chão e ficamos olhando o movimento. Falamos sobre várias coisas. Desde futebol à novela. Thiago tinha um jeito de gay, deve ser por isso que de mês em mês puxava o assunto “homossexualidade” comigo. Nós dois tínhamos medo de falar alguma coisa pro outro. Mas nos dávamos muito bem, então realmente aquilo não importava.
A tal menina linda, a da diretoria, estava conhecendo o colégio. Com atenção ela via cada aluno e parecia gostar de todos. Eu tinha acertado. Pode ser que ela entre no segundo ano.

Voltamos para a classe, eu ainda tinha Biologia. Fala-me, sinceramente... Pra que eu cortaria um sapo? Coitado.

Depois da aula, minha mãe estava com o carro na frente do colégio. Esperando-me ela fazia a direção do carro de bateria. Olhei e ri, automaticamente. Ela estava escutando “The Beatles”. Abri a porta do carro e entrei. Ela me olhou e me perguntou como tinha ido à aula. Falei que tudo tinha sido normal. Até iria falar sobre a garota nova, mas logo ela começou a falar sobre o mercado e suas unhas.

Depois de 5 minutos, já estávamos em casa.

Minha casa não era muito grande. Era a sala junto com a cozinha e uma escada que subia para os quartos. Mora eu e meus pais. Meus irmãos são casados e cada um tem sua própria casa.
Meu pai se chama Jorge. Minha irmã é Jéssica e meu irmão Francisco. Os dois têm idades quase coincidentes. Ela tem 25 e ele 23.
E eu 17.

Jogando a mochila no sofá, subi direto para o quarto. Fui já trocando de roupa, colocando um pequeno short e uma regata. Deitei na cama e liguei meu notebook. Fiquei um tempo lá, mais ou menos até as 21h. Decidi levantar e tomar um banho.
Só peguei uma calcinha, pois já estava com roupas limpas. Andando com preguiça, fui até o banheiro. Tirei minha roupa e liguei o chuveiro. Deixei que a água cobrisse meu corpo, me relaxando completamente. Até que ouvi gritos vindos da cozinha.
Era minha mãe, gritando.
Desliguei o chuveiro e me enxuguei rapidamente. Coloquei as roupas de qualquer jeito e fui ver o que tinha acontecido. Desci até a metade das escadas, quando vi minha mãe no sofá chorando, fiquei sem palavras. Decidi ir dormir e deixar que se resolvam entre si.
Não sei o que tivera acontecido, mas eu estava triste por minha mãe.