Sabe aquele ditado que todo mundo fala “O mundo dá voltas”? Bem, baseado literalmente em minha vida, eu passei a realmente acreditar nisso. Se alguém me dissesse que eu estaria hoje onde eu estou e como estou acharia que era uma piada. Nunca fui o tipo de cara que fica preso em um relacionamento, que passasse de uma semana. Minha vida sempre foi se divertir, sair para balada e pegar algumas vadias de vez em quando. Nada de namoro, nada de compromisso, somente uma transa casual. Até, claro, conhecer ela. O motivo pelo qual eu quis terminar a faculdade e ser uma pessoa normal, o motivo que me faz dar ótimas gargalhadas, o motivo pela qual eu esqueci meus princípios e me meti na melhor coisa da minha vida. A única pessoa que me fez rir, mas que também me fez passar a noite chorando e lamentando por um erro meu. E agora deitado nessa cama ao lado dela, posso perceber que a melhor coisa que fiz na minha vida foi ter ficado com ela. Olhando ela dormir, se remexendo como sempre faz, lembro da vez em que nos conhecemos e com isso a música que escrevi sobre ela, mas nunca tive coragem de cantar.

Estava no segundo semestre da faculdade de direito e estava especialmente irritado naquele dia por causa de um professor qualquer que descobriu que eu tinha dado um fora na filha dele depois de uma trepada, como se ela fosse uma santa e não tivesse dado praticamente para mais da metade da ala masculina da universidade. Andei apressado até o refeitório de merda e me sentei na mesa onde meus amigos estavam com suas respectivas namoradas conversando e rindo, foi quando ouvi uma melodiosa risada. Nunca havia visto aquela garota, olhei para ela e como se sentisse meu olhar sobre si, ela olhou para mim e sorriu, ela era linda e ficava ainda mais bonita quando sorria. Só separamos nossos olhares quando ouvimos a voz deLiam.
—Sammy, esse é oHarry, "o famoso garanhão do grupo” —Liam me apresentou, fazendo todo mundo da mesa rir, masSammy simplesmente sorriu debochada. —, essa é aSammy, a mais nossa mais nova mascote e amiga da Lea. — E novamente todo mundo riu, das palavras deLiam até mesmo ela. Estendi minha mão para ela, que apertou sorrindo. Mas algo inacreditável aconteceu, nossas mãos se encaixavam perfeitamente, como se fossem peças de um quebra-cabeça que estava faltando. Rapidamente soltamos nossas mãos assustados, e continuamos a conversar com o pessoal como se nada tivesse acontecido.

Ri balançando a cabeça, lembrando daquele dia. Com toda certeza aquilo foi uma das coisas mais estranhas que já haviam acontecido, mas também, por causa deSammy, se tornou um dos melhores acontecimentos da minha vida só pelo fato de ter visto o seu sorriso pela primeira vez.

Era nosso primeiro encontro de verdade, estávamos na sala do meu apartamento assistindo o filme “A Proposta”, mas eu não estava nem um pouco interessado em assistir, então fiquei prestando atenção nela. Estava tão concentrado ligando as sardas em suas bochechas, que não percebi quando ela sorriu.
— O que foi? — Ela finalmente perguntou virando para mim. Balancei a cabeça e sorri.
— Nada. — Respondi, mas continuei encarando ela.
— Sério. O que foi? — Ela insistiu perguntando, mas eu balancei a cabeça outra vez. — Então para de me encarar assim — Falou e ficou vermelha, ao terminar.
— Por quê? Que eu saiba o que é bonito é pra se admirar. — Respondi e rir um pouco quando a vi ficar ainda mais vermelha. Ela ficava linda assim. Puxei-a para sentar no meu colo, a abraçando. — Sabe aquele jogo de ligar os pontos? — Ela me olhou confusa, mas acenou com a cabeça. Dá pra jogar com as suas bochechas, já até formei uma estrela — Falei enquanto passava o dedo desenho ela em sua bochecha.Sammy olhou incrédula para mim levantando uma de suas sobrancelhas, algo que acho muito sexy quando ela faz, e me deu um tapa no ombro, rindo logo em seguida.
— Sério mesmo,Harry? — Perguntou olhando para mim e naquele momento foi como se algo estivesse ligado em mim e me aproximei dela lhe dando um selinho, mas eu precisava de mais. Não podia me contentar com aquilo e então me aproximei outra vez vendo ela fechar os olhos e levei aquilo como uma permissão. Naquele momento tive o melhor beijo da minha vida, o primeiro de muitos.

Com toda certeza aquele foi o melhor primeiro encontro que se poderia ter. Mesmo pensando, hoje não mudaria exatamente nada sobre aquele dia.Samantha ainda fica irritada quando brinco de ligar os pontos na sua bochecha, mas é um hábito que criei para passar o tempo quando estou a seu lado, e com toda certeza um dos melhores que eu tenho.

Estávamos visitando o hospital da faculdade, ondeSamantha iria fazer seu estágio. Ela havia me dito uma vez que sempre sonhara em se formar em medicina e se tornar pediatra, só pelo fato de amar crianças. Não entendia esse apreço que ela tinha por esses pestinhas, pois baseado em todos os meus primos, sempre achei que aquilo não tinha nada de anjinho, são simplesmente diabinhos em forma de gente minúscula. Até, claro, nós irmos visitar a ala infantil. Eu só fui por causa da grande insistência dela e também porque eu nunca consigo negar nada a ela. A enfermeira que estava nos guiando peço hospital abriu a porta de um dos quartos, e de cara percebi que aquele era a UTI infantil. Era impossível não se sentir mal por aquelas crianças, até mesmo eu fiquei chocado com o estado de algumas, diferentes das crianças que eu conhecia que estavam a todo tempo pulando, brincado e rindo aquelas estavam deitadas em suas camas com os rostos pálidos e tristes. Olhei para o rosto deSammyy e vi que seus olhos estavam marejados, ela estava prestes a chorar. Conhecia ela o suficiente para saber que ela estava sentindo. A abracei pela cintura tentando passar um pouco de confiança para ela.
— Essa é ala das crianças que não têm... bem vocês sabem, já não se tem muita esperança — A enfermeira falou. Percebi queSammy havia se soltado de mim e se aproximado de uma criancinha e estava conversando com ela e por incrível que pareça a criança estava sorrindo, como se só a presença deSammy alegrasse seu dia. A enfermeira já havia saído, nos deixando a sós com aqueles projetos de gente. Se aproximei delas quando vi que todas as crianças estavam prestando atenção no queSamantha dizia, foi quando percebi que ela contava uma história.
— E foi quando o passarinho que não sabia voar tentou, mas, é claro, não conseguiu. Ele sabia que era preciso treinar muito para conseguir alcançar as águias no céu, e toda vez que ele tentava levantar o vôo ele caía com a bunda no chão —Sammy falava e fazia gestos com as mãos o que fazia todas as crianças que antes estavam tão tristes soltarem gargalhadas e vi que aquilo realmente fazia bem aSamantha, ela se sentia bem junto daquelas crianças. Fiquei olhando ela rir juntos com os pequeninos, fazendo com que aparecessem as pequenas rugas nos seus olhos. Ela olhou para mim e sorriu envergonhada.

Sempre soube que ela nunca gostou das lindas rugas de seus olhos, mesmo eu falando para ela que a fazia ficar ainda mais maravilhosa.Sammy se remexeu na cama, fazendo com que o lençol que se embrulhava abaixasse até a polpa de sua bunda, deixando as lindas covinhas no final de sua espinha a mostra. Ri um pouco lembrando do dia em que...

Estávamos na praia e eu estava louco para entrar no mar, masSamantha insistia em ficar sentada, totalmente vestida.
— Vamos,Sammy, está todo mundo na água já e eu to morrendo de calor. — Falei impaciente, enquanto ela ficava emburrada.
— Então vai, porque eu não fico só de biquíni aqui de jeito nenhum. — Revirei os olhos, e a puxei para um abraço.
—Sammy, presta atenção. Você é linda, entendeu? Eu amo suas coxas, sua barriga e principalmente as covinhas no final da sua espinha. — Disse para ela segurando seu rosto entre minhas mãos e lhe dando um breve beijo em seguida.
— Você ama essas crateras horríveis nas minhas costas? Você só pode ser cego. — Ri junto com ela, enquanto ouvia suas palavras.
— Claro, você nunca ouviu falar de que quem têm covinhas é boa de cama não? — Falei baixo em seu ouvido, correndo e rindo logo depois tentando fugir de uma certa mocinha furiosa.

Sorri lembrando daquele dia, com toda certeza nunca tinha visto ela ficar tão vermelha. Ela ainda duvida quando digo que ela é simplesmente a garota mais incrível que eu já conheci, tudo nela parece tão certo. Para alguns podem ser defeitos, mas para mim, são coisas que a faz ser ainda mais perfeita. Simplesmente, porque é ela e não uma garota qualquer. Ouvi ela se revirar na cama, balbuciando coisas que não consegui compreender.

Estava chegando do escritório de advocacia, e senti um cheiro bom vindo da cozinha. Quando cheguei lá me deparei comSammy tomando chá como sempre faz antes de ir dormir, era como um ritual para ela. Nunca conseguia dormir sem antes tomar seu chá com um pouco de leite e biscoitos. Fui tomar um banho, e quando entrei no nosso quarto vi que ela já dormia. então simplesmente vesti uma boxe qualquer e deitei na cama, a abraçando pela cintura e puxando seu corpo para perto do meu, como sempre, até ouvi ela falando.
—Harry.
— Hum?
— Eu te amo. — sorrir ao ouvi suas palavras, mas quando fui responder percebi que na verdade ela estava dormindo, o que me fez sorrir ainda mais.
Ouvi ela falar a noite é como um ritual, e sempre me faz ter um sono melhor. A sua voz é tão doce, que não me importa a situação ela sempre vai me acalmar e me fazer sentir melhor.

A galera estava toda reunida na sala esperandoJames eNicolas com os vídeos. Iríamos rever algumas de nossas férias. Sentamos todos jogados e espalhados pelo cômodo até ouvir o barulho da TV.
Era nossas férias de comemoração de formatura na faculdade, a única que não estava formada naquele verão eraSammy, que ainda teria passar mais 3 longos anos estudando. Havíamos ido curtir as praias no Havaí e estávamos no Lual que tinha por lá. Todo mundo dançando e se divertindo, até que aparece a parte em que estou levandoSammy nos ombros em direção ao mar.
"Hazz me larga!Harry me larga agora!" Todo mundo riu re-vendo a cena.
— Ahg! minha voz é horrível gravada — Ela falou franzindo o nariz.
— Eu amo sua voz, não importa como ela esteja e ela não é horrível. — Ela sorriu ao ouvir o que eu havia falado, colocando a cabeça deitado no meu ombro.

AbraceiSammy pela cintura a puxando um pouco para mim ao lembrar daquele dia, passei a mão pelo seu quadril fazendo um carinho sutil.

Iríamos fazer um passeio, havia terminado de tomar banho e estava chegando perto do quarto quando ouvirSammy, praticamente gritando.
— ESSA MERDA DE JEANS NÃO ENTRA! AHG! — Segurei o riso enquanto abria a porta do quarto.
— Amor, sério... quanto você está pesando? — Perguntei só para implicar com ela já que sabia que iria ficar com mais raiva, ela já estava vermelha.
— Não sei e nem quero saber! — falou estressada entrando no banheiro logo em seguida, batendo aporta.

Ri um pouco alto de mais ao lembrar daquele dia, com toda certeza tive alguns problemas para pedir desculpas.Sammy se revirou na cama, virando de frente pra mim abrindo os olhos vagarosamente.
— Hey, o que faz acordado? — Perguntou com a voz rouca ainda por causa do sono.
— Nada, só vendo você dormir e lembrando de algumas coisas. — Respondi com um sorriso, enquanto a via soltar um bocejo.
— Hum...
— Volta a dormir vai, amanhã é Natal temos que acorda cedo para fazer o café das crianças — Falei dando um beijo em sua testa e vendo-a fechar os olhos. E então cantei baixinho em seu ouvido.
— I won't let these little things , Slip out of my mouth , But if it's true , It's you , It's you — Vi ela dando um sorriso, enquanto me abraçava, indo dormir. — They add up to, I'm in love with you , And all these little things.
Porque não importa, eu sempre vou amá-la e todas essas pequenas coisas. Sempre vou amar, a pessoa que fez ver o quão importante é ter sonhos, me fez acreditar que poucas coisas não importa o tamanho delas podem ficar na sua mente.