Uma sala branca com enormes janelas que permitiam a entrada da luz do sol, o que dificultou um pouco minha visão no começo. Depois que meus olhos se acostumaram a claridade, vi um piano preto empoeirado no meio da sala. Me aproximei e sentei-me, deslisando os dedos sobre as teclas brancas e comecei a tocar. Uma calma e graciosa música saia, meus dedos não tinham dificuldades em achar as teclas certas para formar tal música, apesar de nunca ter tocado piano na vida. Quando pensei sobre o assunto parei, fitando as teclas curiosa. Senti uma mão tocar meu ombro, me virei lentamente para ver quem era...

O sonho se desfez.

Abri os olhos logo recebendo a notícia de que teríamos que ver Quíron na Casa Grande. Não que eu tivesse medo de Quíron, mas eu só tinha um receio do que ele queria conosco.

Enquanto caminhávamos em direção a Casa Grande, eu tinha percebido que realmente não era um sonho, eu era realmente uma semideusa, e eu de alguma forma, me sentia animada com isso. Tirando a parte dos monstros.

Quando finalmente chegamos a Casa Grande, Quíron nos esperava na entrada da casa, com sua tipica cadeira de rodas, onde escondia suas pernas de cavalo. Quando nos avistou, Quíron sorriu e fez um gesto para entrarmos, ninguém hesitou e entramos na Casa Grande. O Sr.D estava lá, fazendo alguma coisa, ele tinha o mesmo ar de rabugento do dia anterior.

Nos sentamos nas cadeiras. Me remexi um pouco. Caraca, aquela cadeira não era nada confortável. Quando finalmente estávamos sentadas, Quíron nos fitou e sorriu.

– Bem – Ele começou, relaxando na cadeira de rodas. –, não conseguimos conversar na noite anterior.

Ninguém respondeu, então ele prosseguiu.

– Então – Ele hesitou. –, gostaria de saber mais sobre vocês. – Continuamos no silêncio. – Vamos lá! – Ele sorriu. – De onde vieram?

– Toronto – Sam murmurou.

– Brasil – Violet e eu repetimos juntas.

Djavu.

Quíron nos olhou, o mesmo olhar que Luke nos lançou quando perguntou de onde éramos.

– Interessante – Ele coçou o queixo. – Me contem mais sobre vocês, sua família.

Quíron pediu para Sam contar primeiro.

Sam tinha 9 anos e tinha morado a vida inteira em Toronto. Segundo sua mãe, seu pai simplemente sumiu assim que descobriu que iria ter uma família. Ela estudava em um colégio para crianças com "problemas especiais" apesar dela não ter nada isso. Sam conhecia Grover, não com muita intimidade, mas sentia que o garoto sempre estava presente onde quer que ela esteja. Um dia, Grover chegou nela e tentou explicar tudo, até que um montro apareceu...

E de repente minha cabeça viajou, é sério, eu não escutei mais nada que Sam disse. Na janela, lá estava Nico di Angelo, caminhando com Thalia, Percy, Annabeth e a mesma garota que ele sentou na mesa no jantar. Eles conversavam, o que me deixou distraída, todos possuíam uma cara pensativa e ao mesmo tempo tensa.

Uma grande idiotice se importar com um garoto que nem conhece você certo?

Certo.

– Carly? – Escutei a voz de Violet no meu ouvido.

Me virei depressa e vi que todos estavam olhando para mim. Corei um pouco.

– Sim? – Perguntei, tentando parecer que estava presente na conversa.

– Sua vez de contar sobre você Carly – Quíron disse paciente.

– Ah sim – Sorri de lado. – Não tem nada pra contar sobre mim.

– Então vamos fazer uma conversa coletiva – Ele disse. – Violet e Carly, vocês são primas certo?

Assentimos confiantes.

– E o que pretendiam fazer em New York?

– Intercâmbio – Respondi.

– E como conheceram Grover?

Contamos a história da parada em Toronto, e achei importante constatar da garçonete pirada e os monstros, quando terminamos, Quíron não parecia surpreso, acho que ele já estava acostumados com meios-sangues dizendo que monstros os atacaram.

– E seus pais? – Ele perguntou.

O assunto pareceu enrijecer Violet.

– O que tem nossos pais? – Perguntei, um pouco desafiadora.

– Sua mãe e seu pai, sobre eles.

– Se quer saber demorou muito para convence-los a deixar – Comentei.

– E você Violet?

– Meu pai... achou que seria divertido – Ela murmurou.

– E sua mãe? – Quíron perguntou.

– Ela... ela morreu – Violet murmurou mais baixo ainda.

Meus olhos correram para os de Violet, que parecia pedir ajuda, para mudar de assunto.

– Acho que chega por hoje não é? – Perguntei, olhando para a janela.

– Exatamente, é melhor vocês correrem para não se atrasarem paras suas atividades – Quíron sorriu.

Eu sorri.

Sam sorriu.

Violet tentou sorrir.

Sr.D nem moveu a boca.

– Tenham um bom dia – Quíron completou, saindo detrás da mesa.

Nos levantamos e discretamente espreguiçamos, fomos até a porta. Sam e Violet foram na frente.

– Vai a onde? – Sam perguntou curiosa, quando hesitei na porta da Casa Grande.

– Preciso perguntar uma coisa à Quíron – Falei, dando um sorriso, tentando convence-las.

Elas pareceram desconfiadas mas logo aceitaram e Violet me avisou que ia me esperar perto dos Chalés, assenti e entrei de novo na Casa Grande.

– Aconteceu uma coisa Carly? – Quíron perguntou ao me ver.

– Ahn – Cocei a nuca nervosa. – Quíron, posso te fazer uma pergunta?

– Claro – Ele sorriu.

Hesitei por uns minutos, me perguntando se aquilo era falta de educação.

Finalmente, respirei fundo. Era apenas uma pergunta boba e curiosa.

– Nico di Angelo – Mordi o lábio inferior. – É filho de quem?

Quíron não demonstrou reação de imediato, depois ele sorriu na minha pergunta.

– Hades – Ele disse por fim.

E assim, eu acertei o meu palpite. Fiquei num silêncio, pensando em mais perguntas que talvez Quíron pudesse me responder ou se apenas agradecia. Por fim, murmurei um "Obrigado" girei os calcanhares, e saí da Casa Grande, indo me encontrar com Violet e Sam. Torcia para que elas não mostrassem curiosidade pelo o que eu perguntei á Quíron.